Fanfic: O homem do gás (completa)

E quando beijo acabou, ficaram um pouco calados contemplando um pouco a paisagem.

E em poucos minutos, depois de despertaram daquele breve transe, subiram na moto para voltar as suas vidas normais. Dulce já estava há dois quarteirões de sua casa, para não despertar suspeitas. Nem vento passava naquela rua. Graças a Deus.

- Ainda bem que hoje é sábado. Não faço marmitas hoje. Tenho que ir ver minha mãe e pegar o cartão do posto dela para marcar consulta...

- Pois hoje é o dia que eu mais trabalho....vou pro lava jato do meu primo tirar um extra...
- Nossa você lava carros??? – perguntou ela, levantando os olhos da boca dele para ver seus olhos.

Christopher dessa vez estava encostado na moto, e ela encostada nele, espalmando as mãos por seu pescoço.

- Não, fico lá olhando pra ele. Hoje é dia dele pescar e só volta domingo...

- Hummm... – beijou-lhe rapidamente a boca. – Agora eu tenho que ir...

- E aí.... – começou ele um pouco sem jeito. - Nos vemos de novo?

Ela suspirou, olhando-o profundamente. Não sentia nenhum arrependimento dentro de si. Pelo contrário, estava feliz porque sua noite foi perfeita. E por que não viver essa felicidade outra vez?

- Por mim tudo bem e você...?

- Nossa ainda pergunta... – e riu um pouco, mostrando seus dentes perfeitos. - Há tempos não fico com uma mulher que beija tão bem...e faz outras coisas tão bem também... – e piscou o olho.

Ela imediatamente ficou corada e abaixou a cabeça, sorrindo com timidez. Ele riu alto e recebeu um tapa.

- Homi, cala a boca, estamos na rua ainda perto de minha casa....

- Ok, ok.

Eles se despediram com mais um beijo até que Dulce se afastou dele, caminhando em direção a sua casa. Tirou os tamancos no meio do caminho e os levou na mão até a porta de casa. Entrou sorrateiramente, sorrindo pelos cotovelos... Se sentia leve, plena,a mulher mais desejada do mundo... E com o mesmo sorriso...foi seguindo para o quarto, mas estacou na hora, tomou um susto ao ver como Poncho estava muito bem deitado na cama. Trincou os dentes com raiva. Ele tinha feito de propósito com certeza. Alguém tinha ido fuchicar que ela tinha saído. Se ela deitasse, ele acordaria... Que merda! Estava toda quebrada e tinha que dormir de rede. Foi andando na ponta dos pés... Mas não resistiu. Colocando o mesmo sorriso no rosto, chegou perto da cama, pegou a barra do lençol e o alçou lentamente, contemplando a minhoquinha múmia de Poncho. Teve que colocar as mãos na boca para não gargalhar...e logo saiu dali.
Foi pra varanda feliz e pensando: “Meu Deus a pessoa acostuma com ovo quando come filé de carne não quer mais parar...”
Armou a rede na sala, vestiu seu vestidinho furado e se deitou, suspirando pelo alivio. Mas ainda com o mesmo sorriso no rosto...de quem estava feliz, por fim.

BIP BIP BIP BIP

- Pu*ta que pariu! Quem é o infeliz que tá mandando mensagem pra mim as 6 da manha...quando eu fui dormir as 5: 50! – disse ela irritada, estendendo a mão para pegar o celular que estava no braço do sofá.

Bufou... Nunca dormiu tão bem como em esses 10 minutos. A rede tinha sido o melhor lugar do mundo pra dormir... Se virou grunhindo, sentindo seu corpo travar a cada movimento. E colocou o celular na frente dos seus olhos, sem conseguir ver quase nada. Mas o sorriso ainda permaneceu ali...pelo que restou daquela noite. Hoje nada abalaria sua felicidade, nem ao menos com essa mensagem...

SEU CREDITOS ESTÃO ACABANDO RECERREGUE E GANHE 25 SMS E NÃO DEIXE DE DESFRUTAR AS VANTAGENS DA SUA OPERADORA....

