Fanfics Brasil - CAPITULO XVII ***Bodas de Fogo*** ♥ D&C ♥

Fanfic: ***Bodas de Fogo*** ♥ D&C ♥


Capítulo: CAPITULO XVII

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Embora Christopher soubesse que seus homens es­tavam lutando bravamente, Hexham podia contar com reservas vindas do castelo e um número in­finito de mercenários que os atacavam de todos os flancos.

Recuando um pouco para ter uma visão melhor da ba­talha, Christopher ergueu o elmo e limpou a testa, o suor escorrendo sobre os olhos e ensopando-lhe os cabelos. Ao perceber que Afonso se aproximava, um ar sombrio no rosto, teve certeza de que o vassalo trazia más notícias.

- Um enviado de Hexham veio nos informar de que o barão deseja discutir os termos de um acordo.           

- Termos de um acordo? Por que você se deu ao tra­balho de me trazer essas notícias, quando sabe muito bem que nunca gasto tempo com palavras quando posso lutar?

Afonso parecia desconfortável, como se não soubesse o que dizer.

- Pensei que talvez... talvez o barão possa dizer alguma coisa sobre a sua lady - o vassalo respondeu meio sem jeito.

À menção da esposa, Christopher sentiu um aperto terrível no coração.

- Hexham pediu um resgate?

- Não. Porém o emissário do barão não entrou em detalhes. Talvez os planos sejam lhe oferecer lady Mont­morency em troca de Belvry.

Uma mulher em troca de uma das propriedades mais valiosas de todo o reino? Christopher resmungou qualquer coisa, como se uma vida inteira de honra, orgulho e dedicação à carreira militar agora entrassem em conflito com o que realmente importava: sua esposa.

- Vamos ouvir o que o homem tem a nos dizer ­falou afinal.

Os dois se entreolharam um tanto desconfiados ao en­trarem na tenda de Hexham. O barão estava sentado numa cadeira enorme, um tapete estendido sob os pés. A própria imagem de um paxá ou de um rico mercador Italiano. Apesar de Hexham estar usando uma armadura, ficava claro, pela ausência de suor e sujeira, que sequer chegara perto de onde a luta estava sendo travada. Christopher só conseguia sentir um profundo desprezo por um homem tão covarde e incapaz de liderar os próprios homens num campo de batalha.

- Então este é o terrível Cavaleiro Vermelho? - Hex­ham indagou num tom irônico.

O sarcasmo não passou despercebido a Christopher, porém, diante do olhar de advertência de Afonso, decidiu manter a fúria sob controle. Pelo menos até que soubesse o motivo do encontro.

- Sim, meu lorde - respondeu o emissário que os trouxera. Logo o mensageiro saía e os deixava a sós, na companhia dos guardas pessoais do barão. Embora uma tropa de seus próprios homens o aguardasse do lado de fora, Christopher começou a se sentir inquieto. Sendo Hexham tão acostumado à traição, poderia muito bem estar planejando atacá-los pelas costas em vez de con­versar.

- Deve lhe parecer óbvio agora, Cavaleiro Vermelho - Hexham começou depois de um longo silencio, em que analisou os recém-chegados da cabeça aos pés -, que o meu exército excede o seu em número. Se você se render eu talvez possa até poupar a sua vida e a de seus homens. Já houve suficiente derramamento de sangue hoje - completou magnânimo.

Christopher não respondeu e simplesmente continuou fitando o idiota arrogante e incompetente. Aquela discussão era inútil. Será que se dera ao trabalho de interromper a luta para escutar um monte de asneiras? E onde estava Dulce?

Demonstrando não se incomodar pela fixidez do olhar de Christopher, o barão o interpelou:

- E então? Responda-me!

- E quanto à minha esposa? - Montmorency indagou, os dedos fechando-se com força ao redor do punho espada. - Onde está ela?

Hexham parecia tão surpreso com a pergunta que um instante Christopher imaginou se aquele verme realmente seqüestrara Dulce.         

- Sua esposa? Ah, você está querendo dizer Dulce de Laci.

- Dulce Montmorency - Christopher o corrigiu, a voz cortante como aço. - O que você fez com ela?

- Eu? Nada, claro, exceto atá-la na minha e cama aproveitar ao máximo. - Hexham fazia questão de falar com tranqüilidade, como se não desse a menor importância ao assunto. - Temo que talvez a tenha possuído um tanto rudemente, já que ela acabou perdendo aquele bebê que trazia no ventre. Mas de qualquer forma não tem importância. Eu plantei sementes suficientes para gerar uma dúzia de filhos.

