Fanfic: derrepente pai [aya]

Apesar da compaixão inicial, Sara percebeu o velho brilho matreiro naquele olhar. O homem ainda era perigoso.
 __ Quanto a você, está mais bonita do que nunca. A bambina teve a sorte de sair-se à sua imagem: os mesmos cabelos, seu lindo rosto, a natureza doce e gentil...
 __ Mas fui covarde __ Anahi retrucou, ignorando o elogio. __ Algo que minha filha não é.
 __ Com certeza puxou a coragem de meu filho __ ele comentou, orgulhoso. __ Ou talvez a minha.
 __ Que os céus protejam minha garotinha __ Anahi respondeu, surpresa ao perceber que ele parecia saber exatamente quem era o pai de Aninha __ Tem alguma idéia de quanto ela ficou assustada com o seqüestro que você tramou?
 __ Eu não raptaria a bambina! Não permitiria que ninguém tocasse num fio de cabelo daquela linda cabecinha!
 __ Mentira. __ Os olhos azuis de Anahí  brilhavam de raiva quando ela se debruçou sobre a cadeira. __ Vi sua expressão quando segurou minha filha! Você parecia tão... possessivo!
  Ele ofegou, chocado.
 __ É fácil dizer isso a um velho confinado a uma cadeira de rodas! __ murmurou com amargura.
 __ Não me venha com esse golpe de velho doente! __ ela avisou, empertigando o corpo. __ Não vai funcionar!
 Abaixou-se para pegar o rolo de arame e a tesoura, pensando em sair dali.
 __ Não se afaste de mim, moça.
 Estranhamente, as palavras a fizeram parar. Não exatamente as palavras, mas o tom com que foram ditas. Ela voltou-se, surpreendendo-se com a vulnerabilidade que viu naqueles olhos.
 __ Não seqüestrei a criança! __ ele vociferou, a expressão angustiada. __ Se o tivesse feito, eu diria! __ Respirou fundo, exaurido pelo esforço.
Anahi o viu empalidecer. Não sabia se devia acreditar nele, mas não costumava agir de modo cruel com pessoas aflitas. Entretanto, tinha certeza que não podia relaxar a guarda.
 __ Está se sentindo bem? __ indagou, preocupada.
 __ Sí __ ele respondeu prontamente, mas com a cabeça baixa, como se tentasse controlar a respiração.
 A visão de Aninha, correndo e rindo, com macacão e chapeuzinho de brim brancos, e a ofegante Fábia em seu encalço, capturou-lhes a atenção. Anahi riu. Como não rir? Cruzou os braços e ficou observando. No instante seguinte, a cadeira de rodas estava ao seu lado e Franco também olhava a cena.
 __ Corra, Carina, corra! __ encorajou, brandindo o punho no ar.
 Parecia um milagre. Naqueles poucos segundos, o velho patriarca cresceu em força e vitalidade.
 Uma sensação estranha, talvez um sexto sentido, fez com que Anahi se voltasse e erguesse o olhar. Na varanda do alto, Alfonso observava tudo com uma expressão torturada.
 Ela sentiu um aperto no peito. Alfonso ambém percebera a mudança do pai...
 __ Ahá! __ disse Franco, recostando-se na cadeira com uma risada triunfante. __ Viu só? Ela escapou pelo meio das pernas de Fábia!
 Anahi voltou a olhar para a praia. Quando ergueu os olhos novamente, Alfonso se fora.