Fanfic: Aprendendo a ser pai AyA (Terminada)

Decidida a partir imediatamente,
correu para seu quarto. Ao passar pelo quarto das crianças viu Elly quase
caindo da cama. Mais um movimento e a menina estaria no chão.

Pondo de lado sua fúria contra
Alfonso, correu e entrou no quarto das crianças na ponta dos pés. Ajeitou Elly
na cama, calçou-a com um travesseiro para que não rolasse de novo. A menina
agarrou o coelhinho bem perto do peito.

Virando-se, Anahí chegou perto do
berço de Simon que tinha junto a si seus preciosos livros.

Menino interessante, esse Simon,
ela refletiu. A maioria das crianças adorava brinquedos, como Elly com seu
coelhinho, mas Simon adorava livros.

Anahí respirou fundo. Tinha
certeza de que não po­deria abandoná-los, em especial não tão abruptamente.
Amava-os. Claro, Alfonso poderia encontrar alguém para cuidar dos sobrinhos. A
mãe de Becky, June, faria isso com certeza. Porém seria demais para os dois
sofrer outra mudança. Já haviam mudado muito nas últimas semanas.

O ódio de Anahí por Alfonso
começou a diminuir e ela pensou mais claramente.

Não, não iria embora. Precisava
ficar. Mas tinha de ser de acordo com suas determinações. Alfonso podia ser o
patrão, porém não teria mais as coisas feitas de acor­do com sua vontade.

Anahí saiu do quarto das crianças
e foi ao próprio quarto. Pegou o diário que vinha mantendo havia algumas
semanas e registrou tudo o que pensava sobre Alfonso. Enquanto escrevia,
elaborou um plano.

- Preciso falar com você.

Alfonso virou-se. Esperara por
isso a tarde toda. Anahí preparara e servira o jantar numa atmosfera fria o
suficiente para congelar azeite fervendo. Vestira um jeans bem justo e uma
blusa coral que clareava ainda mais sua pele. O rabo-de-cavalo fazia-a parecer
uma adolescente pela qual o infeliz Keith Barbour se apai­xonara. Estava tão
linda que fez Alfonso arder de desejo, porém ela mal o encarou.

Durante a última hora, Anahí não
se animara a en­trar em entendimentos com Alfonso porque as crianças estavam
sempre presentes. Mas agora os dois brinca­vam na sala, muito felizes.

- Sim, Anahí, fale. O que há?

- Assim que você contratar uma babá competente, farei meus
planos para sair...

- Anahí, eu...

- Por favor, deixe-me terminar. Espero que você me dê uma
carta de recomendação. Acho que fiz um bom trabalho aqui, e criei um lar para
seus sobrinhos. Posso fazer o mesmo em qualquer outra casa, porém me sentirei
melhor se tiver uma recomendação sua.

- Claro... naturalmente... - ele gaguejou. - Mas não
precisa ir embora. - Alfonso estava à beira do pânico. Por que lhe falara
coisas tão ofensivas? Anahí nem ao menos o deixara pedir desculpas. Cada vez
que ten­tava, ela lhe cortava a palavra.

- Depois que você encontrar outra babá, por que haveria eu
de ficar?

Boa pergunta. Excelente pergunta.
Anahí não ficaria por ele, disso Alfonso tinha certeza.

Mas não poderia deixá-la ir. Sabia disso tão clara­mente
como sabia que a magoara.

Não permitiria que tudo acabasse
daquela maneira, ele decidiu com súbita decisão.

- Mas vou precisar também
de uma governanta para a casa - Alfonso declarou, agarrando-se a qualquer desculpa.

- Tenho certeza de que
não encontrará dificuldade.

Dando um passo à frente,
ele enfim disse:

-  Anahí, sinto muito
pelo que lhe falei. Agi como um canalha.

- Verdade. Agiu. Você não precisa concordar com tudo o que
eu lhe disser, Alfonso, nem mesmo me ouvir, mas não tem escutado ninguém exceto
sua ira, e por longo tempo já. O problema é seu, não meu, por isso não tem que
descarregar em mim sua mágoa.

- Anahí, eu não quis dizer... - Mas ele já dissera aquilo e
ambos sabiam. Alfonso ignorava o que falar agora porque, qualquer coisa que
dissesse, Anahí rebateria contra ele com argumentos verdadeiros. Resolveu
fechar a boca antes de sair mais ferido ainda da discussão.

Quando parou de falar, Anahí saiu
da sala e convidou Elly e Simon para um passeio. Os três saíram deixando
Alfonso só. Observando-os, ele se perguntou como conse­guira criar tamanha
confusão. De algum modo achava a perda de Anahí pior que a dos dois melhores
amigos que o traíram. Ao menos no caso dos amigos não co­metera nenhum erro. E
também seu coração não es­tava envolvido.