Fanfic: O homem do gás (completa)

Ele continuava chorando, mas agora Dulce começou a sentir o fedor de pinga que exalava de sua boca... E sentiu um mal pressentimento. Tragou a saliva, sentindo como as lágrimas lhe subiam aos olhos, assim como a raiva lhe apertava as entranhas.
- Poncho onde ta o dinheiro da moto??? - disse já se levantando, nervosa...
Poncho levantou o rosto pela primeira vez. E Dulce pode divisar seus olhos vermelhos e inchados de chorar. Ele tragou a saliva e se levantou também, indo até ela e lhe abraçando.
- Tive um imprevisto... – dizia ele chorando.
- Oi? – o empurrou para que a soltasse. - Imprevisto?
Dulce franziu a testa e Poncho continuava chorando.
- Sim, Dulce! – dizia com raiva. - Perdi o dinheiro todo no bingo e ainda to com o fiado de 300 reais...
Dulce sentiu um arrepio correr sua coluna e um desespero tomar conta de seu interior..
As lágrimas acumuladas em seus olhos começaram a desbordar uma por uma. Meu Deus!! Aquilo só podia ser um pesadelo. Não podia ser!!!! Não estava acreditando ainda!
- C-como? – perguntou ainda calma, enxugando os olhos.
- Isso que você ouviu, Dulce! Tentei multiplicar a grana pra te fazer uma surpresa, uma viagem que a gente ia fazer...mas babou, não deu certo!
Dulce virou bicho.
- ALFONSO FERREIRA VOCE ESTÁ ME DIZENDO QUE PERDEU TODA A GRANA DA MOTO?
- Dulce não tive culpa! Foi o Zéfino que apostou no viado...porque o Krystian ia passando na calçada...
O corpo de Dulce começou a tremer em proporções infernais. Enxergava tudo vermelho, como se sua cabeça estivesse inchando de raiva. Seus membros cobravam vida, se sentia como uma Power Ranger na hora de morfar!
- Meu Deus isso não está acontecendo! Não está! NÃO ESTÁ!
Poncho sentou-se novamente no sofá e ligou a TV.
- Eu não tive culpa mesmo, se quiser acreditar ou não, não to nem aí... – disse tranquilamente.
- O QUE, DEGSRAÇA? TU PERDE O MEU DINHEIRO E VEM DIZER NÃO TO NEM AÍ??? O QUE EU IREI FAZER AGORA PONCHO, ME DIZ??

Poncho levantou-se também, irado.
- SEU DINHEIRO NÃO, MEU TAMBÉM, PORQUE EU ENTREGUEI OS CARALHOS DAS MARMITASSSSSSSSSSSS!!!!
Dulce foi até a cozinha, se armou de uma faca que colocou no cós do short e pegou o cabo de vassoura, voltando correndo para a sala, onde Poncho a estava esprando apreensivo.
- SEU DESGRAÇADOOOOOOOOOO!!!!!!! SUA PESTE DO CAPETA!!! - indo em direção a Poncho com o cabo de vassoura em cima.
- DULCE NÃ...
Nem tinha terminado a frase e já tinha recebido uma lapada no lombo.
- AHHHHHHHH!!!!!!
O grito foi tão alto que a rua inteira escutou.
Dulce voou para cima de Poncho batendo nele, possuída de raiva... Poncho apenas se defendia tentando tirar ela de cima.
- SEU DESGRAÇADO, AGORA EU TE DEIXO BANGUELO DE VEZ!!!!!!!
Os dois rolavam de um lado por outro, até que ele conseguiu tirar ela de cima, tirando as mãos dela de seus cabelos, enquanto suas unhas lhe rasgavam a pele. Poncho conseguiu se levantar e saiu correndo se trancando no banheiro. Subiu em cima do sanitário e começou a chorar outra vez.
Dulce bateu no chão, se levantando. Tirou a faca do cós do short e sentiu vontade de sangue. Queria sangue. O SANGUE DAQUELE MERDA! Levantou fora de si e correu pro quarto, terminando de arrancar o resto da porta do guarda-roupa.
Tirou todas as roupas, melhor os trapos que Poncho vestia, colocou numa bacia e foi caminhando para a porta.
Quando abriu a porta, um pequeno público de 5965885683 pessoas já se faziam presente diante de sua residência...
Dulce parou de súbito quando o canal de TV da cidade foi ao seu encontro...ROTA 22. Mas não arredou o pé, jogou as coisas de Poncho no meio da rua, mas não jogou a bacia. A bacia valia mais que Poncho. E foi nessa hora que o repórter do Rota 22 chegou a sua frente.
- Dona Dulce dois escândalos em uma semana, a senhora se sente diva? – disse apontando o microfone pra ela.
- VAI TOMAR NO MEIO DO SEU CÚ...

