Fanfics Brasil - Capítulo 5 - Acordes Memories - Segunda Temporada

Fanfic: Memories - Segunda Temporada


Capítulo: Capítulo 5 - Acordes

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Já haviam se passado dois meses desde então, já estávamos de férias e mesmo assim tudo parecia mais triste. Eu ainda estava de mãos dadas com Aoi quando observei o céu azul do parque onde estávamos. Eu constantemente sentia que logo tudo ficaria melhor, Aoi já estava lidando melhor com a perda. Ele sorriu levemente para mim parecendo perceber que meus pensamentos se voltavam para Ren. Minha tão querida amiga.


- Já se passaram dois meses... Acha que tudo vai ficar bem? – falei.


- Ontem vi Shiki, ele parecia melhor. Disse que queria falar diretamente com o meu irmão... Parece que ele quer ajeitar as coisas.


Eu mostrei uma expressão de preocupação.


- Me sinto tão covarde... Não fiz nada.


- Não é verdade, você sabe que ela nunca te ouviria nessas horas. – ele sorriu de jeito triste.


- Aoi. Está me escondendo alguma coisa?


- Bem... Não te apoiei ir até Ren por que sei que Noruma e Shiki vão querer cuidar disso sozinhos. – falava olhando para o lado.


Eu o encarei de jeito curioso, mesmo assim eu estava decidida a visitar Ren. Eu precisava. Enquanto eu decidia ir, Noruma já estava acordado e sentindo a forte dor de cabeça de uma ressaca. Balançou a cabeça ouvindo a campainha tocar, olhara a porta retrato que tinha jogado no chão quando estava completamente bêbado que era a foto da banda, que por sua vez havia acabado após o acidente de Kaoru. Tentou ajeitar os cabelos e ainda reclamando, andava até a porta de seu apartamento, que na verdade era o de Aoi, passara a mão no peito sentindo frio e uma vontade de vomitar. Não achara sua camisa e decidira atender a porta sem camisa mesmo, abrira a porta e encarou a pessoa ainda com certa sonolência. Passara a mão no cabelo e o passara para trás enquanto encarava a pessoa com certa surpresa, um pequeno sorriso nascera de seus lábios.


- Posso entrar? – Shiki perguntara e Noruma fez que sim, ele entrou enquanto Noruma fechava a porta, virava-se para encarar o amigo que ainda parecia incomodado de ver a aparência decadente do amigo. Shiki o encarou fixamente com certo olhar de piedade.


- Não me olhe assim, me deixa com vergonha. – falava rindo observando Shiki mudar de simpático para pessoa extremamente sem paciência.


- Está bêbado?


- Não, com ressaca.


Shiki revirou os olhos.


- Se passaram dois meses, eu já estou bem melhor. E você? Já superou?


- A perda todos poderão superar. – falava acendendo um cigarro e andando para o quarto pegando uma garrafa de bebida que era a mistura de várias bebidas que haviam na casa. Shiki o olhou preocupado.


- Não precisa mentir, eu não sou bom nessas coisas de falar... Mas, eu sei que você ainda sofre. – ele falou encarando Noruma que se virava com uma expressão de dor, Shiki sorriu levemente.


- É que é estranho pensar que nunca mais veremos Kaoru.


- Sei que pode ser triste o que vou falar. Mas, não podemos parar no tempo. Não seria isso que ele desejaria para nós, devemos seguir em frente por nós mesmos e por ele. – falava enquanto Noruma encarava o chão. Andava até o amigo, o abraçando.


- Vamos até Ren. – falava em voz baixa, Shiki respirou aliviado.


Eu ainda estava na sala encarando Aoi como se estivéssemos esconde algo de nós mesmos, fiquei séria e ele olhara para o lado depois de bufar e como se lesse meus pensamentos arrumara a própria camisa social que estava usando e olhou-me com um olhar irônico, mexera nos cabelos ainda molhados por ter acabado de sair do banho. Levantava-se e ainda me encarando deu uma leve risada estendendo a mão para mim.


- Você ganhou, vamos visitar Ren.