O urro de Christopher fez estremecer a tenda. A espada foi desembainhada com tamanha rapidez e ira que Hexham teve tempo apenas de sair da cadeira para não ser varado pela lâmina. Ainda assim teve o braço ferido e gritou de dor.

Imediatamente os dois guardas pessoais do barão avançaram, porém Christopher os matou em questão de segundos, os olhos fixos no seu principal objetivo. Destituído de honra como era, Hexham fugiu da tenda sem tentar se defender. Enquanto isso os urros de Christopher vibravam no ar como gritos de guerra.

Dulce sentia a impaciência crescer a medida que se aproximavam de Belvry. Estavam na estrada desde o amanhecer e um número enorme de mercenários seguiam Nicholas em silêncio.

Era uma visão impressionante, cada um dos soldados parecendo mais feroz e perigoso do que o outro. A pele e os olhos escuros a faziam pensar onde será que o irmão fora buscá-los. Também a maneira como se moviam e obedeciam às ordens, sem palavras ou hesitações, lhe parecia inteiramente estranha. Ainda bem que não for­mavam o exército inimigo.

- Dulce! Afaste-se um pouco até vermos o que nos aguarda.

Ela abriu a boca para protestar. Depois do topo da colina, logo a frente, estava Belvry e talvez, Christopher. Havia chegado tão longe e não queria ser deixada para trás. Porém antes que tivesse tempo de protestar, o silêncio ao redor foi quebrado por um rugido feroz, como se al­guma fera estivesse à solta.

- Christopher. - O nome do marido escapou de seus lábios num murmúrio rouco e emocionado.

- Que diabo foi isso? - Nicholas perguntou.

- Christopher - ela respondeu com firmeza. - Ele com certeza perdeu a paciência.

- Então esse ruído foi feito por um homem? Por seu marido?

- Sim! - Galopando na direção do topo da colina, Dulce olhou os campos ao redor de Belvry. Estavam apinhados de soldados e no meio deles erguia-se a forma inconfundível do marido. - Eu sei que é ele! Oh, Nicho­las, talvez meu marido esteja com problemas.

- Recue agora, Dulce. - Virando-se para seus sol­dados, ordenou: - Quero um homem perto de minha irmã o tempo inteiro. Quanto ao resto de vocês, estejam prontos para atacar ao meu sinal. Mas lembrem-se do uma coisa. Lembrem-se de que Hexham é meu.

Quando Christopher finalmente saiu da tenda tinha a arma­dura manchada pelo sangue de vários inimigos, o suficiente para fazer jus ao nome de Cavaleiro Vermelho. Hexham não estava em lugar algum para ser visto, contudo ele, Afonso, e uma pequena tropa vinda de Dunmurrow, achavam-se rodeados por uma grande parte do exército do barão. Não podia ter muita certeza de que Hexham planejara aquela armadilha, entretanto sabia que sua explosão de fúria os colocara numa situação bastante difícil.

Aproveitando-se da confusão inicial, conseguiam mon­tar nos cavalos, contudo Christopher não era capaz de enxergar uma rota de saída. Estavam ilhados num mar de soldados inimigos e a distância até um local seguro era impossível de ser percorrida com a rapidez necessária. Lutando pela própria vida, Montmorency tentou abrir caminho, porém ao olhar para a colina mais próxima deu-se conta de que mais soldados e mercenários marchavam diretamente na sua direção.

Estamos perdidos. Pela primeira vez, depois de tantas batalhas, aquelas palavras terríveis ocorreram a Christopher. Que ironia do destino pensar que apenas alguns meses atrás teria ido ao encontro da morte com orgulho, enquanto que agora... agora, por Deus, queria viver!

- Que diabo é aquilo? - Afonso gritou aproximando-se. Surpresos, os dois observaram os cavaleiros que galo­pavam colina abaixo, guiados por um estandarte negro com a figura de um veado branco.

- Vi aquele brasão em Belvry - o vassalo falou à beira do desespero. - Estamos perdidos pois o castelo já foi tomado.

- Não. - Montmorency apanhou o estandarte que sua esposa lhe dera ao sair de Dunmurrow e mandou que Afonso o desfraldasse. Sobre o fundo em veludo ver­melho, um veado idêntico aparecia. O vento se encarregou de erguer bem alto o símbolo da família, um aviso a todos os que os ameaçavam.

