Fanfics Brasil - CAPITULO IX ***Bodas de Fogo*** ♥ D&C ♥

Fanfic: ***Bodas de Fogo*** ♥ D&C ♥


Capítulo: CAPITULO IX

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No seu próprio quarto, todos os castiçais estavam de volta aos lugares e Cecil não apareceu para retirá-los. Embora a conclusão óbvia fosse de que Christopher não viria vê-la, ainda assim Dulce aguar­dou-o sentada na cama, no meio da escuridão, desejando-o a despeito de si mesma. Então seria dessa maneira, pen­sou amargurada. Seu marido cumprira o dever, tirara-lhe a virgindade para demonstrar seus direitos de posse e não planejava possuí-la outra vez.

Embora tentasse se convencer de que a perspectiva lhe causava alívio pois ficaria livre das atenções do Ca­valeiro Vermelho, não conseguia pensar em outra coisa a não ser na noite em que experimentara aquelas sen­sações maravilhosas, sensações que se julgara incapaz de sentir. Maldito fosse Christopher Montmorency! O fato é que o queria acima de tudo... como uma mulher enfeitiçada.

Finalmente Dulce adormeceu e quando acordou não foi por causa da presença do marido e sim pela urgência na voz de Alice.

- Minha lady! Minha lady! - a criada sussurrava apavorada.

- O que foi? - No mesmo instante ela abriu os olhos, os sentidos alertas. Incêndio, ladrões, um ataque a Dun­murrow. Todas essas possibilidades lhe passaram pela cabeça antes mesmo que ficasse de pé.

- Escute, minha lady! Ouça! É o amaldiçoado... o tal do Cavaleiro Vermelho... lá fora... fazendo o trabalho do diabo! No começo eu achei que estivesse invocando os espíritos. Gritava tão alto que poderia acordar os mortos. Mas quando coloquei a cabeça para fora da janela... - Alice fez o sinal da cruz, as mãos trêmulas -, vi uma outra pessoa também. Tenho certeza de que é um sacrifício humano, minha lady. Juro! E aquele imprestável do meu guarda-costas não vai tomar ne­nhuma atitude!

- Psiu! Não vou conseguir ouvir nada se você ficar aí lamuriando-se. - Depois de vestir um robe às pres­sas, Dulce aproximou-se da janela. A Lua pálida e distante iluminava a figura viril de seu marido. Para sua total surpresa, ele parecia estar atacando alguém com a espada. Ansiosa, procurou algum ladrão ou ini­migo que justificasse a atitude de Christopher, porém não viu ninguém.

- Não é nada, apenas algum tipo de treinamento ­- falou decidida. - Basta meu marido praticar o uso da espada sobre um pedaço de madeira para você julga-lo o demônio em pessoa.

- Alice? Você está aí? - As duas mulheres viraram-se na direção do som da voz masculina e Dulce logo re­conheceu a pronúncia arrastada de Pasqua. - Saia do quarto da sua lady agora e pare de se meter nos negócios do barão!

- Pois fico-lhe grata se me deixar em paz, seu soldado de meia-tigela! Eu estaria mais bem servida sob a pro­teção de um dos garotos da aldeia - a criada respondeu desdenhosa. Votando-se para Dulce, retomou a conver­sa. - O barão estava gritando coisas horríveis. Prague­jando e amaldiçoando em altos brados.

Como se para confirmar o que a serva acabara de dizer, a voz forte de Christopher ecoou dentro do silêncio da noite.

- Dane-se, Cecil, seu covarde imprestável! - Em­bora as palavras soassem altas, eram tão mal articu­ladas que se tornavam quase incompreensíveis. - Onde está meu vassalo? Mande buscar Afonso, porque que­ro lutar com ele!

Não demorou muito até Dulce perceber o motivo da fala enrolada.

- Meu marido bebeu além da conta. E só. Por acaso você já não viu homens bêbados, inclusive meus irmãos?

