Fanfic: Minha vida é o inferno
Estava na escola, perto da minha escada, e Matheus estava lá. Achei que era uma recordação da primeira vez que nos falamos.
-Você vai ficar hoje?
-Hã? – perguntei
-Vai ficar hoje à noite?
-Não sei do que está falando.
-Hoje. À noite. – ele hesitou – Hã, er... Ah, você sabe!
-O que tem hoje à noite?
Ele deu aquele sorriso e seus olhos brilharam.
O cenário mudou. Atrás estavam pessoas, mas não conseguia vê-las ou ouvi-las. Meu próprio corpo estava sumido, menos minhas mãos. Meus pés não tocavam o chão e eu estava leve.
O novato estava ali, segurando minhas mãos, sorrindo feito um anjo, brilhando como o Sol.
Eu estava muito feliz, mas angustiada e desesperada ao mesmo tempo. Eu tinha que lhe dizer, mas eu não sabia o quê.
Foi aí que meu sonho mudou de novo.
Matheus deixou de sorrir. Fez uma cara de puro horror. Ele se dissipou e deu lugar às mais negras trevas. Fiquei ali, paralisada pelo terror
‘Miiiinha! Só miiiiiiinha!’
Acordei sentada e ereta. Estava tremendo com meu próprio sonho, isto é, pesadelo.
Eu tinha de esquecer tudo aquilo antes que Radolph percebesse meu estado de espírito. Sentei na cadeira e recomecei a ler o livro, apesar de não ter nenhum progresso. Joguei o livro na escrivaninha. Era apenas uma da manhã. Híbridos com a minha idade só dormem 6 horas por dia, tempo que diminui drasticamente com o passar do tempo. Mas tudo bem, eu nunca vou ter olheiras.
Eu precisava entender o meu sonho desastroso. O que o garoto ia me dizer, com aquele negócio de ‘hoje à noite’? Quem gritara aquela coisa horrível? Eu precisava saber!! Mas com quem?
Meu pai não. Ele me diria que “só o tempo sabe”. Eu odiava aquele ditado. Não sei como, mas tive a ideia de perguntar ao Matheus. Vasculhei a casa, e constatei que Radolph saíra. Normalmente seu trabalho voluntário durava 12 ou 13 horas. E ele confiava em mim... Não sei se eu poderia dizer o mesmo.
Uma das manias da nossa escola era colocar plaquinhas nas carteiras dos alunos novos. Elas continham nome, série e endereço. Eu decorara tudo aquilo. As ruas estavam escuras, pouco iluminadas pelos postes, mas eu não podia arriscar.
Rua Nossa Senhora do Ó, numero 57. Essa era a casa do novato. Há 500 metros de distância estava a Escola TecnoEstudo, mas isso não me interessava no momento. As luzes estavam apagadas e as janelas fechadas. Embaixo do tapete havia uma chave reserva, e eu consegui entrar sem problemas.
A casa dele ainda estava bagunçada por causa da mudança. Enfeites encaixotados, estatuetas embrulhadas, prateleiras ‘faça – você – mesmo’ embaladas... A maioria dos artigos era espanhola, então concluí que eram descendentes desse país.
Pude ouvir três ou quatro respirações. Ele fora a ultima pessoa que passou por ali, possivelmente para pegar um copo d’água. Então reparei no cheiro. Tão deliciosos... Principalmente o dele.
‘Não!’ – pensei. Eu não estava caçando. Não podia cometer um homicídio ainda. Segui o aroma, e cheguei a uma porta entre – aberta. Entrei. Estava um breu lá dentro, para olhos mortais. Eu me acostumei em questão de nanosegundos.
Seu quarto também estava uma bagunça, apesar das poucas coisas que tinham lá. O armário não tinha portas, era organizado em gavetas. As poucas roupas penduradas eram camisas e calças.
E lá estava ele. Verifiquei os olhos, meio que esperando ver o verde/azul deles. Mas não, estavam fechados. O garoto não estava coberto; era uma noite quente. Usava um pijama branco, combinando com o quarto.
