Fanfic: ***Bodas de Fogo*** ♥ D&C ♥
Os dois cavalgaram em silêncio a princípio porque Dulce desejava que o marido desse desfrutar o prazer de estar ao ar livre. E havia muito a ser apreciado.
A temperatura mantinha-se fria, porém suportável, sob um céu de anil pássaros cantavam e pulavam n galhos secos das árvores. Feliz por se ver livre das sombras do castelo, ela inspirou fundo, cheia de contentamento. Como era possível Christopher não se sentir mais vivo em contato com a natureza? Embora tivesse pedido aquele passeio como presente de natal ao marido, bem no fundo estava certa de tê-lo presenteado, dando-lhe oportunidade de escapar a um interior abafado e sombrio.
Depois de um certo tempo Dulce começou a descreve a paisagem, inclusive detalhes que normalmente não prestaria atenção: o reflexo do Sol nas poças de água, o brilho das pedras úmidas, os formatos variados dos galhos secos contra o céu, o buraco feito por um camundongo, sob um tronco oco.
Seu plano era levar o marido até a cascata que Afonso tinha lhe mostrado, porém ainda não haviam sequer penetrado na floresta quando Christopher puxou as rédeas do cavalo.
- Já estamos na floresta - ele falou num tom acusatório.
- Sim. Quero lhe mostrar uma coisa.
- Me mostrar? - Aquelas duas únicas palavras carregavam todo o sarcasmo do mundo.
- Eu queria levá-lo a um lugar especial, um lugar lindo dentro da sua propriedade.
- Dulce... - Christopher murmurou, a voz pesada de emoção. - Você parece se esquecer... Não na floresta. porque lá não poderei defendê-la, ele pensou, incapaz de falar alto aquilo que jamais imaginara que um dia viria a dizer.
Filho bastardo de um conde, Christopher aprendera desde cedo a cuidar de si mesmo, a lutar para atingir seus objetivos, a provar o seu valor. E provara sua capacidade vezes sem conta, até que finalmente o rei lhe dera Dunmurrow como recompensa pelos serviços prestados.
Não era a mais próspera das terras, entretanto poderia sentir perfeitamente satisfeito se não fosse pela grande ironia do destino. Agora que conseguira alcançar seus propósitos, não tinha como manter o que lhe pertencia por direito. Oh, claro que havia Afonso e seus homens, acampados não muito longe do castelo, e sempre de prontidão. Mas será que sem o lorde para liderá-los, eles, seriam capazes de defender Dunmurrow com o empenho necessário?
A pergunta o assombrava constantemente, porém nunca com tanta força quanto agora, quando a realidade da sua situação se mostrava tão impiedosa. Já não estaria defendendo apenas um solo rico, aldeões esforçados e um velho castelo, mas sim uma mulher única e perfeita, uma criatura mais preciosa do que a própria vida. Ter consciência da sua incapacidade para protegê-la o fazia odiar a si mesmo.
- Tem um lago logo adiante, uma espécie de piscina...
O tom hesitante e magoado de Dulce deveria ter esfriado sua raiva, contudo não foi o que aconteceu. Oh, Deus, será que aquela mulher não percebia os perigos que podem se esconder no meio das árvores? Embora Cecil os seguisse, a uma distância discreta, acompanhado de mais seis soldados, dezenas de coisas poderiam acontecer em questão de segundos, como o ataque de animais selvagens, por exemplo. A dor de ser deficiente era tão grande que chegava a ser insuportável.
- Sim, eu sei - Christopher falou afinal..
- Então você conhece o lago com a cascata? Quer dizer que já esteve lá?
- Sim, já passeei por aqueles lados.
- Pensei que você nunca havia visto suas terra.
- Vim a Dunmurrow assim que consegui alguns livres pois estava ansioso para conhecer o tesouro me viera parar nas mão. - Um tesouro que perdera todo o brilho e do qual abriria mão em troca da visão. Mas nada daquilo era culpa de Dulce, portanto fazia sentido deixar transbordar a amargura guardada no peito. Também devia à esposa o presente de Natal.