Eu dei um longo sorriso, levantei-me segurando na mão de Aoi ainda com os olhos brilhando de alegria. Ele revirou os olhos mostrando sua aversão total ao pensamento de “perdi novamente”. Não era por causa de seu ego, ele jamais gostaria de ficar ali e observar-me encará-lo com uma expressão séria. Ao sairmos de casa, ele já trancava a casa como se morasse nela. Ainda segurando em minha mão andávamos á caminho da casa de Ren, eu estava tão empolgada em vê-la que não perdia o brilho em meus olhos por nada. Ele olhava para frente já com um sorriso em seus lábios, ficava cada vez mais feliz em ter-me ao meu lado. Perdera o sorriso quando percebera que alguém me encarava, mas logo sorria ao ver meu sorriso. Andávamos até chegar a um apartamento meio cinza, toquei o interfone e falei meu nome, nenhuma voz saíra e mesmo assim o portão abrira.


- Devo ir também...? – Aoi coçava a cabeça.


- O que houve? Não quer entrar?


Ele riu sem graça.


- Você é mais amiga dela do que eu e também... Bem... Vão querer conversar sozinhas.


- Tudo bem então, vai fazer alguma coisa?


- Vou voltar pra casa, boa sorte com a Ren. – ele falara dando-me um leve beijo em meus lábios, acenei para ele o vendo ir embora. Entrei no prédio e comecei a subir as escadas, claro que Aoi não tinha ido embora para que eu conversasse a sós com Ren. Ele se culpava, mesmo que já tivesse superado a morte de Kaoru ele se culpava completamente por não ter feito nada. Depois de um tempo finalmente consegui chegar até o apartamento número 23, Ren já estava na porta. Ela estava com os cabelos pretos e vestia uma camiseta preta e uma calça jeans. A encarei com certa dor no olhar, ela forçou um sorriso e nós duas corremos uma na direção da outra, nos abraçando fortemente. Ela largou-me para me olhar, deu um largo sorriso a me ver, segurava em minha mão e puxava-me para dentro de seu apartamento.


- Ren... Está tudo bem? – perguntei, ela sentava-se no sofá da sala.


- Estou bem melhor do que antes, mas ainda sofro...


Eu sentei-me ao lado dela.


- Está sendo difícil para todos, parece que os garotos se separaram do nada... Vim para ver se precisava de mim, para qualquer coisa.


- Obrigada... Onde está Aoi?


- Ele não quis vir, acho que ele se culpa muito ainda... Parece que superou tudo, mas eu sei que não é assim.


Ela sorriu.


- Acho que tudo pode mudar de uma hora para outra, mas estas mudanças... São tão cruéis.


- Ren. Quando perdi minha mãe eu também sofri muito, mas você precisa ser forte!


- Você tinha Aoi. – falava.


- Mas, quando ele foi embora eu tive de ser forte... Claro que eu não estou aqui graças á minha força, mas ao apoio das pessoas que realmente gostavam de mim, e também era por isso que tinha de ser forte.


- Por causa das pessoas que te apoiaram?


Eu fiquei em silêncio.


- Não por eles, assim parece que seria mais uma obrigação. Fiz isso por mim mesma, se não fizesse eu nunca teria a grandeza de vocês. Sempre me ajudaram, eu também queria ser o apoio de alguém... Por isso eu tinha de ser forte, para que eu finalmente fosse o apoio daqueles que foram o meu chão. – falei encarando Ren e estendi minha mão para ela com um sorriso nos lábios, ela olhou-me com algumas lágrimas.


- Obrigada... Por não desistir de mim. – falava segurando em minha mão, nós duas demos uma leve risada ao sabermos que naquele instante tudo que estava em ruína poderia voltar a ser o que era antes, como uma fênix que ressurgia das cinzas. Ouvimos o som da porta se abrindo rapidamente, olhei para quem a abrira e para minha surpresa vi Shiki e Noruma já ofegantes, deveriam ter corrido bastante até chegar ali. Noruma estava com a guitarra de Kaoru nas costas e Shiki parecia ainda mais surpreso de ver-me ali. Ele fechara a porta.


- Parece que todos resolveram vir me ver... – Ren falava rindo.


