Fanfic: derrepente pai [aya]

Cap. 07

 Finalmente Aninha ergueu os olhos, fazendo beicinho.
 __ Não gosto de avião __ disse.
 Anahí  sentiu as pernas vacilando, como se a voz da criança tivesse o poder de descontrolar suas emoções. Um abraço forte amparou mãe e filha, impedindo-as de cair. A menina ergueu o rostinho e, pela primeira vez, contemplou os rígidos contornos do rosto de seu pai.
 O instinto de Alfonso lhe dizia para afastar-se das duas. Entretanto, apesar de Anahí estar segurando a criança, era ele que a mantinha em pé.
 __ Leve a criança daqui, já!
 A agonio transpareceu em seu rosto porque Aninha  arregalou os olhos, num princípio de choro.
 __ Outro homem mau! __ resmungou. __ Quero ficar com mamãe! __ Agarrou-se ao pescoço de Anahi. __ Não quero homem mau, mamãe! __ soluçou. __ Vovô prometeu!
 Vovô?
 Anahí  abriu os olhos e Alfonso retesou-se.
 __ O que diabos...? __ ele murmurou entre os dentes.
 __ A bambina precisava se acalmar __ defendeu-se Franco __ Eu a acalmei da melhor forma que pude!
 Num acesso de fúria,Anahí  livrou-se dos braços de Alfonso e fulminou pai e filho com um olhar de condenação.
 __ Vocês são desprezíveis!
 Com isso, deu-lhes as costas e saiu para o terraço.
 __ Anahí ! __ A voz autoritária de Alfonso a fez parar nos degraus, do lado de fora. __ Aonde pensa que vai? __ perguntou, segurando-a pelo braço.
 __ Ora, solte-me!
 __ Não seja tola!
 __ Mas você viu, não viu? __ ela protestou, fitando-o desesperada. __ Ele fez tudo! Armou tudo isso por algum motivo sórdido e...
 __ Cale-se! Já avisei para não repetir acusações como esta!
 Anahí  percebeu que o marido ainda não conseguia ver a verdade.
 O tom duro de Alfonso fez com que Aninha erguesse a cabecinha novamente, fitando-o com o olhar assustado e lacrimoso.
 __ Homem mau!
 __ Alfonso! __ A reprimenda veio de uma fonte inesperada. __ Está assustando a bambina!
 Ele fitou o pai e concedeu:
 __ Meu pai tem razão. Estamos assustando a menina. __ Segurou o braço de Anahí  com mais força. __ Entre __ ordenou, evitando os olhinhos assustados de Aninha. __ Estamos todos esgotados.
 Anahí  entrou com relutância, sabendo que, dessa vez, não tinha escolha. Eles estavam certos. Aquela cena assustara Aninha. Fitou Franco e notou que os olhos do velho perscrutavam a garotinha. Sorrindo, ele segurou a mãozinha gorducha de Aninha, que retribuiu imediatamente o sorriso.
 __ Vovô... __ ela falou, abalando uma vez mais o controle precário que Anahí  tentava manter sobre as emoções.
 Anahí  dissera aquilo com tanto afeto! Visivelmente atordoado, Alfonso apertou os dedos ao redor do braço de Anahí , fazendo-a entrar na suíte.
 __ Só você não vê... __ ela murmurou.
 Ele a ignorou.
 __ Sente-se __ disse, empurrando-a para uma poltrona. Então estalou os dedos e uma mulher de olhar ansioso de aproximou. __ Esta é Fábia. Está aqui para atender às suas necessidades __ continuou, no mesmo tom frio. __ E começará pegando sua bagagem. __ Dispensou a moça e em seguida voltou a fitar Sara. __ Sugiro que aproveite os próximos minutos para se recompor e acalmar a criança. __ Anahi voltara a enterrar o rosto no pescoço da mãe. __ Pai? __ Dirigiu-se a Alfonso com o mesmo tom autoritário. __ Precisamos conversar.
 Depois saiu, seguido em surpreendente obediência pelo pai, que se deslocava acionando os comandos eletrônicos da cadeira de rodas.
 O silêncio tomou o quarto, e Aninha arriscou-se a erguer o rosto.
 __ O homem mau já foi? __ perguntou timidamente.
 Anahí  recostou-se na poltrona macia, aconchegando a filhinha ao peito.
 __ Ele não é mau, querida __ murmurou gentilmente. __ Está apenas...
 “Confuso” era a palavra que anahi queria dizer. Curioso... Alfonso jamais se mostrara confuso com relação a nada. Para ele, a vida era preto no branco. A confusão residia nas zonas cinzentas, que evitava. Por isso o casamento não dera certo. Franco, conhecendo o filho, pintara o mundo que envolvia a nora em tons de cinza, provocando discórdia.
 Era o que continuava fazendo agora. O que pretendia? Queria Aninha só para si? Mas não poderia tê-la, a não ser que fizesse Alfonso acreditar que era efetivamente o pai da criança. E isso o levaria a duvidar do adultério de Anahí. Franco  estaria disposto a se arriscar? Ou teria alguma carta escondia no bolso da casaca?
 Ela começou a tremer de medo ao se lembrar do que Alfredo era capaz.
 __ Signora? __ Fábia estava ao lado da poltrona, com um sorriso amável. __ A bambina __ comentou suavemente. __ Dorme tranqüila no colo da mamma.
 Anahí olhou para baixo, surpresa com a rapidez com que Aninha  adormecera. A criança ressonava, finalmente em paz.
 __ Não chore, signora. __ Fábio agachou-se ao lado da poltrona, para colocar a mão solidária sobre o braço de Anahi. __ Agora a bambina está segura. Signor Alfonso zelará por ela. Não se preocupe.