Fanfic: .~Uma Chance para Recomeçar

17°
Capítulo: Para todo ato existe uma conseqüência.

Segunda feira, 17
de Maio de 2010.

Poncho saiu do trabalho pouco depois da hora do almoço e
seguiu para casa. Estacionou o carro (http://picasaweb.google.com/lh/photo/7FWrkOs7j7nLDVcBrt5hUA?feat=directlink)
e desceu do automóvel, trancando-o. Distraído, entrou em casa afrouxando a
gravata, mas foi interrompido pela campainha. Resmungou e seguiu até a porta,
abrindo-a. Não houve tempo de reagir, um murro acertou-lhe o rosto fazendo-o
cambalear.

-O QUE FEZ COM ELA MALDITO? –Mauro adentrou na casa
partindo para cima do outro homem.

E então, um bolo de homens se fez no chão onde Poncho e
Mauro distribuíam socos e pontapés, ambos furiosos. Brigavam por diferentes
motivos, mas todos com algo em comum; Anahí.

-CHEGA! –Poncho gritou jogando o outro longe. –QUAL É SEU
PROBLEMA? –furioso passou a mão pela boca partida, limpando o sangue.

-VOCÊ É MEU PROBLEMA! –o outro rugiu, passando a mão pelo
nariz que sangrava continuamente. –NESSES ÚLTIMOS TRÊS ANOS, VOCÊ É MEU
PROBLEMA.

-ESTÁ LOUCO! INVADIU MINHA CASA DANDO UMA DE NAMORADO
CIUMENTO, ME SOCANDO TODO QUANDO NA VERDADE, VOCÊ É O PROBLEMA POR AQUI! –Poncho
rebateu.

-EU SOU O PROBLEMA? –Mauro apontou para si, ofendido.
–ELA DESAPARECEU POR SUA CULPA!

-COMO ASSIM MINHA
CULPA? FOI VOCÊ QUE MANTEVE DUAS MULHERES POR TRÊS ANOS! ELA FICOU
DESTROÇADA DEPOIS DISSO.

-VOCÊ A ENGRAVIDOU!

As palavras de Mauro atingiram Poncho como um soco no
estomago. O ar pareceu sumir de seus pulmões enquanto as palavras penetravam
seu cérebro.

-E... Ela... Ela está... Grávida? –gaguejou surpreso.

Mauro assentiu, o maxilar travado.

-Como? –Poncho piscou, ainda sem acreditar.

-Gostaria que você me respondesse isso. Fui vê-la no
sábado e durante a discussão, ela contou. E hoje, fui procurá-la no trabalho e
me disseram que ela se demitiu, fui até o apartamento e ela se mudou. Não faço
idéia de onde ela está, já liguei pro celular umas cem vezes e continua
desligado. Estou pirando de preocupação!

Poncho cobriu os olhos com a mão, tentando raciocinar.

-Dulce! –correu até o telefone discando com rapidez o
número da irmã. –Dul! ... Tudo bem? ... Estou bem também. Quero te perguntar
uma coisa. ... Tem noticias da Annie? ... Ela saiu do país? Sabe pra onde foi?
... Não, não aconteceu nada. Obrigado, beijos. ... Também te amo. –desligou o
telefone.

-Ela saiu do país? –Mauro tinha a testa franzida.

Poncho assentiu.

-Mandou um email pra Dulce avisando que estava bem e que
sairia do país por algumas semanas. –contou.

Os dois suspiraram e se encararam.

-O que fazemos agora? –Mauro perguntou.    

 -Esperar. Ela está
muito fragilizada.

Mauro abriu a boca para acusá-lo, mas Poncho falou antes.

-Por culpa de nós dois.

Foram interrompidos pelo telefone que tocou na mão de
Poncho.

-Alô? –ele atendeu. –Oi amor. ... Sim, já estou em casa.
... Não, não me esqueci da consulta com a Marichelo. A gente se encontra lá ou
você quer que eu te busque? ... Ok, então até daqui a pouco. ... Também te amo.
–desligou soltando o ar força.

-O que vai fazer com ela? –Mauro indicou o telefone.

-Não tenho idéia, mas Alice não pode saber. É perigoso
para o bebê.

Mauro passou a mão pelo rosto, respirando fundo.

-Parece que estamos na mesma situação. –refletiu. –Somos
casados e teremos filhos dentro de poucos meses enquanto somos apaixonados por
outra mulher.