- Era um lugar lindo quando o vi no verão passado, a grama verde e macia rodeando toda a piscina. Certa vez tomei banho lá e a água era clara e limpa.
- Eu sabia que devia ser um ótimo lugar para se tomar banho! Venha, vamos, não está longe.
Agindo contra o bom-senso, Christopher cedeu ao desejo esposa e deixou o cavalo levá-lo para dentro da floresta.
- Aqui estamos. - Os dois puxaram as rédeas e ficaram imóveis. Montmorency podia ouvir o ruído da água deslizando sobre as pedras e do vento balançando os galhos ressecados. Se quisesse, poderia criar a imagem sua mente com facilidade, mas preferia não fazê-lo. Portanto permaneceu muito quieto, recusando-se a partilhar o prazer da esposa e desejando voltar para o castelo mais depressa possível.
- Christopher! - A voz feminina, baixa e cheia de contentamento, arrancou-o dos pensamentos sombrios. - Eu estou vendo!
- Vendo quem? - ele indagou alarmado.
- O veado branco!
Será que sua mulher o acreditava capaz de se deixar influenciar por contos infantis?-
- Por favor, não deboche. Ele está bem ali, do outro lado das árvores, todo branco, uma cabeça grande, coroado de chifres enormes. E está olhando diretamente para nós...
Se o movimento não doesse tanto, Christopher teria revirado os olhos. Que história esquisita sua esposa estava inventando? Com certeza ela seria mais feliz assumindo o papel de castelã, com todos os seus intermináveis deveres, do que brincando de faz-de-conta no meio da floresta. Talvez ela achasse que a falta de visão o tinha tornado menos inteligente.
- Chega, vamos embora. - Então um barulho no meio de um arbusto chamou-lhe a atenção.
- Desvie para a esquerda, Christopher! Ele está correndo bem na nossa direção!
Ele? O quê? De repente tudo em que Christopher conseguia pensar era em javalis, tão comuns naquela época do ano. Santa Mãe de Deus... Enquanto puxava as rédeas do cavalo para a esquerda com uma das mãos, a outra pousava sobre o punho da espada, mas não teve coragem de desembainhá-la temendo ferir a esposa, pois não sabia a posição exata onde ela se encontrava.
O som de cascos atiçou seus sentidos de uma maneira terrível. O cavalo de Dulce, apavorado, dava pinotes e coices para o ar descontroladamente. Agarrado ao punho da espada, Christopher sentia-se preso a um sonho apavorante, onde descobria-se cego e indefeso diante do perigo. Então a pior parte do pesadelo ganhou vida. Dulce gritou e logo ouviu-se o som de um peso caindo na água. E depois um silêncio total e apavorante, mais apavorante do que qualquer ruído.
- Dulce? - Christopher chamou-a, porém não obteve resposta alguma. Ou ela havia sido raptada por um cavaleiro rápido e solitário ou então se encontrava no fundo do lago, incapaz de responder. A dor que a idéia lhe causava era tão grande que Montmorency atirou a cabeça para trás e gritou, tentando aliviar,a angústia que ameaçava sufocá-lo. Os soldados que os acompanhavam não demorariam muito a chegar, mas cada minuto era vital. Quanto tempo sua esposa agüentaria sob as águas frígidas? Ninguém sobreviveria a uma imersão prolongada.
Sem hesitar um segundo, ele desmontou, arrancou elmo e a capa e os atirou para o lado. Então começou caminhar na direção do lago, esforçando-se para formar uma imagem mental dos arredores. Porém, aquele mesmo homem que se mantivera sob um controle de ferro mesmo nas batalhas mais sangrentas, agora sentia-se ameaçado pelo pavor de perder a única coisa que lhe era precioso no mundo. Ele gritou outra vez, cheio de medo e frustração, amaldiçoando sua deficiência. Então um movimento na água chamou-lhe a atenção. Agarrando-se esperança de que se tratava da esposa, e não de um ave ou de um animal qualquer, Christopher mergulhou.
A água estava gélida e o obrigou a vir à tona para respirar. Enchendo novamente os pulmões de ar, voltou a mergulhar na direção em que ouvira o som. Daí a instantes tornou a emergir, ofegante. Nada. Naqueles breves instantes, Christopher rezou com mais fervor do que fora capaz de fazê-lo desde que ficara cego.
