Fanfic: Aprendendo a ser pai AyA (Terminada)

Vendo que Alfonso, Elly e Simon
observavam alguma coisa na beirada da água, foi ao encontro deles.

-O que acharam? -
perguntou.

-Um caranguejo - Elly
respondeu, os olhos bri­lhando, enquanto o pequeno crustáceo fugia pela areia.

- Mas ele não se parece
com tio Alfonso.

Anahí sorriu e Alfonso  fitou-a, intrigado.

- Você achou que ele
devia se parecer com tio Alfonso? - Anahí perguntou, lançando um olhar de
esguelha a Alfonso.

-Bem, minha mamãe disse
que às vezes tio Alfonso parecia um caranguejo.

-Tenho certeza de que sua
mamãe estava brin­cando, Elly.

-Oh, não, não mesmo! -
insistia Elly, sacudindo a cabeça vigorosamente. - Ela disse que tio Alfonso
era mandão como um caranguejo. Ela disse, não foi, Si­mon? - Elly pediu o
testemunho do irmão que estava ocupado acompanhando o caranguejo.

-Tenho certeza de que sua
mamãe sabia o que falava, Elly. Afinal, ela conhecia seu tio Alfonso havia
muito mais tempo do que qualquer um de nós - Anahí comentou.

-Você não pode nadar tão bem
como um caran­guejo, tio Alfonso? - Elly lhe perguntou.

-Ora, posso nadar muito
melhor - Alfonso respondeu, mas com os olhos perigosamente fixos em Anahí. - Eu
gostaria mesmo é de saber se Anahí nada bem. Que tal descobrirmos agora?

- Como?

- Sei que você foi criada num quase deserto, mas acredito
que havia piscinas lá. Garanto que sabe nadar.

- Oh, não - ela respondeu mas olhando ao redor para ver se
havia possibilidade de escapar. - Não nado. Não havia piscinas em Hadley,
apenas canais de irrigação. E é difícil nadar num canal de irrigação.

- Que acha se nós a jogarmos no Oceano Pacífico?

- Não! Exatamente o que eu disse foi que não sabia nadar.

- Não acredito. Quero testar agora.

Anahí pôs-se a correr. Sentiu que
lhe seguravam a saia e teve certeza de que era Alfonso. Ela correu mais
depressa, mas como não queria deixar as crianças so­zinhas na beirada da água
parou abruptamente e to­mou a direção oposta. Alfonso passou por ela e parou
com um resmungo quando viu que Anahí o tapeara. Rindo, Anahí correu mais
depressa ainda.

Ao olhar para a frente, viu que
não precisava se preocupar com as crianças. Elly pulava as ondas en­quanto os
dois adultos corriam na praia. Simon tentava imitar a irmã e gargalhava.

Mais uma vez Anahí sentiu
qualquer coisa nas costas. Alfonso segurava-a pelo ombro fazendo-a parar.
Depois girou-a para que o fitasse.

- Um caranguejo... hein?
- ele perguntou, ofegan­te. - Anahí, você precisa aprender que não é boa idéia insultar
seu empregador.

- Eu sei. Ele pode tentar me demitir - Anahí caçoou.

- E de repente é capaz que tenha sucesso.

- Não! Ele sempre ouve a voz da razão depois de algum
tempo. Além disso, eu tenho uma vantagem.

Alfonso pegou uma mecha de
cabelos dela e usou-a para segurá-la a fim de a forçar a fitá-lo. Baixou a
vista para os lábios de Anahí e voltou para os olhos.

- E qual é essa vantagem?
- ele perguntou.

Anahí gostava daquele
aspecto romântico de Alfonso.

Adorava o modo como ele devia ter
sido antes de as circunstâncias mudarem sua vida, tornando-o duro.

- Eles - Anahí disse, apontando para Elly e Simon no
momento em que os dois agarravam as pernas do tio, fazendo-o perder o equilíbrio.
Para se conservar de pé, Alfonso segurou-se em Anahí que passou o braço pela
cintura dele.

- Acho que você tem mesmo essa vantagem. - Alfonso roçou os
lábios nos dela.

- Tio Alfonso, por que você corria atrás de Annie? - Elly
quis saber.

- Porque ela estava tentando fugir.

- Nós não queremos que ela vá embora.

- Não, nós não queremos -
ele concordou.

Uma onda de calor varreu
o corpo de Anahí, trazendo incrível alegria por estar lá com aquelas crianças e
com aquele homem. Era o que sempre desejara, o que esperara ter com Keith mas
que nunca obtivera.

-Agora, dê um beijo em mim
e em Simon, Annie - Elly pediu.

-Pois não, madame! - Anahí
beijou os dois e Alfonso imitou-a.

Depois, ele olhou para a sobrinha
e perguntou:

- Acha que eu devo beijar
Anahí também?

Anahí ficou estarrecida, lembrando-se
do beijo da co­zinha. Alfonso não ousaria repetir a mesma coisa na frente das
crianças, ousaria?

- Não! - Elly disse.

-Não?! - Simon repetiu,
embora Anahí duvidasse que ele houvesse entendido o que estava acontecendo.

-Tem certeza de que não
devo beijar Anahí? - Alfonso perguntou a Elly, mas sem tirar os olhos de Anahí.

-Tenho - Elly insistiu.

-Por que não devo
beijá-la? - Alfonso parecia estar questionando Anahí. Quer me beijar?, ele parecia dizer.

Anahí quis falar sim, mas sua garganta
fechou-se.

- Porque leva muito tempo
- Elly explicou, num tom de voz de sofrimento. - Vi na tevê. Pessoas gran­des
beijam, beijam e beijam, enquanto eu e Simon temos de esperar esperar, e
esperar.

Os dois adultos caíram na
gargalhada, quebrando assim a tensão existente entre eles.

-Pensei que você estivesse
fiscalizando os progra­mas de tevê que eles assistem - comentou Alfonso.

-Alto lá! - Anahí ergueu a
mão. - É claro que fiscalizo. Ela provavelmente viu uma propaganda de pasta de
dente.

-Boa desculpa - Alfonso
resmungou, mas Anahí en­xergou sorriso nos olhos dele.

Anahí tirou Simon dos braços de
Alfonso e os quatro voltaram para o lugar do piquenique.

-Estou
gostando muito deste passeio - Elly declarou.

-Sim, é muito bom -
Alfonso concordou.

-Precisamos fazer mais
piqueniques - disse Elly, lançando depois um olhar de esguelha para o tio. -
Seria bom um piquenique no parque.

Alfonso olhou da menina para
Anahí, que sacudiu os ombros, inocentemente.

- Talvez façam isso - ele
cedeu. - Mas só se eu for com vocês.

- É o que sempre quisemos, tio
Alfonso - comentou Elly, dando um suspiro. - Que você fosse conosco.

Eu também, Anahí  pensou, enquanto caminhavam pela praia
pedregosa. Apesar do sol quente, ela tremeu à veracidade da afirmação de Elly.
Anahí queria Alfonso com ela, queria que Alfonso fosse dela.