Poncho assentiu, concordando.

-Estamos ferrados.

x______x

Christian foi até a Igreja aquela tarde e deparou-se com Maite
(http://picasaweb.google.com/lh/photo/JR85vjXF0xs1UM_XFrYGXQ?feat=directlink,
http://picasaweb.google.com/lh/photo/G3ZFeWJi9bXks842rMKZnQ?feat=directlink)
em um dos bancos. Aproximou-se em silêncio parando ao seu lado, ela tinha os
olhos fechados e rezava em silêncio, tinha o rosto molhado.

-Mai? –chamou num sussurro sentando-se ao lado dela.

A morena abriu os olhos e olhou para o lado,
enxergando-o.

-Christian. –sussurrou passando as mãos pelo rosto,
secando a umidade das lágrimas. –O que faz aqui?

-O mesmo que você. Hoje faz cinco anos.

Ela assentiu, o queixo trêmulo.

-Está bem? –ele perguntou notando a palidez dela.

Maite balançou a cabeça voltando o olhar para o altar.

-Às vezes, penso que não posso com tudo isso. –ela
confessou.  –Às vezes, dói tanto que eu
penso que não vou suportar. –tinha a voz embargada.

Compreensivo, Christian segurou a mão dela na sua.

-Você é forte. –ele lembrou num sussurro. –Em todos esses
anos, você foi forte pra encarar a realidade e seguir a sua vida.

Ela mais uma vez balançou a cabeça, com a outra mão
enxugando as lágrimas que saiam de seus olhos sem permissão.

-Eu fui fraca. –discordou. –Te afastei sem ligar pra sua
dor e me fechei. Me concentrei no trabalho numa tentativa de... aliviar a dor,
mas Deus, não suporto mais.

Sentindo a fragilidade dela, Christian a abraçou. Maite
não recusou o abraço apoiando o rosto no peito dele.

-Vai ficar tudo bem. –ele beijou-a no cabelo. –Prometo a
você que vai ficar tudo bem.

Eles permaneceram em silêncio por minutos incontáveis, os
olhos cravados na imagem da virgem no altar. Mas Maite se afastou dos braços de
Christian, olhando-o.

-Precisamos acabar com isso de uma vez por todas. –ela
murmurou com lágrimas nos olhos.

Ele franziu a testa, não entendendo.

-Acabar com o que?

-Nós. –engoliu em seco. –Precisamos dar um fim definitivo
a nossa história.

-Mai... –ele começou, mas ela o interrompeu.

-Ouvi o que vocês disseram ontem na casa do Poncho e da
Lice e isso me fez pensar que talvez... –se interrompeu engolindo o choro.
–Talvez a Mônica tenha razão. Eu te amo e espero que jamais duvide disso, mas
você... –abriu um sorriso tristonho. –Você é incrível Christian e merece uma
mulher completa. Que não tenha cicatrizes ou demônios, uma mulher que possa
cuidar de você. Te fazer feliz. –o tocou no rosto.

Christian fechou os olhos, sentindo o toque quente da mão
dela.

-Tem certeza disso? –abriu os olhos encarando-a.

Apesar da dor no coração, ela assentiu.

-Sim. –sussurrou após um momento.

Christian engoliu em seco, absorvendo as palavras dela.

-Se assim que você quer. –assentiu. –Não vou mais te
incomodar. Seremos apenas amigos daqui pra frente. –ergueu-se do banco. –Vou
seguir a minha vida e espero que seja feliz na sua. –inclinou-se a beijando no
topo da cabeça.

Maite fechou os olhos, apertando-os com força. Quando
abriu os olhos, ele já estava na porta e com uma última olhada na direção dela,
partiu. No momento em que o viu partir, Maite soube que cometera o maior erro
de sua vida.

x______x

Poncho chegou atrasado ao consultório de Marichelo. Após
falar com a recepcionista, foi encaminhado até uma sala onde encontrou a esposa
(http://picasaweb.google.com/lh/photo/tyZlQ6IVvWIbDXfy7i0X4w?feat=directlink)
deitada numa maca com a blusa levantada e um lençol cobrindo-a até pouco abaixo
da barriga.

 -Mas que demora!
–Alice reclamou assim que o viu.

