Fanfic: Nada Dura Para Sempre

O tribunal estava apinhado de repórteres e curiosos atraídos por acidentes fatais em estradas e julgamentos por homicídios. Em matéria por julgamento por homicídio, aquele era espetacular. Gus Venable, atuando na acusação, era um espetáculo, à parte. Corpulento, cabeleira e cavanhaque grisalhos, tinha o comportamento cortes de um plantador sulista. Só que nunca estivera no Sul. Possuía um ar de vaga perplexidade e o cérebro ágil como um computador. Sua marca registrada era um terno branco, com uma antiquada camisa de colarinho engomado.

O advogado de Dulce Sovanonn, Christian Chaves, era o oposto de Venable, compacto e dinâmico. Adquirira sua reputação por acumular absolvições para seus clientes.

Os dois já aviam se confrontado antes, e seu relacionamento era de respeito e total desconfiança. Para surpresa de Venable, Christian Chaves o procurara na semana anterios ao julgamento.

- Vim aqui para lhe prestar um favor, Gus.

“Tome cuidado com os presentes de advogados de defesa.”

- O que tem em mente, Christian?

- Quero que compreenda... não conversei ainda com minha cliente, mas vamos supor... apenas supor... que eu pudesse persuadi-la a se declarar culpada, em troca de uma redução de pena, poupando ao Estado o custo de um julgamento?

- Esta me propondo um acordo?

- Isso mesmo.

Gus Venable estendera a mão para a mesa, procurando por alguma coisa.

- Não consigo achar meu calendário. Sabe que dia é hoje?

- Primeiro de Junho. Por quê?

- Por um instante, pensei que já devia ser natal, ou você não estaria me pedindo um presente assim.

- Gus...

Venable inclinara-se para frente.

- Sabe, Christian, em circunstancias normais, eu me sentiria inclinado a concordar. Para ser franco, gostaria de estar nesse momento no Alasca, pescando. Mas a resposta é não. Esta defendendo um assassina a sangue-frio, que matou um paciente indefeso por dinheiro. Vou exigir a pena de morte.

- Acho que ela é inocente e...

Venable soltara uma risada curta e explosiva.

- Não, não acha. Nem ninguém mais acha. Sua cliente é tão culpada quanto Caim.

- Não enquanto o júri não tomar essa decisão, Gus.

- É o que vai acontecer. – Venable fizera uma pausa. – É o que vai acontecer.