- Este é o estandarte dos de Laci - falou orgulhoso, sorrindo para o vassalo.

Logo tudo estava acabado. Os soldados de Hexham, acossados pelos recém-chegados e sem um líder para guiá-los, bateram em retirada. Christopher ordenou que a ponte levadiça de Belvry fosse abaixada para que os feridos recebessem os primeiros socorros e embora fizesse ques­tão de ver seus homens alojados, não planejava demorar ali nem mais um segundo. Pretendia perseguir Hexham e terminar o trabalho que começara na tenda do barão.

- O Cavaleiro Vermelho! O Cavaleiro Vermelho! ­

De dentro dos portões, os residentes de Belvry comemo­ravam a sua chegada e Montmorency percebeu que es­tava, realmente, coberto de sangue, apesar de não ter sido ferido. Como Edward já dissera, costumava atrair o sangue dos inimigos. Se tivesse tempo até gostaria de trocar a túnica manchada por outra limpa, porém subes­timara Hexham uma vez e não pretendia repetir o erro. Não permitiria que o filho da mãe escapasse e, o mais importante de tudo, não deixaria que aquele verme le­vasse Dulce consigo.

Apoiado na sua disciplina de guerreiro, ele obrigou-se a não pensar em coisas que pudessem interferir na tarefa que o aguardava, especialmente visões da esposa amarrada à cama do barão. No momento precisava reunir os homens mais bem equipados para uma longa e dura ca­çada antes de ir atrás do covarde em seu próprio covil.

- Quem é o líder de nossos salvadores? - Montmo­rency indagou a Afonso.

O vassalo balançou a cabeça de um lado para o outro.

- Os soldados e mercenários são de poucas falas. Di­zem apenas que servem aos de Laci.

- Mas qual de Laci? - O único de Laci que Christopher conhecia não podia estar liderando exército algum, pois encontrava-se prisioneira de Hexham. Um bebê, o barão dissera. Seria verdade? Será que Dulce carregara filho no ventre apenas para perdê-lo depois de sofrer brutalidades? Christopher tirou o elmo e limpou o suor que lhe cobria os olhos, decidido a bloquear qualquer sentimento. Se deixasse dominar pela emoção, perderia a cabeça ali mesmo, onde estava.

- Montmorency? - Uma voz baixa e profunda o fez virar-se para trás. Um cavaleiro o fitava atentamente,

- Sim. Sou Montmorency.

Os dois homens desceram dos cavalos e ficaram frente a frente. O desconhecido, embora não tão alto nem tão musculoso quanto o Cavaleiro Vermelho, movia-se com: a elegância natural daqueles que pertencem a uma linhagem nobre.

O rosto, apesar de bonito, tinha a dureza associada a muitos anos passados em campos de batalha. Talvez por isso o julgasse levemente familiar, Christopher decidiu. Então os olhos de ambos se encontraram e os olhos do desconhecido possuíam um tom raro e peculiar, um tom quase prateado...

- Sou Nicholas de Laci...

 - Mas você está...

- Morto - Nicholas concluiu. - Eu sei. É uma longa história e que será melhor contada quando estivermos descansados. No momento quero apenas lhe agradecer por ter guardado Belvry tão bem durante minha ausência. Minha irmã fala maravilhas a seu respeito...

Sem que pudesse conter o impulso, Christopher agarrou o cunhado pelo braço, talvez até com uma força exagerada.

- Dulce! Ela está aqui? - Apesar de reconhecer o tom desesperado da própria voz, já não se importava com mais nada.

- Sim. - Nicholas olhou para a fileira de homens logo atrás de si. - Ela...

Christopher não esperou que Nicholas continuasse. Também não se interessou em discutir a batalha que haviam en­frentado ou aquelas que ainda teriam pela frente ou os planos para a caçada de Hexham ou os assuntos ligados a Belvry. Deixando o orgulho e a honra militar de lado, correu ao encontro da esposa.

Dulce já estava desmontando e correndo na direção do marido. Os dois se encontraram diante das muralhas de Belvry. Sem se incomodar com a sujeira, o suor e o sangue que cobriam o homem amado, ela se atirou nos braços fortes, sorrindo e chorando ao mesmo tempo.