- Não tem a menor graça! – Noruma andara até Ren e parecia muito sério, tirara a guitarra das costas, tirando a guitarra da capa a colocara no chão e a encarava. Ren perdera o sorriso.


- Esqueça, a banda acabou.


Eu e Shiki olhávamos os dois com medo do que poderia acontecer. Noruma a encarou com ar de decepção, ela não falara mais nada como se aquela fosse sua última decisão a ser tomada. Ele sentira o ódio crescer em seu coração, e em um gesto inesperado levantara a mão e antes que Shiki pudesse impedir ele dera um tapa forte na cara de Ren. Ela virou o rosto com a força que Noruma tinha colocado no tapa. Shiki o afastou de Ren como se ele fosse uma pessoa perigosa.


- Esse nunca foi o sonho dele! Foi o seu sonho! Acha fácil assim deixar para trás seus sonhos Ren?! Aonde que você escondeu a Ren que eu conheci?!  - ele gritava fazendo Shiki largá-lo.


- Acha que todos os nossos sonhos vão ser realizados?! Não posso continuar com isso! A banda só me lembra Kaoru! E se eu tiver de desistir da música para que eu esqueça as lembranças dele... Então, é isso que vou fazer.


Eu ainda estava observando a briga, puxei Shiki fazendo sinal negativo como se fosse necessária aquela briga. Ele olhou-me sem entender.


- Satsuki... Eu tenho que impedi-lo...!


- Pode parecer cruel, mas esse conflito é deles. Somente de Noruma e de Ren, não podemos impedir. – falei como se aquela briga fosse realmente necessária, encarei Noruma que parecia mais triste que a própria Ren. Ele deu uma leve risada.


- Então, se quer esquecê-lo, vamos acabar de vez com as lembranças dele. – Noruma falava segurando a guitarra e ao andar pelo corredor começara a bater a guitarra contra a parede feito um louco, Ren correra até ele desesperada.


- Pare com isso!


- Queria se esquecer dele. A Ren que conheci não esqueceria suas prioridades, iria atrás de seus sonhos. Kaoru não gostaria de vê-la tão ridícula, tão covarde. Não foi por isso que ele te amava. – falava a encarando novamente.


- Como posso cantar sem me lembrar dele?


Eu encarei os dois que ficaram em silêncio por alguns minutos, larguei Shiki e andei até eles, encarei a guitarra já com uma parte destruída.


- Sabe, quando sofremos muitas coisas... É como um vaso quebrado, não dá para concertar por que vemos que aquilo está em pedaços. Mas, aquele vaso não foi criado para ser apenas cacos. Ele esteve inteiro em algum momento. Mas, um vaso sempre será um vaso e uma guitarra quebrada sempre será apenas uma guitarra.


- Não entendi. – Noruma encarava-me.


- Um vaso quebrado não tem utilidade, é como estão. Parece que a vida de vocês se quebrou em vários pedaços, que não conseguem fazer nada quanto a isso. Mesmo que uma guitarra quebrada não tenha mais seus acordes, seu som próprio... Cabe ao dono dela que a conserte. Se juntarmos os pedaços, ela logo voltará a ser o que era. O mesmo som voltará. Não importa se isso demorará, rachaduras ficarão assim como as dores da vida. Mas, nada os permitirá de juntar o que se quebrou... Para mostrar aos outros, o quão bonito o som original era. – falei dando um leve sorriso e tocando nas partes quebradas da guitarra.


- Significa que assim como a guitarra de Kaoru está quebrada, a vida de vocês também estão. Mas, não só de um acorde uma música é composta. Precisam de todos para uma melodia. Podem juntar os pedaços em que seus corações foram partidos, ficarão marcas que dificilmente sumirão. Mas, o que a Satsuki quis dizer é que vocês podem fazer de suas rachaduras sua mais rara beleza. Kaoru se foi, mas deixou alguma lição conosco... Devemos passá-la adiante. Mas, não separados como pequenos pedaços de cacos de vidro. Vamos juntar as peças que faltam... Desde que façamos isso junto. – Shiki falava após coçar a cabeça, o olhei com um pequeno sorriso. Ren e Noruma se olharam e bufaram se vendo como grandes crianças infantis, Ren rira um pouco.


