Fanfic: *+*Um jeito sedutor…*+* a y a

Alfonso acordou assustado com um grito de mulher. Sentou-se na cama com o coração disparado e então ouviu um segundo grito.

Vestindo um short, saiu correndo pela porta da frente e parou na varanda, tentando localizar de onde tinham vindo os gritos.

Estava muito escuro lá fora, e um silêncio total imperava agora. Olhando em direção ao mar, ficou esperando ver alguém em dificuldades, mas nenhuma silhueta apareceu na parca luz da lua.

Os gritos tinham vindo de perto, muito próximos da casa.
Quando se virou na direção da casa de Anahí, viu um vulto de homem descendo os degraus da varanda.

Fora Anahí quem gritara! O coração dele disparou.

— Ei — gritou, olhando para a figura que saía da casa e caminhava rapidamente em direção ao muro que dividia as duas propriedades.

Estava muito escuro para vê-lo bem, mas Alfonso tinha suas suspeitas. O nome Derrick James queimava-lhe na mente.

— O que está acontecendo? — gritou, enquanto o outro homem apenas virou-se e saiu correndo.

Alfonso se arrepiou com a sensação de que algo estava realmente errado ali. As pessoas não corriam em fuga, a menos que tivessem uma razão para isso. Sem pensar mais, atravessou o gramado e saltou o muro sem nem mesmo notar, perseguindo o homem. Dentro de segundos a figura desaparecera na esquina da casa de Anahí. Quando Alfonso rodeou a esquina, tudo que viu foram as luzes vermelhas de um carro partindo.

Ele pensou em Anahí e correu para a varanda da casa dela. A porta estava aberta, e Alfonso entrou com cuidado na sala completamente escura.

— Anahí — chamou.

Não houve resposta.

— Anahí! — tentou novamente, mais enfático desta vez.

Ainda nenhuma resposta.

Ele nunca estivera ali antes, então começou a se mover com cautela. De repente, bateu em algo e percebeu um abajur que acendeu de imediato. Viu-se então na sala de estar, cercado por almofadas macias e móveis de vime. Havia uma cozinha no canto e duas portas que deveriam levar ao banheiro e ao único quarto. Uma delas estava entreaberta.

— Anahí? — chamou ele novamente enquanto atravessava a sala. Então empurrou a porta o suficiente para permitir que a luz invadisse aquele cômodo escuro.

O que viu o deixou paralisado. O quarto estava uma imensa baderna, e Anahí, sentada no chão, parecia uma mendiga. Os cabelos, alvoroçados e soltos, formavam uma cortina sobre o rosto, os braços delgados estavam cruzados em volta do corpo, longos dedos curvados na nuca. Farrapos do vestido cor-de-rosa-choque estavam jogados no chão, ao lado dela.

— Meu Deus! — sussurrou ele, sentindo o coração se acelerar quando se deu conta do que acontecera ali.

— Vá embora — pediu ela com um pequeno comando engasgado.

Ignorando a ordem, Alfonso deu alguns passos e ajoelhou-se na frente de Anahí. Não podia ver-lhe o rosto, mas era capaz de sentir o desespero que tomava conta dela.

— Você está machucada? — perguntou, tocando-lhe de leve nos cabelos.

A resposta foi surpreendente. Em um único gesto violento, Anahí levantou-se, virou-se de costas para ele e começou a tremer como se sua batalha contra as lágrimas houvesse sido perdida.

Alfonso levantou-se aturdido. Estava muito claro que algum tipo de agressão acontecera lá. Anahí estava chocada, desesperada e talvez...

— Eu o odeio! — exclamou ela subitamente. — Realmente o odeio por vir aqui assim.

— Ouvi um grito, corri para a varanda e vi alguém saindo daqui. — Ele se sentiu compelido a explicar. — Houve algo na maneira como aquele homem se foi que me fez... Anahí — ele mudou de tática ansiosamente —, você está tremendo demais! Deixe-me...

— Não me toque — sussurrou ela. Mas então as pernas fraqueijaram e ela se dobrou, caindo sentada na cama amarrotada.

Parado ali, Alfonso estava incerto do que fazer. Anahí não o queria por perto. Mas ele não poderia ir embora sem se certificar de que ela tinha condições de ficar sozinha. Os olhos dele caíram sobre o vestido cor-de-rosa e o sutiã rendado também da mesma cor, rasgado ao lado do vestido. A pele começou novamente a se arrepiar em resposta ao horror da imagem que aparecia em sua mente. A evidência sugeria estupro ou, no mínimo, uma tentativa.

Uma onda de ódio o invadiu. Rapidamente pegou o lençol branco de algodão nos pés da cama e envolveu-a com cuidado.

Não que estivesse nua, porque ele notou a calcinha cor-de-rosa quando ela se levantara do chão. Mas, quanto ao resto...

Alfonso travou os dentes, abaixando-se novamente na frente dela.

Anahí agarrava o lençol agora, a face ainda escondida, o corpo tremendo muito.

— O que aconteceu, Anahí? — perguntou ele delicadamente.

— O que acha que aconteceu aqui? — devolveu ela com um soluço amargo. — Suponho que você ache que eu mereça isso.

— Não.

— Mentiroso! — Ela soluçou mais uma vez e cobriu o rosto com o lençol.

— Anahí, ninguém com uma mente sã acha que uma mulher merece o que aparentemente lhe aconteceu — insistiu ele.

— Estou bêbada — admitiu Anahí.

Ele podia sentir o cheiro do álcool.

— Foi tudo culpa minha — disse ela.

— Não. — Ele precisou controlar a vontade de tocá-la.

— Não posso sentir minhas pernas. Nem mesmo sei como cheguei aqui. Acho que ele pôs alguma droga na minha bebida.

— Provavelmente — concordou Alfonso disposto a alimentar as observações dela para que aquilo o ajudasse a entender o que ocorrera