Fanfic: Memories - Primeira Temporada

Ele ainda olhava para o caderno com hesitação, suspirava profundamente como se estivesse terrivelmente nervoso. O abria ainda com certo medo de ler o que estava ali escrito. Via que o caderno estava impecavelmente organizado em letras legíveis, fez uma cara de nojo ao pensar que estaria tocando em um caderno de seu maior inimigo desde que se lembrava ser gente. Concentrava-se para ler com uma cara séria.

“23 de Outubro.
Realmente o que eu pensara era realmente verdade, como eu mesmo esperava. Iromi saíra com Yohei Hajitsu, não me importei muito bem com tudo isso, mas era a desculpa perfeita que eu estava procurando. Agora me resta fazer com que Iromi acabe com toda essa besteira, decidi realmente pegar algo que ela realmente ame. Nessas horas vejo que Satsuki não é tão imprestável, foi realmente fácil como roubar doce de uma criança ou até de prender um político tão bom como foi o coitado de Nokosaki. Fico impressionado com as minhas próprias idéias. Tive de bater em Satsuki até que ela desmaiasse, o difícil foi fazê-la calar a boca, mas finalmente consegui calá-la. O estrago foi grande, mas finalmente consegui colocá-la no porão, o lugar perfeito. Sem ela, Iromi ficará realmente perdida... Isso é mais divertido do que mentir perante um juiz.”

“26 de Outubro.
Aconteceu tudo como eu havia planejado, apenas não pensei no suicídio de Iromi. Que inconveniente. Ela suicidou-se no dia 24, não demorou muito. Já era de se esperar, parece que finalmente Yohei ficara abalado. Já faz quatro dias que Satsuki está no porão, não vou me dar ao trabalho de tratar de seus machucados, ela é forte. Parece que ela fizera amizade com o sobrinho de Yohei. O garoto é jovem e irritante, pena que em breve terei de fazê-lo se afastar de minha filha... Afinal, a diversão tem de continuar com Iromi ou sem ela”.