- Temos que editar isso, Dagata! Vamos de novo...dessa vez com classe!
- Dona Dulce, por fim descobriu a traição do seu marido?
Dulce nem ao menos olhou pra ele, se voltou para a porta e bateu a porta na cara do repórter.
- Dagata, manda abrir o link ao vivo, a noite promete...
Dulce estava fora de si, jogando tudo de Poncho na rua.
Em segundos, já tinha gente vendendo cachorro quente, pipoca, cachaça, tudo na rua
para não perder um segundo sequer da briga emocionante de Dul da Marmitex com seu marido....
Povo já começava a chegar com os bancos para sentar e o litro de cachaça rodando de mão em mão... Tinha até gente apostando que Poncho só sairia de casa morto, outros diziam que ele sairia aleijado.
Dulce entrou na casa virada no tetéu. Foi até o banheiro com uma pá na mão, e começou a bater na porta. Ouviu o grito de Poncho à primeira porrada e continuou batendo.
- MOSTRA A CARA, COVARDE!
- Dulce!!! Dulce!!! – disse desesperado. – NÃO TO BEM! TO PASSANDO MAL!
- EU QUERO É QUE VOCÊ MORRA, MALDITO! VOCE NÃO FICA AQUI MAIS NEM UM SEGUNDO...
Dulce largou a pá, e começou a chorar de ódio mais uma vez. Aproveitando isso, Poncho saiu de mansinho, vendo que ela tinha conseguido quebrar a porta do banheiro.
- Dulce, vamos conversar... - disse saindo de mansinho.
- JAMAIS DEMONIO... – ela gritou virando-se pra ele!
Dulce foi pra cima do poncho chorando desesperada
- EU TE ODEIO...TE ODEIOOOOOOOOO! QUERO VIVER EM PAZ!!! – gritava chorando, socando ele no peito....
Poncho levou um murro no nariz que começou a sangrar. Dulce deu outro tapa que deixou ele zonzo, mas Poncho conseguiu segurar as duas mãos dela, sentindo agora como ela o chutava.
- Dulce fica calma..nos vamos resolver!
- RESOLVER???VAMOS SIM!!!!! VOCÊ BEM ALI FORA DA MINHA CASAAAAAAAAAA! FORA DA MINHA VIDA, SEU MALDITO! E QUANDO VOCÊ SAIR! VOU CHAMAR UM PADRE PRA BENZER ESSA CASA!

Dulce começou a se bater e conseguiu acertar um chute na minhoquinha múmia. Poncho sentiu o sangue lhe subir ao cérebro da dor que estava sentindo. E Dulce outro, e outro...e ele caiu no chão segurando os ovos. Dulce ainda estava possuída, não agüentava nem ver Poncho na sua frente. Aproveitou que ele estava deitado e segurou no cabelo dele, arrastando pra fora de casa.
Só ouviram os gritos de Poncho.
- ABRE O LINK, DAGATA! – disse o câmera, correndo pra focar a imagem.
Dulce abriu a porta, pegou no pé de Poncho e saiu arrastando ele pra fora de casa. Dagata correu pra colocar o microfone perto de Dulce,e quando a mesma viu que Poncho estava totalmente fora de casa, ela gritou.
- NUNCA MAIS VOLTE, SEU DEMÔNIO! SE VOLTAR, PROMETO QUE CHAMO A POLÍCIA!
A TV não perdia um lance. Filmando Dulce arrastando poncho até o portão e fechando a porta. As palmas se ouviam, assim como os assobios da rua inteira. Povo começou a gritar o nome de Dulce, a heroína do bairro. Dagata, chegou perto de Poncho, quem ainda estava deitado no meio da rua chorando.
- Senhor Alfonso, o que o senhor diz pra se defender???
- Não falarei da minha vida privada.... – disse ele tentando sorrir pra câmera.
Maite quem estava besta vendo a cena, olhou para a filha e disse:
- Corre Suzi, mostra o panfleto pra câmera! – disse Maite com o saco de gelo na boca. – Avia menina! Faz a propaganda da Madinha!

