Fanfics Brasil - "::: Agonia e Êxtase :::"

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Capítulo: 36? Capítulo

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— Não me lembro de ter ouvido isso. Você não me deu nenhuma pista.
Os dedos dele alcançaram os ombros suaves da irmã de criação.
— E duro, para mim, manter alguma pessoa próxima — Alfonso confessou, relutante, sem encará-la. — Perdi meus pais, minha mulher, depois Amy Portillo... Não tenho boas lembranças em termos de dar afeto.

Ele ia dizer "amor", mas a palavra lhe pareceu excessiva. Anahí compreenderia. Também tinha experiência quando o assunto era desilusões e quebra de confiança.
Devagar, ela procurou os olhos dele, julgando-os mais fundos do que o normal sob as espessas sobrancelhas. Algumas rugas já se formavam no rosto bonito, ao lado da boca.

— Sei como é, Alfonso. Exceto que as pessoas o deixaram por causa de circunstâncias que não podiam controlar, mesmo Patrícia. Em minha vida, os que eram próximos a mim me traíram.
— Quem fez isso?
— Todos, acho. — Anahí se lembrou do marido, Bart Evans, e seu horrível comportamento, com altíssimo custo para ela. — Jamais confiarei em um homem de novo.
— Não pode me contar o que houve? — insistiu, tocando o rosto dela.
— Seria cruel.
— Para mim? Por quê? Como?
Anahí abriu a mala e mexeu em alguma peças de roupa. — Vou vestir algo diferente.
— Você está bem assim, garanto. Está em casa. Ela deu de ombros, mas sentiu-se agradecida.
— Só uso short quando estou sozinha.
— Quem a molestou, Anahí?

Ela deixou cair o jeans que segurava. Alfonso foi à porta para fechá-la, atento à privacidade de ambos, e se virou para fitar Anahí.
— Foi seu padrasto?
Ela apenas enrugou a testa.
— Fez terapia?
— Prefiro não falar sobre isso.
Alfonso avançou. Seus dedos gentis a acalmaram.
— A psicóloga de quem falei é muito educada e honesta. Creio que gostará dela. É o tipo de pessoa com quem se pode falar com franqueza. Ela iria ajudar você.
— Acredita nisso?
— Quer terminar sua vida sem uma família, sem filhos?
— Não sei se ainda posso ser mãe.
— Por quê?
— As pancadas que levei quando Bart me bateu foram... devastadoras. Caí sobre uma mesa de mármore, que quebrou com o impacto. Um de meus ovários ficou danificado, e o outro... Os médicos disseram que poderia ser difícil engravidar.

Aturdido, Alfonso pensou em maneiras e meios de consolar Anahí. Crianças e vida familiar, até então, nunca tinham sido uma prioridade para ele. Estava satisfeito com sua tendência para o celibato. Seu tipo de trabalho o predispunha a isso.
Nada impediu, porém, que se sentisse ferido, desgostoso, sem esperança. O sentimento predominante era o de inadequação. Imaginou os longos e solitários anos de Anahí, usando o trabalho como substituto para o amor, o companheirismo, a família. Terrível desperdício.
— Falaram que seria difícil, mas não impossível. — Seu corpo inteiro tornou-se rijo, e Alfonso teve uma ereção. Acabou rindo.
— O que é tão engraçado?
— Fiquei excitado pensando em ter filhos com você. Anahí se afastou dele. Alfonso suspirou e enfiou as mãos nos bolsos, para evitar tocá-la.
— Veja bem, é um desafio. E eu adoro desafios.
— Eu deveria mudar de vida...
— Aí está algo que eu gostaria de ver — ele emendou, sem sorrir. — Sua pele tem a delicadeza de uma pérola. Você inteira é uma pétala de rosa, aveludada e deliciosa. Tem a aura de uma flor.
Com explícita vontade, Alfonso examinou os cabelos, a face, o corpo de Anahí.
— Conheci algumas mulheres... Não muitas, mas o suficiente para apreciar você. Ultrapassa todas, Anahí, em todos os sentidos. Se eu tivesse um ideal de feminilidade, seria você.
Anahí não soube como reagir aos elogios, que a embaraçavam, mesmo provocando orgulho. Na boca de Alfonso, contudo, eles talvez não passassem de brincadeiras. Ou não fora seu mais persistente inimigo, durante anos?
— Você só está com pena de mim, Alfonso. Por isso me falou tantas coisas bonitas.
— Por que eu teria pena?
Porque ela conhecia muito bem a piedade. Era uma velha e íntima amiga. Muitas pessoas, apiedadas, tentam agradar alguém, de modo a eliminar o trauma.
Nada conseguem, além de dizer palavras vazias.
— São tantos segredos, Anahí... Também não confia em mim, não é?
— Nada pessoal.
— E se eu for amável e cuidadoso e não pressionar você, poderei ganhar sua confiança?
— O que esperaria em troca?

