Fanfic: Aprendendo a ser pai AyA (Terminada)

Anahí acordou quando uma pequena mão apertou-lhe as narinas. Deu um pulo e agarrou o pulso de Elly.

• - Está acordada? - a menina sussurrou, encos­tando o rosto no dela.


• - Agora estou. - Anahí estendeu o braço e acendeu a luz.

A menina tinha os olhos cheios de lágrimas e seu lábio inferior tremia. Ela segurava um coelho de pe­lúcia contra o peito.

• - Simon quer dormir com você - disse. - Ele está com medo e quer vir para sua cama. Quer que eu venha também.


• - Ele quer? - Tentando acordar, Anahí passou o olhar pelo quarto. - Onde está Simon?


• - Acho que foi embora - disse Elly, indo para o quarto deles.

Anahí jogou as cobertas longe, pegou o robe e correu atrás da menina.

Elly já estava no quarto, procurando pelo irmão.

• - Ele não está aqui. Alguém o roubou - ela mur­murou.


• - Não, não, nós o encontraremos.

Um soluço atrás delas mostrou onde estava o me­nino. Anahí foi ao corredor e viu Simon tentando al­cançar o trinco da porta do quarto do tio.

Correu ao encontro dele, com Elly no colo.

- Tudo bem, Simon. Venha comigo.

Naquele instante Alfonso abriu a porta.

- Opa! - resmungou, recebendo o impacto da ca­beça de Anahí contra os músculos do tórax.

Ela ficou estonteada. Seriam os músculos dele feitos de aço?, se perguntou, continuando com Elly no colo.

Automaticamente, com um dos braços, Alfonso amparou ambas as mulheres. Com a mão livre acendeu a luz do corredor.

• - Opa! - Simon repetiu, agarrando-se às pernas de Alfonso. Calmo agora, ele olhava para cima a fim de ver o que todos iriam fazer.


• - O que houve, afinal? - Alfonso quis saber.


• - As crianças acordaram e... - Anahí queria ter certeza de que seu robe, que chegava até os joelhos, a cobria decentemente.


• - Nós queremos dormir com vocês - disse Elly a Anahí. - Eu e Simon.


• - Entendi que você, Elly, queria dormir comigo.


• - Queria. Nós dois queríamos. Não queríamos, Si­mon? Elly e Simon querem dormir com vocês.


• - Dormir - Simon confirmou, e pôs o dedo na boca.


• - Vocês podem dormir com seu tio Alfonso ou comigo, não com os dois - ela disse, lembrando-se do hábito de Elly de falar sobre si na terceira pessoa.


• - Com tio Alfonso e com Anahí - Elly repetiu, contente pelo fato de os adultos terem enfim entendido. - Vamos.

Os quatro na mesma cama? Anahí arregalou os olhos. Virando-se para Elly, disse:

- Não, Elly, não podemos fazer isso...

- Por que não? - Alfonso interrompeu-a.

Alarmada, Anahí insistiu:

• - Porque não podemos. Seria... seria estabelecer um precedente terrível.


• - Significaria que todos nós poderíamos dormir um pouco - ele explicou seu ponto de vista.


• - Não! - Anahí protestou, horrorizada. - Seria bem melhor eu levar as crianças para minha cama, e dormirmos no meu quarto.


• - O que vocês acham? - Alfonso perguntou aos so­brinhos. - Querem dormir com Anahí?


• - Não - Elly respondeu com firmeza. - Anahí e Alfonso e Elly e Simon.


• - Faz sentido para mim - Alfonso já começava a bo­cejar. - Venham. Há lugar para todos comigo.

Foram para o quarto dele, o único que Anahí ainda não conhecia. Na verdade, haveria lugar para todos. A cama era enorme, os travesseiros fofos, e um acol­choado cor de vinho tinha sido jogado no chão na pressa de Alfonso ir ver quem estava a sua porta.

Com espaço ou sem espaço, Anahí  ainda não aceitava fazer isso.

• - Não acho que seja uma boa idéia - disse.


• - Tenho passado noites em claro por causa deles - Alfonso informou. - Agora é minha oportunidade de dormir, e não vou desistir disso. Os dois não queriam dormir comigo aqui e tive de dormir no chão no quarto deles. Tenho dor nas costas e jurei que dormiria em minha cama esta noite, custasse o que custasse. Agora, desista de suas objeções, Anahí, e não tema por sua castidade. Vá para a cama.

Anahí ia protestar, mas viu o rosto preocupado de Elly. Sentindo-se culpada, achou que estava tornando as coisas mais difíceis do que na realidade eram. En­fim, respondeu com humildade:

- Tudo bem. Vou só apagar a luz de meu quarto.

Ela colocou Elly no meio da cama, onde Alfonso já havia posto Simon. Foi ao próprio quarto, apagou a luz e fechou bem o robe, fazendo-o chegar o mais perto pos­sível do queixo.

O que estava pensando? Não poderia dormir na mes­ma cama de um homem que conhecera naquele dia! Era loucura! Algo inimaginável. Errado.

Não dormira com nenhum homem desde a morte de Keith, ou com nenhum homem que não fosse Keith. E não queria ficar tão perto de Alfonso. Sentia-se vulnerável. Resolveu mais uma vez tentar fazer Alfonso mudar de idéia, mas quando ouviu os soluços de Elly chamando-a, per­cebeu que tinha de fazer o que fora combinado.

Entrou no quarto de Alfonso com relutância. Viu logo as duas crianças no centro da cama e Elly olhando para a porta, aguardando-a.

- Venha, Annie. Entre embaixo das cobertas.

Alfonso estava em pé ao lado da cama, e fitava-a in­tensamente. Seus olhos viajaram dos cabelos aos joe­lhos de Anahí.

- Sim - disse. - Entre embaixo das cobertas e vamos dormir.

Anahí não respondeu, mas ergueu a cabeça e ficou grata pelo fato de Alfonso estar usando cueca. Resolveu ficar de roupão.

Deitou-se na cama mas não conseguiu relaxar. Alfonso apagou a luz e deitou-se. O colchão afundou e tornou a voltar à posição anterior. O silêncio foi absoluto.

Elly estava um pouco agitada e Anahí abraçou-a. Depois tentou alcançar Simon para confortá-lo. Mas em vez da pele suave do bebê ou do volume de uma fralda, encontrou o dorso peludo da mão de Alfonso, que ele colocara sobre Simon.

Afastou-se depressa, e ouviu-o dizer, irritado:

- Relaxe, Anahí. Está segura aqui.

Por mais estranho que isso pudesse ser, ela acredi­tou em Alfonso.