Fanfics Brasil - Capítulo 1 - Começo. Memories - Primeira Temporada

Fanfic: Memories - Primeira Temporada


Capítulo: Capítulo 1 - Começo.

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Tudo seria a antítese de ver os pássaros voarem e assim eu tentava pensar com total nostalgia sobre a minha infância, mas nem sempre poderíamos lembrar-nos de nossas vidas sem nos deparar com situações duras e severas. Eu, por minha vez, não me recordava muito bem de coisas que me fizessem pensar “ah, como essa época foi divertida”. Assim como qualquer colega que tive durante o colegial, eu realmente queria lembrar-me de tais coisas com total felicidade, talvez alguns deles até pensassem que eu fosse tímida por nunca falar de minha infância. Não era nada disso. Há vista das outras pessoas eu seria a típica garota rica e metida, por causa de minha família ser realmente muito conhecida. Talvez pensassem que continuávamos em Tóquio por que ali era muito mais fácil para o trabalho de meus pais.
Tudo começara quando eu mesma nem sequer imaginava que minha vida tomaria um rumo extremamente diferente do que qualquer um chegara a pensar. Há muitos anos atrás, quando eu tinha cerca de 10 ou 11 anos, eu estava em uma festa feita para uma comemoração para meu pai que era, na época pelo menos, um grande advogado que havia conseguido a prisão de um político corrupto. O nome de meu pai era citado em todas as conversas dos que acompanharam o caso, repetiam e repetiam até que cansassem. Katsui Nitsu, esse era o seu nome. Sendo bem reconhecido em todos os casos em que trabalhava e tornando-se um dos advogados mais eficientes da cidade de Tóquio, a mídia mal conseguia fazer com que ele fosse mira de escândalos. Ainda mais por que era visto como o homem que qualquer um queria tornar-se um dia. Advogado reconhecido, rico, extremamente belo e pai de família. Realmente este homem tinha uma vida perfeita, casando-se depois do término do colegial com uma herdeira de uma grande joalheria japonesa, Iromi Azukamori. Fazia o complemento perfeito ao lado de Katsui, tornara-se a pessoa que eu mais idolatrava no meio daquele mundo tão perfeito que meu pai havia criado. Ele não fazia nada mais que direcionar sua atenção para a obtenção de poder e dinheiro, uma pessoa realmente narcisista que ganhava o que queria com seu carisma desde que era um simples estudante.
A festa que era a comemoração pela prisão do político corrupto era a maior alegria de meu pai, já era de se esperar pela própria festa ter a aparência dele. Poderíamos notar a quantidade enorme de pessoas em trajes elegantes e refinados. Homens altos e com seus ternos impecáveis e as mulheres com seus longos vestidos e suas taças de vinho e seus olhares voltados para Katsui como uma figura vencedora e digna de respeito. Eu era muito pequena e apesar de já ser acostumada a tal vida, ainda não tinha pegado o gosto de andar entre aquelas pessoas, e eu nem ao menos conseguia ver muitos aspectos positivos em Katsui, talvez fosse por que eu raramente eu o visse. Muitas vezes me senti perdida e ao desistir de tentar encontrar meu pai, abaixei a cabeça levemente. Senti uma mão tocar levemente minha cabeça, virei para ver quem era e pude ver que era Iromi. Ela poderia não ser tão famosa e reconhecida como meu pai. Sei que se conheceram no segundo ano do ensino médio e desde então estavam juntos, apesar disso eu ainda tinha minhas dúvidas ainda mais visto que, na maioria das vezes, parecia triste e quieta. Sempre olhava para o nada com o mesmo meio sorriso e de tanto observá-la acabei chegando á conclusão de que a solidão era sua melhor amiga, uma vez eu havia perguntado á mim mesma “por que ela nunca se separou dele?”, a resposta era simples e lógica, por ser sozinha ela me via como a única regalia dela e por Katsui ser advogado era bem provável que ele brigasse pela minha guarda mesmo que não tivesse tempo para mim.
No dia seguinte, o sol já começara a bater na janela do quarto de Iromi, ela sentava-se na cama ainda mexendo nos cabelos fazendo uma longa trança e encarando o chão levantou a cabeça e olhou para a porta vendo que alguém a abria, encarou a pessoa, deu um leve sorriso e levantando-se deu uma leve risada balançando a cabeça.
- Não vai entrar Yohei? – falou acendendo um cigarro enquanto o homem entrava no quarto. Ele usava um jaleco, ajeitou os óculos. Ele era Yohei Hajitsu, amigo de meus pais desde o colegial, chegando a fazer um mês na faculdade de direito com Katsui até decidir optar pela faculdade de medicina, tornando-se o médico de Iromi.
- Desculpe não ter ido á festa, Katsui realmente conseguiu colocar aquele político na cadeira, não é?
- Sim, ele sempre consegue tudo. Se um dia ele quiser processar Freud, ele conseguiria. – Falava em tom irônico.
Ele riu levemente e balançou a cabeça em modo negativo.
- Tem que parar de fumar, Iro.
- Ainda me chama de “Iro”? Achei que tinha perdido essa mania no terceiro ano... Deixe de ser chato preciso ter alguma coisa prazerosa neste casamento. – ela falava ainda fumando.
- Não existe uma coisa saudável, que não te mate e que você ame?
- Minha filha. – ela riu.
- Gostou da festa, fumante?
Iromi deu um trago e olhou pro teto.
- A mesma coisa de sempre, pessoas elegantes e conversas sobre negócio.
- Se eu tivesse ido eu teria cometido suicídio...
- Não, tenho saúde frágil. Se eu morrer você que vai cuidar da Satsuki. – falou como se fosse uma piada.