Ela piscou os olho sem acreditar no que estava lendo.

- Eu não acredito que mandam uma mensagem pra pessoa uma hora dessa pra dizer um diabo desses...

Merda! Agora não tinha mais sono algum. Descobriu o pé da manta, e o impulsionou para a parede, fazendo com que a rede balançasse de um lado a outro. E olhou para o teto pensativa. Não conseguia tirar da cabeça o sorriso dele... X- princesa! Meu Deus do céu, que coisa linda! Poncho nunca lhe dissera uma coisa dessas... O nome mais bonito que Poncho já lhe dissera foi que a sua cabeça era do tamanho de uma abóbora. Ela não sabia se isso contava com um elogio, mas óbvio que não, ele estava chamando-a de “Cabeçona”.

Suspirou, não queria pensar em Poncho. Deu um sorriso pensando que mais tarde iria na banca botar crédito no celular e ligar para o gás, por mais que o seu não tivesse acabado. Queria somente escutar sua voz. Aquela voz rouca em seu ouvido mais uma vez... Fechou os olhos recordando, enquanto um sorriso desabrochava em seu lábios. E quando novamente abriu, viu todo o seu paraíso, se transformar em inferno quando viu Poncho parado, somente de cueca, na sua frente.

Ela simplesmente fez de conta que ele não estava ali, somente bocejou e voltou a fechar os olhos, deixando-o parado ali.

- Acho que você me deve uma explicação... – começou ele com cautela.

Dulce bufou com os olhos fechados, e respondeu sem se preocupar em abri-los.

- Poncho de boa...minha cabeça ta explodindo e eu tenho mil coisas pra fazer mais tarde...

- Dulce, se você ta de brincadeira, eu to falando sério... – agora seu tom de voz era bem mais duro.

- Quando você colocar a comida dentro de casa a gente conversa... – e suspirou ainda com os olhos fechados.

- Você sabe que não posso trabalhar...

Dulce abriu os olhos de uma vez, impaciente. Levantou-se com raiva e foi desarmando a rede.

- Oh claro que não...não sei quem foi o demente do INSS que te aposentou por invalidez.

Desarmou a rede e foi rumando de volta para o quarto para guarda-la, sentindo que ele o seguia.

- Nem venha...você sabe que não mexo muito esta mão... – mexeu a mão esquerda repetidamente, mostrando-lhe seus dedos tortos.

- Isso não vem ao caso agora. Me deixa passar e veste um short...cada dia q passa você ta mais magro...deve ta com AIDS que pegou da suas vagabundas....

- OLHA, EU NÃO VOU FICAR ACEITANDO SUAS ACUSAÇÕES! – gritou ele entrando na cozinha.

- Tá vendo ali... – apontou pra porta. - É a serventia da casa...

- POIS VOCÊ SÓ ME TIRA DAQUI MORTO... – gritou ele com raiva, apertando o copo de alumínio no qual tomava chá de Boldo.

- Não seria nenhum esforço pra mim... – disse tranqüila e calma, tirando os ingredientes para fazer o café. Ouvindo como ele bufava em suas costas.

- VOCÊ TÁ ME AMEAÇANDO??? EIN? – esbravejou ele indo pra cima dela. - VOU NA DELEGACIA DAR UMA QUEIXA...

- Poncho faz o que tu quiser... – e fez uma careta com impaciência. - Vou fazer o café...

- DULCE, SE EU DESCOBRIR O QUE VOCÊ TAVA FAZENDO ONTEM E COM QUEM...VAI ROLAR SANGUE...

- Há há há... – ela rui sem diversão ao ver o histerismo dele. Poncho tava da cor do seu feijão de corda de tanto gritar. - Já que você ama sangue...pega o dinheiro e vai pagar o açougue. – e virou o olhar pra ele. - Mas é pra pagar entendeu?? Eu tô indo pra casa da minha mãe...de lá nós vamos no CEASA, comprarei as verduras da semana, Mai não vai poder ir porque Bergleno, meu afilhado, tá com fininha. Já pintou a casa todinha de mer*da, e Mai nem pode usar fralda porque o cú do menino já tá em carne viva. Tadinha dessa criança...se toma um copo d’água, caga... – e suspirou. - Lá em cima da mesinha tá os fiados, passe para receber tudo...

