Fanfic: *+*Um jeito sedutor…*+* a y a

O palácio Al-Qadim se destacava de maneira impressionante na enorme planície sob uma noite de céu estrelado. As ricas paredes de arenito estavam iluminadas, e Alfonso ficou atônito com a beleza daquele monumento quando atravessou a entrada em arco, acompanhado de Victor, e estacionou no jardim principal.

Mas não queria estar lá. Estava furioso e cansado de fazer o que as outras pessoas queriam, enjoado de desempenhar o papel de conciliador e justo.

Ele fez uma careta. Em algum lugar, do outro lado do oceano, fora descartado pela pessoa amada, enquanto ali, estava prestes a se tornar o foco da crítica aos olhos árabes, como o amante malvado da mulher do sheik, Leona Al-Qadim.

— Alfonso, se você não quer ir em frente com isso, diga não — murmurou Victor.

— Estou aqui, não estou? — respondeu ele de forma brusca, mas então se deu conta de que seu comportamento, desde que entrara em seu carro na Espanha e se distanciara de Anahí, fora assim.

Anahí, a paqueradora. Anahí, a sedutora. Anahí, a serpente que fizera das últimas duas semanas um paraíso perfeito, antes de voltar à sua forma original. E o que era aquilo?, perguntou a si mesmo. Ele estava se iludindo. Anahí era a garotinha rica e mimada que queria tudo do próprio jeito.

Deveria ter percebido isso antes de ter se envolvido. Devia ter fugido do papel de tolo a que se submetera sob os feitiços mágicos dela.

O problema era que Alfonso gostava de brincar de ser escravo de Anahí Portillo. Ela o excitava, fácil e rapidamente. Fazia-o sentir-se vivo.

Tatuara um coração na parte mais sensual do corpo apenas para deixá-lo louco de prazer.

— Você talvez devesse se apresentar de modo mais sociável — observou Victor cuidadosamente.

— Assista à minha transformação quando as cortinas subirem — prometeu ele. — Serei tão sociável com seu genro que vão começar a se perguntar se foi com Hassan que tive um caso.

— Não brinque com isso.

Victor estava ficando bravo, e Alfonso não o culpava.

— Você deveria tê-la trazido com você, se não pode ficar um dia longe dos braços dela sem se tornar um chato.

— De quem você está falando? — perguntou Alfonso com seriedade.

Victor sorriu.

— Posso não ter estado em San Estebán recentemente, mas até a faxineira do escritório de Londres sabe sobre a companheira que você levou do Caribe.

Alfonso reviu a expressão de Anahí antes que tivesse dado as costas para ela pela última vez, e seu estômago se contorceu. Ele a magoara com tudo aquilo, devia ter sabido que o faria. Por isso tentara descobrir o que ela queria da relação deles, antes de contar-lhe sobre a viagem.

Quisera que ela entendesse, que confiasse nele. Que percebesse que ele não poderia estar apaixonado por outra mulher quando ela, Anahí, possuía cada centímetro de seu corpo e pensamento.

E agora? O que estava fazendo ali? Uma dor repentina e incontrolável penetrou todo seu corpo. Devia estar de volta lá, discutindo com Anahí, não ralhando com Victor. Anahí estava certa em muitas coisas, ele deveria ter colocado seus sentimentos em primeiro lugar.

Eles desceram do carro na frente de uma linda abóbada decorada em lápis-lazúli, suspensa por pilares de mármore branco. Alfonso sacudiu os ombros para aliviar a tensão.

Vestidos de terno preto e gravata borboleta, ele e Victor entraram em uma sala pintada com cores brilhantes. Leona estava ali. Vestia uma roupa de seda vermelha e dourado e parecia absolutamente magnífica. A seu lado estava o homem que ela adorara desde o primeiro momento que pusera os olhos nele, havia mais de cinco anos, o sheik Hassan Al-Qadim, que parecia estranhamente pálido.

A pressão das últimas semanas o atingira?

Victor lhe contara um pouco do que vinha acontecendo. Hassan estava travando a batalha de sua vida para manter a esposa de sua escolha a seu lado e garantir o lugar como sucessor de seu pai no governo de Rahman.

Uma breve olhada pela sala fez Alfonso se arrepiar. Diversas pessoas o olhavam fixamente, assustadas e curiosas.

Estariam esperando uma cena? Esperavam que Hassan pegasse a espada e cortasse a cabeça dele?

O arrepio aumentou quando se deu conta de que o humor sardônico até fazia sentido. Porém, logo o bom senso retornou porque pensou no que adiantaria cortar a cabeça dele quando tudo aquilo só provaria que Hassan acreditava nos rumores sobre sua linda esposa?

O que o árabe estava fazendo era muito mais sutil. O homem tinha estilo, reconheceu Alfonso quando o viu parado ali, sem revelar uma única dica do velho desgosto que geralmente emanava entre os dois. Em vez disso, ele sorriu e tocou o braço da esposa, chamando-lhe a atenção para a chegada do pai dela e de Alfonso.

Leona virou-se na direção deles, e o lindo rosto iluminou-se. Os incríveis olhos verdes, que de alguma maneira não eram tão incríveis para Alfonso como os de Anahí, desviaram do rosto do pai para o dele, então rapidamente de volta. Com um gesto gracioso, ela se lançou na direção dos dois.

Foi como se toda a assembléia desse um passo para trás, pronta para a revelação de Leona sobre seus verdadeiros sentimentos por aquele homem do oeste. Alto, magro e em muito boa forma para seus cinqüenta e cinco anos, Victor Frayne recebeu a filha nos braços e aceitou os beijos entusiasmados que ela lhe dava no rosto, enquanto Alfonso sentiu a sala quase sucumbir em alívio, ou desapontamento.

— O que está fazendo aqui? Por que não me contou que viria? — Leona estava dando uma bronca no pai mesmo sem poder conter as lágrimas emocionadas.

— Alfonso. — Ela fitou-o a seguir e estendeu-lhe a mão. — Não acredito nisso. Pensei que vocês estivessem em San Estebán.

Victor sorriu para ela.

— Agradeça a seu marido pela surpresa.

Hassan apareceu ao lado da esposa e abraçou-a pela cintura. Leona virou os olhos brilhantes para o marido.

— Eu o amo — murmurou impulsivamente.