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Capítulo: 3? Capítulo

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Capítulo III


 


A volta ao escritório, porém, não se revelou a melhor opção. Havia serviço acumulado e muitas coisas a fazer ao mesmo tempo.


Dividida entre tantos afazeres - o telefone que to­cava o tempo todo, o contrato a ser assinado e mil outros papéis que mereciam particular atenção -, Dulce não encontrou a oportunidade perfeita para conversar com Chris. E, pior do que tudo, era aquela voz de sua consciência que insistia em torturá-la, dizendo-lhe que precisava contar a ele que estava grávida.


O problema era que o tempo para fazê-lo não existia. E Dulce sentia que a qualquer momento seu chefe descobriria tudo. Afinal, ele afirmara estar se tornando perito na arte de descobrir quando uma mulher estava grávida...


E, quando viu-se a sós mais uma vez com Chris, no escritório, Dulce teve a nítida impressão de que alguma coisa muito séria estava por acontecer. A expressão do rosto dele, quando ela entrou na sala, a deixou ainda mais tensa.


- Dulce - disse ele, em um tom que a fez estremecer. - Por que não se senta um pouco? - E indicou uma das poltronas que havia diante de sua mesa. - Quero lhe falar.


Ela obedeceu, sentindo a boca seca.


Chris percebera, convenceu-se. Devia ter-lhe dito tudo antes.


Viu-o sentar-se a seu lado e, cada vez mais apreensiva, deixou que ele segurasse sua mão.


- Dulce, estou satisfeito por termos nos conhecido melhor hoje - murmurou Chris. - Foi muito importante para mim, sabe? Porque agora que estamos, digamos, um pouco mais próximos, sinto que posso confiar em você.


Dulce começou a sentir-se mais aliviada. Ele queria algo... Então, não teria de falar de sua gravidez. Chris ainda não notara nada...


- Eu gostaria que, em nome de nossa amizade, você pudesse me ajudar - ele pediu. - Sei que você gosta de manter tudo no campo profissional e esse é um dos atributos que mais aprecio em seu trabalho, mas... o que vou lhe dizer é pessoal. E, mesmo assim, gostaria de poder contar com sua colaboração. Estou com um grande problema.


Dulce engoliu em seco. Chris ainda segurava sua mão e ela estava gelada.


- Mas... - Dulce tentou falar, porém não encontrou as palavras certas.


- Sei que vai parecer loucura - Chris prosseguiu, muito sério. - Não posso, porém, entrar em maiores detalhes agora. Vai ter de confiar em mim.


- O que... - Quando Dulce começou a formular a pergunta, Chris a interrompeu novamente.


- Há uma explicação lógica para tudo. O fato é que... alguém neste prédio está carregando um filho meu. E preciso de sua ajuda para encontrá-la.


Dulce arregalou os olhos. Pronto, ele estava a um passo de descobrir tudo. Estava perdida.


- Alguém está... grávida? - sussurrou. - Mas... Como pode não saber de quem se trata?


- Porque foi feita uma inseminação artificial. Foi uma confusão que fizeram no laboratório. Por isso lhe pedi para entrar em contato com aquela clínica. Foi lá que tudo aconteceu.


Dulce engoliu em seco. Sentia como se a sala estivesse começando a girar ao seu redor. Ao mesmo tempo, um zumbido estranho apoderou-se de seus ouvidos e uma única palavra rebatia dentro deles: não, não, não, não...


- Dulce - Chris prosseguiu, implorando -, quero que saiba que tentei tudo o que estava ao meu alcance, mas não consegui descobrir nada. Por isso preciso de você. Conhece a maioria das mulheres que trabalha aqui... Sei que poderia ter uma idéia sobre quem é a mulher que está carregando o meu filho.


Dulce puxou sua mão de entre as dele com cuidado. - Ela deve estar com cinco meses de gravidez agora - Chris explicava.


Dulce estava atordoada. Não pôde conter o instintivo movimento de negação com a cabeça. Não, aquilo não podia ser verdade! Não podia estar acontecendo!!


- Não, não... -murmurou, como se pudesse, assim, afastar os terríveis pensamentos que cruzavam sua mente.