- Tem mesmo certeza de que é só isso, minha lady? Não sei não...

- Alice, se você não sair deste quarto agora, prometo que vou entrar. Com sua licença, minha lady - Pasqua gritou do lado de fora.

Pelo menos a criada teve bom senso suficiente para ficar desconcertada com a própria insistência e se des­culpar.

- Está tudo bem - Dulce respondeu. - Fico sa­tisfeita que você tenha me acordado. Barulhos provocados por bêbados são sempre horríveis. - O que ela não disse é que pretendia ir ao encontro do marido. Para que deixar a mulher preocupada com a sua segurança? Sacrifício humano... que grande bobagem!  - Boa noite. Por favor, saia antes que Pasqua ponha a porta abaixo.

Alice resmungou qualquer coisa sobre soldados e ho­mens baixos em geral serem uns imprestáveis e saiu bufando.

- Por que você veio incomodar a esposa do barão? ­- Dulce ouviu Pasqua indagar irritado.

A resposta da serva ficou perdida no fechar da porta.

Mas não tinha importância. Coisas mais urgentes pre­cisavam da sua atenção imediata. Ela vestiu uma capa sobre o robe e correu para fora do castelo. Para sua com­pleta surpresa, não havia um só guarda à vista. Assim pôde andar livremente. Embora pretendesse ir direto ao encontro do marido, a visão daquele homem altíssimo e imponente a fez parar no meio do caminho.

Vestindo uma armadura, Christopher era algo de tirar o fô­lego, mesmo na escuridão. Grande, bem proporcionado, como uma árvore sólida e altiva. Apesar de bêbado, seus movimentos com a espada eram elegantes. Mas estava claro que o vinho o afetava porque ele parecia ter difi­culdade para acertar o alvo.

Dulce suspirou fundo, admirando o marido. O Ca­valeiro Vermelho não podia ser comparado aos outros homens em geral. O poder que dele emanava era algo Infinitamente superior. Já assistira a muitos torneios e a ira seus irmãos treinando vezes sem conta; porém ninguém nunca a afetara tanto.

Chocada, percebeu que o desejava com paixão. Queria der possuída ali, no chão frio, sob a luz da Lua, os lábios quentes esmagando os seus, o corpo musculoso envolven­do-a... Dulce engoliu em seco, procurando ignorar os pensamentos sensuais. Só podia estar sob os efeitos do luar misterioso...

De qualquer forma seu marido parecia estar bêbado demais para se entreter com brincadeiras amorosas e provavelmente não aceitaria de bom grado as suas aten­ções. Entretanto, como esposa, tinha o dever e o direito de ajudá-lo agora. O que, neste caso, significava levá-lo para cama e garantir que os outros moradores do castelo não fossem perturbados durante o resto da noite pela barulheira infernal. No momento em que abriu a boca para chamá-lo, ouviu-o gritar:

- Ela me considera um meio-homem! - Christopher rugiu, vibrando a espada perigosamente.

Será que o marido se referia a ela? Mas como, se o considerava muito mais homem do que qualquer outro? A ferocidade dos golpes era tão terrível que Dulce deu um passo para trás, percebendo que Montmorency estava furioso, como nunca o vira antes.

Christopher deve tê-la ouvido mover-se, porque imediatamen­te ficou quieto, o corpo rígido, à espreita...

- Não é verdade! Ela se importa com você - respon­deu uma voz. Dulce percebeu que se tratava de Cecil de pé a uma distância segura do barão. - Se ao menos...

- Fique quieto, seu tolo!

A maneira ríspida como ele respondeu ao servo reno­vou-lhe a coragem de enfrentá-lo. Quando os outros meios falhavam, cabia a ela tomar a situação nas mãos e re­solvê-la.

- Venha para a cama, esposo - Dulce falou, dando um passo para a frente.