As súplicas pareceram diminuir a intensidade do pânico e ele procurava se convencer de que seria capaz de salvá-la porque o lago não era tão grande assim. Com todas as suas forças tentava ignorar o outro pensamento, apavorante e insidioso, de que seria obrigado a enfrentar a vida sem Dulce. Inspirando fundo, Montmorency mergulhou e estendeu os braços para a frente, ansioso para encontrar algo que não fossem as plantas e algas que teimavam em impedir o seu progresso.
Dali a segundos veio novamente à superfície para respirar e retornou à busca, movendo-se o mais rápido possível, as mãos tateando as profundezas num desespero mudo. Se ao menos pudesse ter certeza de que se mantinha na direção certa sem se desviar, sem voltar atrás, sem explorar a mesma área vezes e vezes sem conta...
Seria imaginação sua ou seus dedos, quando afastara algumas plantas, haviam mesmo esbarrado numa coisa escorregadia, talvez um membro frio e inerte? Com movimentos frenéticos, afastou a vegetação até tocar num dos tornozelos de Dulce. Atordoado pela falta de ar e pela boa sorte, Christopher pegou o corpo da esposa e tomou impulso na direção da superfície.
Inspirando o ar aos borbotões, ele nadou com braçadas fortes e vigorosas na direção da margem. Então, erguendo-a nos braços, procurou terreno firme, tentando não escorregar nas centenas de folhas e gravetos úmidos que infestavam a área. Enfim encontrou um lugar que julgava firme o suficiente, o mais afastado possível das margens.
O frio intenso castigava-lhe o corpo molhado, penetrando-o até aos ossos. Porém o extremo desconforto em nada se comparava ao terror que lhe ia na alma, ao medo que apertava seu coração com garras afiadas. Oh, Deus, será que as preces fervorosas haviam sido em vão? Será que todos os seus esforços haviam servido para nada a não ser levar o corpo sem vida da esposa para casa?
- Não! - Montmorency gritou para o infinito. Não permitiria que a morte dela se transformasse num fato consumado. Agindo como se a simples força da sua vontade pudesse revivê-la, colocou-a de pé, apoiando a figura inerte de encontro ao peito, e começou a massagear as costas frágeis com movimento rápidos e vigorosos, tentando, desesperadamente, fazer a água sair dos pulmões enquanto procurava não se entregar ao pânico crescente.
- Dulce, Dulce, amor, meu amor, por favor... Por favor, respire!
Quando enfim a ouviu cuspir e tossir, engasgada, Christopher experimentou uma alegria e um alívio tão grandes que teria chorado de pura alegria.
- Christopher - Dulce murmurou, ainda tendo enorme dificuldade para respirar. - O que aconteceu? Estou gelando!
Dominado por uma emoção fortíssima, Monterrency teve vontade de cair de joelhos e agradecer aos céu a graça alcançada. Então abraçou-a, como se nada no mundo pudesse afastá-los.
- Meu lorde! - Ao ouvir a voz de Cecil, Christopher ergueu a cabeça. Embora parecesse uma eternidade desde que Dulce caíra nas águas geladas do lago, tinha consciência de que pouco tempo se passara. Seus homens haviam chegado o mais rápido possível e não mereciam qualquer tipo de repreensão. Na verdade, eram mais do que bem vindos.
- Cecil! Me dê a sua capa. É para minha lady. - Imediatamente o servo ordenou aos soldados para manterem distância e fez o que lhe foi pedido. - Minha lady irá para o castelo antes de mim. E jamais voltará a cavalgar naquele maldito palafrém outra vez.
- Foi por causa do veado! - Dulce apressou-se a protestar, os dentes batendo de frio. - O danado veado branco veio correndo bem na minha direção, como se quisesse me fazer mal! Juro, em nome da Mãe de Deus, que nunca, nunca mais, acreditarei nas histórias ridículas de Alice.