Poncho simplesmente se calou e foi fazer tudo...

Dulce sorriu ouvindo como ele colocava a bicicleta pra fora de casa, enquanto amarrava a pochete na cintura. Suspirou, estava livre para pensar no seu Tesudo por um momento. Ay Jesus, não esquecia um minuto da boca, da língua, do braço, da perna, da Anac...do Christopri. E riu loucamente, enquanto coava o café. Como era bommmmmmmm sentir isso tudo de novo. Parecia que tinha 17 anos com a periquita pegando fogo, como se o Olodum estivesse dentro dela... Queria vê-lo outra vez. Mas será que ele teria gostado tanto quanto ela dessa noite? Será que ele ia procurá-la. Tragou a saliva, um pouco duvidosa. E o medo tomou conta do seu ser se ele não ligasse... Não agüentaria mais NÃO sentir tudo o que sentiu nessa noite. Precisava dele, o mais urgente possível.

*___________X___________*

Uma hora depois...

Blanca estava sentada numa cadeira de balanço na sala, enquanto chupava os dentes da chapa, esperando Dulce que não chegava. Não gostava de chupar os dentes, só fazia quando estava ansiosa. E logo cuspiu no chão... Hoje era dia de ir ao médico, coisa que ela adorava por certo. Seus dias estavam contados, mas ela só não morria porque era ruim. Não ia deixar “Ardilla Cremosa” para nenhuma dessas suas filhas ingratas. Cuspiu mais uma vez no chão e murmurou com impaciência:

- Ai meu Deus essa menina que não chega!

Dulce vinha buscá-la para lhe levar ao posto de saúde. Depois de 9 meses que tinha esperado na fila de atendimento, ela havia conseguido uma consulta com a médica do posto. Que horror era ser pobre, meu Jesus!

- Mãeeeeeeeee....to entrando... – ouviu a voz de gralha de Dulce ao pé do portão.

E foi se levantando se segurando na estante para conseguir ficar em pé. Sua crise de reumatismo estava piorando. E ao vê-la cruzar a porta, Blanca lhe disse:

- Nossa Dulce pensei que não era hoje..já ia tomar meu captopril!

- Sem dramas mãe...

- Aproveitando o embalo... Trouxe o carnê das casas Bahia???

- Claro né...tá tudo na minha bolsa. Cadê o cartão do posto?

Blanca a ignorou.

- E o meu dinheiro que você tá devendo???

Dulce negou com a cabeça, impaciente.

- Estou bem mãe, obrigada, to com saúde...

- Ah filha, desculpa, mas você sabe as coisas não tão fáceis... O Ardilla Cremosa tá perdendo a fama...
- Como??? – perguntou Dulce surpresa.

- Sim minha filha. Não sei que acontece, eu acho que aquela vadia da Carminha fez um trabalho...nem mosca entra mais no Ardilla. – disse ela com tristeza. - Mas o pastor da igreja me cobrou 2 mil reais pra quebrar a maldição... - Dulce olhava pra mãe incrédula. - Estou indo pra sessão Descarrego. Você também devia ir pra se livrar do encosto do teu marido...

Dulce gargalhou.

- Acho que não precisa não... – e ela continuou rindo como uma idio*ta quando o Homem do Gás novamente lhe veio ao pensamento.

- Do que você tá falando? – Blanca ergueu uma sobrancelha, em sinal de desconfiança.

- Nada não. E Clau, cadê???

As duas trancaram a casa e foram caminhando até o ponto de ônibus mais próximo.

- Dulce, sei não, essa menina com esse emprego na boate...sai as 8 da noite e só volta de manhã... Não to gostando muito desse trabalho. Mesmo o dinheiro sendo bom... Ela já comprou até uma mobilette à vista...vai receber segunda...