Embora já tivesse testemunhado a ira do marido, não estava preparada para a reação dele. Christopher virou-se, uma figura enorme protegida pelas sombras, o cavaleiro negro da escuridão. Como um anjo vingador, ele vibrou a espada no ar com força suficiente para arrancar a cabeça de um homem. Dulce se deu conta que se não estivesse a uma distância segura poderia ter sido partida em duas.

- Dulce? - Montmorency indagou, a voz rouca e baixa.

- Venha para a cama, Christopher. Está muito tarde para esse tipo de treinamento.

O grito inesperado de dor e ira que partiu daquele peito forte era tão angustiado que atingiu-a fundo. Antes que tivesse tempo de tomar uma atitude, Cecil aproxi­mou-se e praticamente arrastou-a para dentro do castelo.

- É melhor você voltar para seu quarto agora, minha lady.

Mesmo tendo vontade de correr e se esconder do ma­rido, Dulce sabia que não teria coragem de fazê-lo.

- Não! Ele parece estar ferido - respondeu, tentando se livrar da mão do servo que a segurava pelo braço, impedindo-a de mover-se. - Preciso cuidar de Christopher.

- Não, minha lady. O barão apenas tomou vinho de­mais. Só isso.

- Cecil, exijo que você me solte e me deixe ir ao encontro de meu marido. É uma ordem.

- Não, minha lady. Não posso fazer isso. Meu lorde me mataria se eu o fizesse.

O servo começou a caminhar, levando-a pelo braço. Dulce olhou para trás a tempo de ver Christopher arrancar, com um único golpe, o topo do poste de madeira usado para treinamento. Mesmo não sabendo o motivo, ela re­conhecia o poder daquela fúria que pulsava na escuridão da noite como uma coisa viva. Aterrorizada, soltou-se da mão de Cecil e correu para o quarto, tão atordoada que, quase não ouviu o criado murmurar:

- Isso o mataria.

Dulce procurou evitá-lo. Resolveu ir até a aldeia pela manhã com o único objetivo de não almoçar na companhia do marido. Se tivesse coragem de desafiá-lo, recusaria-se a jantar nos aposentos principais também. Só não che­garia a tanto porque vira a extensão da ira de Montmo­rency. Uma fúria tão grande que o transformara num animal enlouquecido. Jamais queria presenciar uma cena como aquela outra vez.

De todas as coisas assustadoras que ouvira dizer sobre o Cavaleiro Vermelho, e eram muitas, segundo Alice, nada sé comparava aos excessos emocionais de ontem. Fora um acontecimento tão angustiante que Dulce sen­tia-se perturbada de uma maneira que não conseguia entender.

Fora capaz de não dar atenção aos rumores que o cer­cavam e até mesmo conseguira evitar pensar na miste­riosa habilidade de Cecil de estar em dois lugares ao mesmo tempo. Contudo não havia como negar o tempe­ramento terrível do Cavaleiro Vermelho.

Quando finalmente o viu, na hora do jantar, talvez esperasse encontrá-lo arreganhando os dentes ou rugindo como um animal. Porém descobriu-o protegido pelas som­bras; como sempre. Sem saber qual atitude tomar, Dulce sentou-se, achando difícil reconciliar afigura imóvel com a criatura descontrolada da noite anterior. Christopher Montmorency era um homem de muitas faces, um homem a quem muito pouco conhecia.

- Minha lady - ele cumprimentou-a, no tom seco que lhe era habitual.

- Como você está se sentindo hoje, meu lorde?

- Estou bem.

- Pensei que você tivesse se ferido ontem - Dulce falou devagar. - Está realmente se sentindo bem?

- A não ser pela dor de cabeça que me manteve preso à cama durante toda a manhã, sinto-me ótimo.

Embora percebesse que o marido falava a verdade, o sarcasmo da voz masculina não lhe passou despercebido.

- Fico feliz em saber.