Christopher sorriu, feliz por estar abraçando uma mulher enfurecida, não a criatura fria e inerte que arrancara fundo do lago. Viva, e cuspindo fogo, estava sua lady graças a Deus.
- Um talismã! Uma promessa de futura boa sorte! Quanta bobagem! - Resmungando, ela afastou-se do marido e começou a caminhar na direção do cavalo que Cecil lhe oferecia.
Ao sentir o vazio entre os braços, Christopher teve a sensação de que jamais poderia controlar os tremores que o sacudiam de alto a baixo, embora não soubesse dizer se tremia de frio ou se tratava apenas de uma reação ao desastre que quase acontecera. Esfregando os braços numa tentativa de aquecer-se, percebeu, pela primeira vez, que, contrariando toda a lógica, salvara a esposa de morrer afogada. O feito o impressionava.
Gelado até aos ossos, Montmorency piscou algumas vezes sentindo-se repentinamente atordoado. Nomeio de toda a confusão do resgate, percebera algo diferente. Algo que lhe fora sussurrado pelo vento, algo quase inacreditável e maravilhoso demais para ser ignorado.
Pela primeira vez, em meses, seus olhos estavam livres da dor.
- Um veado branco... que bobagem! - Dulce tornou a resmungar.
- Talvez sim... - Christopher sussurrou para si mesmo. E talvez não.
Sentada junto à lareira dos aposentos principais, Dulce aguardou que Cecil trouxesse água quente. Quando a banheira de madeira já estava cheia, Christopher despiu-se, sem qualquer embaraço, e dispensou o servo.
- Pode sair agora. Minha esposa me ajudará no banho. - Se o Cavaleiro Vermelho pudesse vê-la agora, ensopada e desgrenhada como um rato afogado, provavelmente pensaria duas vezes antes de jogar-se num lago gélido para salvá-la. Ao fitar o marido, nu em toda a sua beleza viril, foi tomada de uma emoção intensa. Não se cansava de admirá-lo.
Consciente da sua cegueira, Christopher não demonstrava qualquer pudor em relação ao próprio corpo. Por isso expunha-se com elegância e naturalidade, uma verdadeira estátua talhada em músculos e tendões, pele dourada e membros bem torneados. O fogo lançava um brilho avermelhado sobre a figura imponente, quase fazendo-a perder o fôlego. Mais do que nunca, naquele momento, Christopher Montmorency encarnava o próprio Cavaleiro Vermelho. Grande, poderoso e mortal.
- Venha, Dulce, venha para a água. Você precisa de ajuda para tirar as roupas molhadas?
- Não. - Realmente não lhe passava pela cabeça chamar Alice. A criada nunca poria os pés no covil do barão Montmorency. Segundos depois livrava-se do vestido e ficava inteiramente nua a poucos passos de distância do marido. Uma sensação de frio e calor percorreu-a de alto a baixo, excitando-a de uma forma insidiosa e sutil. Os dois já haviam partilhado de uma intimidade total muitas vezes, mas quase sempre protegidos pela escuridão...
Havia alguma coisa erótica no reflexo avermelhado que o fogo da lareira lançava sobre o peito forte do marido, sobre os ombros largos, os cabelos claros...
- Você quer que eu o ensaboe? - ela perguntou baixinho, a voz rouca, cheia de expectativas.
- Sim, mas entre logo nesta banheira antes que você fique gelada e morra de frio.
- Você quer que eu entre nesta banheira... com você?
- Isso mesmo. Por acaso você está sofrendo de um ataque repentino de modéstia e timidez, esposa? Trata-se da mesma mulher que ainda ontem me forçou a ficar imóvel enquanto me dava um prazer intenso com a boca e as mãos? - Sorrindo sensual, Christopher pegou-a pelo pulso e puxou-a na direção da banheira.
Seria impossível resistir. Ao sentir os dedos fortes tocarem-na, Dulce entrou na banheira e sentou-se defronte ao marido, a água cobrindo-a até a altura dos ombros. Apesar de grande, a banheira não tinha espaço suficiente para acomodar duas pessoas, especialmente quando uma delas tinha uns bons dois metros de altura.
Assim Christopher flexionou os joelhos para aumentar o espaço.
