Fanfic: Aprendendo a ser pai AyA (Terminada)

Tão logo Alfonso encontrou o
lugar que procurava, pôs Simon no chão e os quatro começaram a andar pela
praia. Anahí viu uma pequena extensão de areia fofa e estendeu o cobertor.
Tirou as sandálias e ajoelhou-se para arrumar o almoço. Enquanto se ocupava, contou
a Alfonso sobre o telefonema de Sheila.

-O
que você acha que isso significa? - ela perguntou.

-Não sei - Alfonso respondeu,
enquanto observava as crianças indo até a beira da água. - Acho que
provavelmente ela telefonou para saber dos filhos, para fingir interesse, e não
por verdadeira preocupação.

- Foi a impressão que tive - Anahí comentou. - Como se
telefonar para saber dos filhos fosse algo que ela ouvira dizer que era uma
obrigação de mãe.

- Sim, provavelmente tudo isso estava atrás desse
telefonema, mas...

- Mas o quê? - Anahí interrompeu-o.

- O que me incomoda é que não me lembro de a ter visto
preocupada com eles - disse Alfonso. Com cui­dado, ele observava Elly e Simon
chegando perto das ondas. Rindo, Elly pulou para trás, puxando o irmão­zinho
consigo.

Anahí sentia-se feliz pelo fato
de Alfonso  ter se aberto com ela em
relação a Sheila como mãe, mas infeliz ao mesmo tempo pelo desaponto dele em
relação à irmã. Anahí riu ao ver Alfonso ir para perto das crianças, pronto a
agarrá-las caso ficassem muito perto das ondas. Tal­vez Sheila nunca
desenvolvera esse tipo de entendi­mento de que necessitava para ser mãe, mas
com um pouco de esforço e prática esse entendimento crescera em Alfonso.

- Porém devo confessar que não estive muito perto de Sheila
o tempo todo - Alfonso continuou com o as­sunto. - Achei que Sheila não
gostaria que o irmão mais velho interferisse em sua vida. - Ele riu, mas um
riso sem alegria. - Acho que ela teve bastante dessa interferência quando
menina.

- Quantos anos você é mais velho que ela? - Anahí perguntou.

- Dez anos. Nossos pais já entravam na meia-idade quando
Sheila nasceu, e não tiveram com ela a mesma energia que tiveram comigo. Sei
que nossos pais a ama­vam, mas Sheila era peso demais para pessoas já um tanto
idosas, e ela não teve muito bom exemplo de como pais deveriam agir. Talvez por
isso seja assim.

Ou quem sabe Sheila seja egoísta
e não possa encontrar tempo para os filhos em sua vida.

Anahí ficou com lágrimas nos olhos.
Pôs a mão na testa de Alfonso e disse:

- Você está dando parte de seu tempo para eles, Alfonso. E isso é
o que importa agora.

Alfonso olhou para a mão de Anahí
e os olhos de ambos se encontraram.

- Será? Às vezes me pergunto se estou agindo certo com
eles. Afinal, eu fui o único modelo de adulto jovem que Sheila teve em sua
vida, e veja no que deu.

- Minha mãe tinha mais de quarenta anos e meu pai cinquenta
e um quando eu nasci.

- Você deu enorme trabalho a eles?

-Não, sempre fui uma
menina quieta, dócil. Alfonso arregalou os olhos de tanto espanto.

-E quando mudou?

Anahí engoliu a tentação de lhe
dizer que fora no dia em que se conheceram.

-Você quer dizer, quando
fiquei mandona e metida?

-Isso. - Ele sorriu.

- Recentemente. - Anahí
não quis entrar em de­talhes sobre seu casamento, e Alfonso percebeu a hesita­ção.
Foi para perto de Elly e Simon, na água.

Ajudou-os a tirar os sapatos para
que pudessem en­trar livremente no mar e logo também fez o mesmo. Enrolou a
calça até os joelhos e pulou as ondas com os dois, erguendo-os quando as ondas
eram fortes demais.

Encantada, Anahí observava os
três, consciente da sensação de paz que se instalara dentro dela. Alfonso,
sabendo ou não, havia mudado. Mesmo que cuidar de Elly e Simon fosse uma tarefa
temporária, sua vida havia sido permanentemente alterada pelas crianças.

Ela também mudara, Anahí deu-se
conta com certa surpresa. Na realidade, sentia-se feliz pela primeira vez em
mais de um ano e essa felicidade tinha um sabor todo especial.