Fanfic: *+*Um jeito sedutor…*+* a y a

Anahí sentiu-se extremamente tímida quando se acomodou no banco de passageiro ao lado de Alfonso.

— Obrigada por tudo. Eu detestaria ter deixado meu avô zangado comigo.

Alfonso não respondeu. Ela lhe lançou um olhar cuidadoso. Olhando-o de perfil parecia relaxado, mas havia um sinal no canto da boca que sugeria que ele ainda estava irritado com alguma coisa.

Com ela, com seu avô ou consigo próprio por se permitir se envolver naquele problema todo?

O motor do carro foi ligado, o ar frio que começou a circular tinha o aroma dele. A mão roçou na perna dela quando ele engatou a marcha. Anahí não sabia se o calor interno que a dominava era devido ao aroma sedutor ou à sensação do toque acidental de Alfonso. O que deixara seu corpo tão vivo?

Estou arriscando meu coração aqui, pensou ela, lembrando-se dos conselhos do avô. Ele ama outra pessoa. Anahí pôs uma mão nos lábios e desejou sentir os lábios de Alfonso novamente.

— Fale alguma coisa, pelo amor de Deus — sussurrou ela.

Falar o quê?, pensou Alfonso frustrado. Devo confessar que não sei o que estou fazendo aqui? Que não sei o que você está fazendo, acompanhando-me nessa viagem? Você deveria voltar para casa e ficar segura com seu avô, porque certamente não está segura aqui comigo.

— O que há nesse pacote?

As mãos dele comprimiram o volante. O sol do fim de tarde estava brilhando, e a luz avermelhada coloria os cabelos de Anahí. Ele nunca notara as mechas loiras antes. Por que as notava agora? A saia dela tinha subido, mostrando mais perna que ele desejava ver. Alfonso ainda podia sentir o toque da pele suave de Anahí contra sua mão e queria novamente aquele prazer. Tudo. Nossa! Que coisa absurda!

— O presente de aniversário do vovô — respondeu ela com voz rouca.

A voz rouca era sedutora e vibrou por todas as células da pele dele como uma melodia de sereia.

— Você não o abriu.

A voz masculina tinha um tom grave que fazia a pele de Anahí arrepiar como uma brisa quente de verão.

— Vovô não gosta que eu abra presentes na frente dele, porque não gosta de minha expressão de desapontamento, caso não aprecie o presente. — Ela estava hesitante, insegura.

Anahí estaria chorando? Sua voz parecia lhe trair os sentimentos. Alfonso não podia dizer porque ela estava com a cabeça baixa e os cabelos escondiam o rosto.

— Isso acontece com freqüência?

— Nunca. Sempre adoro tudo que ele me dá. — Ela sorriu e alisou gentilmente o pacotinho.

— Abra — sugeriu ele.

— Mais tarde. — Anahí se sentia demasiadamente emocionada naquele momento.

Um silêncio dominou o ambiente por alguns segundos.

— Anahí, se você mudou de idéia sobre ir comigo, posso fazer a volta e...

— Eu vou com você — interrompeu ela rapidamente.

Alfonso calou-se e apertou os dedos no volante. Anahí ficou sentada perdida em seus pensamentos, e o silêncio reinou até a chegada ao aeroporto.

O pequeno avião de nove assentos estava esperando na pista estreita. O carregador de malas apressou-se em pegar a bagagem de ambos e levar para a nave. Alfonso surgiu da locadora de veículos, guardando o cartão de crédito na carteira. A cabeça estava abaixada, os cabelos negros brilhavam contra a face bronzeada. Ele estava usando uma camisa azul com calça cinzenta e, sobre o braço, carregava uma jaqueta. Anahí desejou não achar aquele homem tão fascinante.

Ele a olhou, e Anahí rapidamente desviou o olhar. Ela estava linda e o coração de Alfonso disparou de tal forma que lhe tirou o fôlego.

A parada em Nassau representou um alívio para ambos. A escala era de duas horas, o que significava que eles poderiam dar desculpas para se separarem por um tempo. Anahí foi ver vitrines, Alfonso foi imprimir alguns documentos, assim poderia ler durante o vôo.