- Devo ensaboá-la primeiro?
Por um momento, percebendo a luz do fogo refletida nos olhos azuis, Dulce poderia jurar que o marido era capaz de vê-la. Então, antes mesmo que tivesse chance de responder, ele segurou um de seus pés e começou a ensaboá-lo, devagar e carinhosamente.
Fascinada, Dulce não conseguia desviar o olhar figura sólida, por alguns instantes satisfeita que ele não podia enxergá-la. Cada movimento de Christopher traduzia o prazer com que a tocava e logo ela sentia o calor do desejo correr em suas veias como uma droga potente. Quando as mãos masculinas, escorregadias e experientes, tocaram-na nos seios, ela gemeu alto, incapaz de controlar a onda avassaladora de paixão.
- Christopher, Christopher...
Ele se inclinou ainda mais para a frente e, pela primeira vez, Dulce realmente o viu tomar um de seus mamilos na boca. Pela primeira vez, pôde perceber os cabelos louros espalhados sobre a sua pele enquanto ele sugava o mamilo com força, fazendo-a se contorcer de puro prazer. Num movimento inconsciente, ergueu os quadris, procurando alívio para o ardor entre as coxas. Logo o marido a massageava no ponto escondido da feminilidade.
Christopher continuou acariciando-a sob a água enquanto deslizava a língua pelos seios empinados, saboreando cada centímetro da pele quente e macia. Transtornada pelas sensações imperiosas que pareciam virá-la pelo avesso, Dulce forçou os quadris na direção das mãos masculinas, gemendo alto ao sentir os dedos firmes a penetrarem num movimento rápido e preciso. Sem que pudesse controlar, atingiu o êxtase, o corpo inteiro sacudido por tremores incontroláveis.
Abraçando o marido com força, apoiou a cabeça de encontro ao pescoço molhado, surpresa com o poder que emanava daquele homem, um poder que, sabia agora, não tinha nada a ver com feitiçaria ou com as forças do mal. Era, simplesmente, o poder do amor.
- Agora me deixe... ensaboá-lo, querido.
Embora percebesse os sinais de extrema tensão sexual no rosto de Christopher, ela se entregou à tarefa devagar, querendo desfrutar de cada instante de intimidade. Era maravilhoso sentir o corpo sólido sob seus dedos, os músculos firmes e bem torneados, as pernas atléticas, cobertas por uma camada de pêlos dourados e, entre as coxas... Dulce fechou os dedos ao redor do membro intumescido, fechou os olhos e jogou a cabeça para atrás, abandonando-se por completo às sensações.
Ver o prazer estampado no rosto do marido, observar a intensidade da emoção que o consumia, era um experiência nova e eletrizante. Será que a paixão masculina, uma vez livre das rédeas, a subjugaria...? De repente Montmorency abriu os olhos e puxou-a pelos quadris, acomodando-a sobre o pênis quente e pulsante. A água caía pelas bordas da banheira ensopando o chão enquanto ele a guiava num ritmo capaz de incendiar o sangue.
- É tão bom, querida... tão bom... - Christopher murmurou deslizando as mãos pela pele molhada, acariciando seios e apertando os mamilos com força.
Com um sentimento que beirava a reverência, Dulce observou o rosto do marido, que, de olhos fechados, parecia completamente transtornado.
- Me beije - ele pediu, a voz rouca e urgente traindo o estado de excitação.
Os lábios de ambos se encontraram com sofreguidão, as línguas ávidas se contorcendo num duelo apaixonado. Christopher repetia com a língua os movimentos de penetração feitos por seu membro ereto. Ao redor de ambos, a água borbulhava enquanto a fricção de seus corpos escorregadios os arrastava para um estado de excitação sexual quase insuportável.
Finalmente Dulce interrompeu o beijo para gritar o nome do homem amado. Então ela atingiu o orgasmo, as ondas de prazer chegando a ser dolorosas em sua intensidade. Segurando-a com firmeza pelos quadris Christopher a manteve imóvel e enterrou o pênis até as profundezas do corpo feminino antes de lançar a semente da vida nas entranhas da esposa, um grito de prazer triunfo ecoando pelo silêncio do quarto e rompendo a escuridão como um raio de luz.