- Deu o nome de Satsuki? Pensei que daria um nome mais diferente, acho que estou ausente na vida do clã Azukamori.
Ela deu um tapa no ombro de Yohei, virou para olhar a janela.
- Era o nome de minha mãe.
O silêncio tomou conta do local, ele encarou o chão e a olhou por alguns minutos.
- Então, tenho que cuidar para que você não morra nunca. Senão vou substituir o posto de esposa e eu não vou caber nos seus vestidos. – falou tentando dar um ar mais divertido á situação, ela riu tentando imaginá-lo como mulher.
- Realmente eu não sei o que eu seria sem você e sem Satsuki.
Ele a olhou intrigado com a afirmação.
- Por que diz isso? Apesar de Katsui ser narcisista e egoísta, mas ele te ama. – falava remexendo uma mexa de seu cabelo.
- Ele ama o poder e o dinheiro. Eu e Satsuki somente algo para fazer a imagem de bom moço aumentar cada vez mais. – falou mudando a expressão.
- Ele as deixa sozinhas...?
Ela fez que sim com a cabeça.
- Isso não pode ficar assim, não posso permitir que ele as veja com tanta indiferença assim. – Ele falou bufando e indo até a porta, Iromi segurou seu braço.
- Não, mesmo que esteja preocupado com a minha saúde eu não posso deixar que interfira.
- Você está doente. Ele deveria dar mais atenção a você.
- Não está tendo a visão de médico e sim a de amigo. Não aceita que ele continue assim porque me conhece e sabe a situação de minha saúde. Mas, ele é meu marido e eu que tenho de resolver isso. – Falava ainda segurando o braço do médico, ele a olhou revirando os olhos e jogando um olhar sarcástico.
- Quer me enganar? Você nunca iria fazer nada para mudar a situação. Está realmente satisfeita com toda a indiferença e frieza dele?
- Yohei, por favor, não interfira.
Ele revirou os olhos novamente e voltou a encará-la de forma séria.
- Não posso deixar que você fique vendo essa situação como normal. Foi pra isso que se casou? Pra ficar cada vez mais infeliz?
- Você realmente não mudou nada, nunca está contente até que os outros estejam bem.
Ele riu.
- Foi por isso que virei médico.
- Katsui me contou que vocês brigaram quando estavam na faculdade de Direito e você decidiu ser médico... Não minta pra mim, Yohei.
- Quando acho que tenho o dever de fazer algo, eu simplesmente faço. Não importa se eu venha a me machucar, se isso for capaz de salvar as pessoas que quero proteger, então... – Ele parou de falar e permaneceu encarando o chão.
- Então...?
Ele fitou a amiga, a fez largar seu braço e colocando a mão sobre a cabeça dela, suspirou e enfim falou.
- A conclusão desta frase cabe a cada um de nós. Cabe a cada um de nós decidirmos o que, no final, faremos.
- E você já decidiu?
- Sim. Não estou falando como médico e nem como amigo, mas sim como homem. Não posso deixar que as boas pessoas sejam feridas, preciso livrá-las da dor. Médicos curam, amigos rezam pela felicidade dos outros amigos. Menos garotos fogem diante das dificuldades, mas somente homens sabem que têm de concluir objetivos para a própria honra. Agüentando todas as conseqüências.
Iromi soube naquele momento que Yohei não a protegia por obrigação, mas sim por que achava a coisa certa a se fazer. Ele saiu do quarto arrumando os óculos e ao passar por um espelho, observou a si mesmo. Os anos haviam passado, sua aparência havia mudado talvez também o seu modo de pensar e de agir. Via-se como uma pessoa honrada e que sabia que ainda tinha coisas sérias a ser feitas. Ele ajeitou o jaleco e ainda sem um sorriso no rosto virou-se e viu um porta retrato da época do colegial onde estava na foto ele, Katsui e Iromi. Naquela época as coisas eram mais fáceis, mas nada mudara de certa forma. Ele sempre tinha cuidado muito mais dela do que o próprio Katsui, talvez fosse um erro do destino que minha mãe tivesse se casado com o próprio ao invés de ter se casado com Yohei. Tudo seria mais fácil talvez, ele com certeza daria mais atenção e não a deixaria sozinha. Ele ainda encarava a foto não com o sentimento de nostalgia, mas com certo estranhamento. Iromi já tinha a saúde fraca, ele acabava passando noites no hospital quando ela era hospitalizada enquanto Katsui estaria mais ocupado com assuntos “importantes”. Todos já poderiam desconfiar do sentimento forte que Yohei nutria por minha mãe desde o primeiro ano do colegial, infelizmente ele era desde sempre uma pessoa boa e correta e não pretendia agir por causa de meu pai. Afinal, ele poderia amá-la, mas era contra seus princípios trair a confiança de um amigo e principalmente a de Katsui, que era na época seu melhor amigo. Agora ele estava ali, sendo o médico e talvez o melhor amigo da pessoa que mais amava e via seu melhor amigo a deixando sozinha e triste. Estava sem saber o que fazer e nascia um pequeno sentimento de decepção e raiva por meu pai, afinal, ele desistira de Iromi á toa? Ou nunca teria desistido? Estava ali, lutando contra seus desejos para seguir seus princípios á risca.
- Essa foto é do segundo ano do ensino médio. – Katsui comentava andando até o velho amigo.
- Ah, Katsui... Desculpe não ter ido á festa, parece que você conseguiu colocar aquele político na cadeia, não é?
- Sim, consegui que o político Nokosaki Koyutsui fosse preso por suborno, foi fácil e ainda me garantiu o posto de “advogado mais eficiente de Tóquio”, perfeito não acha?
- Sim, é claro. – falou em tom ríspido.
- Ora essa, não está feliz pelo seu amigo? Dê-me um abraço! – falava animado abrindo os braços, com o maior sorriso que já tivera.
