Fanfic: Memories - Primeira Temporada
O tempo se passava cada vez mais rápido, eu já estava com 17 anos e isso era um tanto infeliz para mim, que odiava ver datas ou até a reparar de como o tempo ia depressa. A cada dia eu me lembrava do tão fatídico dia em que fui libertada de meu pai e ao mesmo tempo com o abandono de Aoi. Nada havia mudado, eu não estava mais jogada no porão como um móvel velho, eu morava naquela mesma casa e quem cuidara de mim era a irmã de minha mãe, Ryoko Azukamori. De certa forma ela sabia de meus problemas, foi a pessoa que mais me ajudou depois que Katsui havia sumido. Era como uma segunda mãe, mas mesmo com toda a dedicação dela eu ainda parecia estar com a mesma expressão de quando estava no porão, apenas ouvindo as palavras duras de meu pai. Tudo parecia muito pesado, eu nunca conseguia fazer as refeições junto á ela, aquele clima de família era o que mais me torturava. Eu também não olhava mais a vista da janela e vivia trancada em meu quarto. Talvez todos os fatos tivessem me atingido de uma forma mortal, tentava não pensar em Aoi e nem mais nenhuma pessoa, me senti tão abandonada que comecei a acreditar que tudo seria melhor se eu não o tivesse conhecido.
- Satsuki, não quer comer? – Ryoko perguntou entrando no quarto, eu apenas balancei a cabeça negativamente ainda deitava na cama e tampando meu rosto com o cobertor. Ela deu um leve sorriso, sentou ao meu lado e colocou a mão sobre a minha cabeça.
- Faz quatro anos... Não é?
- Eu sei que é difícil, mas precisa se reerguer. – falava.
Eu me sentei, olhei-a.
- Eu não vou ficar doente igual á minha mãe, não é?
- Claro que não, mas precisa se alimentar.
- As palavras que Katsui me disse... Não saem da minha cabeça, mesmo que eu queira apagá-las... – falei.
Ela deu um sorriso triste.
- Aquelas palavras é uma ferida aberta em você, mesmo que cicatrize você sempre lembrará. Logo, logo essa lembrança irá se tornar algo que te deixará mais forte. Por isso mesmo precisa dar um tempo a você mesma.
- Sim...
Ryoko nunca desistia de me animar e vendo que quanto mais tempo eu passasse trancada naquela casa, mais eu me lembraria de tudo ela resolvera me colocar em um colégio. Bastava de ficar ali isolada do mundo, ela queria que eu visse o “lado de fora” de casa. Pensava que eu faria amigos e que logo as palavras de meu pai não seriam tão fortes para me derrubar. E assim, como se eu estivesse dando uma segunda chance a mim mesma resolvi ir realmente para o Shinetsu, o colégio em que Ryoko havia me matriculado.
Vesti o uniforme e me olhei rapidamente no espelho, eu estava ficando cada vez mais parecida com Iromi. Balancei a cabeça como se quisesse afastar as lembranças que me atormentavam. Ao sair de casa parei e olhei para o céu, voltando a olhar para frente fechei os olhos como Aoi havia me ensinado. Se eu fechasse os olhos e os abrisse depois, talvez tudo fosse melhor. Abri meus olhos e olhei para minha casa. Era como se eu fosse um pequeno pássaro que acabava de deixar o ninho. Ryoko tinha razão, eu precisava ver “o lado de fora”. Viver trancada naquela casa só me impedia de ver o mundo, já bastava de tanta tristeza. Olhei novamente para frente, eu estava dando uma segunda chance para mim mesma, não é verdade? Já bastava de relembrar as palavras de Katsui, era passado. Suspirei profundamente e andei, era engraçado como qualquer coisa que eu via se tornara algo mágico. Eu já saía com minha mãe quando ela ainda era viva, mas nunca prestei atenção. Depois de um tempo olhei á minha volta, nada podia me prender ou me torturar. Nada! Quando cheguei a frente do colégio, suspirei profundamente e entrei nele. Ao andar pelos corredores pude ver murais com avisos para os alunos e de certa forma, os variados tipos de alunos dali. Tudo parecia emocionante, mas eu ainda não conseguia demonstrar meu entusiasmo. Entrei na sala de aula com a cabeça um pouco curvada. Andei entre os demais alunos e sentei-me em uma carteira vazia, no canto perto da janela. Aquele local não tinha o ar pesado do porão, olhei a vista da janela por alguns minutos. Percebi que três alunas me encaravam, mas como eu estava muito hesitante resolvi não falar nada com elas.
