Fanfic: Vamos fazer de conta... [Adaptada] AyA

- Ei, Magricela! - disse ele
antes de entrar.

Annie respirou fundo e olhou
em direção à porta, perguntando se aquilo era mesmo verdade. Quando viu aqueles
olhos e percebeu de quem eram, sentiu o coração disparar. Ao vê-la, Poncho
ficou subitamente imóvel.

- Era você! - Poncho e Annie
exclamaram em uníssono.

A parada brusca de Poncho fez
voar pelos ares um pouco de leite e também um biscoito. Mesmo assim, ele não se
moveu. Não conseguia tirar os olhos da moça que encontrara na estrada: Anahí!

O biscoito rolou sobre o
carpete, parando a poucos centímetros dos pés dela, enquanto o olhar de Poncho
acompanhava cada linha do corpo de Annie, como se desenhasse mentalmente seu
contorno. Começou pelas pernas, subiu pelos quadris e as curvas dos seios, um
tanto disfarçadas pela camiseta larga. Quando chegou ao rosto, percebeu, pela
expressão de Annie, que estava tão surpresa quando ele.

A medida que Poncho tentava se
recompor, desfilavam por sua memória as imagens que guardava da amiga magricela
de sua irmã, de cabelos castanhos e olhos grandes e belíssimos.

Os olhos continuavam
impressionantes, ressaltados por longos cílios e sobrancelhas levemente
arqueadas. No entanto, as linhas retas haviam desaparecido. Embora no momento o
corpo de  Annie estivesse encoberto, ele
se lembrava com nitidez da visão privile­giada que tivera, horas antes, de suas
curvas generosas, sob a blusa molhada pela chuva.

Poncho fechou a boca e engoliu
em seco, antes de perguntar:

- O que aconteceu com você,
Annie? Quando a encontrei na es­trada, achei sua fisionomia familiar, mas nem
me passou pela ca­beça que podia ser você.

Descartou de uma vez por todas
o apelido de Magricela com o qual costumava irritá-la quando adolescente.
Definitivamente, não se aplicava mais a ela. Ao ver que ela não respondera à
pergunta, Poncho olhou-a, in­trigado.

- Você não se esqueceu de mim,
esqueceu?

- Como poderia? Seria o mesmo
que me perguntar se eu me esqueci da Peste Negra! - respondeu.

Saindo do estado de
paralisação, Poncho curvou-se para pegar o biscoito que havia caído.

- Eu não era assim tão mau,
era?

- Não me faça essa pergunta. -
A voz dela continha um tom sarcástico, de brincadeira.

Claro que havia sido, e ele
sabia disso.

- Nós éramos duas crianças -
disse Poncho. - Agora, tenho vinte e seis anos, não dezesseis.

- E eu, vinte e oito -
acrescentou Annie, em voz baixa. Fiz aniversário no mês passado.

- Parabéns! Eu não lhe daria
mais que vinte e cinco.

Annie agradeceu pelo elogio.

- Já que está tudo resolvido,
vamos dar um aperto de mãos e esquecer o passado. Pense em mim apenas como o
gentil cavalheiro que trocou o pneu para você e não fugiu com seu carro.

- Vou apertar sua mão, Alfonso,
mas não estou lhe prometendo nada. Você terá de provar que merece!

Demorando para soltar a mão
quente de Annie, ele franziu a testa.

- Terei o maior prazer em
fazer isso, Anahí.

Ela pareceu refletir por um
instante, retirando a mão logo em seguida, ao sentir que corava.