-É mesmo? - Montmorency indagou como se não acreditasse numa só palavra.

- Sim. Vê-lo bem me dá muita alegria. Fiquei preo­cupada. - Ela baixou os olhos, desconcertada. Embora tivesse certeza que naquela escuridão seria impossível enxergarem-se um ao outro, às vezes tinha a sensação inquietante de que o olhar de Christopher era capaz de desnu­dar-lhe a alma.

De repente, dentre todas as lembranças da noite an­terior, uma única visão ganhou importância. O momento em que o avistara brandindo a espada no ar. Alto, po­deroso, elegante. Um homem capaz de despertar o seu desejo como nenhum outro. Sem que conseguisse evitar, voltava a se imaginar sendo possuída sobre a terra úmida, sentindo-o mover-se nas suas entranhas. Apreensiva com o rumo dos pensamentos, bebericou o vinho, apesar de sua sede ser de coisas muito diferentes. Será que conti­nuava enfeitiçada?

- Sinto muito que você tenha presenciado minha... cena. Sou crescido o suficiente para não exceder na bebida como um adolescente inexperiente, mas acho que passei da conta ontem. - Christopher fez uma pausa como se fosse difícil prosseguir. Depois continuou como firmeza. - Ce­cil me contou que você estava determinada a vir ao meu auxílio, apesar do meu péssimo humor. Desculpe-me se a ofendi.

- Não, não precisa se desculpar - ela se apressou a responder, ansiosa para desfazer qualquer mal-entendi­do. O Cavaleiro Vermelho se desculpando? Aquele homem sempre acabava surpreendendo-a. - Só espero... - Ner­vosa, Dulce passou a língua pelos lábios e decidiu ir em frente. - Só espero que eu não tenha sido a causa da sua raiva... Sei que nós dois discutimos, mas eu odiaria pensar que... que você poderia ficar tão... tão furioso comigo.

Era a pura verdade. A ira do marido a assustara mais do que gostaria de admitir. Não suportaria se tamanha fúria fosse dirigida a ela, especialmente depois da noite que haviam partilhado. Talvez o interlúdio apaixonado não tivesse significado algum para Christopher, entretanto era uma das mais doces lembranças que guardava junto ao coração. Uma lembrança querida do Cavaleiro Vermelho.

Christopher permaneceu em silêncio durante alguns segun­dos, uma tensão palpável emanando da figura imóvel.

- Não - murmurou afinal. - Não foi culpa sua... É melhor esquecermos o incidente. Agora me fale sobre o seu dia.

Dulce fez o que lhe foi pedido e enquanto conversa­vam, conseguiu relaxar. Os homens ficam fora de si quan­do bebem e portanto deveriam ser perdoados. Vira seus irmãos, bêbados, cometerem desatinos também. Porém nada se comparava à fúria do Cavaleiro Vermelho. Pelo menos serviria para fazê-la pensar que seu marido era capaz de emoções muito mais fortes do que demonstrara até o momento.

De repente um pensamento lhe ocorreu. Se este homem podia odiar com tanta intensidade, o que dizer dos outros sentimentos? Amor, por exemplo? Poderia o Cavaleiro Vermelho amar uma mulher com igual ardor? Trêmula, Dulce tentou imaginar como seria ser amada por seu marido, não apenas abraçada e acariciada, mas amada no sentido mais profundo do termo, de corpo e alma..A força de tal paixão devia ser algo assustador...

Irritada consigo mesma por alimentar tantas tolices, ela tomou o resto do vinho e colocou o cálice sobre a mesa. Nunca em sua vida procurara a afeição de quem quer que fosse, nem mesmo de seu pai. Se pretendia conquistar o coração deste cavaleiro, gigantesco e miste­rioso, devia estar louca... ou enfeitiçada. Além de tudo, demonstrações de afeto de qualquer tipo sempre a fizeram sentir desconfortável. Por que, então, ansiar pelas aten­ções de um homem perigoso como o barão?