Yohei o olhou ainda sem sorrir.
- Sei que deve estar feliz, mas temos um assunto mais sério para tratar.
- A sua úlcera gástrica voltou?
- Eu nunca tive úlcera gástrica!
- Teve sim, não lembra? Você ficava tão preocupado com a Iromi que acabou se desgastando e seu médico disse que você tinha uma úlcera gástrica... – comentava.
- Eu já estou melhor desde que nos formamos. Mas, o assunto é sobre a própria Iromi.
Katsui bufou olhando pro lado.
- Já estava demorando, veio falar de como eu posso deixá-la sozinha?
- Exatamente, Katsui. – falava cruzando os braços e mirando o olhar.
- Finalmente nos reencontramos depois de anos e vem me dar sermão sobre a minha esposa? Yohei, você está ficando um velho rabugento... – falava em tom irônico.
- Ela está doente, não estou brincando!
- Não estou me preocupando, você cuida tão bem dela... – falava virando-se e andando pelo corredor.
- Mas olhe uma coisa muito interessante: Ela não é minha esposa! – falava já ficando nervoso e seguindo o amigo.
Katsui virou-se para encarar o velho amigo.
- Eu sou advogado. Sou muito ocupado, lembra?
- E eu sou médico, que coincidência... Também sou muito ocupado e tenho tempo pra minha família!
- Aí que está você não é casado. – falava rindo.
- Katsui. Estou falando sério... Se você não a ama então se divorcie de uma vez e não a faça sofrer! Antes eu achava que você a amava, mas agora parece que você a despreza! Afinal, qual foi o motivo para que você tenha se casado com a Iromi?
- Ah, Yohei... Nunca pensei que chegaríamos a tocar nesse assunto. – encostava a mão no ombro de Yohei.
- Do que está falando?
- O verdadeiro motivo para que eu tenha me casado com a Iromi é... – parava de falar fazendo uma pausa dramática.
- É...? – falava já quase tendo um ataque de nervos.
- Eu tive que me casar com ela por que, na verdade, eu queria me casar com você, mas a minha família jamais aprovaria que eu me casasse com um homem... – falava fingindo ter uma grande tristeza.
- Katsui, eu já disse que te odeio?
Katsui ria sem parar, andou mais um pouco pelo corredor.
- Ah, estava lembrando a época em que estudávamos juntos. Você realmente se preocupava com a minha esposa, chegou até a ficar com fortes dores de cabeça por causa disso. Até hoje não entendi o porquê disso. – falava ainda de costas.
- Eu só me preocupava por que ela era uma pessoa que era muito importante pra mim. – respondia.
- Yohei, sabe por que eu quis que você fosse o médico dela? E somente você?
O médico o olhou sem entender.
- Por quê? – perguntou ainda hesitante.
- Por que você ama aquilo que, um dia, foi meu objeto de desejo. De posse. – respondeu virando-se.
- Do quê está falando?
Ele riu.
- Você ama a Iromi, mas nunca trairia minha confiança nem se ela caísse em seus braços. Se eu pedisse para que você sumisse com ela, você ficaria intrigado e perguntaria automaticamente “por quê?”.
- O que quer dizer?
- Eu sempre tive um pouco de inveja, eu era e sou a pessoa perfeita aos olhos dos outros. Mas, tudo o que faço é fingir enquanto você é a pessoa perfeita de forma verdadeira. Tanto seus sentimentos, princípios...
- Katsui, nós somos ou éramos amigos. Por favor, fale alguma coisa que seja de verdade. – ele o encarou incomodado com tais palavras.
- Viu? Palavras fortes e cruéis te incomodam você jamais deixaria sua família e as pessoas que ama em segundo lugar. Realmente, éramos amigos já que agora não preciso fingir, não é? Eu tinha raiva dessa sua perfeição, não vejo o porquê de ser assim tão “verdadeiro”. E sabe? Não, eu não te quis como médico de Iromi por você ser fiel á nossa “amizade”.
O silêncio tomou conta do local, Yohei encarou o chão balançando a cabeça negativamente.
- Você sabia desde o começo de meus sentimentos pela Iromi. Não é?
- Sim, qualquer idiota perceberia. Mas, entenda. Eu não ficava feliz de imaginar o sorriso estampado na sua cara, eu sabia que seu sentimento era tão sincero como os de uma adolescente e então roubei de você aquilo que viria a se tornar o seu ponto fraco.
- Se me odiava tanto a ponto de querer me ver sofrer, que me batesse na cara até que eu desmaiasse ou morresse. Mas não permito que inclua Iromi e Satsuki nisso, não seja covarde.
E assim, de uma forma simples e imediata, era visto que Katsui era a típica pessoa sádica e fria que tinha o desejo imediato de ver Yohei sofrer, chegando a atingir minha própria mãe para atingir este objetivo. Não importava mais o que lhe fosse dito, ele estava adorando relembrar a expressão de raiva do médico ao saber a verdade e também sabia que muitas coisas aconteceriam nos dias seguintes e permaneceu esperando que tudo seguisse seu rumo á ruína de Yohei.
Ele por sua vez, tivera uma noite em claro pensando no que poderia ter feito para que o ex melhor amigo não tivesse feito Iromi sofrer, sentia-se culpado, mas sabia que nada poderia ter sido feito. Ao amanhecer ia á casa de minha família, já estava na porta, mas cismara de permanecer parado e ali mesmo começou a pensar em suas atitudes, seguira á risca suas prioridades para não trair a confiança do que fingia ser seu amigo. Do que suas prioridades serviram então? Apenas o impedia de agir e de talvez salvar a pessoa que amava de sofrer nas mãos de Katsui? Estava sem saber o que fazer, estava preocupado não com ele mesmo, mas sim com a felicidade da pessoa que amava. Balançou a cabeça e começou a questionar a si mesmo quando ouviu alguém o chamar em um tom de voz baixo, olhou para baixo e me viu dando um leve sorriso. Respirou fundo ao me encarar e muitas perguntas vinham em sua cabeça. “E Satsuki”? “Como será a vida das duas”?