Realmente o colégio era sempre a mesma coisa. Professores extrovertidos ou sérios chegavam à sala, os alunos conversavam como se fosse uma necessidade, alunas que prestavam atenção e outras que falavam de namorados, garotos com suas brincadeiras infantis e outros extremamente inteligentes. Todos tão diferentes. Mesmo estando entre tantos eu ainda me sentia sozinha, talvez eu tivesse uma pontada de inveja de todos dali. Eles tinham famílias e nem pensavam em dramas como os que eu tivera. Nunca foram torturados fisicamente ou psicologicamente, cheguei a pensar “eu que sou a anormal?”. Os dias se passavam, um dia eu estava olhando fixamente para a vista da janela enquanto todos os alunos da sala iam embora, eu gostava de ficar sozinha na sala. Talvez eu tivesse me acostumado á solidão. Olhei para o lado sentindo que alguém estava ao meu lado, eram as mesmas três garotas que me encaravam em meu primeiro dia de aula.
- Você é da família Azukamori, não é?
- Desculpe... Eu não gosto de falar sobre a minha família. – falei levantando-me e pegando minha mochila.
- Espere aí, quando eu estiver falando você fica quieta. – a mesma garota me empurrou me fazendo sentar novamente.
- Você é a filha da mulher que pulou do sexto andar de um hospital, tem que ser já que tem o mesmo sobrenome. – a outra garota comentava.
Eu comecei a me sentir desconfortável.
- O que querem...? – perguntei.
A primeira garota puxou-me pelo cabelo e me fazendo cair no chão.
- Já disse que quando eu falo você fica quieta. Acho que não sabe, mas nós não gostamos de gente metida igual a você. Que isso seja um aviso. – ela falou fazendo sinal para as duas garotas e andavam para fora da sala. Eu permaneci ali no chão por algum tempo até que me levantei e peguei minha mochila. Ao sair do colégio pude perceber que em nenhum lugar eu poderia estar segura e ao finalmente chegar a casa, tranquei-me novamente em meu quarto e jogando a mochila do chão comecei a chorar me perguntando onde Aoi estaria. Estava duvidando de minha própria força, de quanto agüentaria. Mas, graças a ele eu havia criado a minha própria força. A que não me deixava desistir e que sempre sussurrava em meu ouvindo em clara e plena voz: “Suporte. Senão o sacrifício de Aoi e de Iromi será em vão... Não caia você já agüentou coisas piores. Eu sei que no fundo você é muito mais forte do que aparenta ser”. Com isso passei a suportar tudo que me acontecia, sempre eu fechava os olhos e esperava tudo passar. E quando abria os olhos, apesar de toda a tristeza, respirava fundo e olhava para o céu. As pessoas que me maltratavam falavam que eu era idiota de olhar pro céu depois de sofrer, de sorrir depois de tudo. Eu seria mesmo uma idiota? Não, não seria. Meu olhar estava perdido e eu não queria preocupar os outros. Eu só olhava para o céu por que era a realidade. Não importava quanto chova o céu sempre voltava a ficar claro e lindo e, além disso, mesmo que ao anoitecer o céu escurecesse eu poderia ver as estrelas, não é verdade? A minha vida era o próprio céu. Sempre nublado por causa dos maltrato, mas sempre voltava a ter um fio de esperança quando o céu volta a ficar limpo. As estrelas provavelmente significariam o que eu não via durante o dia. Cheguei a pensar em Aoi como uma delas. Ele não estava ali, eu certamente nunca o veria. Mas ao anoitecer eu olhava para as estrelas e sabia que pelo menos ele esteve ali e quem sabe ele também não estaria olhando as estrelas?