- Kaoru nunca ficava triste... Então, me prometa que se eu voltar para a banda, não vai fazer essa cara deprimente. Faça isso pelo Kaoru. – Ren falava, Noruma balançava a cabeça positivamente de forma repetitiva. Talvez as palavras que eu e Shiki falamos tivessem ajudado, mas cabia á Ren como líder da banda voltar e decidir o que fazer. Ela simplesmente correra para o quarto e voltando com sua guitarra branca dissera que iria sair para resolver o último assunto que faltava. Não entendemos muito, apenas sabíamos que ela queria resolver e ainda mais levando uma guitarra, mas mesmo assim decidimos sair do apartamento para aproveitar o dia juntos e nos perguntando o que ela faria. Era óbvio que se perguntássemos ela não responderia, mas ficamos felizes em ver que a Ren havia voltado á ativa. A nossa grande e glamorosa fênix, que sempre iria ressurgir das cinzas.


               Ela estava correndo com a guitarra nas costas até perto dali, parecia que até o forte sol do dia não a afetava. Voltara com o mesmo olhar vencedor que possuía, ao passar por uma esquina parara em frente á uma casa e dando um leve sorriso pulara o muro com cuidado, andara até o tapete que tinha em frente da porta, pegara debaixo dele uma chave e abrira a porta rapidamente. Entrando devagar e fechando a porta, andava sem fazer barulho até chegar á um quarto, abrira a porta rapidamente como se quisesse dar um susto em alguém.


- Shido! – gritara vendo-o pular de susto ainda na cama, parecia ainda estar sonolento.


- Ren...! Por que você não bate na porta?! E como entrou aqui?! – falava pegando o cobertor e se cobrindo até a cabeça, parecia estar um pouco vermelho de vergonha por ainda estar sem camisa, hábito que ele e Noruma tinham. Ela riu e colocando as mãos na cintura deu um grito agudo, que o irritou.


- Pare de se esconder, não tem nada de você que eu não vi em Kaoru. – falava o deixando ainda mais desconfortável.


- Sai daqui agora! – ele jogara o travesseiro em Ren deixando a coberta cair e deixando a mostra uma marca vermelha que tinha no peito, ela olhara a marca, ele olhara para o lado.


- Shido... O que foi isso?


Ele ficara sério.


- Sai. Agora.


- Shido. Sabe que não vou sair, pelo menos até me contar.


- Sou órfão, lembra? Uma vez passei por um lar adotivo e essa é a maior lembrança que tive. – falava com ar triste.


- Shido... Vamos deixar de pensar no passado. Até eu estou deixando as lembranças de Kaoru de lado... Mas, não vou desistir do sonho que tive com ele.


- Do que está falando? – perguntava.


Ela colocara a guitarra sobre a cama, se levantando e o encarando.


- Kaoru me contou que você tocava guitarra. Não quero uma resposta agora, mas... Shido, já está na hora de seguir em frente. E precisamos de você, por mim e pelo sonho que tive com Kaoru.



Shido a encarava surpreso, ela simplesmente deu um pequeno sorriso e deixando a guitarra sobre a cama andara o deixando ali, fora embora por saber que ele acabara de ter o orgulho ferido. Ver a marca de uma das dores de Shido o fazia se sentir mal, fraco. Ele esperou que ela fosse embora para que saísse das cobertas e se olhando no espelho, ao se virar podia se ver mais marcas. Perguntara-se se eu também possuía alguma marca como as que ele tinha, mas logo bufava e pensava em esquecer tais lembranças. Para ele não era importante, os pais adotivos eram os que tinha até aquele momento, mas fora criado pelos avós que eram como o próprio Deus em terra. Ele superara a dor e o sofrimento. Talvez ele fosse até mais digno de pena do que eu, quem sabe quem mais precisaria da amizade de Aoi fosse ele? Apesar de ser tão belo quanto o próprio Aoi, Shido apresentava grande aversão á vontade de desabafar, de finalmente falar o que o atormentava.




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Autor(a): akaisora

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