Fanfic: Minha vida é o inferno

Era um dia comum aos humanos: quente e um pouco nublado.

Este era um dos piores dias para um vampiro, ou para um híbrido.

Cheguei na escola. Quinta-feira, primeira aula. O sinal bateu, todos que estavam lá fora entraram.

O professor Bartolomew demorou um pouco mais para entrar. Estranho. Mas quando chegou, também, veio trazendo um brindezinho para a sala.

-Pessoal este é Matheus. Ele se juntará a nossa classe.

O garoto passou os olhos verdes pela classe, tenso. Era moreno, magro e mais alto que a maioria das pessoas ali. Usava calças jeans e uma camiseta básica vermelha.

O professor lhe indicou um lugar para sentar – do meu lado. Ninguém queria sentar-se perto de mim, muito menos na frente ou do lado. Ah! que ótimo, como se já não bastasse o cheiro dele de longe, agora tinha que ser de perto.

Mas era possível me segurar. Hoje à noite iríamos jantar fora, eu e meu ‘pai’.

E a aula continuou.

Na hora do recreio, me sentei no lugar habitual: debaixo da escada, no escuro. É claro que eu nem comi, fiquei assistindo as crianças estragarem seus dentes com doces e envenenarem suas entranhas com salgadinhos mega-artificiais.

O novato chegou, e perguntou, dirigindo-se para mim, casual e gentilmente:

-Posso entrar na sua caverna? – com certeza ele estava brincando, mas eu não achei graça nenhuma.

E deu um sorriso bonito, mostrando os dentes branquíssimos.

-Não. É que eu... prefiro ficar sozinha. – sussurrei.

-Está bem.

Mas ele não foi embora. Apenas virou-se e sentou em um dos degraus. Provavelmente ele não ouviu a segunda parte da frase. Eu não discuti, tentei me encolher mais do que o possível.

É difícil ficar totalmente parada quando se é uma híbrida. Mas era bom, pude ficar olhando para ele. Estava de costas para mim, e tbm não comia. Talvez, não estivesse mesmo com fome. Mas não se mexer muito?.. Aí sim era estranho.

O sinal bateu. Fui mais rápido que pude para a sala de aula, tentando enganar os humanos. Sentei-me e tentei parecer pequena e escura, para que ninguém reparasse em mim. Não ajuda nada ter uma pele mais clara que um holofote nessas horas.

Por sorte, o menino não olhou mais para mim. O professor apenas entrou na sala e começou a aula sobre Napoleão.

Uma hora depois, já estava de saída para casa. Só mais alguns minutos para saciar minha sede, que já doía. Devo lembrar que nossa comida é um pouco diferente, e deveríamos tomar cuidado para que ninguém nos descobrisse. E... para não matarmos ninguém que conheça.