Fanfic: Te Amar.

Abracei-me ao travesseiro, apertando-o com todas as minhas
forças. O pior é que eu não podia fazer nada, já que sou menor de idade! Teria
que ir, mesmo não querendo, teria que ir. Suspirei sentindo meus olhos arderem.
NÃO! Eu não iria chorar por isso novamente! Nunca mais. Nunca.

Levantei-me da cama bruscamente e fui até o guarda-roupa.
Peguei uma cadeira, colocando-a de frente para o mesmo. Peguei uma mala que
estava em cima dele e a joguei de qualquer jeito em minha cama. Desci da
cadeira e a afastei. Abri a mala e virei-me novamente para o guarda-roupa.
Abri-o violentamente, peguei todas as poucas roupas que tinham lá e joguei-as
bruscamente na mala. Não organizei nada, as roupas ficaram todas espalhadas na
mala.

Apoiei minhas mãos sobre o guarda-roupa. Lentamente
deslizei-as por ele, indo até o chão. Fiquei lá sentada no chão, com os braços
abraçando minhas pernas. E finalmente, eu permiti-me chorar.

Lágrimas. Elas nos fazem desabafar. Fazem-nos despejar tudo
o que estamos sentindo naquele momento, e assim o sofrimento não nos sufoca...
então, nos sentimos aliviados. Era isso o que eu dizia para mim mesma há três
meses atrás. Mas pra mim agora já não faz mais diferença chorar ou não, porque
chorar não vai me fazer voltar atrás no tempo, e fazer com que tudo fosse
desfeito. Quem dera, elas tivessem esse poder! Mas não tem. Então, porque eu
realmente estava chorando? Iria fazer alguma diferença naquele momento? Aquelas
lágrimas caindo dolorosamente por todo meu rosto, não estavam me fazendo
sentir-me aliviada. Pelo contrário, ELAS que estavam me sufocando. Limpei-as.

Não, eu não irei fraquejar mais. Não mais. Teria de qualquer
maneira retornar para lá. Tudo bem! Por mais que isso doa lá no fundo de minha
alma, eu iria. Eu seria forte. Não iria correr o risco de arrepender-me de fugir
novamente. Iria andar com minhas próprias pernas. E não, não iria voar. Por que
isso não passa de um sonho impossível, para sonhadores idiotas que não enxergam
a realidade.

E sim, eles são idiotas. Idiotas por sonhar com um mundo que
simplesmente não existe, e no fundo, eles sabem disso. Nós nunca iremos criar
asas e voar para o lado menos obscuro da vida. E mesmo se criássemos e fossemos
livres, do que adiantaria? Do que adiantaria se não ficaríamos livres de nossos
medos, nem temores. Nunca abandonaríamos o passado, seja ele feliz ou cruel.

Mas talvez eles não sejam idiotas. Talvez seja eu que tenho
inveja de pessoas assim. Eu sei o que é ser sonhador. Aliás, sabia.

Você vive nas nuvens, com um sorrisinho bobo no rosto por
qualquer motivo que seja. Você é feliz, você gosta da vida, gosta de vivê-la.
Mas você conhece a realidade desse mundo, e é por isso que você é sonhador. É
por isso que você tem seu próprio mundo de fantasias. Você cria esse mundo para
não ter que encarar a cruel realidade que lhe cerca, para não ter que por os
pés no chão. Você só cria esse mundo porque ele é seu. Porque ninguém pode
tirar de você. Porque você pode ser ou fazer o que quiser nele ou com ele.

E eu não tenho mais a capacidade de ser uma pessoa assim, e
talvez realmente eu tenha inveja das mesmas.

Levantei-me do chão, ajeitei minha mala e fechei-a. Levaria
apenas aquelas roupas. Afinal, era tudo o que eu tinha. Coloquei-a no canto do
quarto e saí do mesmo.

Fui até a minúscula cozinha do apartamento onde eu estava
vivendo. Abri a geladeira e tirei uma jarra de suco de laranja da mesma, peguei
um copo e despejei o suco sobre ele. Guardei a jarra novamente na geladeira e
sentei-me à mesa, bebendo o suco.