Dulce estava enfraquecida e ofegante quando finalmente saíram da água já fria e foram para a cama. No mesmo instante aconchegou-se ao corpo viril e reconfortante, sentindo-se completamente serena pela primeira vez desde que pusera os pés dentro do castelo Dunmurrow. Eu te amo, Christopher, ela repetiu para si mesma e sorriu feliz. Quem teria imaginado que a sua escolha de marido acabaria se provando tão correta?
Jamais lhe passara pela cabeça apaixonar-se pelo Cavaleiro Vermelho e nunca imaginara as delícias que encontraria na cama, e no banho conjugal. Ela corou ao pensar na maneira como Christopher a tinha amado. Embora as vezes anteriores houvessem sido maravilhosas, hoje à noite ele fora positivamente exuberante. Talvez porque ambos tivessem percebido o quão preciosa é a vida. Depois da experiência terrível de se ver à beira da morte por afogamento, Dulce passara a apreciar o simples fato de existir com um respeito renovado. E não havia um modo melhor de celebrar a bênção da vida do que amar o marido.
- Obrigada por me salvar - murmurou carinhosa.
- Você valia a pena o esforço - ele respondeu, apertando-lhe as nádegas.
Dulce descansou a cabeça no peito largo, contente com as palavras um tanto desajeitadas de Christopher. Apesar do Cavaleiro Vermelho não tocar no assunto, ela sabia muito bem que o casamento forçado não fora de seu agrado. Porém não tinha dúvidas que, desde então, os sentimentos masculinos haviam se tornado mais ternos. Ou então por que um homem cego se atiraria num lago gelado em pleno inverno? Só de pensar no perigo que o obrigara a correr, sentia-se literalmente apavorada.
- Você poderia ter se afogado ou morrido congelado.
- Creio que nadar um pouco me fez muito bem.
Alguma coisa no tom de voz do marido chamou-lhe a atenção, levando-a a fitá-lo. Um sorriso tranqüilo brilhava nos lábios sensuais.
- Como? - Dulce indagou intrigada. Desde o início esperava uma repreensão por tê-los arrastado para o meio da floresta, expondo-os a toda sorte de imprevistos. Christopher estava coberto de razão quando a alertara para os perigos de uma cavalgada ao ar livre. Entretanto, apesar da tragédia que quase acontecera, ele parecia bastante satisfeito. O que era de se estranhar.
- Pela primeira vez, desde a batalha em que perdi a visão, não sinto dor. Meus olhos não estão doendo. - ele falou num murmúrio que era quase para si mesmo.
- Por quê? Na sua opinião, o que teria causado isso? O frio? A água? - Dulce sentou-se na cama e fitou marido fixamente, como se aquela face viril pudesse revelar algum segredo. Mas como sempre a cama estava envolta na escuridão total e o rosto amado não dizia nada.
- Talvez a baixa temperatura tenha diminuído pouco a intensidade da dor - ela falou afinal.
- Foi o que pensei a princípio, porém cada centímetro de meu corpo ficou aquecido durante o longo banho imersão, e ainda assim continuo sem sentir nada, nem o menor desconforto.
Ela sorriu. Então ali estava a explicação para a noite um tanto diferente das outras. Pela primeira vez Christopher não estivera lutando contra a dor constante que o incomodava desde o acidente.
- Se não foi por causa do frio... Só pode ter sido a água! Você costuma banhar os olhos com freqüência?
- Eu o fazia no início, contudo as várias soluções que tentei não tiveram o menor efeito. A dor continuou.
- Isso foi a um bom tempo atrás - ela protestou. - Se você tinha mesmo estilhaços de pedra cravado nos olhos, alguns deles poderiam estar enterrados tão fundo que levaria meses até serem expulsos pelo seu organismo. A água provavelmente os puxou para fora. Talvez sua visão possa retornar! - Entusiasmada com a possibilidade, Dulce ergueu a voz, entregando-se à esperança.
