Fanfic: Journey of Love

            Se bem me lembro, o que
vou contar ocorreu em uma manhã de primavera, quando completava pouco mais de
seis anos. Devido ao meu extremo encanto pelas flores, ajudar minha mãe com o
jardim havia se tornado minha rotina. Elas se estendiam por metros, e formavam
um imenso tapete colorido, e exalavam um perfume delicioso que chegava à janela
de meu quarto nas noites quentes.
             Naquele dia, o sol cintilava intensamente
sobre o céu azul, e eu corria entre as flores, fazendo-as dançar junto ao
vento. Sentando no banco de pedra, em frente ao chafariz onde os pássaros se
refrescavam, avistei uma borboleta ferida sobre a roseira. Tentei alcançá-la,
mas ela se debatia sobre uma das rosas mais altas da árvore, e eu era tão
pequena que mal conseguia tocá-las.  
            Atendendo meu grito de
desespero, minha mãe correu ao meu encontro, apreensiva, perguntando o que
havia ocorrido. Respondi sua pergunta apontando para o frágil inseto, com
lágrimas nos olhos. Ela sorriu, e pegando delicadamente a borboleta entre as
mãos, disse com seu jeito doce.

 — Minha querida, não chore. Ela jamais poderá
voar novamente, e não á nada que possamos fazer para mudar isto. — Falou,
acariciando minha face.

 — Então, porque ela continua tentando voar? —
Perguntei, enxugando as lágrimas com as costas da mão.

            Ela fitou a borboleta
silenciosamente, como se pensasse no me diria. Analisando a pequena vida,
reparei em suas asas. Não no fato de estarem machucadas, mas a maneira que se
pareciam com um vitral colorido, montado peça por peça.

       — Ela não quer desistir do seu caminho. —
Respondeu finalmente, fitando-a com admiração. — Mas mesmo que permaneça
machucada para sempre, ela precisa continuar lutando por sua sobrevivência.

Colocando-a delicadamente sobre um galho mais alto,
minha mãe beijou minha testa, e voltou ao trabalho. Fiquei observando a
persistência da frágil vida, que insistia em continuar voar mesmo com suas asas
partidas. Conclui, com minha inocência, que guardaria a cena por toda a minha
vida.