- Pequena Satsuki, desculpe... Eu não te vi... – falava tentando fingir estar bem.
- Veio pra ver a minha mãe, tio Yohei? Acho que ela já deve estar em casa... – falei, sorrindo.
Ele forçou um sorriso, começou a sentir seu coração apertar.
- Escuta Satsuki, seu pai está em casa? – perguntou tentando manter a voz firme.
- Não, meu pai só volta de noite... Quando ele volta. – respondi.
Yohei me encarou refletindo sobre minha resposta, seu olhar estava perdido, sentia como se uma promessa tivesse sido rompida. Havia sacrificado sua vontade de ficar com Iromi para dar espaço para Katsui a fizesse sofrer, mas agora se sentia extremamente responsável pela minha vida. Pensava em como foi egoísta pensando só em minha mãe. Agora se sentia responsável também pela minha vida, sentia-se egoísta em ter pensado somente nela. Começa a criticar a si mesmo, pensando que se talvez não fosse tão apegado ao ato de ser fiel ás suas prioridades talvez o fizesse agir e ter salvado á mim e á minha mãe de tal sofrimento. Sentia como se seus próprios valores o teriam traído. “Já estava tudo acabado, todos estavam sofrendo e é tudo culpa minha”, tal pensamento pairava em sua mente. Seu olhar ficara cada vez mais perdido, colocou as mãos sobre sua própria cabeça. Por que Katsui teve de se casar com Iromi se iria fazê-la sofrer? Yohei começava a desejar que o ex melhor amigo tivesse dado um tiro em seu peito. Seria menos doloroso do que ver a mulher que amava sofrendo e a filha dela sofrendo por causa da ausência do pai. Mas era o destino, nada poderia mudar os fatos. Ele sentou-se agora colocando as mãos tampando o rosto e chorando. Por raiva, por culpa, por não ter impedido que Katsui fizesse mãe e filha sofrer.
- Tio Yohei? Por que está chorando...? – perguntei, sem entender.
- Você o vê muitas vezes...? Ele é um bom pai...? Ele não é ausente, não é?
- Na verdade eu raramente o vejo... É por isso que está triste?
Ele estremeceu, abaixou a cabeça, abraçou-me para que eu não visse que ele estava chorando.
- Não é não... Acho que eu tenho trabalhado muito e estou cansado...
- Então, por que não pára?
Ele encarou-me intrigado.
- Parar?
- Sim, minha mãe sempre diz que quando algo nos desgasta temos de descansar bastante para resolver o problema depois. – falei.
- Ela diz isso? – seu olhar parecia cada vez mais perdido, sentia um nó na garganta. Via que Iromi não achava normal tudo que vivia com Katsui. Ela apenas agüentava para o meu próprio bem.
Ele abaixou a cabeça tentando segurar a vontade de chorar.
- Você parece bem cansado, merece um descanso também, não é? Você já fez o bastante.
Ao ouvir minhas palavras ele se sentiu incrivelmente aliviado, como se alguém tivesse dito: “Já basta, você já faz mais do que pode. Está na hora de seu descanso, você fez o que podia”. Ele então viu que estava fazendo muito mais do que podia fazer, estava desgastando sua própria força. Estava ficando cansado de lutar para salvar as pessoas que amava e nem ser reconhecido.
Depois de algum tempo, havia entrado em casa de mãos dadas comigo. Apesar de que, na época, eu não tivesse visto como minhas palavras foram à salvação dele, talvez não fosse isso, mas elas serviram como um fio de esperança. Ele pôde ver que se tornara uma pessoa que daria a vida para salvar a vida das pessoas que amava, mas isso era certo? Ele deveria sacrificar suas vontades, sua vida? Ele entrara no quarto de minha mãe, ela deu um leve sorriso ao vê-lo. Ele permaneceu ali, parado. Deveria falar? Não deveria? Ele respirou fundo e sentou-se no chão, ao lado do armário.
- Acho que vou começar a fumar.
- O que houve? Parece que viu um fantasma... E que história é essa? Você nunca fumaria. – ela falou, sentando-se ao lado do amigo.
- Você não havia me contado que ele era tão ausente.
- Yohei, eu disse que era melhor não se intrometer. Era por isso, eu sabia que você acabaria com essa cara.
Ele suspirou profundamente.
- Me desculpe... Por só pensar no “futuro”.
- Não entendi.
- Eu só pensava “como será a sua vida” ou “como vai conviver com isso”. Eu não parei para pensar em Satsuki. – explicava.
- A culpa não é sua, você tem sido a minha família. E a dela também. Sempre vem cuidar de mim ou da Satsuki quando ficamos doentes, nunca se importando com você mesmo...
Ele forçou um sorriso.
- Ele me detesta, sempre detestou.
- O Katsui? – perguntava surpresa.
- Ele disse na minha cara que sempre detestou a minha “perfeição”, disse que sempre quis me ver mal.
Iromi olhou pro lado, incomodada.
- Era inveja?
- Não sei. Mas eu não sou uma pessoa perfeita, tenho muitos defeitos. A perfeição só existe quando você aceita os defeitos, os transforma em coisas boas.
- Talvez, em algum momento, ele tivesse sido realmente um amigo.
- A culpa é minha, acho que acabei deixando algo passar, eu poderia ter visto que ele era cruel. Mas para mim, ele era como um irmão... Se eu tivesse percebido, você e Satsuki não estariam vivendo tudo isso.
- Do que está falando?
Ele evitou olhar para Iromi.
- Eu te amava até mais que a minha própria vida, talvez ainda ame. Por isso eu cuidava tanto de você naquela época, a ausência de Katsui me deixava feliz de certo modo... Sinto que ele faria tudo para poder me atingir e talvez tivesse percebido o quanto você era importante para mim.
