Fanfic: x Beyond Love {terminada} (Aya)

Anahí: eu estou bem, Poncho. Pode ir atender seus pacientes.

Aquela era uma cena incomum e, até mesmo, inimaginada para os dois há poucos meses atrás. Trabalhavam juntos naquele hospital há quase seis anos. No início, ela, uma residente designada ao médico recém contratado do PS e, ele, o tal médico. Hoje em dia, ela se convertera em paciente e ele, de companheiro de profissão, passara a médico de sugestão. Não podia ser seu médico oficial, devido o relacionamento pessoal que mantinham, mas ninguém fora capaz de demovê-lo da idéia de acompanhar o caso de perto, como se o fosse, dando sugestões e utilizando-se de sua reputação para conseguir os melhores tratamentos para Annie.

Alfonso: ainda tenho dez minutos – sentado na beira da cama, sorriu. – Não posso ficar aqui com você?

Annie sorri, carinhosa, e leva a mão à testa, num instinto tolo, já que a única coisa que encontraria ali, na certa, seria o lenço, que disfarçava um pouco sua cabeça sem nenhum fio de cabelo. Há quase um mês descobrira o câncer. E há uma semana, raspara a cabeça.

Ela era uma mulher prática e nem um pouco fútil - talvez aquilo atraíra os olhos de Poncho até ela pela primeira vez -, mas era inegável que o novo visual a incomodava. Que mulher gostaria de ter os cabelos raspados, independente do motivo ou da necessidade? Ela, com certeza, não seria uma exceção à regra.

Anahí: quando eu saio daqui, doutor? – suspira.

Alfonso: se quiser, hoje mesmo – ela franze a testa. Sabia que não poderia sair dali até as novas baterias de exames serem completadas. – Pra casar comigo.

Annie arregala os olhos, totalmente surpresa.

Anahí: como?

Alfonso: eu quero casar com você.

Anahí: você não pode estar falando sério!

Alfonso: e por que não? – sorri, inseguro. – Estamos juntos há quase dois anos, fora as escapadas anteriores (6) – Pausa. – Não vejo motivo para o espanto. E nem para esperar mais.

Anahí: Poncho, nós nem sabemos se eu vou ficar boa – desvia os olhos, sentindo as lágrimas voltarem a se aproximar, traiçoeiras. – Isso não é certo. E não é justo pra você...

Alfonso: primeiro – leva a mão ao seu queixo, fazendo-a encará-lo de frente, com firmeza –, eu decido o que é ou não justo para mim, ok? – ela baixa os olhos, tentando ser forte. – E, segundo, quantas vezes eu vou ter de dizer que você vai sair dessa e que ainda vamos curtir muitas noites insones de plantão juntos?

Ao invés de sorrir, com a tentativa de brincadeira relembrando as vezes que se queixaram de não ser um casal normal, com encontros normais e vida normal devido aos plantões da madrugada, ela o encara, séria.

Anahí: nem você tem certeza disso.

Alfonso: se você pensar desse jeito, realmente, vai sair logo logo daqui – solta a mão da dela, se afastando. – Pessimismo ajuda muito nesses momentos.

Ela suspira.

Anahí: certo, desculpa – ele a encara. – Só que é... difícil.

Poncho volta a se aproximar, pegando-lhe as mãos nas suas, quando sente a voz estremecida pelo choro que logo viria.

Alfonso: ei, tudo bem – levanta-lhe o rosto, lhe dando um selinho. – Desculpa, também não é fácil pra mim – a puxa para um abraço carinhoso, enquanto ela, finalmente, cansa de lutar contra as lágrimas. – Mas nós vamos passar por essa – afasta um pouco o corpo, segurando-lhe o rosto entre as mãos e secando as lágrimas que caíam -, não vamos?

Anny sorri, frágil, e ele beija-lhe os lábios, com cuidado e um carinho fora do comum. Parecia que, há um toque mais áspero, ela poderia se quebrar.

Alfonso: e então – volta a sorrir inseguro. – quer fugir daqui pra casar comigo ou eu não sou bom o suficiente pra você, doutora?