Chris, vítima de sua própria preocupação, não parecia perceber a intensidade da reação que a assistente estava tendo. Não notou sequer as lágrimas que apareciam em seus olhos.


- Se pudesse perguntar por aí, falar com as mulheres que conhece - ele dizia. - Se conseguisse descobrir qualquer coisa sobre quem está grávida de cinco meses...


Dulce, de repente, soluçou. Foi involuntário, mas ele parou de falar e encarou-a. Viu-a levantar-se da poltrona e percebeu as lágrimas em seu rosto.


- Dulce! O que houve?!


O telefone, mais uma vez, tocou. Ela se voltou, no ato automático de atender. Mas não respondeu, passando o aparelho a Chris.


- É para o senhor – murmurou.


Confuso, ele pegou o fone e atendeu. E, sem que pudesse impedi-Ia, viu Dulce sair correndo de sua sala. Em seguida ouviu as portas do elevador abrindo-se e fechando-se. Rapidamente, desvencilhou-se do interlocutor, desligou o telefone e saiu no encalço da assistente.


 


 


Chris conseguiu alcançá-la antes que chegasse a seu carro. Chegou a pensar que Dulce j á tivesse recobrado o controle, mas, quando ela voltou o rosto molhado em sua direção, ele pôde perceber, com nitidez, a tragédia que se estampava naqueles magníficos olhos azuis.


O instinto o fez ter certeza de que algo muito grave acontecera, e sentiu vontade de tomá-la em seus braços e confortá-la.


- Dulce, o que houve?! - perguntou outra vez, resistindo ao impulso de puxá-la para si. No entanto, segurava-a pelos ombros e uma estranha e intensa vontade de beijá-la o tomou. Apenas para confortá-la, repetia-se. - O que está acontecendo com você, Dulce? Eu disse ou fiz algo de errado?


- Não... - Ela confirmava as palavras gesticulando enfaticamente a cabeça, soltando o resto dos cabelos que ainda não haviam se desprendido do coque. - É que... tenho de ir... Por favor, sr. Uckermann...


Dulce parecia estar com medo de algo. Talvez dele... E Chris não podia suportar tal pensamento. Soltou-a, tentando sorrir.


- Por favor... Preciso saber o que há. O que faz...


– Nada. Não é nada.


Chris tomou-lhe de leve o queixo.


- Vai ter de me contar. Sabe disso, não? - A voz era persuasiva, suave.


- Não, sr. Uckermann. - Queria poder dizer a ele que não lhe interessava, mas sabia que, muito pelo contrário, interessava-lhe e muito, sim. Tanto que não podia suportar a verdade. No entanto, não podia dizer a ele.


- Por favor... - implorou. - Preciso ir para casa. Os dedos longos dele apertaram com suavidade seus braços.


- Por quê?


A expressão de Chris era preocupada, mas seus olhos traíam a impaciência que sentia. Dulce sentiu que chegara a hora de revelar tudo. Respirou fundo e murmurou:


- Este é um momento terrível para lhe dizer, mas eu... - E a voz lhe faltou, enquanto o olhava, fragilizada. - Diga, Dulce. Você... O que houve? Está zangada comigo? Cansada de seu trabalho? Está a ponto de se divorciar? O quê?


Ela fechou os olhos, sentindo-se derrotada.


- Estou grávida - revelou. E, em seguida, olhou para Chris, atenta para a reação dele, uma vez que a verdade estava dita.


Havia uma expressão nova nos olhos de Chris e Dulce não conseguiu entendê-la.


- Bem... parabéns! - cumprimentou ele, depois de alguns segundos de hesitação.


- Obrigada.


Ela tentou se livrar de suas mãos e afastou-se dois passos. -Agora preciso ir embora... - Tinha urgência em ficar sozinha. Precisava de tempo...


O aperto daqueles dedos em sua pele apenas se intensificou.


Dulce estava grávida, Chris raciocinava. Provavelmente, isso nada tinha a ver com ele... Ela era casada, afinal. E não parecia grávida, portanto, devia ainda estar no começo da gravidez.


- Imagino que esteja ansiosa para voltar para casa para contar a novidade a seu marido - falou, não entendendo em absoluto o que estava acontecendo.