Suzi foi correndo pra rua com a mão cheia de panfletos distribuindo para as pessoas. Dagata e o câmera-man ainda tentavam entrevistar Poncho, quem não conseguia levantar do chão ainda segurando os ovos de codorna. Zé do Bode, para ajudar o amigo, juntou suas roupas no cão e colocou numa sacola de plástico que ele achou na calçada e colocou do lado de Poncho.
- SUZICLENE KATIANNY, A CÂMERA! – Maite gritou ao ver que a menina não mostrava o panfleto.
E a menina ao ouvir como sua pronunciava seu nome inteiro, a menina correu para frente da câmera, onde uma multidão se espremia para acenar para a câmera e levantou o panfleto na frente da lente para que todos pudessem ver direito.
A rua ainda estava repleta, vendo como Poncho se levantava devagar e catava a sacola com suas roupas. Ele foi caminhando devagar, e alguns caminharam atrás dele, ouvindo como repórter ainda falava da briga que se sucedeu ali. Suspirou ao ouvir como Dona Cremilda falava na televisão que Dul da Marmitex era uma mulher digna e decente, e que ele era pior merda do mundo. Poncho tragou as lágrimas, pela primeira vez se sentindo perdido. Sabia que aquela era só mais uma briga. Sabia que Dulce o amava e que amanhã ela lhe ligaria chorando, pedindo que ele voltasse. E isso acalmou seu coração. Fungou e cuspiu um pedaço de dente no chão. Amanhã as coisas seriam como sempre foram. Edvan ia passando no Pau de Arara e Poncho deu com a mão, Edvan parou e Poncho pulou atrás. Tinha dois reais no bolso, dava pra comprar um litro de cachaça no bar.
Mais repórteres chegaram. E além do Rota 22, o Cidade 190 também estava lá, assim como o Barra Pesada. Fazendo o fuzuê ficar pior na Rua dos Prazeres. Dona Cremilda aproveitou a televisão para reclamar do saneamento básico na rua, assim como reclamou do descaso da prefeitura com aquela zona de Acapulco. E logo pegou uma briga com outra fofoqueira para dar ibope aos programas.

O pipoqueiro vendeu os dez sacos de milho de pipoca que trouxe. Zé da Pitu, vendeu mais dezenas de litros... Alguém ligou um paredão de som e a rua ouvia como a voz de Amado Batista soava naquela noite de briga, mas que agora havia se transformado em uma festa.
E Suziclene entrou no bonde, enquanto as pessoas bebiam, ela entregava os panfletos e aproveitava a deixa para pedir um troco para a galera para comprar um walkman da barbie usado na feira do rolo. De tanta gente que tinha na rua, ela apurou 5 reais, entregou todos os panfletos e saiu alegre e saltitante para casa..
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- Divide uma pinga comigo... - dizia Christian rodando a bolsa no dedo.
- Ah bicha, não quero ficar com bafo. Poncho me ligou, disse que vai dormir lá em casa. Disse que tinha uma surpresa pra mim, até comprou uma caixa de chocolate...ai que romântico. - falou Any colocando as mãos no queixo e suspirando sonhadora..
Krystian só olhava de rabo de olho, chocada pela inocência da amiga...
- Então se tu não bebe, eu bebo. – e se encaminhou em direção ao bar. Se sentou no tamborete do bar do Juvenal, quando viu na Televisão começar a soar um som bem conhecido ali!!!
TAN TAN TAN TAN TANTANTAN TAN TAN TANTANANANA
- Boa noite!!! Estamos falando diretamente da Rua dos Prazeres onde acabou de acontecer o barraco do século. Por fim Dul da Marmitex, a marmiteira mais famosa de Acapulco, descobriu os chifres que levava do seu marido Afonso Ferreira...temos em exclusiva do exato momento que ela retira sue esposo da casa, puxando-o delicadamente pelos cabelos e pelos pés. Tirem as crianças da sala as imagens são fortes.... – Dagata dizia no plantão.
Quando começou passar o vídeo Krystian parou com o copo na boca, olhando para Anahí que tinha os olhos maiores que habitual... Anahí foi correndo para frente de TV ver de perto se o que seus olhos estavam vendo não era ilusão....

