Fanfic: *+*Um jeito sedutor…*+* a y a

Anahí estava atrasada.

— Parado ao lado do carro, Alfonso avistou o balcão da locadora de veículos no pequeno aeroporto do outro lado da ilha. Estava começando a se perguntar se ela mudara de idéia sobre viajar com ele quando finalmente a viu caminhando pela avenida da praia.

Ela estava puxando uma pequena mala, sob a brilhante luz do sol. Alta e magra, como sempre elegante e bela, havia desaparecido o doce olhar de modéstia que criara para alegrar o avô.

Agora, a sedutora sereia vestia uma blusa curtinha de renda lilás e uma saia justa que revelava as curvas maravilhosas de seu corpo enquanto se movia. Os cabelos soltos balançavam com leveza sobre os ombros, e ela usava óculos escuros.

Tinha uma expressão nada feliz, notou Alfonso quando ela se aproximou mais. O rosto não estava pálido, porém ainda parecia muito triste.

— Você está atrasada — comentou ele quando Anahí chegou. — Pensei que não viria.

— Bem, estou aqui, como pode ver — disse ela, entregando-lhe a mala e entrando no carro, sem dizer mais nada.

Sorrindo para si mesmo, Alfonso guardou a mala e juntou-se a ela. Quando seguiram pela avenida, ele notou que Anahí nem sequer olhara para os portões cor-de-rosa que guardavam a propriedade de seu avô.

— Ele concordou em deixá-la vir comigo? — Alfonso ousou perguntar.

— Sim.

Mas ele percebeu a linha de tensão em volta da boca de Anahí e soube que estava mentindo. Outra vez, pensou, perguntando-se porque até mesmo as mentiras não o incomodavam mais.

— Isso me surpreende — observou ele delicadamente. — Tendo voado da Grécia esta manhã especialmente para passar seu aniversário com você, eu esperava que ele ficasse chateado.

— Ele não voou da Grécia, mas sim de Nassau — corrigiu ela —, onde sempre pára porque a namorada dele o espera lá.

Namorada? A opinião de Alfonso sobre Theron Portillo de setenta e cinco anos se alterou levemente com aquela informação.

— Não sabia que ele tinha uma namorada.

— Ele tem várias — contou a neta.

Alfonso quase se permitiu um sorriso masculino.

— Então por que não a trouxe com ele e poupou-se de uma jornada tão cansativa?

— Um homem grego não apresenta a namorada para sua família.

— Ah! — Alfonso começou a entender. — E uma mulher grega também não apresenta o namorado para a família?

— Você não é meu namorado.

— Ele acha que sim.

— Ele também acha que você só está se casando comigo por dinheiro — respondeu ela friamente. — Isso diz muito sobre meu charme pessoal, você não acha?

Dizia muito também sobre o caráter dele, notou Alfonso com tristeza. Ele estacionou o carro, virou-se para Anahí e suspirou longamente.

— Você o iludiu com uma porção de mentiras para poupar os sentimentos de seu avô, e ele a desapontou não apreciando o gesto — deduziu ele.

Ela nada comentou e cerrou os punhos, em um típico gesto que revelava seu nervosismo.

Estaria Anahí pensando sobre aquele assunto ou apenas era muito teimosa para admitir a verdade?

— É melhor você ficar — sugeriu ele. — Entenderei se você...

— Não! — exclamou ela prontamente. — Goste ou não, irei com você.

— Então por que está aborrecida?

— Não estou aborrecida.

Aproximando-se, Alfonso retirou delicadamente os óculos do rosto dela.

— Certo — concordou Anahí. — Estou aborrecida porque vovô está bravo. Ele estava mentindo antes, quando pareceu encorajar nosso relacionamento. Agora diz que jamais vai me deixar casar com você.

— Ponto para ele — comentou Alfonso. — Significa que ele preocupa realmente com você. Eu o admiro por isso.

Anahí levantou o queixo em um gesto ousado.

— Você também o admira por ter armado esta emergência na Espanha só para tirá-lo da ilha e de perto de mim?

Não, Alfonso não admirava Theron por um plano tão baixo.

— Você tem certeza disso?

— Ele mesmo me contou — confirmou ela.

— Oh, que teia complicada nós tecemos — murmurou ele, encostando-se no banco com um suspiro. — Volte e conte a verdade a Theron, Anahí. Isso já foi longe demais.

— Prefiro morrer a dizer a verdade agora — disse ela. — Esta é a minha vida, Alfonso. Tenho o direito de fazer minhas próprias escolhas sem a interferência de ninguém.

— Eu também — anunciou ele com uma resolução repentina que o fez ligar o carro novamente.

— O que está fazendo?

— Voltando para casa.

— Por quê? Porque de repente se deu conta de que meu avô pode decidir tirá-lo do projeto da Grécia se você me deixar subir naquele avião?

Alfonso parou novamente.

— Ele ameaçou fazer isso?

A expressão rebelde de Anahí lhe deu a resposta. Sem mais nem uma palavra, ele ligou o carro, desceu a estrada em direção aos portões cor-de-rosa e entrou por eles, estacionando na frente da casa de veraneio dos Portillo.

Alfonso estava furioso. Saindo do carro, deu a volta para abrir a porta do passageiro.

— Desça — demandou, estendendo a mão para Anahí.

— O que vai fazer? — perguntou ela, segurando-lhe a mão.

— Acabar com o jogo dele — declarou Alfonso. Aquele já não era mais um caso de ajudar Anahí a sair de uma situação embaraçosa. Tornara-se uma questão de honra e integridade.

Anahí não tinha certeza do que estava por vir. Uma coisa era ela estar chateada com o avô, mas bem diferente era descobrir que conseguira deixar Alfonso bravo com ele também. Ela amava aquele velho perverso e entendia-o. Alfonso não.

— Não o aborreça — pediu ela de repente.

Parando, ele a encarou.

— Você vai contar a verdade a ele?

Eles se entreolharam, e o coração de Anahí disparou. Ele era seu tipo de homem, e seu avô não podia estar mais errado sobre o interesse dela.

— Não — respondeu ela com rebeldia