Fanfic: Te Amar.

18h00min.

Acabávamos de entrar no avião. Alexandra estava sorridente,
e não parava de falar sobre o México, sobre sua família, sobre tudo. Mas eu já
não a ouvia mais. Apenas olhava pela janela do avião.

Alexandra: Aperte os cintos querida. – falou apertando-os,
logo após uma voz nos pedir para fazer isso – Vamos decolar. – falou feliz.
Percebia-se que ela estava ansiosa para me mostrar tudo.

Fiz o que ela mandou e fiquei olhando para a janela do avião
novamente, enquanto o mesmo decolava. Chegaríamos lá no dia seguinte, à noite.

Horas e horas passaram-se, “tia Ale”, como ela me mandou
chamá-la, já dormia. Já era uma da manhã. Dei uma rápida olhada ao redor do
avião. Todos dormiam. Todos, menos eu. Não consegui pregar o olho. Pensar em
voltar para a cidade que me traz tantas recordações... ruins... Suspirei fechando
os olhos com força. Mas do que adiantava? O sono não vinha de jeito nenhum.
Tentei várias vezes, mas não adiantava de nada.

Fiquei distraída, pensando em como seria voltar para o
México... como seria a família de minha “tia”... como será que estava tudo lá...
Suspirei e peguei um espelhinho em minha bolsa, e coloquei-o de modo com que eu
pudesse ver a cicatriz que havia nele. Passei levemente meu polegar sobre
aquela cicatriz.

Doía. Não fisicamente. Mas doía relembrar de como eu havia
ganhado aquela cicatriz. Senti meus olhos inundando, talvez pela milésima vez
ao lembrar daquilo. Limpei-os com a ponta dos dedos. Guardei o espelhinho de
volta na bolsa, mas quando fui guardar, vi um caderno... Estranhei e o peguei.

Assim que o abri, vi logo escrito: “06/12/2009”. Fechei
rapidamente o caderno, fiquei olhando-o por longos segundos. Meu aniversário. O
pior dia da minha vida. Suspirei e abri-o. Passei lentamente a ponta de meus
dedos sobre a folha. Ela ainda tinha manchas de minhas lágrimas. Comecei a ler,
apenas com o olhar.

“06/12/2006.

A vida
agora não passa de dor... E eu tentei reconstruí-la tantas vezes, mas agora
não. Não tenho mais forças para levantar e seguir adiante, como já fiz antes.
Simplesmente porque aprendi a lição.

Hoje seria
um dia feliz, um dia especial. Pois bem, seria.
Verbo ser, do futuro do pretérito, não do presente, muito menos do futuro. E
sim, do passado, pretérito. Eu estava feliz. Eu realmente estava muito feliz! Hoje era o dia mais especial da minha
vida. Agora... ahh, agora, ele só não passa de um dia que eu quero esquecer
para todo o sempre, mesmo que o mesmo não exista.

Eu queria
poder esquecer-me dos momentos tristes de minha vida, mas sabe... eles são
impossíveis de esquecer. É impossível esquecer-se do passado, ele já foi o
presente. Tem gente que o esquece, com muita dificuldade, mas o esquece.
Engraçado... Eu não consigo. Simplesmente não consigo. –
a letra estava incrivelmente borrada nessa parte (por causa de minhas
lágrimas), tornando-a quase ilegível. Mas eu ainda recordava-me do que havia
escrito... talvez nunca esquecesse. – Passado e presente... agora nenhum
dos dois faz diferença, os dois para mim são a mesma coisa. Só o que existe
neles é dor, só que no passado, eu já tive um pouco de felicidade.

Pois bem, quem
mandou a imbecil aqui se apaixonar? Quem a mandou pensar que alguém se apaixonaria por ela? Claro,
ilusões! Nada além de ilusões. E agora, a felicidade se transformou em
lágrimas. Lágrimas dolorosas que insistem em cair, e eu já não aguento mais. Eu
já não aguento mais a dor que cerca meu coração. Seria melhor se eu nunca
tivesse existido. Eu pouparia sofrimento para as pessoas ao meu redor.

E eu sou a
culpada. Culpada de tudo...”