Foi quando Alfonso se deu conta de que teria uma longa batalha pela frente e que a vitória não viria numa só noite. Continuava ansioso por possuir Anahí, e pela primeira vez teve um sentimento de pressa. Meneou a cabeça, revelando desesperança.
— Já fiz trinta e quatro anos, Anahí. Tenho vivido em ritmo acelerado, sem parar para pensar. Fiz coisas de que não me orgulho, muitas delas apenas por dinheiro. Mas esse caso de Gruber me transformou. Agora, quero acabar com os crimes dele, e não por ganhos financeiros. Se eu tivesse um filho de oito ou nove anos e soubesse que ele trabalhava como escravo numa mina de carvão ou num campo de cacau...
— Campo de cacau?
— As crianças menores são vendidas pelos pais africanos ou asiáticos, por onze ou doze dólares, porque não vêem nenhum futuro para elas, a não ser trabalhar numa multinacional em outro país. São espancadas quando não se aplicam e não recebem um centavo pelo trabalho.
— Meu Deus! Como podem acontecer coisas assim num mundo civilizado?!
— Aí é que está. A civilização não é para todos. — Alfonso exalou um longo suspiro. — Gruber organizou as coisas para as empresas que aceitam agir na ilegalidade, pois elas cortam os custos e incrementam os malditos lucros.
— É uma indecéncia!
— Covardia. Falta de piedade. Sim, é tudo isso. De vez em quando, a televisão mostra reportagens sobre trabalho infantil escravo, mas ainda é uma versão amenizada. Não exibem as mutilações das crianças, sem dedos ou até sem pernas, nem a fome que sentem. Gruber também movimenta milhões com a prostituição infantil, explorando garotas carentes como escravas sexuais. Imagine uma menina de doze anos num bordel, submissa aos caprichos de homens depravados.
Anahí não conseguiu imaginar. Fechou os olhos, horrorizada.




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Autor(a): iloveaya

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  — Gruber tem de ser detido, Alfonso.— Claro que sim, mas você não precisa se envolver nisso. Espionando com Kit, expôs-se a um grande perigo, e não posso deixá-la se arriscar. Falarei com Lassiter amanhã, e faremos planos. Sei mais sobre Gruber do que ele, e dividirei as informações.— Você ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 83



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  • jl Postado em 21/10/2010 - 09:04:09

    AAAAAAAAAA
    Estou me atualizando nessa web
    AAA
    Muito boa *--------*
    AAAAAAAAAAAAAAAA

  • jl Postado em 21/10/2010 - 09:04:06

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  • jl Postado em 21/10/2010 - 09:03:58

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  • jl Postado em 21/10/2010 - 09:03:53

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  • rbdlover Postado em 17/09/2008 - 15:41:35

    Posta mais eu sou louca pelas suas webs, aliás posta na outra tbm muito boa!
    por favor Amanda, não deixa de postar se não vou ter um ataque de Pelanca!!!!

    Beijos!
    Rebecca (rbdlover)

  • gabyzitah Postado em 04/09/2008 - 21:01:00

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
    POSTA MAIS!
    pelo amor das minhas fadas...posta amix.
    tinkwink vc tah fikando mto ruim, me dexando curiosa eim..
    =D
    te dolú amix!
    bjin**

  • gabyzitah Postado em 29/08/2008 - 21:32:10

    ILOVEEEEEEEEEE
    AAAAAAAAAAA
    AAAAAAA
    POSTA!
    eu vou ter ataques aquii...
    posta menina!
    Flor, pq vc nuka posta mais??
    =[
    POSTA
    postaa

  • gabyzitah Postado em 10/08/2008 - 22:30:48

    maldade essa, vc me dexa curiosa..sua má!!

  • gabyzitah Postado em 10/08/2008 - 22:30:48

    maldade essa, vc me dexa curiosa..sua má!!


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