Fanfic: *+*Um jeito sedutor…*+* a y a

Anahí estava na cozinha, esperando o pão pular da torradeira. O sol entrava pela porta que levava ao terraço. A louça usada na noite anterior ainda estava na pia.

Não importava. Nada importava, exceto o incrível conhecimento de que passara a noite nos braços de Alfonso, fazendo um amor maravilhoso. Estava usando a camisa dele e preparando-lhe o café da manhã, enquanto ouvia a profunda voz que vinha do terraço. Alfonso falava em espanhol fluente com alguma autoridade. Amava a voz dele. Adorava a sensação de alegria que desfrutava enquanto lhe preparava o café.

Alfonso parou de falar quando a torrada pulou, e entrou na cozinha. Anahí sorriu quando ele a abraçou pela cintura.

— Humm, o cheirinho está bom — disse ele, beijando-lhe o pescoço.

Foi realmente pecador o modo como ela respondeu, virando-se para os braços dele para exigir aquela boca para si. Beijaram-se com paixão e poderiam ter ido além se não fosse o toque do telefone.

Ela gostou da frustração que viu nos olhos dele quando, relutante, pegou o celular e o atendeu:

— Alfonso Herrera — anunciou enquanto Anahí o olhava fascinada. Estava usando terno e gravata cinzentos, camisa branca, e parecia feliz, notou ela com um sorriso enquanto ele discutia negócios ao telefone.

Quando ele desligou, Anahí ia saindo da cozinha com a bandeja de café que preparara. Então houve um silêncio estranho, e ela se virou:

Ele estava olhando para a bandeja do café da manhã.

— Você vai ficar zangada comigo, mas lamento não poder tomar o café da manhã. Tenho uma reunião em dez minutos no clube náutico.

O desapontamento a assolou, mas tentou não demonstrar e sorriu de modo compreensivo. Era por aquela razão que ele estava na Espanha, afinal.

— Entendo — disse ela.

— Não devo demorar. Você vai ficar bem aqui sozinha?

— Farei o possível para não entrar em depressão sem você — prometeu ela.

— E quanto à minha depressão? — brincou ele.

Era amável da parte dele dizer isso, mas, na verdade, Anahí podia perceber a ansiedade dele por ir e assumir seu compromisso com o governo espanhol.

Ela fez uma cara de brava.

— Vá.

— Certo — concordou Alfonso, mas não se moveu. Em vez disso, ficou observando-a dos pés a cabeça e só então deu-lhe um beijo no rosto.

— Serei o mais breve possível — prometeu, saindo pela porta da cozinha em direção à garagem.

Sozinha, o café da manhã perdeu a graça. Mesmo assim, levou a bandeja para o terraço e se sentou para degustá-lo e observar San Estebán brilhar com a claridade cristal da manhã que surgia com a promessa de um dia lindamente ensolarado. Depois disso, passou algum tempo arrumando a cozinha, e decidiu tomar um banho antes de conhecer o palacete, já que não notara muita coisa no dia anterior.

Foi para o quarto através do terraço, desarrumou a mala e tomou um banho. Vestida com uma mini-saia azul e um top branco, estava quase saindo do quarto quando um telefone começou a tocar em algum lugar.

Alfonso?, perguntou-se, sentindo o coração disparar. Ele só se fora havia uma hora e já estava sentindo tanta saudade dela que telefonava? Apressada, começou a seguir o som pelo corredor em arco. O palacete de repente parecia grande e vazio, e ela não estava certa se concordava com o gosto de Alfonso na decoração. Era muito frio ali, nada brilhava aos olhos. Surpreendeu-a pensar nisso, porque gostava de tudo o mais nele.

Então achou o telefone em uma das salas de recepção. Quando se aproximou, ele parou de tocar e a secretária eletrônica atendeu. Ela começou a ouvir a mensagem para saber se realmente era Alfonso tentando contatá-la, e antes de atender, olhou volta da sala.

Um voz estranha preencheu o espaço. Profunda e suave, possuía o mesmo sotaque inglês de Alfonso.

— Alfonso — disse a voz. — É Victor. Quando você tiver um tempo livre, ligue para mim. Estou no escritório de Londres, e aquele velho perverso, Theron Portillo, decidiu ficar quieto sobre o projeto da Grécia.

Vovô. Anahí sorriu com a descrição de "perverso", franziu o cenho para a parte do projeto da Grécia, porque se esquecera das ameaças do avô. Ficou ali parada, esperando que Victor Frayne acabasse o recado para então ligar para seu avô e tentar convencê-lo de que acabaria criando problemas para si próprio se levasse a Herrera-Frayne à submissão.

Pela primeira vez começou a ter dúvidas sobre seus próprios motivos. Estava sendo egoísta e talvez devesse libertar Alfonso e contar toda a verdade para seu avô. Não era justo que Alfonso fosse forçado a se sacrificar só porque ela conseguira convencê-lo a se envolver naquela história.

Fora isso que fizera? Sim, fora exatamente isso o que fizera, admitiu. Seduzira-o, virara-o de ponta-cabeça e... tudo em poucas e atordoantes vinte e quatro horas!

— Oh, a propósito — a voz de Victor Frayne interrompeu-lhe os pensamentos, ao mesmo tempo em que ela viu uma fileira de porta-retratos em uma mesinha de madeira —, a porta do quarto de Leona está emperrada. Pode mandar alguém aí para consertar?

O telefonema para o avô foi esquecido. Um arrepio de horror apossou-se de sua pele. Alfonso a teria levado para ficar na casa de Victor Frayne e Leona Al-Qadim?