Fanfic: After All - AyA [Finalizada]

Descemos para tomar café, preparamos juntos entre beijos, entre seus abraços apertados e conversas sobre coisas que nos faziam sorrir, recuperando o tempo perdido. Não conseguia crer em tamanha felicidade. Ansiara tanto por aquilo que parecia irreal.

            — No que pensa? – perguntou ele observando-me com cautela.

Tão absorta em pensamentos estava não me dei conta que me desligara por alguns minutos. Dei de ombros a ele sem saber o que responder. Penso que estava estampado em meu rosto o quanto sentia-me contente. Ele se levantou, pôs-se ao meu lado e puxou-me pela mão colando-me em seu corpo. Guiou-nos até a sala ampla e clara pelos raios finos de sol fazendo-me lembrar de algo que, supostamente Dulce deveria ter colocado em minha bolsa de viagem.

            — Oh Poncho! – soltei-me dele elétrica – Tenho algo pra você!

Corri até a bolsa situada no mesmo lugar que ele o deixara. Revirei-a de todos os jeitos rezando pra que minha adorada amiga tivesse visto o papel de embrulho que estava sobre minha cômoda.

            — Anahí que passa? – olhou-me quase indignado.

Gargalhei observando-o propenso como se eu fosse uma criança revirando seus brinquedos. Quando vi o papel dourado dei um sorriso de triunfo. Lembraria de agradecer a Dulce por aquilo.

            — O que é isso? – perguntou ele arqueando uma sobrancelha.

Estendi uma mão ao seu rosto e puxei-o até o sofá fazendo-o sentar-se a minha frente.

            — Sei que já o tem, mas esse é mais especial! – estendi-o o pacote.

Pegou-o e despregou o laço azul. Quando meu CD revelou-se ele olhou-me desconfiado.

            — Abra! – disse-o antes que falasse algo.

E ele abriu. Passou os dedos pelas bordas do CD com os olhos grudados na dedicatória em caneta prateada que havia marcado.

            — Com todo meu coração…

— ...Para alguém que já o tem! – completei-o segurando sua mão.

Trocamos olhares e não proferimos nada. Ele já o entendia e eu mirando-o daquela maneira tão profunda também. Todos precisamos de compreensão e naquele emaranhado de sensações que encontrava em seus olhos o deparava. E quando eu olho pra ele vejo o perdão, vejo verdade e sinto que ele me ama da maneira que eu sou, que distancia nenhuma me deixa sozinha porque tenho seu coração da mesma forma que entreguei o meu a ele.

            — Você também o tem... – pegou minha mão levando ao seu peito – Já o disse uma vez e isso não vai mudar nunca!

Fechei meus olhos e senti em minha palma a palpitação forte, por mim. Senti-o aproximar-me e arrebatar-me em seus braços, tão acolhedor, sentia-me tão protegida ali me esmagando em seu tórax. Senti-o suspirar no emaranhado de meus cabelos, enterrando seu rosto ali. Deixamos que o tempo se estendesse, que o abraço fosse duradouro e apenas trocássemos aquela sensação prazerosa, única que sentíamos um pelo outro.

— Venha! – ergueu-se fazendo-nos levantar – Tenho a minha surpresa pra você!

Segui-o sentindo um sorriso árduo romper minha face. Quando saímos da cabana deparei-me com o lindo dia de sol. A mão dele continuava entrelaçada a minha, olhava-o sem pretexto e sorria recebendo um maior de volta.

            — Afinal onde estamos? – olhei ao redor.

As arvores eram altas, mas as copas eram abertas deixando os raios de sol penetrar. Havia frente à cabana um jardim bem cuidado e um gramado extenso que afofava a ponta dos pés.

            — Feche os olhos! – pôs-se atrás de mim tampando-os com as mãos.

Levei minhas próprias sobre a dele e deixei que me virasse tomando o rumo contrario.

            — No dia que você me rejeitou em um quarto de hotel... – falou perto de meu ouvido – ...Eu fiquei com tanto ódio por mim mesmo, por nossa discussão, que sai como um louco buscando respirar longe de você! – fez uma pausa. Mantive-me quieta afim de escutá-lo deixando-o ainda guiar-me – Naquela noite encontrei um senhor de idade... – parou. Segurei firme seus pulsos enquanto ele ainda tapava meus olhos. – Conversei com ele e vi as coisas em uma visão diferente...

            — O que isso tem a ver com este lugar? – indaguei-o confusa.

            — Bom... – senti-o sorrir – Ele me ofereceu parte do terreno, mas tenho por mim que você sabe essa historia melhor que eu...

Lentamente suas mãos deslizarem por meu rosto até minha cintura, onde seus braços rodearam-me. Abri os olhos devagar e pra minha instante e marota surpresa vi frente a mim um enorme lago.

            — Poncho? – soltei-me dele indo à frente através da ponte de madeira – Oh céus eu não posso acreditar!

À medida que avançava pelo pequeno píer parecia-me menos imaginável estar ali. A cor quase cristalina do lago, o rodear das flores. Virei-me e deparei-me com o farol. Meus olhos inundaram-se de lagrimas.

            — Se procura um lugar mais perto do céu...

— Venha para cá e estarei segura. – completei-o.

Voltei meu olhar ao dele, vendo o sorriso complacente. Era obvio o que tinha acontecido a ele, fora o mesmo que acontecerá a mim. O mesmo senhor, o mesmo lugar.

            — C-como? – abri os braços em duvida.

Lentamente ele se aproximou de mim alcançando minhas mãos para enlaçar as suas.

            — Gosto de pensar que foi o destino! – sussurrou olhando nossas mãos.

Estávamos no termino do caminho emadeirado, ao centro do lago. Fechei os olhos assimilando tudo aquilo. Viemos parar no lugar que eu mais gostava de esconder-me, de pensar, de estar. E agora, mais que nunca aquele refúgio serviu-me de lição. Errar era humano, concertar o erro era conseqüência. Fora ali que descobrira o quanto tinha sido estúpida, fora ali que derramei lagrimas por ele e definitivamente era ali que eu estava agora sentindo-me feliz. Retirei minha mão e lentamente deslizei os dedos pelo anel brilhante.

 — Porque depois de tudo ainda há amor... – sussurrei a inscrição em seu interior.

Poncho ergueu-me o queixo mirando-me com um sorriso.

— O nosso amor! – respondeu-me.

Agarrei-me a ele juntando nossos lábios. Em seus braços eu podia ser verdadeiramente, eu. Anahí Giovanna Puente Portilla.