Christopher beijou-a nos olhos, no rosto, na boca com sofre­guidão, tentando apagar da memória as longas horas de angústia e sofrimento. Foi somente quando a colocou de volta no chão que se deu conta de que os homens ao redor aplaudiam a cena entusiasmados. Embora a situa­ção o deixasse um tanto sem jeito, não conseguia desviar o olhar da esposa.

- Você está... bem?

- Sim - Dulce respondeu feliz, o sorriso radiante iluminando o dia como um raio de Sol.

- Hexham não a feriu, não lhe fez mal?

- Não. Na fuga de Dunmurrow Hexham estava apa­vorado demais, temendo uma perseguição, para se en­graçar comigo. Ele forçou a marcha ao máximo até al­cançarmos os limites de Belvry. Então Nicholas apareceu e tomou conta da situação.

Apesar de saber que a esposa estava sendo sincera, precisava ouvir as palavras para que seu tormento ti­vesse fim.

- Quer dizer que ele não a tocou?

- Não - ela respondeu num murmúrio, os olhos fixos no marido. - Hexham nunca me encostou um dedo, em­bora tivesse se sentido tentado a fazê-lo muitas vezes.

A sensação de alívio era tão intensa, que Christopher sentiu um aperto no peito. Hexham mentira, aquele filho da mãe não a amarrara na cama coisa nenhuma. Não hou­vera estupro nem aborto. Graças a Deus, ele rezou em silencio. Se não acontecera um aborto, será que houvera mesmo um bebê?

- Você já esteve com meu irmão?

- Sim. - Christopher ergueu a cabeça, sabendo que aquela não era hora para maiores intimidades. Relutante, afastou-se alguns centímetros, embora mantivesse um braço firmemente ao redor dos ombros delicados. Juntos, caminharam até onde Nicholas os aguardava.

- Meu irmão estava preocupado que pudesse haver uma disputa sobre a posse de Belvry - Dulce falou no caminho -, mas deixei claro que você não tem interesse nas terras dos de Laci.

- Quer dizer que você lhe deu, de mão beijada, uma das propriedades mais prósperas da região sem ao menos me consultar?

Dulce riu sem se deixar perturbar pela cara feia do marido.

- Será que agi errado? Lembro-me muito bem que em diversas ocasiões você gritou, em alto e bom som que não queria nada da minha riqueza, aliás, pelo contrário.

- Então lutei por aquilo que agora pertence ao meu cunhado? - Christopher gemeu, fingindo-se ultrajado.

Ao ouvir o riso cristalino da esposa ele sentiu o coração bater mais forte, cheio de amor. Se pudesse, a tomaria nos braços ali mesmo e a levaria para o quarto, onde mostraria o quanto sentira saudades... E que a caçada a Hexham fosse para o inferno.

Infelizmente aqueles pensamentos agradáveis foram interrompidos pela chegada do irmão de Dulce.

- Barão Montmorency, minhas desculpas por par­tir tão depressa, mas não posso permitir que Hexham escape.

- Claro que não. Vou chamar alguns de meus homens e irei com você. - Christopher ignorou a pressão da mão da esposa em seu braço, sabendo que ela queria impedi-lo de partir.

- Não será preciso - Nicholas falou decidido. - Você já fez mais do que o suficiente por mim. Também quero lhe assegurar que minha irmã receberá um dote generoso como presente de casamento.

Christopher ergueu a mão como se para dispensar aquelas palavras e o presente, porém as feições de Nicholas tornaram-se ainda mais duras.

- Eu insisto, meu lorde. Sou-lhe grato, mas não pre­tendo ficar em débito com homem algum.

Temerosa de que o marido perdesse a calma, Dulce aumentou a pressão dos dedos no braço masculino, entretanto Christopher já havia conhecido homens como Nicholas antes e sabia como lidar com a situação.

- Naturalmente ficarei satisfeito em receber um pa­gamento de você. Perdi homens aqui e, claro, eles devem ser substituídos. Agora, quanto a Hexham... ele me fez um desafio direto, e forçou a me afastar de Dunmurrow para me atacar pelas costas e seqüestrar minha esposa quero vê-lo morto.

- Barão... - Nicholas hesitou, como se as palavras o deixassem desconfortável. - Por favor, não tome como um insulto, mas Dulce está a salvo, não sofreu nenhum ferimento, enquanto eu... O que existe entre mim e Hex­ham vai muito mais longe.

