Fanfic: derrepente pai [aya]

Alfonso estreitou os olhos. Anahi conteve a respiração, ciente de que cruzara uma linha muito perigosa. Então, para sua surpresa, ela a soltou, recostando-se no assento.
 __ Você mudou. Não teria ousado falar comigo dessa forma há três anos.
 __ Oh, sim, eu mudei. Cresci. Fiquei mais forte. O que esperava de mim, depois do modo como me descartou?
 __ Você levou um amante para sua cama __ ele observou injustamente.
 __ E você simplesmente me deu as costas!
Alfonso  a fitou com rancor.
 __ Percebo que não está negando a acusação de adultério.
 __ De que adianta? Você se recusa a acreditar em mim.
 __ Vai negar a presença daquele homem em seu quarto?
 __ Jamais neguei que ele estivesse lá. Só neguei ter desejado a sua presença.
 __ Não vejo onde está a diferença.
 __ Não vou me dar ao trabalho de explicar. Agora, só o que importa é minha garotinha.
 __ Meu pai não seqüestrou a sua filha. Resgatou-a. Ou, pelo menos, coordenou tudo, para que isso fosse possível. No momento, a menina está dormindo em segurança, sob a proteção dele. E em breve vou fazer você engolir cada palavra maligna e mentirosa que usou para se referir a ele. Entendeu?
Anahi entendeu. Era outra vingança. Mais um motivo para puni-la.
 Alfonso podia acreditar no que quisesse a respeito do pai, mas o simples fato de Aninha está na Sicília, com Franco, era sinal suficiente de que o velho patriarca tramara tudo aquilo. Mas por que Franco arquitetara o seqüestro? Ela se perguntou, aterrorizada. 
 
 O jatinho particular dos Herreras aterrisou ao meio-dia no aeroporto de Catânia. Depois de taxiar, parou distante do terminal de desembarque. O oficial da alfândega foi recebê-los e Alfonso, com o rosto cansado, apesar de ter dormido durante toda a viagem, entendeu-se com o homem.
 Sara não pôde deixar de sentir pena. Quarenta e oito horas antes ele estava em Nova York. Depois cruzara o Atlântico, resolvera aquela crise e então voara mais trezentos quilômetros até a Sicília.
 __ Vamos __ ele disse, segurando-a pela cintura.
 Aquele toque deixou os sentidos de Anahi em alerta. Ela tirara o casaco ao entrar no avião e agora se arrependia. Era penosa a sensação daqueles dedos próximos de sua pele.
 Imaginava se Alfonso teria razão ao comentar que precisava da companhia de um homem. Esperava que das pressões que aquilo tudo fosse apenas o resultado das pressões que sofrera nos dois últimos dias.
 Era um dia típico da Sicília, com ar quente e seco, o sol escaldante num céu azul imaculado. Um carro os aguardava, uma limusine branca e resplandecente. Alfonso  ajudou Anahí  a entrar e sentou-se ao lado dela. Partiram no mesmo instante e, durante o percurso, não se falaram, tensos. Anahi franziu o semblante ao contemplar o litoral branco e azul. Não sabia como Alfonso reagiria ao primeiro encontro com Aninha, que considerava a prova viva da traição.
 Viu a casa, à beira de uma pequena baía, no momento que fizeram uma curva. Sentiu o peito apertado ao ver os grandes muros brancos cheios de trepadeiras floridas, as varandas em vários níveis, todas de frente para a praia.
 O carro começou a subir pelo único acesso à casa. Era um túnel natural, ladeado de árvores, que se elevava até os fundos da mansão. O lugar era maravilhoso, muito retirado, idílico. As paredes pintadas de branco e as janelas em azul destacavam a profusão de primaveras nos pórticos.