Fechava o caderno ficando mais pálido, olhara para o relógio. Já era tarde, suspirou profundamente e bagunçando o próprio cabelo sentiu-se uma pessoa horrível, estremeceu, deitou na cama ainda pensando em cada palavra que tinha lido. Não acreditava que alguém pudesse ser tão cruel, sentia que se entregasse aquele caderno á polícia seria um ótimo motivo para que Katsui fosse preso. Corrupção, cárcere de menor, violência. Estes seriam as acusações. Suspirava profundamente, mesmo sabendo que esse era o certo a se fazer com certeza meu pai escaparia já que a justiça é completamente cega e Katsui era esperto demais para se deixar ser preso. Shido também pensara em ficar com o caderno durante algum tempo, se o entregasse o caderno seria uma evidência e ele ficaria sem lê-lo. Ele queria compreender mais e se, por acaso, tivesse alguma informação sobre o paradeiro de Aoi? Ele pensara seriamente em investigar seu paradeiro. Estalou os dedos e ainda confuso, pensou no que faria pela manhã, mordeu seu lábio inferior ainda pensativo, tirara a camisa e virava para o lado, tentando dormir.
No dia seguinte, ele ficara o dia inteiro calado e nem tinha vontade de ir ao treino de vôlei, estava andando pelo corredor, parecia mais pálido e sem vontade alguma. Estalou os dedos, passava a mão no cabelo para trás e bocejando parava ainda pensativo. Encarou a porta de uma sala, me via sair da sala acompanhada de Ren que parecia rir ou contar alguma piada que ouvira do professor de biologia. Ele se lembrou do que havia lido no caderno, encostou a cabeça na parede ainda sem tirar os olhos de mim. O encarei vendo que ele estava estranho, fiquei incomodada de perceber que ele olhava para mim, voltei a encarar Ren e impulsivamente comecei a olhar pro chão. Ele colocou a mão em sua boca e instantaneamente deu uma risada, uma garota alta e de cabelos longos e negros se aproximava dele com um sorriso nos lábios, abraçava o braço de Shido.
- Vem comigo, Shido?
Ele ainda ria, parava e mudando a expressão leve e descontraída olhou a garota com uma expressão séria e fria, sem mostrar nenhum sorriso. Fazia largar seu braço.
- Você não me interessa. – falava em um tom de voz sério, andava deixando-a sozinha e indo para a porta da sala onde eu estava conversando com Ren. Eu vi que ele se aproximava e automaticamente fui para o outro lado de Ren, segurando sua mão.
- Realmente eu sei que você vai ser morto. Dar um fora na Kinoshita Abuname não é pra qualquer um... – comentava.
- Ah, vai pro... , - parava de falar vendo Kaoru andar no final do corredor balançando os braços e fazendo uma cara hilária como se gritasse “não seja idiota” -,... Pro... Vai pro Kaoru!
Eu e Ren o olhamos sem entender.
- Nossa você já tomou seu remédio hoje? – Ren perguntou contendo uma risada.
- Amor! – Kaoru falava com uma cara hilária e fingindo que iria abraçar Shido, virando e abraçando Ren.
- Amor... Acho que o Shido não está bem hoje... – Ren falava fazendo uma cara hilária enquanto, me fazendo rir.
Shido encarou o amigo e olhou para o lado.
- Ah, sim... Shido e Satsuki. O presidente quer a ajuda de vocês lá na sala do grêmio. – ele falava enquanto abraçava Ren.
- Mas, o Shiki nunca vai pra lá há essa hora... – Shido falava cruzando os braços.
- Eu disse que é um assunto urgente, vai com a Satsuki se não eu vou te chamar de “benzinho” pro resto da vida! – falava piscando pro amigo, Ren segurou a risada enquanto eu olhava a situação ainda quieta. Kaoru se preparava para fazer mais uma brincadeira quando Shido perdera a paciência e me puxava segurando em minha mão e me levava até o grêmio, ao entrarmos víamos que Shiki não estava li. Shido encarou o chão sentindo vontade de bater em Kaoru, eu olhei para o lado.
- Me desculpe por ser egoísta e ter gritado com você... Você não é como o Katsui. – falava ainda sem me encarar.
- É por isso que você estava tão... Estranho? – perguntei.
- Eu fui injusto com você, acho que na questão de sofrimentos nós nos compreendemos. – falava dando uma leve risada.
Eu fiquei quieta por alguns minutos, dei uma risada.
- É estranho te ver rindo, parece que você nunca sorri. – comentei.
- E você parece a garota mais magra que eu já vi em todo grêmio. – ele ria.
- Não tem garotas no grêmio! – falei, rindo.
- O Kaoru é uma delas. – falava rindo, eu balancei a cabeça e dei um leve empurrão no ombro de Shido. Ficamos ali conversando até que o sinal tocasse, apesar de ter sido estranho o modo como nos conhecemos, com ofensas sobre nossos pais... Admito que ele se mostrou muito diferente do que aparentava ser, o garoto ameaçador, que gritava comigo e que não sorria para ninguém logo mostrava-se uma pessoa fechada e um ótimo ouvinte. Existiam coisas que não se percebia se o olhássemos de longe. Ele era o tipo de garoto amante de esportes, sendo sempre visto pelas garotas como um garoto atraente, algumas ficavam incomodadas ao vê-lo andando comigo durante os intervalos. Ele parecia uma pessoa resolvida, que não ligava para a opinião alheia e que falava o que pensava mesmo que a conseqüência fosse uma briga. Se alguém o conhecesse mais a fundo, poderia ver que ele era fechado, mas pelo menos era sincero consigo mesmo. Apesar de sempre se importar com a aparência, não se achava grande coisa e algo que os íntimos conseguiam ver era o seu sorriso, que poucas vezes mostrava e que quando surgia parecia que poderia iluminar uma rua. Este era Shido Koyuki. Na maioria das vezes rude, briguento e estressado e hora o garoto sincero e ótimo amigo.