Ele dormia, afinal. Não fazia ideia de que os humanos dormiam mais que os híbridos. E ele nem sonhava que eu estava lá (será?). Sorri na escuridão, satisfeita com minha própria piada e deslumbrada com a sua beleza em sono tranquilo. Mesmo parecendo atordoado.
-Humpf... – murmurou ele.
Se ele murmurava, podia falar enquanto dormia também. Percebe-se que meus conhecimentos sobre mortais eram muito vagos.
-Matheus... – sussurrei muito baixo em seu ouvido. Imediatamente, ele parou qualquer movimento. Alguns segundos depois, voltou a respirar.
-Matheus...
-Hum?.. – gemeu ele, com uma voz grave.
Sinceramente, eu não esperava que ele fosse responder. Não planejei o que eu disse a seguir.
-Sou eu, Valuska...
-Quem? – murmurou firmemente
-Valuska.
-Valuska?! – disse ele, abrindo os olhos. Por um instante, ele me fitou muito profundamente em minhas Iris. Virou-se para ligar a luz, mas eu já tinha me enfiado debaixo da cama e me coberto com o capuz. Prendi a respiração.
A cama rangeu quando ele sentou-se. Ofegava como se tivesse visto um fantasma. Ou um vampiro.
Aos poucos, seu coração voltou a ritmo normal. Deitou-se novamente e apagou o abajur. Voltei a respirar silenciosamente. Ele dormiria logo, se já não o tivesse feito. Não faria sentido esperar pelo amanhecer, que seria sábado. Se tinha uma coisa que eu sabia sobre humanos adolescentes era que eles gostavam de varar a noite em baladas e computadores para acordarem tarde no dia seguinte.
Quando tive certeza de que ele estava inconsciente, saí de meu esconderijo improvisado e abri a janela. O garoto encolheu-se de frio. Peguei o lençol e o cobri, fazendo-o relaxar. Olhei-o por um longo instante. Quase não tive vontade de ir embora, de tão lindo que ele era em seu sono. Por fim, pulei a janela e fechei a cortina. Saí correndo em direção a minha casa, com a Lua de acompanhante. Para os iniciados, a Lua é a única luz que pode atingir diretamente os híbridos e os vampiros.
Meus pensamentos ficaram lá atrás, numa cama macia do bairro da Freguesia do Ó.
De repente, um ardor enorme invadiu minha garganta como uma onda. Eu estava com sede. Mas como? Tinha saciado-a há 2 dias, suficientemente para uma, duas semanas no máximo!
Logo eu entendi o que aconteceu. Eu estava tentada, meu lado vampiro ficando louco. Eu queria o sangue dele, e queria já.
Autor(a): soborudim
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
O fim de semana se arrastou. Radolph me levou para comer fora mais uma vez. Ele disse que era normal eu ter mais sede na idade de crescimento, apesar de não ser lá muito alta. Ainda assim, era perigoso demais para Matheus. Meu pai me ofereceu férias prolongadas – uma tentação para qualquer outra pessoa -, matricular-me em outra escola ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 59
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loveponchitoyany Postado em 17/09/2010 - 13:52:02
voltei a postar Amor incondicional MyM e DyR (4ª temporada de Rebelde)
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loveponchitoyany Postado em 17/09/2010 - 13:51:55
voltei a postar Amor incondicional MyM e DyR (4ª temporada de Rebelde)
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loveponchitoyany Postado em 17/09/2010 - 13:51:44
voltei a postar Amor incondicional MyM e DyR (4ª temporada de Rebelde)
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viihlokita Postado em 06/09/2010 - 20:43:51
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viihlokita Postado em 06/09/2010 - 20:43:51
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viihlokita Postado em 06/09/2010 - 20:43:51
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viihlokita Postado em 06/09/2010 - 20:43:50
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viihlokita Postado em 06/09/2010 - 20:43:49
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viihlokita Postado em 06/09/2010 - 20:43:49
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