No caminho de volta para encontrar Anahí, ele viu um tigre de pelúcia com o rabo arrogantemente ereto. Começou a rir. Era a cara de Anahí. Então não pôde resistir a entrar na loja e comprá-lo.

Quando a encontrou, ela estava sentada com uma lata de refrigerante e uma sacola com pacotes de presentes no colo.

— Lembrancinhas para meus amigos de Londres — explicou ela. — Eles sempre esperam por isso.

Alfonso apenas sorriu, sentou-se a seu lado e então lhe entregou o presente.

— Feliz aniversário — disse solenemente.

Ela o olhou surpresa. Era incrível como ele adorava aqueles olhos verdes.

— Abra — pediu ele. — Não sou tão sensível ao desapontamento.

Ele estava sorrindo e parecia realmente feliz. Anahí sorriu de volta com sinceridade, estendeu a lata de refrigerante para ele, a fim de dar atenção total ao presente embrulhado com papel dourado. Enquanto isso, Alfonso bebeu da lata e assistiu com interesse enquanto o tigre emergia.

Houve um momento de silêncio, um rubor inesperado, então ela riu. Foi aquela risada encantadora e leve que Alfonso ouvira tão freqüentemente com outras pessoas, mas nunca antes com ele.

— Um tigre! — Ela virou-se para ele. — Como sabia que tenho coleção de tigres de pelúcia em casa?

Ele não sabia, mas o importante é que ela tinha gostado.

— Adivinhei — disse ele.

Com a costumeira exuberância, Anahí inclinou-se para beijá-lo, mas se deu conta do que estava prestes a fazer e hesitou na metade do caminho.

Olhos cautelosos se prenderam nos dele, e uma sobrancelha negra arqueou-se. O coração de Anahí disparou.

Irresistível, pensou ela. Estou louca por ele e nem mesmo me importo mais. Ela fechou a boca, sabendo pela sensação de tontura que um beijo era a coisa mais perigosa que poderia oferecer naquele momento. Mesmo lá, na sala de embarque de um aeroporto com centenas de pessoas. Porque ele podia pensar que estava apaixonado por Leona Al-Qadim, mas imaginava-se ofegante com ela.

Os lábios deles se encontraram brevemente e se afastaram relutantes.

Sim, pensou Anahí triunfante. Ele me deseja.

— Obrigada — murmurou ela amavelmente.

— De nada — replicou Alfonso, com o cenho franzido.

Anahí desejou saber que pensamentos o fizeram enrugar a testa daquela maneira. Pensamentos sobre Leona Al-Qadim? Estava com o beijo de uma mulher ainda quente nos lábios e ousava pensar em outra?

O rabo do tigre estava sendo torcido, notou Alfonso, e perguntou-se o que o pobre animal fizera para merecer ser tão maltratado. Então teve que suprimir um suspiro porque sabia que era nele que ela estava pensando. Eles continuavam se beijando quando não deveriam. Continuavam respondendo um ao outro quando não deveriam. Ele não era o homem certo para ela e Anahí, como certeza, não era a mulher certa para ele.

— Você quer isso? — Ele ofereceu-lhe a lata de volta.

Anahí meneou a cabeça.

— Não, pode terminar se quiser.

Ele queria apenas uma coisa... Com tal pensamento amargo, levantou-se e caminhou em direção à lata de lixo, pensando mais uma vez em por que estava naquela situação maluca.

Jogou a lata e voltou ao banco do aeroporto. Anahí não estava mais sentada ali. Um súbito medo percorreu-lhe as veias.

Por quê? Porque os cabelos pareciam seda nos ombros, e ela era jovem e adorável, elegante e bronzeada e estava recebendo olhares interessados de cada homem que passava, porque tinha classe, estilo e charme.

Então a avistou olhando a mesma vitrine de jóias que ele olhara alguns minutos antes. A mesma bandeja de jóias, tinha absoluta certeza disso.