Kristian não tinha o que dizer, pois estava chocado e Anahí começou a estalar os dedos, nervosa. Quase começou a chorar ao ver como Dulce gritava com ele, quem estava no chão chorando de dor.
- Ai meu bombom fazendo cara triste... Tadinho!
- Até que enfim, Dulce pegou o traste... ops...digo o marido. - disse Krystian olhando compadecido, sentindo pena de Dulce e de Anahí também.
- Eu acho que vou embora, quero vê-lo.
Krystian revirou os olhos.
- De forma nenhuma...isso não é problema seu.
- Mas quero saber como ele tá...vou ligar....
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Nos fundos do Anaconda Gás, onde Christopher morava, ele coçava seu saco vendo jornal na sua TV de 14 polegadas, quando levantou rápido pelo notícia...
- Meu Deus, Dona Dulce! - disse abismado.
- De quem você tá falando???
Escutou a voz feminina adentrar em seu quarto.
- Nada não, to vendo aqui as notícias.
A loira, sentou na pontinha da cama, enquanto mexia uma colherzinha numa xícara.
- Acabei de fazer café você quer?? - disse Michele vestida com uma camisa dele que por sinal tava imensa.
- Não..brigado. Eu acho que tenho uma coisa pra resolver, não demoro... – disse vestindo uma calça e dando um beijo rápido na bochecha dela em despedida.
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Dulce estava sentada à beira da cama com as mãos na cabeça. As lágrimas empapavam suas bochechas. Ela não podia acreditar em tudo o que havia acontecido. Isso só poderia ser um pesadelo. Nada era real! Nada! O que ela ia fazer para pagar todo esse dinheiro?? Talvez nem com um ano cozinhando para pagar o que devia a Christopher. Ainda por cima, com que cara veria Christopri e ter que dizer que não tinha como lhe pagar. Era vergonhoso. Estava com vergonha. Estava com raiva. Estava a pior das criaturas do mundo. Estava se sentindo sozinha...

Seu celular não parava de tocar...mas ela simplesmente ignorava. Levantou-se rápido e olhou pela fresta da porta, e viu que a rua ainda tinha gente. Muita gente, tinha até um paredão de som na rua, que dava pra ouvir dali.
“Princesa...a deusa da minha poesia, ternura da minha alegria...e os meus olhos querem te ver...”
A música de Amado Batista era boa, mas não tinha ânimo. Não tinha nada nesse momento. Nada que não fosse o maldito sentimento de impotência. Suspirou fundo e tentou esquecer aquilo. E foi arrumar a casa. Arrumou o quarto e jogou os lençóis da cama fora. Só não queimava o colchão, porque ainda faltavam 3 prestações pra pagar. Arrumou o quarto e jogou muitas coisas no lixo. Tudo o que era de Poncho, e o que fazia se recordar dele. Nunca mais queria vê-lo na vida.
Tinha que ligar para sua mãe para contar tudo, pois sabia que a TV deturpava as coisas e umas horas dessas, no mínimo sua mãe já tinha simulado dois infartos...e tomado uma caixa de Prozac.
Ouviu um barulho no quintal... E arregalou os olhos, enquanto se armava com uma faca e o cabo de vassoura na outra. Se fosse Poncho de novo ou os repórteres, ela com certeza mataria... Mas também podia ser Maicon que vinha roubar resto das pelancas de frango que sobravam.
De repente o barulho parou e Dulce correu pra trás da porta, esperando. Até que viu como o trinco da porta da cozinha estava se mexendo. Ela levantou o cabo de vassoura no ar e trincou os dentes. A porta foi abrindo lentamente e num golpe rápido, uma cabeça tinha sido acertada com o cabo de vassoura. Ouviu um grito de dor.
- Aiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!!!!!
Quando Dulce se deu conta de quem era, ela largou tudo no chão e correu para ajudar Christopri. Agarrou a cabeça dele para ver o galo que começava a crescer, começando a chorar outra vez por tê-lo machucado.

