Fanfic: derrepente pai [aya]

Anahí já percebera esses traços. Tornavam a menina parecida com o pai.
 __ Nicolas teria que passar mais tempo com ela para notar essas coisas __ observou ela. __ Mas seu filho não suporta ficar com Aninha  mais do que um minuto.
 __ A menos que eu decida comentar as semelhanças __ disse Franco, ladino. __ Ele já está confuso com minha afeição pela criança. Se eu fizer mais algumas insinuações, começará a investigar.
 Anahi ergueu uma sobrancelha inquisidora.
 __ E você fará essas insinuações?
Ele deu de ombros, indiferente.
__ Se Alfonso  vem dando mostras de estar farto de você, creio que não tenho saída. Não posso permitir que a bambina parta, agora que a tenho aqui __ determinou, possessivo. __ Nem que isso signifique convencer meu filho ficar com a criança e deixar você partir.
Tamanha crueldade deixou-a aterrorizada.
__ Não seria melhor contar a verdade e garantir o lugar de Aninha  nesta casa?
Ele descartou a idéia.
__ Meu filho jamais perdoaria o que fiz para acabar com esse casamento. Amo a bambina, mas também amo Alfonso. Não posso ficar sem nenhum dos dois.
__ E o que Franco quer, Franco consegue __ Anahi lembrou amargamente. __ Não se dá conta de quantas vidas está prejudicando?
__ Sou um homem doente. Quero paz e felicidade em meus últimos dias.
__ Você é um velho desagradável e diabólico, isso sim! __ ela retrucou, ríspida.
__ Eu sei! __ Ele gargalhou, o que a deixou apavorada.
Os dias se arrastavam. Somente Anahi sabia quanta falta sentia de Alfonso. Sequer conseguiu tirar suas roupas da suíte, como o marido pedira. Mas não dormira na cama dele. Seria ultrajante. Apesar de tudo, não queria humilhá-lo perante os outros, demonstrando que não estava mais disposta a viver ali como esposa. Era uma loucura, mas ainda sentia que devia preservar o orgulho de Alfonso.
Num final de tarde, Anahí estava na praia com Anahi. Haviam construído um grande castelo de areia, com uma série de torres moldadas num baldinho plástico. Ajoelhada, ela instintivamente olhou para cima e viu Alfonso  aproximar-se.
Seu coração agitou-se com uma súbita alegria e uma desconfortável ansiedade. Ele acabara de chegar, por que ainda não trocara de roupa. Estava sem gravata e paletó, mas a calça cinza e a camisa branca mostravam que vinha de uma reunião de negócios.
__ Olha o homem, mamãe __ murmurou Aninha, receosa.
__ Estou vendo __ disse Anahi, fingindo tranqüilidade. Porém, doía ouvir o tom preocupado na voz da filha; doía sentir que ela se referia ao pai como um estranho. __ Veja, este já está pronto __ comentou para distrair Aninha, virando o balde de areia para cima. __ Agora pode bater com a pazinha.
A menina aproximou-se do balde, fitando Alfonso,  que já pisava os últimos degraus da escada.
__ Soque a areia! __ incentivou Anahi.
A garotinha desviou o olhar e começou a socar, mas sem entusiasmo. A chegada de Alfonso  tornara a brincadeira menos engraçada.
Anahí procurou concentrar-se na atividade da filha, mas por dentro perguntava-se o que a volta do marido significaria. Seria banida da villa?
__ Bela? __ ele chamou, o tom baixo. __ Preciso conversar com você.
Anahi sentiu-se ruir por dentro, com um castelo de areia invadido pela água do mar.
_ Claro. __ Sentou-se nos calcanhares e procurou sorrir, sem conseguir encará-lo.
Mas ele tampouco a fitava. Olhava à volta, como se estivesse procurando algo. Então indicou um conjunto de mesa e cadeiras brancas que ficavam na praia.
__ Poderíamos ir até lá?
__ Certamente __ ela concordou, aparentando calma.
Levantou-se e espanou a areia do corpo com mãos trêmulas. Alfonso começou a se afastar.
__ Quero ir junto __ sussurrou Aninha, agarrando-se ao short da mãe.
Isso diminuiu a tensão de Anahi, que sorriu.
__ Então venha, meu amor. Mas, se preferir construir outro castelo, estarei sentada bem ali. __ E apontou para onde Alfonso  estava.
A garotinha levou algum tempo considerando suas opções.
_ Está bem __ decidiu afinal, agachando-se e enchendo outro balde com a areia úmida.
Anahi respirou fundo e, tentando acalmar o coração acelerado, ergueu o queixo e foi ao encontro do marido, que gentilmente afastou uma cadeira para que se sentasse.
__ Tenho uma proposta a lhe fazer __ ele informou.
__ E qual é essa proposta? __ ela indagou, o tom cauteloso.
__ Quero que tentemos novamente. Estou falando de nosso casamento.