Montmorency tentou imaginar o que poderia ir mais longe do que seqüestrar a esposa de outro homem, con­tudo achou melhor ficar calado. Nicholas permaneceu imóvel aguardando uma resposta, os olhos cinzentos frios como aço. Levou apenas um minuto para Christopher decidir mandar o orgulho para o inferno e outro minuto para imaginar uma maneira muito mais agradável de passar o tempo enquanto o cunhado preocupava-se em desmem­brar o inimigo.

- Está bem. Hexham é seu.

Nicholas agradeceu com um breve aceno de cabeça, o olhar sério, o rosto rígido. Então montou em seu magnífico garanhão negro e, sem se voltar para trás, partiu a ga­lope, os soldados o seguindo num silêncio que lhe era habitual. Nicholas e seus homens iam atrás de Hexham como verdadeiros predadores, sedentos para matar, porém Christopher não os invejava nem partilhava aquela ansiedade. Estava cansado de guerras e mortes, saturado do cheiro acre de sangue e do gosto amargo que as batalhas deixavam na boca. Honra e orgulho tinham importância sim, mas agora preferia buscar a felicidade entre as pernas de sua bela esposa.

Como se pressentindo os pensamentos do marido, Dulce o puxou pelo braço.

- Venha. Você já viu Belvry?

Pela primeira vez Christopher notou que o vestido da mulher estava sujo de sangue e sujeira.

- Acho que primeiro devemos pensar num banho, esposa.

- Obrigada, querido - ela sussurrou abraçando-o.

- Obrigado por quê?

- Por não ter ido com Nicholas. Eu sabia que você queria ir, só que eu não conseguiria suportar sua ausência, não agora, quando finalmente voltei a encontrá-lo e...

- Acredite-me, querida. Não foi um grande sacrifício da minha parte.

- Seus seios parecem maiores e mais pesados - Christopher comentou acariciando o objeto de seu interesse. - Por acaso os tem massageado com algum óleo especial? - ele a provocou.

- Claro que não! - Dulce retrucou ultrajada. Nunca em sua vida usara esse tipo de coisa, pois jamais tivera muito interesse no próprio corpo. Sabia muito bem por que seus seios estavam maiores e, de repente, teve a impressão de que o marido sabia também.

- Ótimo! Porque eu gosto deles exatamente como eram, pequenos e perfeitos para a minha boca. - Christopher mordiscou os mamilos pontudos vagarosamente.

- Christopher... - Como era possível que seu marido a ex­citasse com tanta facilidade assim? Julgara-se exausta saciada depois da paixão ardente que se seguira ao encontro de ambos. No entanto... Os lábios masculinos a estavam enlouquecendo, beijando-a ao redor do umbigo.

- Você tem alguma coisa para me dizer, esposa?

As palavras significativas a fizeram sentar-se na cama no mesmo instante.

- Você sabe! - ela o acusou.

- Sei o quê? - Montmorency perguntou inocente­mente enquanto abria as pernas da esposa.

- Sobre o bebê!

- Que bebê?

Dulce acariciou os cabelos louros do marido, que ago­ra se inclinava para beijá-la no interior das coxas.

- Nosso bebê!

- Então vamos ter um bebê? - ele indagou provo­cando-a, aumentando a pressão dos lábios na pele macia até fazê-la estremecer incontrolavelmente.

- Sim!

- Que boas notícias! Será que devo mandar um beijo ao nosso bebê?

Ao sentir que o marido a tocava no centro da femini­lidade com a ponta da língua, Dulce gemeu alto e perdeu de capacidade de raciocinar com clareza.

Ela estava faminta. Depois de devorar tudo o que es­tava em seu prato, começou a lambiscar a comida de Christopher.

- Ei, espere aí. Quantos bebês você acha que está esperando?

Rindo feliz, Dulce recostou-se na cadeira, apreciando o quarto que fora de seus pais.

- O que você achou de meu irmão?

- Acho que você estava certa. Ele não é o tipo de fazer cócegas em ninguém. Mas você teve sorte, porque eu sou. - Sorrindo brincalhão, ele correu atrás da esposa até pegá-la no colo e jogá-la na cama. O peso do corpo musculoso quase partiu a madeira em duas.

- Pare! Pare com isso ou vou vomitar todo jantar!

Imediatamente Christopher sossegou, uma das mãos enormes pousadas sobre a cintura delgada, os olhos azuis brilhantes e carinhosos do que nunca.

- Esta é a primeira vez que uma mulher me fala uma coisa dessas - ele protestou.