Todos os dias era a mesma coisa, eu continuava suportando tudo. Eu estava de cabeça baixa durante a aula de Biologia percebendo que as garotas que me maltratavam estavam me olhando fixamente. Eu suspirei profundamente, durante as aulas eu sabia que eu estava segura. Mas, apesar de suportar tudo o que acontecia eu ainda tremia de medo, talvez eu não suportasse mais tudo aquilo. Eu já não teria sofrido o bastante com minhas perdas? Eu já estava pensando em desistir, era a mesma sensação de quando Katsui dissera que Aoi tivera me abandonado. Tudo pesava, meu olhar perdera o brilho e eu tinha medo de olhar até para o lado. Era como se eu estivesse andando sobre uma linha e que eu estivesse perdendo o equilíbrio. Olhei para o lado e vi uma garota que sentara á minha direita desde quando eu entrara naquele colégio. Ela tinha os cabelos curtos e bem repicados tendo algumas mechas roxas, usava uma gargantilha preta e acessórios que a deixaram com um ar de pessoa mais velha ou que freqüentava clubes noturnos. Parecia ser alta e uma pessoa um tanto ameaçadora. Eu a encarei com um pouco de inveja, queria ser igual á ela. Mas, infelizmente eu era apenas a garota maltratada, pálida e quieta. Mais tarde, eu estava andando no corredor na direção do banheiro quando percebi que duas garotas vinham logo atrás de mim. Tentei andar mais depressa quando fui surpreendida por mais duas garotas que paravam na minha frente que seguravam um balde cheio de água e que jogavam em mim. As quatro soltaram uma risada e soltaram alguns insultos, eu tremi e corri para o banheiro, onde sentei encostada á parede e, ainda encharcada, comecei a chorar desesperadamente.
- Desisto... Pra mim já chega! – falei para mim mesma me sentindo meu coração se encher de tristeza. Fechei os olhos como se esperasse um milagre, senti algo me cobrir. Abri os olhos e vi que era um casaco. Olhei para cima e vi a mesma garota dos acessórios e das mechas me encarar.
- Vai pegar uma gripe se continuar com essa roupa molhada. – falava, sentando á minha frente.
- Você veio atrás de mim...?
Ela fez que sim com a cabeça.
- Essas garotas mimadas não têm limite, se sentiu humilhada, não é?
- Eu... Não sei do que você está falando. – falei ficando de cabeça baixa.
- Você sabe. É maltratada todos os dias por esse bando de garotas e achou que ninguém ia perceber? – ela falou seriamente.
- Eu... Não agüento mais. – voltei a chorar ainda de cabeça baixa, ela suspirou profundamente e abraçou-me.
- Calma, já está tudo bem... Ninguém vai te maltratar.
Eu a abracei fortemente.
- Isso é mentira, eu sei que é! Ele também disse que me protegeria... Mas ele foi embora!
- Quem? – perguntava sem entender.
- Desculpe, é que eu já passei por muita coisa e...
- Pode me contar. – ela falou.
Eu levantei minha cabeça estranhando.
- Como posso saber... Se você também não quer me maltratar?
- Se eu quisesse... Eu já teria chutado sua cabeça quando cheguei aqui e não estaria conversando com você. Mas eu não te culpo, afinal, depois de ser maltratada pelas alunas é difícil confiar em outra aluna daqui, não é?
Eu a encarei fazendo um sinal positivo com a cabeça.
- A minha mãe cometeu suicídio... Quando eu era pequena. – contei.
- Eu sei, os jornais falavam muito sobre o suicídio da esposa de Katsui Azukamori... Mas, quem é “ele”? A pessoa que falou que mentiu.