Dulce entreabriu os lábios, para dizer á ele que não tinha marido algum, mas preferiu calar-se. No entanto, Chris notou seu gesto e seus olhos tornaram-se mais densos.


- Venha - disse, então, decidido. - Vou levá-la para casa.


- Não, não. Posso dirigir.


- Não, não pode. Está muito... sensibilizada.


Algo estava errado e Chris sentia que devia cuidar do caso. Se tinha a ver com o marido dela, talvez Dulce precisasse de sua presença. Não sabia por que estava pensando assim, mas algum instinto lhe dizia para cuidar dela e era isso o que iria fazer.


Levou-a consigo até seu Mercedes prateado e ela ainda protestou:


- Sr. Uckermann, estou bem...


- Não está, não. Vamos, entre em meu carro antes que eu mesmo a coloque lá dentro.


Dulce obedeceu, mas lembrou-se de repente, alarmada:


- O contrato!


- Para o inferno com o contrato, Dulce! - Chris já se sentava atrás do volante. - Seu bem-estar é muito mais importante do que qualquer contrato.


Seus olhares se cruzaram por instantes, mas ela logo abaixou o rosto. Não tinha coragem de encará-lo.


Aquela reação apenas reforçou o pressentimento que Chris tivera. De fato, havia uma situação mal resolvida, ali. Talvez o marido, talvez outra coisa. Mas iria acompanhá-la até sua casa e tentar solucionar a situação.


A coisa mais importante para ele, no momento, era saber que Dulce estava bem e segura.


Quando saiu da garagem para a rua, olhou-a de soslaio. Dulce estava grávida. Precisava acostumar-se com a idéia. E não tiraria nenhuma conclusão precipitada sobre o fato. Fizera-o antes, em relação a outras mulheres da firma e fora muito embaraçoso quando a verdade viera à tona. Elas sempre tinham explicações normais para a gravidez que nada tinham a ver com ele. Depois de alguns vexames, Chris jurara não se meter em situações assim outra vez.


Além do mais, desta vez havia um marido na história... E talvez fosse exatamente por isso que Dulce estava tão transtornada... Ele falara na gravidez e lá estava ela, grávida! Talvez o marido não tivesse gostado da idéia, também podia ser que houvesse algo de errado com o bebê...


Olhou para sua assistente mais uma vez e encontrou o que procurava: ela não usava uma aliança.


Aquilo era muito estranho. Lembrava-se de tê-la visto usando uma. E só notara aquele detalhe porque a aliança era muito parecida com a que comprara para sua ex-esposa, Belinda, anos antes. Isso já era passado, lembrou-se, mas seu coração estava batendo mais rápido.


Repetia a si mesmo que não deveria ser tolo, que a falta da aliança não significava nada... Muitas mulheres tiravam as alianças quando engravidavam. Os dedos costumavam inchar...


Seguiu as indicações que Dulce lhe dava e chegaram a um prédio de apartamentos.


- Vou subir com você - Chris avisou, em tom decidido. - Quero ter certeza de que tudo vai ficar bem.


Dulce encarou-o por alguns segundos, mas não perguntou por que ele achava que precisava de ajuda. Foi na frente, fazendo o caminho de todos os dias, sentindo-o logo atrás de si.


Quando entraram no apartamento, teve a impressão de que Chris esperava encontrar algo que pudesse explicar-lhe tudo. Ele deixou as chaves do carro sobre uma mesinha e começou a observar tudo o que tinha ao alcance da visão, dentro do apartamento.


Era um apartamento modesto, em um prédio que já tivera dias melhores. Quando conseguira alugá-lo, Dulce o decorara com harmonia e bom gosto. Mas um detalhe não escapou de seus olhos: havia caixas de objetos e livros a um canto da sala, como se uma arrumação tivesse sido interrompida.


- Vai se mudar? - Chris quis saber, embora a resposta para aquela pergunta fosse óbvia.


- Sim. Preciso de um lugar mais barato. E os moradores deste prédio não gostam muito de crianças...


Chris assentiu, lembrando-se do tempo em que costumava reclamar das crianças que brincavam no pátio de seu antigo apartamento, antes de comprar a cobertura em que vivia atualmente.


