Fanfic: Se Houver Amanhã

O pai de Dulce levara a maior parte da sua vida para construir um negocio que os Herrera achariam insignificante. “Os Herrera e os Sovanonn jamais se misturariam”, pensara ela. “Óleo e água. E os Herreras são o óleo. E porque estou reagindo como uma idiota? É ego demais. Um homem me convida para jantar e já estou decidindo se quero ou não me casar com ele. Provavelmente nunca mais tornaremos a nos encontrar...”

Poncho estava dizendo nesse instante:

- Por acaso está livre para jantarmos de novo amanhã?

A Filadélfia era uma cidade espetacular. Nas noites de sábado, Dulce e Poncho iam ao bale ou assistiam Riccardo Muti conduzir a Sinfônica da Filadélfia. Durante a semana, exploravam New Market e o singular amontoado de lojas de Society Hill, vagueavam pelo Museu de Artes da Filadélfia e o Museu Rodin.

Dulce parara um dia diante da estatua de O Pensado. Olhara para Poncho e sorrira.

- É você!

Poncho não se interessava por exercícios, mas Dulce adorava. Assim, nas manhãs de domingo, ela corria pela West River Drive ou pelo passeio que acompanhava o Rio Schuylkill. Nas tardes de sábado freqüentava uma aula de tai chi chuan. Depois de uma hora de exercícios, exausta mas exultante, ia se encontrar com Poncho, no apartamento dele. Ele era um cozinheiro gourmet e gostava de preparar pratos esotéricos como bistilla marroquina, guo bu li, os bolinhos de massa e carne do norte da China, e tahine de poulet au citron.

Poncho era a pessoa mais meticulosa que Dulce já conhecera. Certo dia ela chegara atrasada 15 minutos para o jantar e a contrariedade de Poncho acabara com sua noite. Depois disso, jurara que seria sempre pontual com ele.

Dulce tinha muito pouca experiência sexual, mas lhe parecera que Poncho fazia amor da mesma maneira em que levava a vida: meticulosamente, sempre de maneira conveniente. Houvera uma ocasião em que Dulce decidira ser ousada e anticonvencional na cama. Poncho ficara tão chocado que chegou a se perguntar se ela não seria uma maníaca sexual.

A gravidez fora inesperada; quando aconteceu, Dulce se descobrira dominada pela incerteza. Poncho não levantara a questão do casamento e ela não queria que ele se sentisse na obrigação de se casar por causa o bebê. Não tinha certeza se poderia enfrentar um aborto, mas a alternativa era uma opção igualmente angustiante. Poderia criar um filho sem a ajuda do pai? Isso seria justo com a criança?