Entretanto a reação de Christopher foi inversa. Ele ficou rígido, o corpo inteiro tenso. - Por favor, não alimente expectativas altas ou a decepção será maior. Eu não acredito em milagres.
- Não? - ela perguntou desafiante, recusando-se a ter o entusiasmo diminuído. - Você não acreditava na lenda do veado branco e veja só o que aconteceu! Pois o animal apareceu e não causou mal algum me atirando dentro do lago, mas apenas o bem.
- Você é supersticiosa demais, esposa.
Talvez, Dulce pensou, porém lembrava-se com exatidão do jeito com que o animal a olhara e o pensamento a fez sorrir. Há coisas em que vale a pena acreditar e no Natal tudo se torna possível, mesmo aquilo que o bom senso considera irrealizável.
As coisas começaram a acontecer de maneira gradual. Foi logo alguns dias depois da Epifania que Christopher percebeu algo diferente. Toda manhã, Dulce costumava abrir as cortinas do quarto (aliás, quer ele quisesse ou não), antes de se preparar para enfrentar as tarefas do dia.
Como ela dava tanta importância ao seu corpo, parecendo não se cansar de admirá-lo, Christopher sabia que podia convencê-la a voltar para a cama se expusesse à claridade. Por isso aceitava que as cortinas fossem abertas sem reclamar. Mas assim que a esposa saía, chamava Cecil e o fazia escurecer novamente o ambiente. Na verdade tinha um medo mórbido de que alguém aparecesse de repente e descobrisse o seu segredo traindo-o e entregando-o ao inimigo. Se isso acontecesse, o paraíso construído dentro das paredes de Dunmurrow não tardaria a virar um inferno. A escuridão o protegia.
Hoje era um dia como outro qualquer. Porém ao ouvir o barulho das cortinas sendo abertas e perceber a leve corrente de ar, Christopher tomou consciência de uma outra coisa: luz. A percepção foi tão brusca e inesperada que o deixou imóvel sobre a cama, sem saber como lidar com a sensação estranha. A sensação de que a escuridão o assombrava há meses perdera um pouco da intensidade.
- Christopher, tenho que me apressar! - Dulce falou, trazendo-o de volta à realidade. - Hoje vou começar a organizar a tecelagem. Talvez muito em breve todos possamos ter algumas roupas novas para nos aquecer.
- Pois eu prefiro você sem uma única peça de roupa sobre o corpo - Montmorency resmungou.
Ela riu, o som cristalino e encantador passando primeira vez despercebido aos ouvidos do marido. Ele só conseguia presta atenção àquela luz tênue e abençoada. O que causara isso?
- Ah, se ao menos eu pudesse ficar mais um pouco.
- Não me provoque, mulher. - Christopher sentiu os dedos delicados da esposa tocarem-no no peito, um perfume suave inebriando seus sentidos como um vinho potente.
Pouco depois ela se afastava para terminar de vestir-se, deixando-o verdadeiramente desapontado.
- Prometo que hoje à noite teremos todo o tempo do mundo.
- Talvez durante o jantar. - Ágil, Montmorency seguiu beijá-la antes de lhe dar permissão para sair quarto. - Tome cuidado para não se esquecer da hora.
- Não se preocupe, querido. Eu jamais perderia a hora. Quer que eu mande Cecil entrar agora?
- Não. Eu mesmo o chamo quando precisar.
Ao ouvir a porta sendo fechada, Christopher, pela primeira vez, sentiu-se satisfeito com a ausência da esposa. Apesar de sempre sentir uma falta terrível de Dulce, hoje de manhã precisava estar só consigo mesmo, porque ainda não se sentia pronto para partilhar a recente descoberta.
Sequer chamou o servo. Apenas permaneceu imóvel como se tivesse criado raízes. Tinha medo de se mexer porque o movimento poderia destruir a luz. Quem sabe não estava apenas imaginando? Quem sabe a tênue claridade não passava de uma faceta da sua cegueira, destinada a atormentá-lo? Será que o quarto voltaria a escuridão se fechasse os olhos por alguns segundos? Seu coração batia tanto no peito como se estivesse se preparando para enfrentar a mais terrível das batalhas e, na verdade, sentia-se mais assustado agora do que em nenhum outro momento de sua vida.