- Isso é verdade...?
Ele a encarou e olhou para o lado.
- Não, isso é errado. O que eu estou pensando, te falando isso agora? Será bem melhor se esquecermos o que falei.
- Não vou permitir!
- Quê? – a olhava sem entender.
- É isso que falou quando viu que Katsui não me dava atenção alguma e quer saber? Eu não ligo para ele. Mas, você sempre cuidou de mim e tem sido muito mais meu marido do que ele. Está na minha hora de te proteger também. É a primeira vez que você pensa em si mesmo, não vou permitir que desista de falar o que têm de falar!
- Ah... Obrigado...
Ela riu.
- Você sente que é isso que tem que fazer? Esquecer seus próprios sentimentos?
- Eu nunca consegui esquecer, acho irracional tentar de novo se já sei o resultado.
- Mas quando tentou esquecer, não foi por você.
- O que está querendo dizer? – falava curioso.
-“Quando acho que tenho o dever de fazer algo, eu simplesmente faço. Não importa se eu venha a me machucar, se isso for capaz de salvar as pessoas que quero proteger, então...”, foi isso que me disse. Agora pergunte a si mesmo o final da frase. – falou sorrindo.
- “Então depois de salvar a pessoa que amo, terei de continuar aqui por que a minha felicidade depende desta pessoa. E ela é você”. – falou ainda olhando pro chão, Iromi tirou os óculos dele, o abraçava levemente encostando sua cabeça na dele e permanecendo quieta por alguns minutos. Dos olhos dela caíram algumas lágrimas, parecia que havia tirado um peso de suas costas. Falou em voz baixa “se sua felicidade depende de minha existência, então a minha existência também depende de sua felicidade”, deu um leve beijo em Yohei e encostando sua cabeça no ombro do velho amigo, fechou os olhos e ficou ali por alguns minutos que mais pareciam séculos.
Eles tinham um ao outro e era isso o que importava, eles começaram a se arriscar ficando junto escondido, não sabiam a reação que Katsui teria se descobrisse. Apesar da felicidade de finalmente poder amar a pessoa que desejava, ele ainda estava hesitante por causa de seus princípios. Apesar de que Katsui não fosse mais seu amigo, ele sentia-se um traidor. Mas nada ele podia fazer quem havia pensado na idéia de ficarem juntos foi Iromi. E assim passaram a viver, amando secretamente e esperando que o ex melhor amigo dele nunca desconfiasse.
- Boa tarde, Yohei. – ela falava andando e ficando ao lado dele.
- Iro... Iromi?! – falou assustado, ouvindo sua voz ecoar pelo corredor do hospital, puxou-a para dentro de sua sala e fez sinal para que ela fizesse silêncio.
- Está maluca? – ele falou ainda pálido.
- Eu só tive vontade de te ver, não posso?
Ele suspirou profundamente.
- Katsui não é burro, ele é advogado...
- Assim a sua úlcera gástrica vai voltar, não precisa se preocupar tanto. Afinal, esqueceu que ele nem liga pra mim? – falava, sentando-se.
- Tenho medo que ele descubra, esqueceu que ele é casado com você? Ele jamais aceitaria que você o fizesse de idiota e ainda mais saindo escondido comigo.
- Desculpe, esqueci que agora vocês se detestam.
- Não é isso, eu jamais odiaria alguém... – explicava.
- Você não terá culpa se ele descobrir, eu que comecei isso tudo. Você queria esquecer e eu não permiti, lembra? – falava dando uma leve risada.
Ele ficou sério.
- Faça isso pela Satsuki pelo menos.
- Está arrependido? Está apaixonado por alguma enfermeira daqui?
- Sabe que não, eu te amo por nós dois... Mas, tenho medo da reação dele. – falava sentando-se ao lado de Iromi.
- O que acha que ele faria?
- Ele me odeia, é narcisista, egoísta, adora o poder e ser superior. E se, por acaso, possuir uma mente psicopata? Ele já é um sádico nato.
Ela riu.
- Psicopata? Tem visto muitas reprises de CSI.
- Quando ele conversava comigo e disse que me detestava eu pude perceber uma coisa sobre o “verdadeiro eu” de Katsui. Ele falava calmamente e mostrava-se uma pessoa divertida e engraçada, como ele era no Ensino Médio.
- E o que isso tem de mais?
- Em questão de minutos, ele ficou sarcástico. Cruel. Sem falar que ele fingiu que era meu amigo e conseguiu me atingir quando te fez sofrer...
- Ele enganou a todos, é uma pessoa dissimulada. E o que isso tem de mais? – perguntava sem entender.
- Não sabemos como ele realmente é e tudo até agora foi fingimento. E por isso não podemos dizer que o conhecemos, entende? Ele pode se mostrar calmo e outra hora, cruel. Tenho medo que ele te machuque... Ou atinja a Satsuki.
Iromi ficara espantada com tais palavras, nunca havia sequer pensado nas atitudes do marido. Ele poderia ser a pessoa controlada, mas poderia perder a linha á qualquer momento. Lembrava-se que no colegial os mais jovens espalharam um boato em que ele havia matado um pequeno cachorro, mas como estava cega e acreditava nele, nem havia pensado que era verdade. Começa a ver que talvez precisasse ter mais cautela, ser mais atenta. Suspirou profundamente ainda encarando Yohei, ele a abraçou fortemente. Ela sentiu algo estranho nascer em seu coração, como se sua coragem tivesse ido embora, sentiu-se observada dali. Mas apenas balançou a cabeça pensando que nada poderia acontecer, o mundo era um lugar melhor quando estava nos braços de Yohei. Ela apenas fechava os olhos e deixava que o tempo passasse.