De maneira discreta, tornou a passar os olhos ao redor, percebendo a ausência de qualquer traço que denunciasse uma presença masculina.


- Dulce, vai ter de me dizer a verdade - murmurou.


Ela o encarou, os olhos suplicantes.


- Vou?


- Vai. Onde está seu marido?


- Não tenho marido. Ele... morreu há dois anos.


Chris tornou a assentir. Tornava-se tenso.


- Namorado? – insistiu.


Ela negou com um gesto quase imperceptível de cabeça.


Chris baixou os olhos até seu ventre e seu rosto tornou-se ainda mais sério.


- De quanto tempo está? -- quis saber.


Dulce ia voltar-se, mas ele a segurou pelo braço. Sentia-a tão frágil que seus dedos se afrouxaram quase que de imediato.


Olhou-a nos olhos e repetiu a pergunta:


- Não pode estar de cinco meses... Pode?


Dulce assentiu muito de leve.


- E... foi na Clínica Lakeside?


Mais uma vez, ela confirmou.


Chris sentiu que seu coração se enchia, que seu peito Parecia querer explodir. E, naquele instante, fez a única coisa que imaginou que poderia fazer: beijou-a. Foi um beija suave, casto, mas que, a seu ver, selava uma ligação de um modo que nada nem ninguém mais poderia interromper.


- Não podemos saber com certeza - Dulce lembrou-o, afastando-se um pouco. – Vamos ter de esperar até segunda-feira e verificar com a clínica.


Chris assentiu. Sentia-se bem, leve. O mistério estava descoberto. Encontrara seu filho. Mas, ao mesmo tempo, novas questões nasciam em sua mente. E agora, o que fazer?


Dulce devia estar passando pelo mesmo tormento, porque já estava com as chaves do carro dele nas mãos, entregando-as e encaminhando-o para a porta.


- Vá para casa e pense com calma a respeito disso tudo - dizia. - Na segunda-feira, se soubermos que é mesmo verdade, conversaremos.


Chris relutava em sair.


- Vai ficar bem? - perguntou. - Você tem o número do meu telefone. Caso não se...


- Vá. Fique tranqüilo e vá. Eu só preciso descansar um pouco. Amanhã já estarei bem.


- Certo...


Dulce fechou a porta assim que Chris passou por ela. No corredor, ele enfiou as mãos nos bolsos e sorriu. Seu filho era real. Encontrara-o. E encontrara sua mãe também. Mas seu sorriso satisfeito foi desaparecendo conforme descia pelo elevador e se encaminhava para seu carro.


Deu-se conta, de repente, que aquele não era o fim de uma busca... Era apenas o começo. Não havia dúvidas de que sua vida sofreria mudanças radicais daquele momento em diante. Estaria preparado para tanto?


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Autor(a): linyduds

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Capítulo IV   - E então, o que você acha que eu devo fazer agora? - Chris per­guntou, olhando intensamente para seu irmão, à mesa da cozinha. Não havia amanhecido, ainda. O café que já passava na cafeteira começava a cheirar bem, lembrando-o de que estava sem comer desde o almoço do dia anterior ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 51



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  • apcs Postado em 18/09/2010 - 16:30:57

    Aí Aí, qual sera a reação de Dul???

    Amandoooooo

    POSTA ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

  • apcs Postado em 18/09/2010 - 16:30:57

    Aí Aí, qual sera a reação de Dul???

    Amandoooooo

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  • apcs Postado em 18/09/2010 - 16:30:56

    Aí Aí, qual sera a reação de Dul???

    Amandoooooo

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  • apcs Postado em 18/09/2010 - 16:30:56

    Aí Aí, qual sera a reação de Dul???

    Amandoooooo

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  • apcs Postado em 18/09/2010 - 16:30:56

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  • apcs Postado em 18/09/2010 - 16:30:55

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  • apcs Postado em 18/09/2010 - 16:30:55

    Aí Aí, qual sera a reação de Dul???

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  • apcs Postado em 18/09/2010 - 16:30:55

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  • apcs Postado em 18/09/2010 - 16:30:54

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  • apcs Postado em 18/09/2010 - 16:30:54

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