Fanfic: derrepente pai [aya]

Anahi ficou paralisada. Não conseguia abrir a boca. Ele se aproximou e a abraçou. Ela não conseguia reagir. No instante seguinte, alguém escancarou a porta. Então Alfonso entrou, o rosto petrificado pelo ódio.
 __ Então meu pai estava certo! __ esbravejou, furioso.
 Anahi emudeceu, enrubesceu. Jason escapou pela porta da varanda e jamais reapareceu. E lá estava ela, parada no meio da sala, com a camisola transparente que comprara especialmente para reencontrar o marido.
 Alfonso parecia uma estátua de ódio.
 Anahi procurou descobrir por que Jason aparecera justamente no momento em que Alfonso chegaria. E chegou à conclusão de que o sogro tramara tudo.
 __ Poncho, por favor! __ Os olhos azuis imploraram com desespero. __ Não é o que está pensando!
 Ele deu um passo na direção de Anahi e, com uma expressão perigosa no rosto, ergueu a mão.
 __ Não! __ ela gritou, protegendo-se instintivamente com os braços.
 Isso o fez parar.
 __ Pelo amor de Deus! __ ela suplicou. __ Você precisa me ouvir!
 __ Nunca! __ ele disse, rangendo os dente. __ Para mim, você não existe mais!
 Falou sério. Anahí  percebeu isso pela inclemência do olhar masculino. Foi mais do que pôde suportar. No instante seguinte, desmaiou e, ao recuperar os sentidos, percebeu que estava sozinha na suíte.
 Não voltaram a se falar.
 A suíte do hotel transformou-se em prisão nos dias seguintes, até que Uncker, frio e impessoal, aparecesse para escoltá-la pessoalmente até Londres.
 Desesperada, debilitada, Anahi voltara para a Inglaterra, onde ficara muitos dias aguardando que Alfonso se acalmasse, que percebesse que ela jamais seria capaz de nenhum comportamento leviano.
 Então descobriu que estava grávida, e tudo mudou. Tentou falar com o marido, mas ele se recusava a atender as ligações. Mandava cartas, que ele jamais respondia. Por fim, apelou para Uncker, num telefonema:
 __ Vou ter um filho de Alfonso. Isso deve significar alguma coisa para ele.
 No dia seguinte, o assistente ligou.
 __ Meu patrão diz que você está mentindo, e que a criança não é dele. Mas permitiu que ficasse na casa. Terá tudo de que precisar, contando que não diga uma palavra sobre sua traição.
 __ Se é assim, por que Alfonso não me põe na rua, por que não pede o divórcio? __ ela retrucou amargamente, ferida pela injustiça.
 __ Você já o humilhou bastante. Ele não pretende enfrentar também o escândalo de um divórcio. Mas preste atenção __ Uncker advertiu em tom gélido. __ Deixe outro homem se aproximar e Poncho  matará os dois. Não tenha dúvida disso.
 Isso significaria que Jason já estava morto, num canto qualquer da Sicília? Mas por que se importar com a sorte de um homem mancomunado com Franco? Era uma pena que o sogro não pagasse pelo mal que lhe fizera.
 Mas talvez Franco finalmente tivesse recebido a punição merecida, Anahí ponderou, de volta ao presente. Na sua determinação de livar-se da mulher que considerava inadequada para o filho, perdera o direito de amar uma das criaturas mais maravilhosas do mundo: Ana Paula
 Não teria ao menos uma ponta de curiosidade? Não pensava nunca em sua netinha? Jamais se arrependera? Sara esperava que sim. Esperava realmente que, enfermo ou não, Alfredo padecesse diariamente de um amargo arrependimento.
 Ao perceber um movimento perto da porta, ela voltou-se. Era Uncker, com um olhar atento, circunspecto. Por um momento, por um pungente momento, Anahí  teve a sensação de que  assistente sabia exatamente em que ela estava pensando.
 Então, o momento evaporou-se, porque Alfonso os ouviu e chamou-os para a mesa. Durante todo o jantar, Anahi sentiu-se observada por Uncker e teve a desconfortável sensação de que ele percebera sua sede de vingança.
 A refeição foi um sacrifício. Ela esforçou-se por engolir dois pequenos pedaços de frango grelhado. Além disso, não conseguiu comer mais nada. Alfonso e Uncker jantaram rapidamente, conversando vez ou outra sobre negócios.
 __ Com licença. __ Finalmente ela se ergueu da mesa, fazendo os dois homens a fitarem. __ Vou subir para tomar um banho.
 __ Tente descansar __ disse Alfonso  num tom baixo. __ Se houver mais alguma notícia, eu lhe contarei.
 Ela meneou a cabaça, cansada demais para argumentar. Não descansaria. Sabia que isso era impossível. Não voltaria a dormir até ter sua filhinha de volta.