Ao voltar para casa sentiu novamente a estranha sensação nascer em seu coração, ficou aflita. Antes de entrar refletiu sobre tudo que Yohei havia dito. Sádicos, narcisistas, dissimulados, inteligentes, carismáticos. Essa não era a descrição de pessoas com mente psicopata? Apenas balançava a cabeça pensando que Katsui, por mais cruel que fosse não chegaria até esse ponto. Foi quando pensou no por que da preocupação de seu amado. “Faça isso pelo menos pela Satsuki”, lembrava do aviso dele. Olhou para o chão pensando se Katsui seria capaz de ser cruel se descobrisse o caso que mantinha com Yohei. Percebia que seu marido amava muito mais a própria imagem, então ele ficaria furioso se estivesse sendo feito de idiota.
- Satsuki. – Falou para si mesma já imaginando o pior, abrira a porta e correndo pelos corredores da casa encontrou o marido na sala. Passou por ele e andando pela casa não conseguia me achar.
- Satsuki! Satsuki! – ela aumentava o tom da voz correndo por toda a casa até resolver voltar á sala e ficando na frente do marido, cruzou os braços e o encarou.
- Boa tarde, querida. – falava dando um meio sorriso.
- Onde ela está? Fala Katsui.
Ele deu uma leve risada, levantou-se ainda se escondendo por detrás do jornal, abaixou o mesmo mostrando sua camisa social com uma mancha incrivelmente grande de sangue, encostou o jornal no sofá e ainda rindo tirou uma chave do bolso e a balançando deu um sorriso sádico.
- Ela está escondida. Bem escondida.
- O que você fez?! – falava empurrando-o e socando seu peito.
- Se acalme querida... Vamos jogar um jogo, tudo bem? Eu dou uma dica e você responde. Senão, bem... Ela vai ficar triste da mamãe dela não a achar, não é? – falava rodando a chave.
Iromi fez que sim, ainda sentindo o sangue ferver e ser tentada pela vontade de socar a cara de Katsui. Ele ainda a encarava com ar irônico.
- Anos atrás, “nós” éramos colegas. Como conhecemos o seu atual médico, querida?
- No colégio...
Ele riu, andando em volta de uma pequena mesa.
- Sempre que se machucava ou tinha uma destas crises de saúde irritantes, quem cuidava de você?
- Katsui não precisamos de tudo isso por causa disso, não envolva Satsuki...
- Quem cuidava de você? – virava-se com um olhar frio sobre ela.
- Yohei... – respondeu.
- Sabemos que nos casamos muito mais pela minha imagem, seria bom eu ser um homem de família. Isso impressionaria, não acha? Bem, mas acho que estou vendo um pequeno erro. E você sabe o que eu faço quando erros aparecem, não é verdade?
Ela encarou o chão tentando conter o medo.
- Você nunca errou como posso saber o que você normalmente faz?
- Isso é lógico, “querida”. Eu simplesmente dou um jeito de neutralizar este erro para que tudo fique perfeito como antes.
- Onde ela está? Eu já respondi todas as suas perguntas... – falava levantando a cabeça.
- Não. Ainda tenho duas perguntas, a primeira é: Achou que poderia me enganar? – falava rindo como se tudo aquilo fosse divertido.
- Eu só queria ser feliz em pelo menos um momento deste inferno.
Ele ainda estava com um sorriso nos lábios, olhou para um armário e tirara dele um revólver.
- Bem, respondida a primeira só nos resta a segunda e última.
- Katsui... O que vai fazer? – perguntara assustada.
- Não se preocupe, eu nunca te mataria. Geralmente quando uma esposa é morta sempre suspeitam do marido. – falava enquanto girava a arma em seu dedo.
- Então, por favor, guarde-a.
- Quando um erro me surge trato de exterminá-lo o mais depressa possível antes que afete a minha vida, entende? Posso exterminá-lo de um jeito rápido e eficiente ou resolver de uma forma pacífica e calma, do jeito que as outras pessoas resolveriam.
- O que quer dizer com isso?
Katsui apontava a arma na direção de Iromi.
- Eu sei que anda com Yohei. Podemos resolver isso do meu modo, ou seja, do jeito difícil... Ou se você cooperar, podemos resolver de um jeito fácil. Estou te dando escolhas, afinal, Satsuki já sofreu uma das conseqüências que eram suas.
Iromi o olhou apavorado.
- O que você fez com ela?!
- Vai resolver o “erro”? Quero que você mesma resolva. – falava ainda apontando a arma na direção dela.
- Sim, eu faço qualquer coisa! Mas, por favor, me diga onde ela está!
Ele sorriu rodando a arma no dedo e a guardando em uma gaveta, possivelmente se ela tivesse negado talvez ele realmente tivesse atirado sem nenhuma piedade.
- Bom saber que ainda tem palavra, não é? Ela está ali. – apontava para uma porta que ia até o porão, Iromi correu até a porta tentando abri-la de forma desesperada.
- Katsui! Você disse que me levaria até ela!
- Acha mesmo que vou acreditar na sua palavra? Não deixarei vê-la até que extermine o erro que cometeu quanto mais tempo demorar a se resolver mais a nossa pequena Satsuki irá... Sofrer as conseqüências.