Dulce olhou de esguelha pra mãe, e suspirou. Como sua mãe podia ser tão astuta para algumas coisas e ser tão mongol para outras?
- Sabe, Claudia não tem namorado, fico preocupada...tenho medo de que vire sapata..
“Nem se preocupe mãe, aquilo gosta mais de pica que nos 2 juntas...”, Dulce pensou enquanto dava um sorrisinho de canto de boca.
- Não mãe, ela não gosta de mulher...
- Por que você tem tanta certeza? Eu nunca vi ela com homem...to com medo dela morrer donzela...
Dulce não agüentou e soltou uma risada. Blanca a ignorou ainda preocupada com a filha do meio.
- Olha a hora vai dar! 8 horas e nada dela... – bufou. – Dulce, me diz o que se faz numa boate a noite até de manhã?
- Depende mãe...ela trabalha onde???
- Naquele antro das “Pirikitas Voadoras”...
Dulce arregalou os olhos. Pirikitas Voadoras era o maior cabaré de Acapulco...só freqüentava quem tinha muito dinheiro, maioria de gringos. Claudia realmente ia morrer virgem... Bom, só se sua irmã desse o cú pra dizer que era virgem. Nesse caso era crível.
- Mãe me dá logo seu cartão para marcar a fisioterapia...deixa eu ver como tá... - pegando no rosto da mãe, quando elas pararam no ponto de ônibus. Dulce observou o rosto de sua mãe e sorriu...: - Melhorou muito já...
Devido ao derrame Blanca sofrera, a seqüela dele foi paralisia facial do lado esquerdo. Porém por mais torta que a boca fosse, a língua continuava afiada como sempre.
E Blanca arregalou os olhos, quando Dulce lhe deu um beijo na testa. Nunca ela fizera isso na vida. E franziu a testa desconfiada.
- Dulce, to te notando diferente hoje. Até parece que eu te tratei bem hoje para que me desse um beijo na testa. – Dulce franziu a testa; - Sei não...você ta estranha... Nunca te vi feliz assim, com um brilhos nos olhos...pele boa... Isso quer dizer que... você e o pulguento do seu marido se acertaram?

- Não mãe, aquele traste só atrasa minha vida...to mais pra pedir o divorcio..

- Mas filha uma mulher casada não pode ficar sem sexo...

- Eu sei mãe, mas eu tenho nojo dele... Sei lá...eu olho pro Poncho e vejo minha lápide nele. Parece que tem ANTRO DE DST’s escrito na testa dele. Não suporto mais nem ouvir a voz dele! E pelo o amor de Deus, ele come o bairro inteiro!

- Você acha que não tem salvação esse casamento?

- Definitivamente não...

- Eu falo porque eu e seu pai era um fogo só todo dia, a gente sabe...

- Como se eu não lembrasse desse fato... – e jogou o cabelo para trás suspirando. – Vocês não respeitavam nem as próprias filhas... Mas eu to bem, te juro...

- Alias to vendo...pra quem anda sem dar você ta até alegrinha..

- Lá vem o busão! Não esqueça de mostrar sua Carteirinha de Idosa...

Dulce e Blanca foram para a ponta da calçada e deram com a mão para o ônibus. Mas antes que elas pudessem subir, Claudia vinha descendo. As duas então estacaram em seus cantos, e perderam o ônibus.

- Vai pir*anhaaaaaaaaaaaaa! - ouvia uma voz gritar de dentro do busão.

- Eu pago 3 real no boq*ueteeeeeeeeeeee! – gritou outro.

Claudia virou o dedo e gritou.

- Essa bu*ceta aqui é de ouro, meu reyyyyyyyyyyyyyyy...!

Quando Claudia se volta estava Dulce e Blanca na parada, chocadas com a cena...

Dulce sabia que desde pequena que sua irmã seria put*a. Aos nove anos foi pega numa cabana de lençol com 3 garotos... Aos 13 no WC da escola pagando boquete pro amigo...e assim por diante. Claudia tinha um currículo extenso.

- Oi Irmã querida... – chegou em Dulce abraçando-a e beijando-a. - Mamis... – e sorriu pra sua mãe, quem ainda estava de queixo caído.

Claudia tinha a cara que tinha bebido a noite toda.

- Minha filha onde está sua saia?