-Desculpe. –ele se aproximou, beijando-a rapidamente nos
lábios. –Peguei um pouco de trânsito. Já fizeram a ultra?

-Não.

Foram interrompidos por Marichelo que adentrou na sala.

-Pelo visto, o papai resolveu aparecer. –ela o recebeu
com um sorriso.

No momento em que ela o olhou, Poncho soube que ela
sabia.

-Demorei, mas vim. –disfarçou sorrindo na direção da
mulher.

Marichelo o olhou por um momento, mas logo voltou sua
atenção para Alice. Minutos depois, a imagem surgiu na tela.

-Está tudo bem? –Alice perguntou olhando na direção de
Marichelo.

Poncho não ouviu a resposta da médica, tinha os olhos
vidrados na tela perdido em pensamentos. Seu bebê estava ali, seguro com ele e
Alice, mas em algum lugar do mundo, Anahí carregava em seu ventre seu outro
bebê.

-É uma menina. –Marichelo contou com um grande sorriso.

Poncho ouviu o que a mulher disse e piscou.

Com um grande sorriso, Alice olhou o marido.

-Você acertou amor! Desde o começo ele disse que seria
uma menina. –explicou a Marichelo.

Poncho sorriu, mas continuava com o pensamento longe.
Onde Anahí estava com seu filho? Perguntou-se e então um pensamento lhe ocorreu;
e se ela não quisesse levar a gravidez adiante? A mera possibilidade de isso
acontecer, fez seu sangue gelar.

Alice e Marichelo conversaram um pouco mais, mas logo o
casal partiu.

-O que acha de irmos ao shopping? –Alice propôs colocando
o cinto de segurança.

-Por mim, tudo bem.

Ela o olhou, franzindo a testa.

-Hei! –chamou.

Poncho a olhou.

-O que houve? –ela o tocou no rosto.

Poncho balançou a cabeça, condenando-se em pensamento por
não conseguir disfarçar.

-Nada demais. –pegou a mão dela em seu rosto beijando-a
na palma. –Alguns problemas na empresa. –inventou. –Nada com que precise se
preocupar. –inclinou-se a beijando. –Vamos? –perguntou após encerrarem o beijo.
–Estou louco para começar a encher nossa princesa de presentes. –estendeu a mão
tocando a barriga de Alice.

Ela sorriu para ele, sentindo-se mais segura com o beijo
a pouco dado.

x______x

Em Dublin, na Irlanda, Anahí (http://picasaweb.google.com/lh/photo/0C4L9wEcc_VBBV_rFKIJvw?feat=directlink,
http://picasaweb.google.com/lh/photo/zvtHyxPsH1OkWgmHAkDB9A?feat=directlink)
resolveu jantar no restaurante do hotel. Estava deprimida, mas já se cansara de
ficar no quarto do hotel. O local era bastante luxuoso e muitas das mesas
estavam ocupadas, escolheu uma mesa reservada e foi encaminhada até uma no
canto do salão próximo a janela, com uma vista linda da cidade. Apesar de não
sentir fome, fez seu pedido e precisou resistir para não pedir uma taça de
vinho, mas estava grávida e seu bebê era o que importava. Pediu suco de
abacaxi. Enquanto esperava, o garçom se aproximou da mesa onde ela estava.

-Senhora. –educado, ele parou ao lado da mesa. –O
cavalheiro na outra mesa lhe enviou esta bebida.

Ela franziu a testa.

-Quem?

Discreto, o homem apontou. Anahí olhou e viu um homem por
volta dos trinta anos, muito bonito e de olhos claros. Ao ver o olhar dela, o
homem ergueu a taça de vinho num brinde silencioso, tinha um sorriso sedutor
nos lábios. Naturalmente, aquela atitude teria lhe interessado, mas naquele
momento, o homem lhe pareceu feio e sem graça. Voltou o olhar para o garçom,
que espetava pacientemente.

-Diga a ele que agradeço, mas não bebo nada alcoólico.
–instruiu.

O homem assentiu e pediu licença, indo até a mesa do
outro cliente. Anahí observou a expressão do homem se transformar de sedutora a
irritada enquanto o garçom lhe sussurrava ao ouvido a recusa dela. Ele dispensou
o homem e a olhou. Ela abriu um grande sorriso, piscando para ele de forma cínica.
Ergueu a taça, divertindo-se ao ver a irritação dele aumentar.

x______x