Dulce riu e o acariciou de leve no rosto. Como podia amá-lo com tanta paixão?

- Você tem razão. Nicholas não é o tipo que faz cócegas, tampouco é do tipo capaz de demonstrar afeto e muito menos amor. Tenho medo de que meu irmão esteja ainda mais endurecido do que quando partiu, cinco anos atrás.

Montmorency suspirou fundo e se recostou nos travesseiros.

- Freqüentemente a guerra ou destrói o homem o transforma em algo que ele desejaria não ser.

- Você acha que com o tempo Nicholas poderá tomar mais afetuoso em relação a nós?

A maneira como seu irmão a fitara enquanto cavalgavam lado a lado, como se não passasse de uma estranha, ainda a incomodava. Nem por um instante ele demonstrara um interesse especial ou lhe perguntara se era feliz, se seu marido era um bom homem...

- Não sei - Christopher respondeu baixinho, querendo não magoá-la.

- Sabe, é estranho, mas Nicholas foi sempre tão bonito. As damas o consideravam um ótimo partido e ele tinha a reputação de ser honrado, gentil e justo.

- Tenho certeza de que seu irmão continua sendo tudo isto.

- Mas quando olho dentro daqueles olhos cinzentos é como se enxergasse apenas o frio e a escuridão. -­ Dulce estremeceu e se aconchegou ao peito forte do marido. Nicholas, herdeiro de Belvry, jovem e belo, era o tipo de cavaleiro com quem as mulheres sonhavam casar-se enquanto Christopher não. Durante grande parte de sua vida, Montmorency não possuíra terras nem fortuna, portanto não se tornara um alvo fácil do interesse femi­nino. Para completar, aquela reputação terrível era suficiente para desanimar mesmo a mais corajosa das da­mas. Porém Christopher sim, era um grande partido.

- Meu irmão é assustador. Mais assustador do que o Cavaleiro Vermelho jamais o foi.

- Mesmo quando estou de péssimo humor?

- Mesmo quando está de péssimo humor - ela res­pondeu sorrindo. - A propósito, devo lhe dizer que avisei Hexham que você comeria o coração dele na hora do jantar.

- Oh, obrigado. - Christopher gemeu de maneira teatral. - Agora posso entender por que ele não a considerou especialmente sedutora. É fácil imaginá-la falando aos quatro ventos sobre os meus poderes diabólicos.

- Mas você tem poderes sim. - Sorrindo provocante, ela o acariciou pelo corpo inteiro, adorando sentir a tex­tura dos músculos firmes e bem torneados.

- Você não vai vomitar o jantar, não é? - Christopher per­guntou fingindo-se muito sério.

- Prometo que não.

- Bem, suponho que então eu possa enfeitiçá-la, es­posa. - E foi o que ele fez.

Nicholas regressou alguns dias depois, seu estado de espírito ainda mais soturno do que quando partira. Ele entrou no salão principal como se fosse o senhor de tudo, aliás, o que de fato era, jogou o elmo sobre uma cadeira e passou as mãos pelos longos cabelos.

- Hexham escapou - foi logo dizendo.

Christopher ergueu as sobrancelhas, surpreso não tanto pelas palavras mas pelo tom usado. Por acaso o cunhado o estaria acusando de alguma coisa?

- Sinto muito.

Como se reconhecendo o engano, Nicholas abaixou os olhos. Christopher sabia que o rapaz estava zangado e por isso descontava a frustração nas pessoas que estavam próximas. Só não iria admitir que o mau humor do cunhado atingisse Dulce.

Ela já estava de pé, ordenando aos servos que trouxessem comida e bebida para o irmão que acabara de chegar. Entretanto se Dulce esperava alguma palavras de agradecimento, podia esquecer. E essa falta de delicadeza o irritava profundamente. Não era à toa que a princípio sua esposa se comportara de maneira tão contida e desprovida de emoções. Pelo visto os de Laci não haviam sido criados num ambiente onde se demonstrava afeição familiar.

- Vou encontrá-lo - Nicholas prometeu, a voz soando fria e ameaçadora. Ele sentou-se, os movimentos elegantes e controlados muito semelhantes aos de Dulce. Aquele de Laci nunca parecia baixar a guarda e por um momento Christopher teve pena de Nicholas e do que quer que fosse que lhe acontecera para transformá-lo naquele poço de fel e amargura.