- Aqui mãe! - apontando para a saia que tinha no máximo um palmo. – Tudo o que bonito é para se mostrar! – e gargalhou.

Dulce a olhou incrédula. Não que sua irmã fosse feia, mas as pernas de tesouras finas e separadas tava longe de ser linda.

- Claudia se comporte! O que os outros vão pensar...?

- Mãe olha isso aqui... – levou as mãos aos seios e tirando de lá várias notas de 20 e 50.

Os olhos de Blanca se iluminaram...e avançou nas notas tomando da filha e colocando dentro dos seus peitos.

- Mãe eu ganho gorjeta... – disse tirando mais da calcinha.

- Nossa filha arruma um bico lá pra mim...você nova assim já ganhando tanto, imagina eu que tenho mais experiência do que você na cozinha...

Dulce colocou a mão na boca para segurar o riso.

- Mira mamita....a senhora tem que ficar em casa descansando...deixa isso comigo... Eu me sacrifico pelo bem da família. – e sorriu de forma angelical e ao mesmo tempo sofrida.

- Mas me diga agora, você tá entregando os panfletos do Ardilla lá no seu serviço??

- Claro mãe, entrego todos os dias. – e pigarreou, impaciente. - Bem mãe deixa eu ir q a noite foi longaaaaaaaaaa... – e lhe deu outro beijo na testa.

- Ok meu anjo. Vamos Dulce...

- Ciao hermana, e vou te contar ein...hoje você tá bonita... Se não te conhecesse diria que você deu a noite toda...

Dulce foi ao inferno e voltou de vergonha, suas bochechas arderam e novamente a noite de ontem lhe veio a cabeça. Será que ela era tão evidente assim...? Claudia nem comentou...as duas se abraçaram e Dulce e Blanca ficaram na parada do ônibus, vendo como Claudia rebolava a bunda de uma lado para o outro.

E quando Claudia dobrou a rua, elas viraram para o outro lado e viram como ônibus chegava. Dulce ajudou a sua mãe a subir no ônibus, sua mãe passou na catraca e fez uma careta ao ver como o ônibus estava lotado. Blanca sempre a fazia passar vergonha dentro de ônibus. E começou logo gritando ao ter que ficar em pé... Resmungou tanto que um rapaz fardado lhe deu seu assento. E não passou nem meio-minuto para que o rapaz do outro assento se levantasse rápido, correndo para a parte detrás do ônibus.

Dulce observou a o sorrisinho da mãe e arregalou os olhos, sentindo cheiro de podre no ar. Sua mãe estava peidando! DE NOVO!

- Anda filha... – puxando o braço dela. – Senta rápido antes que aquela gorda sente!

Dulce negou com a cabeça e sentou.

- Mãe não to agüentando... – e levou a mão para o nariz discretamente, sentindo que todo mundo as olhava.

- Minha filha você tem que aprender a ser prática na vida, a gente só se senta se for desse jeito!

- Peidando? – abanando a mão na frente do nariz.

- É um truque infalível... – e viu seus dentes através da boca torta, em um intento de sorriso que parecia mais uma careta.

E desceram do ônibus que parava em frente ao posto de saúde, logo do lado do Ceasa.

E Blanca estava impressionada com Dulce, nunca tinha visto ela tão feliz, tão radiante. Parecia pinto no lixo. Depois que passaram no posto e recolheram todos os remédios. Estavam no CEASA, Dulce negociava os preços das verduras e seus olhos brilhavam com aquele ar de felicidade.

- Bom dia Seu Romualdo... – o saudou Dulce com um sorriso brilhante. E olhou as alfaces.- Hoje elas estão lindinhas, tão verdinhas...

Seu Romualdo e Blanca ficaram se olhando, enquanto pensavam quando era que os Alfaces não estavam verdes.

- Quero 2 quilos de alface, dois quilos de tomate, dois de cenoura, 2 de pimentão, laranja, beterraba, 5 quilos de batata, feijão verde, de corda, preto...chuchu, pimenta do reino, cebola, alho, manjericão...e acho que só... até que horas vocês entregam lá?

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