Fanfic: derrepente pai [aya]

Com Franco afastado, a tensão diminuiu. O próprio Alfonso parecia mais à vontade. Passava a maior parte do tempo em casa, saindo apenas algumas vezes para o escritório em Catânia. Como Anahi não voltara a ver Uncker, supunha que ele cuidava dos assuntos internacionais.
 Alfonso  aprendia, aos poucos, a aceitar Aninha. Não era uma tarefa difícil. A menina era adorável e, com a ausência do avô, adotara o pai como a figura masculina a quem dedicaria seus afetos.
 Alfonso começou a trabalhar no projeto da reforma. Contou seus planos a Alfonso, pediu-lhe sugestões. Quando disse que a sala de sinuca seria o quarto do casal, ele decidiu “testar o ambiente” e seduziu-a sobre a mesa.
 __ O que acha? __ perguntou ela enquanto estavam deitados sobre o tampo verde, nus e suados, sem forças para se mover.
 __ Acho que vai dar certo __ ele murmurou. __ Mas creio que teremos que experimentar mais uma ou duas salas antes de tomar a decisão definitiva...
 Tudo era muito leve, muito descontraído. Exceto quando faziam amor, um momento tórrido e muito, muito sério. Sempre tinham urgência em possuir-se. De certa forma, isso a preocupava. Era como se tivessem certeza de que aquilo não poderia durar. Portanto, tinham que aproveitar cada minuto.
 A operação de Franco  foi um sucesso e Alfonso viajou para ver o pai, antes que ele fosse transferido para uma casa de repouso, onde ficaria mais algumas semanas. Num impulso, Anahí  enviou-lhe uma pedrinha.
 __ Diga que Aninha enviou __ pediu. __ Para mantê-lo afastado dos demônios.
 __ Você e papai precisam tentar se entender. Vai tentar? Por favor?
 __ Está bem. Tentarei.

 As reformas terminaram antes que Franco retornasse. Anahí  preparou um jantar especial para recepcioná-lo e fez questão de mostrar-lhe as modificações que fizera. Apresentou-lhe o quarto em que Aninha passara a dormir, o de Fábia, o do casal. Mostrou também um dormitório próximo da escada, onde fora instalado um elevador de cadeira de rodas.
 __ É para você __ explicou. __ Para quando desejar ficar perto de Aninha.
 __ Ainda não estou com o pé na cova, sabe? __ ele retrucou, insolente. __ Não precisa ficar paparicando este velho moribundo.
 De todo modo, Franco parecia diferente: mais quieto, mais introspectivo. No entanto, Anahí  ainda desconfiava que ele tramava algo para arruinar seu casamento.
  Pouco a pouco, retomaram a vida social. Com o apoio de Alfonso, Anahí  tentava ser mais cordial com os amigos dos Herrera. De certa forma, sentia-se mais madura, mais preparada para lidar com pessoas sofisticadas sem intimidar-se. Não tinha mais necessidade de ficar agarrada ao marido o tempo todo.
 Enquanto tratavam de reconstruir o relacionamento, Franco apegava-se cada vez mais a Aninha. Ocasionalmente, levava-a a passear ou a visitar amigos que tinham netos na mesma faixa etária. No começo, Anahí  ficou preocupada, mas, por fim começou a relaxar. Agora tinha certeza de que o velho faria de tudo para proteger a vida da criança.
 Pai e filha entendiam-se cada vez melhor. Certa manhã, Anahí emocionou-se ao sair do banho e encontrar Aninha sobre a cama, sentada ao lado do pai, que lhe contava uma historinha infantil. Ele a fitava com ternura, quase com devoção.
 “Sei que conseguiremos”, dizia a si mesma todos os dias. “Merecemos esta chance”.
 Mas então veio o desastre. E os atingiu de maneira tão devastadora que nenhum dos dois escapou ileso.