- Não se preocupe, Montmorency, vou achar Hexham. Ele é estúpido demais para ficar desaparecido por um longo tempo e quando o encontrar, vou matá-lo.

- Me chame de Christopher. E não estou nem um pouco preocupado. Se você quer um conselho, - ele ofereceu, mes­mo sabendo que o cunhado não estava nem um pouco interessado, - eu lhe diria para esquecer o barão. Encontre uma bela esposa, tenha filhos e desfrute esta bela pro­priedade em paz.

Nicholas o fitou com tamanho desdém que Christopher ficou surpreso. Talvez o cunhado o considerasse um velho tolo.

Entretanto estava longe de sê-lo. Ao recuperar a visão voltara aos exercícios físicos de antes e estava agora no auge da força viril. Continuava sendo o Cavaleiro Vermelho, embora não partilhasse a sede de sangue do rapaz. Sabendo que poderia vencer o cunhado em qualquer briga com armas, Christopher lançou um olhar ameaçador na direção de Nicholas.

O jovem de Laci entendeu imediatamente o recado e virou-se para o outro lado. Ao voltar a fitar Christopher, tentava sorrir.

- Não posso deixar Hexham escapar. - Depois de alguns segundos de hesitação, resolveu continuar, apesar das palavras lhe custarem muito. - Fui para a Terra santa com o objetivo de lutar contra os infiéis sem saber que um verme traiçoeiro, escondido entre meus próprios pares, seria ainda mais perigoso do que as hordas pagãs. Fui ferido, mas não mortalmente, e esperei que um dos homens me encontrasse. Aconteceu que Hexham me achou. - Nicholas pronunciava o nome do barão como uma maldição. - Em vez de me ajudar, ele me arrastou para debaixo de um arbusto e me largou lá, para que eu sangrasse até a morte.

Christopher notou que Dulce inspirava fundo e no mesmo instante tomou a mão delicada nas suas, como se quisesse lhe transmitir segurança enquanto Nicholas continuava a história terrível.

- Eu teria mesmo morrido se não fosse por uma aldeã que ouviu os meus pedidos de socorro. Ela me levou para seu casebre e cuidou de mim com as próprias mãos. Sem saber o que Hexham planejava, decidi ado­tar um nome falso. Quando recuperei as forças, saí à procura do covarde, porém aquele patife já havia de­saparecido. Só então percebi que o barão ambicionava possuir Belvry. Como nosso pai não era nenhum tolo, achei que não havia necessidade de voltar correndo para casa. Fiz mi­nha própria fortuna e formei meu próprio exército, pensando que um dia poderia precisar de homens prontos para lutar ao meu lado. Fiquei sabendo da morte de nosso pai pouco tempo atrás. Então decidi que estava na hora de ressurgir do mundo dos mortos.

- Hexham sabe que você está vivo? - Christopher perguntou.

- Não, acho que não. Meus homens juraram guardar silêncio. Tenho certeza de que a visão do estandarte de Laci surpreendeu o barão, porém, a menos que tivesse lutado perto de mim, não poderia saber que continuo vivo.

- Duvido que aquele Covarde tenha lutado. Quando o feri, na tenda, ele fugiu correndo e choramingando feito uma criança grande. Aposto que escapou para bem longe, assim que pôde.

- É, talvez. De qualquer maneira irei caçá-lo nem que seja no fim do mundo. E quando o encontrar, o matarei sem piedade.           

Percebendo o ódio intenso no coração do rapaz, Christopher ficou imediatamente alerta.

- Não deixe que o desejo de vingança dite as regras da sua conduta - falou. Contudo o olhar de Nicholas o avisou de que era melhor não se meter naquele assunto em particular e Christopher teve pena do rapaz. Já vira muitos homens como o cunhado, homens cujas vidas haviam sido envenenadas pelo rancor. E quando finalmente Hexham fosse morto, o que sobraria no interior de Nicholas do Laci? Talvez nada, além de um terrível vazio.

- É possível que Hexham tenha ido para a corte numa tentativa de despertar a simpatia de Edward com a sua versão dos fatos - Dulce sugeriu.

- Talvez - Nicholas concordou pensativo. - De qual­quer forma partirei amanhã mesmo para seguir as pos­síveis pistas deixadas nos arredores.

Ao perceber o desaponto toldar a beleza do rosto da esposa, Montmorency teve raiva daquele rapaz frio e in­sensível que depois de tantos anos de ausência era in­capaz de demonstrar algum afeto e apreço pela irmã.

