Fanfic: derrepente pai [aya]

Ela simplesmente balançou a cabeça.
 __ Agora não, Poncho __ disse, dando-lhe um tapinha no peito. E saiu.
 Horas, mais horas. Em determinado momento, Franco apareceu ao lado do berço. Olhou para a netinha doente e pôs-se a chorar. Alfonso sabia que era injusto, mas as lágrimas do pai o irritaram.
 __ Preciso lhe falar __ disse Franco quando o filho o levou para fora do quarto. __ Preciso lhe falar!
 __ Mais tarde. __ Alfonso  olhou ao redor até encontrar a enfermeira do pai. __ Leve-o para casa.
 __ Mas preciso falar com você, filho!
 __ Mais tarde __ Alfonso  repetiu, voltando para o lado de Ana Paula.
 Horas, mais horas e o ponto culminante da crise veio. Agora só restava esperar para saber se haveria seqüelas, e quais. Mas ao menos a menina estava salva.
 Tiraram-na da UTI e levaram-na para o quarto. Alfonso  conseguiu uma cama de armar, que foi colocado ao lado do berço. Anahí deitou-se
 __ Está tudo bem __ ele a tranqüilizou. __ Ficarei aqui. Se Lia se mexer eu a acordarei, mas durma um pouco.
 Ela concordou sem dizer nada e fechou os olhos.
 Horas, mais horas. Quantos dias, no total? Três, quatro? Anahí  não saberia dizer. Alfonso  fora descansar num hotel. Franco viera no dia anterior, e parecia tão doente quanto a neta.
 __ Jamais me perdoarei por isso __ ele disse, a expressão amargurada.
 Anahí  o fitou.
 __ Não é por sua culpa que Aninha está doente.
 __ A culpa é minha sim. __ As lágrimas inundaram os olhos contritos do velho. __ Lembra-se do dia em que a levei para visitar um amigo nas montanhas? Duas outras crianças do mesmo vilarejo estavam com meningite. __ Engoliu em seco. __ Fui eu que a expus à doença. A culpa é minha!
 Anahi lhe lançou um sorriso cansado.
 __ Nem mesmo você pode controlar o destino. Não se torture.
 Mas Franco decidiu assumir a culpa. Ponto final. Pobre homem!
 Horas, mais horas. Então Alfonso voltou, com uma aparência terrível. Deveria estar descansando, mas aparecia mais pálido e tenso. Mal cumprimentou Anahí, mal a fitou. Afundou-se na cadeira no outro lado da cama e contemplou a filha. Em seguida, desviou o olhar para as próprias mãos rígidas sobre a cama.
 Anahí  então entendeu o que estava acontecendo.
 __ Então finalmente seu pai contou-lhe a verdade... Agora você sabe que eu nunca o traí, não é? __ indagou calmamente.
 Ele não respondeu. Voltou a olhar para a filha e a expressão pétrea começou a desmoronar lentamente, dando lugar a uma fisionomia sofrida.
 __Poncho , não! __ Sara murmurou, segurando-lhe as mãos.
 Alfonso  agarrou-se a ela e, apoiando a cabeça sobre o berço, começou a chorar convulsivamente. Anahí  jamais o vira assim. Ficou alguns instantes sem saber o que fazer. Se o abraçasse, poderia humilhá-lo. Portanto, decidiu voltar à cadeira, oferecendo-lhe a mão solidária.
 Ele a aceitou e o gesto deu-lhe forças para controlar-se. Parou de soluçar e aproximou-se da janela, evitando encará-la.
 __ Como está seu pai? __ Sara perguntou, depois de um longo instante.
 Ele não respondeu de imediato. Retesou o maxilar, como se tentasse novamente controlar as emoções.
 __ Voltou à villa e está de cama __ disse por fim. __ A confissão deixou-o exaurido.