Ele realmente não estava blefando, eu me encontrava no porão, ainda desmaiada após Katsui descontar sua raiva em mim. Eu estava com fortes dores quando finalmente acordei, parecia que tinha sido arrastada até ali e jogada no chão como um saco de lixo. A única coisa que pude ver quando finalmente abri meus olhos foi um feixe de luz saindo da janela do porão. De certa forma, Iromi não se apressara a se decidir. Iria abrir mão de sua felicidade com Yohei para que pudesse me salvar de qualquer forma. Mas, ao refletir no caminho do hospital, pôde perceber que Katsui talvez nunca a perdoasse por mais que ela pedisse. Ele continuaria a odiar e tentar fazer da vida de Yohei um inferno e ao mesmo tempo quando Katsui me olhasse só veria o retrato de Iromi e com certeza também passaria a nutrir grande repúdio e aversão. Tudo era demais para ela que já possuía saúde fraca, seu lado psicológico não era nada diferente. Ela se sentira a pior pessoa do mundo, estava fazendo as duas pessoas que mais amava sofrer e isso ela nunca agüentaria. Por um tempo ficou calada e chegando ao hospital parecia ter o olhar de um doente terminal. Andara subindo as escadas e chegando ao sexto andar, encostou-se á uma parede e permaneceu quieta e com o mesmo olhar triste. Queria tanto ser feliz, mas do que adiantava ter de volta o sorriso se aquilo provocaria o sofrimento de outras pessoas? Ela via-se como um verdadeiro monstro que não poupou ninguém, pensava que se sua felicidade provocava tal dor então, de fato, essa felicidade não deveria nem existir. Preferia muito mais viver isolada dentro de um quarto se pudesse ver todas as pessoas que amava sorrindo, mesmo que para isso ela tivesse que se sacrificar. “Se só provoco dor, o que devo fazer?”. Este era o pensamento que a atordoava, sabia que Katsui não iria parar de machucar as duas pessoas que ela mais amava.
- Iromi? Está me ouvindo? – Yohei encostava a mão sobre o ombro dela que se virava para olhá-lo.
- Yohei... Como está?
- Estou bem, aconteceu alguma coisa? – perguntava.
- Você é uma boa pessoa, não é verdade? Sempre se sacrificou por mim, vive preocupado comigo e com Satsuki, cuida tão bem de seus pacientes...
Ele a encarou ficando preocupado.
- Por que está dizendo isso agora?
- Você é médico, cuida de vidas. Yohei. Para você, qual o sentido da vida? – perguntava voltando a encarar o chão.
- Bem, acho que não precisamos achar sentido e nem motivos na vida. Acho que viver por você mesmo e seguindo o que acha certo, já é o bastante. – falou dando um leve sorriso.
- O Katsui descobriu...
Yohei fixou um olhar assustado em Iromi, suspirou profundamente como se já soubesse que isto aconteceria de alguma forma. Colocou a mão sobre a cabeça de Iromi dando um leve sorriso.
- Estou contente dele não ter feito nada com você...
- Me desculpe, acho que não fui discreta o bastante. – falava com a voz trêmula.
- Está tudo bem, eu me sentiria mal se você sofresse. – falou, virando-se de costas e andando, talvez fosse o único jeito de não se deixar levar por suas vontades, ele queria perguntas mais coisas, mas preferia não perguntar por medo de saber das respostas. Ela o olhou andar com ar de admiração, ele era um ser humano tão forte até psicologicamente, algo que ela estava longe de ser. Por isso, tremeu ao imaginar que Katsui voltaria a atormentá-lo ainda mais por causa de seu “erro”. Virou-se de costas e andou até o final do corredor onde via uma janela aberta, olhou a vista dela. O vento batia em seus cabelos e chegou a pensar em como seria a sensação de voar como os pássaros, viver de acordo com seus desejos e ser livre. Ah, como Iromi desejou isso. Uma lágrima caiu de seu rosto, os pensamentos dela falavam que ela era a culpada pela dor de duas pessoas só pelo egoísmo de ter a felicidade em mãos.
- Se eu exterminar o meu próprio erro de forma completa... Então... – falava para si mesma, Yohei sentiu uma sensação estranha e quando se virou apenas a viu se debruçando para o lado de fora.
- Iromi! – gritava correndo até a janela, mas era tarde demais. Ela já havia atingido o chão, ele olhou para o corpo dela que estava parado, em meio á uma poça de sangue. Seu corpo tremeu e ainda sem mudar a expressão de choque sentiu lágrimas caírem de seu rosto, enfermeiras e outros médicos o afastaram da janela por precaução. Enquanto era afastado, caíra de joelhos como se tivesse perdido todas as forças.
Iromi havia desistido de tudo no instante que viu que as duas pessoas que amava estavam sofrendo, pensou que sua própria felicidade era o maior imã para a dor e era óbvia que se sentia cada vez mais diminuída e oprimida por Katsui, era como se ela soubesse que suas palavras não teriam sentido. Apesar de sempre manter a pose de mulher forte, ela era apenas um ser humano. Uma mulher tão frágil e tão sensível agüentando a solidão por anos e depois se culpando pelo sofrimento do homem que amava e da filha? Claro que eu não desejava que ela desistisse, mas se eu pensasse que ela era fraca eu estaria sendo igual ao meu pai. El já havia agüentado muito, era um grande peso em suas costas. Talvez Yohei pudesse aliviar esse peso, mas infelizmente nem tudo poderia ser tão perfeito. Eu definiria a vida de Iromi como andar em uma corda fina e tremule. Lutando para manter o equilíbrio e não caiu dali mesmo que nunca olhasse para baixo por medo de ver quão alto seria sua queda, lutando para chegar logo ao fim da linha. Ela estava melhorando tanto a própria vida até que o seu carrasco – Katsui – a lembrasse da realidade que ela vivia. Ela já era tão frágil como uma pétala de rosa, como agüentaria o sofrimento das duas pessoas que ela mais dava valor? Não sei o que ela pensava enquanto olhava a vista daquela janela, mas sei que seu coração que era como uma linda flor ao desabrochar em pouquíssimo tempo murchara. Ela havia desistido de tudo, não agüentaria mais nada. E então, olhou para o céu tão azul e talvez perguntasse a si mesma: “Por quê?”. Caiu tão rapidamente... Nem permitira que Yohei a puxasse de volta. Ninguém nunca soube dizer o que Iromi responderia se Yohei a perguntasse: “qual a pergunta que está em seu coração?”. Bem, a resposta era simples. Ela falara antes de tudo acabar.