- Eu queria lhes explicar a situação antes de partir e também resolver o assunto relativo ao dote de Dulce.

Ah, então você a notou?, Christopher pensou irritado. Quem olhasse para os dois juntos, jamais iria imaginar que fossem parentes. A única coisa que ambos tinham em comum era a maneira como se comportavam, sempre ele­gantes e altivos.

- Dulce, será que você podia nos dar licença por alguns minutos? - Christopher pediu, sorrindo com delicadeza. - Eu gostaria de discutir o assunto do dote com seu irmão em particular.

Ela concordou com um aceno e saiu do salão, o andar gracioso, as costas eretas. Olhando-a, Christopher teve vontade de envolvê-la com a força de seu amor e também de desfechar um soco no rosto impassível do cunhado.

Mas acostumado a intimidar as pessoas pela sua sim­ples presença, apenas levantou-se e parou diante de Nicholas.

- Seu dinheiro não me interessa a mínima - falou num tom baixo e carregado de desprezo.

Quando o rapaz tentou se levantar, Montmorency o fitou de tal maneira que o obrigou a permanecer sentado.

- Eu também lutei na Terra Santa e estive nas ba­talhas mais sangrentas, ao lado de Edward, durante anos. Não tendo nascido herdeiro de uma propriedade lucra­tiva, me tornei dono de terras pelo sangue derramado pela minha espada. Nestes últimos meses enfrentei uma provação que teria feito o seu breve encontro com a morte parecer brincadeira de criança. - Apesar de se esforçar para manter o controle, a voz de Christopher vi­brava de dor. - Portanto você não é o único homem na face da terra cuja vida tomou caminhos diferentes do que gostaria. Me senti afortunado por poder lutar aqui e preservar a sua propriedade e as lembranças que minha mulher tem da casa paterna. Em troca, quero apenas uma coisa. Quero que você trate sua irmã como se ela realmente existisse.

Nicholas não poderia parecer mais surpreso.

- Não me importa que você me amaldiçoe ou que desapareça nos confins da terra depois que partirmos de Belvry, mas enquanto estivermos aqui exijo que trate sua irmã como uma pessoa a quem você deve, no mínimo respeito. Pois foi ela quem cuidou da sua propriedade durante os anos em que você esteve fora.

Sem esperar resposta, Christopher saiu do salão e foi ao encontro da mulher. Ainda bem que Dulce gosta de atiçar rumores sobre a sua reputação porque mais uma ou duas cenas como aquela e o mito do feroz CavaleiroVermelho cairia por terra.



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Autor(a): nathyneves

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Durante o jantar, Christopher congratulou a si mesmo, pois pelo visto aquela breve conversa com o cunhado havia sortido efeito. Nicholas passou refeição inteira conversando com a irmã. Talvez o rapaz não fosse de todo mau. Talvez tivesse apenas deixado o desejo de vingança passar à frente de coisas mais im­portantes e precisasse ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 60



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  • stellabarcelos Postado em 27/10/2015 - 02:17:36

    Muito perfeita! Foi lindo! Amei

  • JokittaVondy Postado em 14/07/2014 - 18:29:06

    PERFEITA <3 Amei o final

  • sophiedvondy Postado em 21/09/2013 - 22:50:29

    embora seja pequena é perfeita, linda parabéns <3 quem gosta de fic? leiam a minha pfvrr http://fanfics.com.br/fanfic/27130/sumemertime-adaptada-vondy-vondy

  • larivondy Postado em 24/06/2013 - 13:17:00

    ameeei, linda a história *-*

  • claudia_miranda Postado em 15/03/2013 - 17:50:50

    li a sua web e amei parabens perfeita..

  • claudia_miranda Postado em 15/03/2013 - 17:50:50

    li a sua web e amei parabens perfeita..

  • claudia_miranda Postado em 15/03/2013 - 17:50:50

    li a sua web e amei parabens perfeita..

  • claudia_miranda Postado em 15/03/2013 - 17:50:49

    li a sua web e amei parabens perfeita..

  • claudia_miranda Postado em 15/03/2013 - 17:50:49

    li a sua web e amei parabens perfeita..

  • eduardooliveira Postado em 27/10/2011 - 20:06:44

    Para quem é vondy e tem orkut, vá nessa fanfic: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=118052479 ,se gostar,comente! =)


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