Fanfic: "::: Agonia e Êxtase :::"

CAPITULO X

Anahí ouviu ALFONSO discorrer sobre os planos para a viagem a Tânger no dia seguinte. Eles seguiriam com o Mercedes de Jorge até a balsa e atravessariam para o Marrocos de carro. Em Tânger, ficariam na casa de um sobrinho distante de Jorge Herrera: Ahmed, um berbere que possuía um pequeno negócio de importação e exportação.
Não se tratava de turismo, pelo menos enquanto Gruber e seus comparsas estivessem no encalço dos dois. Alfonso teria de trabalhar rápido organizando os planos de colaboração entre todos os envolvidos. A idéia era dar a impressão de que Alfonso recuperava a saúde, em visita a parentes, ao mesmo tempo que Anahí aproveitava a ocasião para conhecer a cidade. Se Gruber verificasse, Alfonso lembrou, descobriria que Jorge tinha mesmo familiares em Tânger. E assim Anahí e Alfonso, disfarçado como Jorge, estariam a salvo de maiores suspeitas.
Ela procurou não se inquietar com a farsa, mas em vão. Não receava por si, e sim por Alfonso, caso Gruber adivinhasse suas intenções. Tânger abrigava a sede da Global Empreendimentos. Se Gruber desconfiasse de que Alfonso andava atrás de provas, a vida do casal não valeria mais nada.
Apesar da presença oculta dos amigos de Alfonso, Anahí tinha suas reservas. Tornando-se parte da conspiração, ela sem dúvida estaria exposta à divulgação pública de seus sombrios segredos. Recordou-se do conselho de Lassiter
para contar tudo a Alfonso, mas ainda não era chegada a hora, em seu entender.
Sem surpresa, Anahí teve pesadelos naquela noite. A tensão dos últimos dias e a ameaça de chantagem trouxeram horríveis lembranças de seu passado. Soluçava sem parar quando sentiu dois braços fortes que a erguiam para um peito cálido e viril. Continuou suspirando, aninhada ali, com o nariz enterrado nos pêlos do tórax de Alfonso.
— Calma, calma, minha pequena. Você está segura, ninguém vai machucá-la.
Aos poucos, Anahí tomou consciência de que havia acordado. O aroma agradável da colónia de Alfonso o confirmou, junto com a boa sensação de correr uma das mãos por seus cabelos.
Ele a segurava com força e, mesmo assim, o gesto era relaxante, o que não impediu que o nervosismo voltasse. De olhos abertos, percebeu que dormira com a luz de cabeceira ligada. A porta, pelo menos, estava fechada.
Anahí sentou-se na cama. Sabia que a camisola de algodão com lacinhos a tornava atraente. Alfonso também ocupou o canto do leito, enrolado numa toalha.
— Fique tranquila, não vou tirar — ele declarou, com suavidade.
Era incrível, mas ela ainda não ficava à vontade com Alfonso naquele tipo de situação, com nenhum homem. Concluiu que suas inibições e o pavor da intimidade tinham, nada mais, nada menos, arruinado sua existência.
Alfonso repôs no lugar os cabelos que teimavam em cobrir a testa de Anahí.
— Não acha que já é tempo de me contar a verdade, Anahí? Toda ela?
Anahí mordiscou o lábio inferior.
— Prefiro morrer. — Disfarçou a angústia com um riso leve.
— Por quê?
— Assuntos dolorosos devem ser esquecidos.
Ela sentiu tensão nas mãos dele contra sua pele e notou o olhar sombrio.
— Estive consultando a internet — informou como se se tratasse de uma banalidade.
— E daí?
— Não está curiosa do que vi?
Um lampejo de pavor cintilou em suas pupilas. Com certeza, Alfonso não poderia ter acessado arquivos protegidos por senhas.
— Nem sei como lhe dizer. — Os dedos cálidos lhe envolveram o pescoço. — Lassiter mencionou algo, durante nossa conversa, sobre um caso criminal que ocorreu em Houston no dia em que meus pais morreram no incêndio. — Alfonso procurou observar os olhos de Anahí. — Não sei por que, comecei a pensar no assunto. Abri alguns velhos arquivos, usando senhas guardadas por muito tempo, e descobri...