Contudo sabia que precisava agir, tomar uma atitude. Bem devagar, mas com firmeza, fechou os olhos. Então contou até a dez e tornou a abri-los. Não, não se tratava de imaginação. O mundo, que estivera imerso numa escuridão total por tanto tempo, agora se tornara mais claro.
Christopher voltou a cabeça na direção da janela e a claridade intensa fez seus olhos lacrimejarem. O que significaria essa mudança? Trêmulo, encostou a cabeça no travesseiro e voltou a fechar os olhos. Mas desta vez os fechou procurando se proteger de uma emoção proibida... procurando se proteger da esperança.
Christopher não disse uma única palavra sobre o assunto à esposa. Também permaneceu calado quando, alguns dias depois, começou a enxergar sombras e formas no meio do cinza. Mandou que Cecil colocasse castiçais nos aposentos principais e se Dulce achava sua atitude estranha, ela não fez qualquer comentário. Com certeza acreditava que o marido procurava uma maneira de agradá-la e ele nada fez para tirar-lhe essa impressão.
Ao ouvir o barulho de passos, Christopher ergueu a cabeça na direção do som. E lá estava: sua esposa, de pé, diante da lareira. Foi precisa uma enorme força de vontade para manter a compostura enquanto enxergava os contornos da figura esguia pela primeira vez na vida. Sem que conseguisse controlar, deixou escapar um gemido rouco, atordoado pela violência da emoção.
Dulce interpretou o ruído de outra forma, achando que o marido estava ansioso para possuí-la.
- Você não quer esperar pelo nosso jantar? - indagou faceira, a voz bela e musical inundando-o de prazer.
- Não - Christopher respondeu num tom rouco e ansioso, os pensamentos voando na direção da paixão. - Quero possuí-la agora, sobre o tapete, no meio do quarto. - Só de imaginar o corpo da esposa sobre o seu, a luz do fogo iluminando a pele acetinada, sentia a virilidade imediatamente enrijecida.
- Mas Cecil... - ela protestou sem muita convicção - Que Cecil se dane... aliás, os dois! Sorrindo, Christopher levantou-se da cama e caminhou na direção da mulher. Então tomou-a nos braços, as mãos se fechando ao redor dos seios firmes, a boca se apossando dos lábios úmidos.
E sobre o tapete, diante da lareira, entregaram desejo que não tinha fim.
Autor(a): nathyneves
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Dulce estava no salão principal quando chegou um mensageiro de Belvry.- É um rapaz chamado Benedict, minha lady - o guarda a avisou.- Deixe-o entrar! - ela exclamou, deliciada com a idéia de receber notícias de seu antigo lar. Conhecia Benedict há anos e o vira galgar cada degrau de responsabilidade até tornar-se assistente ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 60
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stellabarcelos Postado em 27/10/2015 - 02:17:36
Muito perfeita! Foi lindo! Amei
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JokittaVondy Postado em 14/07/2014 - 18:29:06
PERFEITA <3 Amei o final
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sophiedvondy Postado em 21/09/2013 - 22:50:29
embora seja pequena é perfeita, linda parabéns <3 quem gosta de fic? leiam a minha pfvrr http://fanfics.com.br/fanfic/27130/sumemertime-adaptada-vondy-vondy
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larivondy Postado em 24/06/2013 - 13:17:00
ameeei, linda a história *-*
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claudia_miranda Postado em 15/03/2013 - 17:50:50
li a sua web e amei parabens perfeita..
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claudia_miranda Postado em 15/03/2013 - 17:50:50
li a sua web e amei parabens perfeita..
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claudia_miranda Postado em 15/03/2013 - 17:50:50
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claudia_miranda Postado em 15/03/2013 - 17:50:49
li a sua web e amei parabens perfeita..
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claudia_miranda Postado em 15/03/2013 - 17:50:49
li a sua web e amei parabens perfeita..
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eduardooliveira Postado em 27/10/2011 - 20:06:44
Para quem é vondy e tem orkut, vá nessa fanfic: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=118052479 ,se gostar,comente! =)