- O nome dele era Aoi Hajitsu, era o meu melhor amigo... Ele me protegia de tudo, mas logo depois me abandonou. – falei com um sorriso triste.
- Bem... Ele pode ter feito isso, mas com certeza isso não vai se repetir. Vem comigo. – levantou-se me puxando junto, corria para o corredor vendo ainda as quatro garotas. Fez sinal para que eu esperasse e foi voltou a olhá-las.
- Vocês quatro! – corria até elas, três delas apontavam para uma entre elas. A garota olhou a tal garota das mechas roxas.
- Ren, o que foi?
Eu apenas olhava e Ren – a garota das mechas – empurrou a garota contra a parede com um olhar ameaçador, as outras mostravam uma expressão de pavor.
- Escute bem. Encoste-se a um fio de cabelo da Satsuki que eu acabo com isso que você chama de cara. – falava em um tom rude, eu andei até ela segurando em seu ombro.
- Isso não é preciso... Por favor. – falei ainda me acomodando no casaco de Ren
Ela me olhou e fez um sinal positivo largando a garota. Ren fez sinal para que eu a acompanhasse e, andando na minha frente, deu um leve sorriso.
- Pode ficar com o casaco, vamos para a sala pegar suas coisas. Eu te acompanho até a sua casa.
- Ah...! Obrigada por me defender...! – falei.
- Você passou por muita coisa, está na hora de “descansar”, não acha? E não se preocupe com aquelas garotas, elas não vão mais te incomodar. – falava entrando na sala de aula e ajeitando minha mochila.
Eu a olhei com um meio sorriso.
- Sou Satsuki Azukamori. Prazer... Sou a aluna nova. – falei estendendo minha mão para Ren.
- O que está fazendo? – ela ria.
- Começamos tudo errado, no modo certo eu deveria me apresentar para você... – expliquei.
Ela riu, levantando-se apertou minha mão.
- Prazer, sou Ren Shitayami.
Eu dei uma leve risada e pela primeira vez me senti leve, era a minha primeira amiga e talvez a melhor que eu tivesse ao meu lado. Senti que o colégio poderia ser melhor, me sentia protegida e querida ao mesmo tempo. Depois de andar com Ren tudo parecia melhor, ela era uma visita freqüente em casa e isso não me incomodava. Eu via que logo esqueceria Aoi ou qualquer lembrança ruim. Depois de algum tempo, ela já sabia de todos os meus medos e angústias. Sabia de como era minha relação com meu pai, do suicídio de minha mãe e até do abandono de Aoi. Ela era a minha confidente, zombavam de nós duas por sermos totalmente diferentes. Enquanto ela era o tipo de pessoa despreocupada e que vivia usando roupas pretas eu combinada mais com cores claras e uma vida calma.
Autor(a): akaisora
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Já fazia cinco minutos e eu esperava do lado de fora da sala esperando que Ren acabasse a prova, suspirei profundamente até que ela saísse e desse um leve tapa em minha cabeça. Eu dei um leve sorriso e andei ao lado dela, Ren bagunçou meu cabelo dando uma leve risada.- Como foi na prova?- Ah, não sei... Mas, no que estava pensando? P ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 5
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julieta Postado em 18/10/2010 - 16:40:40
mah *--*
iéeo kkk
vo começar a ler sua web cara, só de voce me contar, fikei curiosa pra saber como termina *--* 0mg.. te amo meninah, e ah faz a 2 temporada XD/caleyme -
miihlokaa Postado em 09/10/2010 - 19:50:37
Éeee
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maurianerbd100 Postado em 09/10/2010 - 19:49:42
Aumenta a letraaa dos capíiituloos..
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miihlokaa Postado em 09/10/2010 - 19:39:52
Essa web é japonesa? *-*
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maurianerbd100 Postado em 09/10/2010 - 19:38:25
Nooossa,que louko a introduçãooo...nome esquisiitoos..
Bom,vamos ver né.