“Se eu exterminar o meu próprio erro de forma completa... Então... Quem sabe, eu poderei ver a felicidade das pessoas que amo? Pelo menos isso não me faria chorar, quem sabe isso me fizesse agüentar tudo... Só pela felicidade de vocês?”





E foi assim que minha mãe partiu, deixando tudo e a todos. E por mais que eu tentasse não pensar, igual á minha mãe, eu também demorei a achar a minha própria pergunta. Mas, a minha era muito mais angustiante. “Onde ela está?”. Eu nem sequer sabia do acontecido e nem me lembrava da última vez que havia falado com ela.



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Autor(a): akaisora

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Passaram-se semanas desde a morte de minha mãe, de certa forma ela havia levado uma parte do coração de Yohei. Mas se por um lado tudo era negativo, por outro era extremamente positivo. Ele estava sem motivos para sequer sorrir e também não era por menos, perdera a mulher que amava bem na frente de seus olhos. Sempre se culpava por nã ...



Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • julieta Postado em 18/10/2010 - 16:40:40

    mah *--*
    iéeo kkk
    vo começar a ler sua web cara, só de voce me contar, fikei curiosa pra saber como termina *--* 0mg.. te amo meninah, e ah faz a 2 temporada XD/caleyme

  • miihlokaa Postado em 09/10/2010 - 19:50:37

    Éeee

  • maurianerbd100 Postado em 09/10/2010 - 19:49:42

    Aumenta a letraaa dos capíiituloos..

  • miihlokaa Postado em 09/10/2010 - 19:39:52

    Essa web é japonesa? *-*

  • maurianerbd100 Postado em 09/10/2010 - 19:38:25

    Nooossa,que louko a introduçãooo...nome esquisiitoos..


    Bom,vamos ver né.


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