- Nossa que recepção mais calorosa... - disse levando a mão ao galo que se formava.
- Meu Deus, Christopri me perdoa...pensei que era o inseto do meu ex-marido...
Mesmo com cara de dor Christopher esboçou um sorriso, se sentindo bem com a palavra ex- marido soando como uma ótima canção aos seus ouvidos....
Dulce correu com ele até a cadeira.
- Senta aqui, por favor... – e afastou uma cadeira pra ele sentar.
Realmente tava doendo... correu até sua geladeira e pegou um dindin de Coco Queimado, porque estava sem gelo em casa. Dulce também vendia dindin para dar um lucro a mais...
Ela puxou outra cadeira ficando na frente dele.
- Minha cara tá no chão... - disse enquanto colocava o dindin no saliente galo.
- Já ta passando... – ele disse em um fio de voz, sentindo como doía sentir o gelo no galo.
E não convenceu Dulce, quem o massageava devagar com o dindin.
- Lá dentro tem dipirona...me espera... – lembrou-se da cartela de remédios que sua mãe deixou na semana passada.
Mas estava tão desesperada que saiu tropeçando pelas as coisas da casa. Deu quase uma voadora na porta do guarda-roupa para tentar abrir a parte que estava com os remédios. Deu outra porrada e a porta abriu. E também quebrou. A última por ta que restava. Mas isso não importava agora... Vasculhou na bacia de remédios e foi jogando os remédios de Poncho no chão, depois queimaria tudo. Graças a Deus não gastaria mais 100 reais por mês só em Gardenal. Achou a bendita Dipirona dentro de uma caixa de sapato e pegou uma pomada Gelol que Poncho passava nas virilhas, e saiu correndo para a cozinha.
Quando chegou, ele estava sentando, tocando no pano de mesa de Dulce. Ela parou por um segundo, admirando tanta beleza. Sentou-se mais uma vez na frente dele e observou seus olhos escuros que a seguiam em qualquer movimento. Tragou a saliva e buscou o dindin novamente, enquanto ele tomava a Dipirona.

Senhor, ele era tão gostoso que nem ela podia acreditar, chegava quase a babar nos braços dele, só fazendo um movimento de vai-e-vem passando o gelo na cabeça dele...
Mas a realidade era outra. Que pena! Não podia deixar que seu encantamento com ele apagasse o fato de que Poncho havia perdido o dinheiro que tinha que pagar a Christopri. Devia-lhe 5 mil pilas. E nem que vendesse o corpo dez vezes por dia e sete dias na semana em cinco anos, ela não teria como pagá-lo. Infelizmente, não sabia o que fazer. Estava com muito medo de perdê-lo, mesmo sabendo que essa seria sua realidade agora. Tragou a saliva nervosa, ao imaginar que ele poderia bem contratar uns mafiosos pra dar uma porradas nela para cobrá-la. Olhou naqueles olhos escuros... Será que ele teria coragem disso? Ela até merecia, pela burrice de um dia ter se casado com uma mula, que no lugar de cérebro tinha merda seca. Suspirou, ela tinha que dar conta do dinheiro, e isso ela o faria...nem que lhe custasse sua própria vida. O que lhe deixava mal era que sabia que esses momentos com ele, estavam com os dias contados.
Se ela vendesse a geladeira a Tv, o DVD, o fogão industrial e o resto da casa, não daria nem a metade. E na verdade era só isso que ela tinha de valor...
Mas foi surpreendida ao ver como ele lhe olhava com curiosidade. Era incrível como existia uma força tão grande entre eles. Uma atração incomum, como um imã de alta tensão que os enlaçava.
- Por que me olhas? – ele perguntou, ainda encarando-a nos olhos.
- Por nada, to voando aqui, pensando em como a vida da gente muda em apenas dias ou horas...
- E você considera essa mudança boa ou ruim???
Dulce suspirou.
- Depende... – tirou o dindin da testa dele e viu como estava vermelho, assoprou um pouco e deu um beijinho, fazendo ele rir. – Por exemplo, falando de você...foi pra melhor.
- Então chega mais perto de mim e me conta o que aconteceu... – ele se afastou um pouco e estendeu as mãos para que ela sentasse em suas coxas. – Eu estava preocupado...

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