- Gosto de seu perfume - Christopher falou de repente. ­Almíscar, não é?

- Sim - ela respondeu corando. - Também gosto do seu cheiro. - Percebendo que fora muito longe no comentário, Dulce desejou voltar atrás. Mas seu marido não riu.

- Obrigado. - A voz de Christopher soou baixa e rouca, fazendo-a estremecer. Talvez Montmorency fosse mesmo um animal selvagem ou uma criatura das trevas. Porém não conseguia se esquecer de como ele a beijara e aca­riciara naquela noite mágica e de como continuava a desejá-lo.

- Você poderia cantar para mim hoje?

- Sim, claro. - Dulce levantou-se e escolheu as baladas preferidas do marido para cantar.

Ao terminar, só conseguia pensar em como as palavras de amor pareciam potentes e reais no silêncio e na pe­numbra daqueles aposentos.

- Lindo - Christopher murmurou. - Você canta como um anjo, Dulce minha flor.

Atordoada com o cumprimento, ela não sabia como reagir. Queria poder colocar em palavras as emoções que a sacudiam por dentro.

- Obrigada - falou afinal.

- Já está tarde. Você pode ir agora.

Depois do elogio carinhoso, ser dispensada tão fria­mente pegou-a de surpresa. Será que algum dia poderia compreender o Cavaleiro Vermelho? Tremendo da cabeça aos pés, decidiu que não queria deixá-lo.

- Espere - ela falou num impulso. Estendendo o braço, procurou a mão do marido, o contato de suas peles deixando-a arrepiada.

- Sim?           .

- Eu queria saber... Você virá ao meu encontro esta noite, meu lorde? - Com, o rosto em chamas, Dulce aguardou a resposta. E se ele se recusasse, ou debochasse dela, ou ficasse furioso...? Oh, Deus, não saberia o que fazer.

Um silêncio pesado caiu sobre o quarto.

- Você quer a minha companhia? - Christopher indagou afinal.

- Sim, quero.

Com um gemido rouco, Montmorency levantou-se e cru­zou o espaço que os separava com uma única passada. Então pegou-a no colo como se segurasse unia pluma.

- Pois então você a terá.

Enlaçando-o pelo pescoço, Dulce sentiu os lábios mas­culinos fecharem-se sobre os seus com sofreguidão. Abra­çando-a forte, Christopher depositou-a sobre a enorme cama de casal e fechou as cortinas com uma das mãos enquanto a outra procurava livrá-la das roupas com impaciência.

Dentro da escuridão total, Dulce nada podia enxer­gar. Podia apenas acomodar-se sob o peso do corpo viril e aceitar a língua que procurava a sua avidamente.

Ali estava a felicidade...

Christopher fechou os olhos e sentiu a dor diminuir um pouco enquanto o desejo superava qualquer desconforto físico. Em questão de segundos nada mais importava a não ser a mulher em seus braços e o calor que se espalhava por suas virilhas enlouquecendo-o. Dulce era tão pequeni­na, tão delicada, que precisava ter cuidado e ir devagar. Fora o que fizera naquela primeira noite, embora tivesse sido difícil conter a paixão, mas hoje...

Hoje Christopher a queria mais do que qualquer outra coisa que jamais quisera na vida. Queria se enterrar dentro dela até que nada mais existisse no mundo, exceto Dulce e sua doce feminilidade. Por um longo instante ele permaneceu imóvel, os lábios pousados no pescoço branco e macio.

- Você ainda quer minhas atenções?

- Sim - ela sussurrou ofegante. - Sim. Eu desejei você ontem à noite... e anteontem também, quando des­cobri que estava sozinha em meu quarto. E desejei você hoje, aqui, diante da lareira, sobre o tapete, de qualquer maneira...

A única resposta de Christopher foi um gemido de prazer ao se atirar sobre a mulher com uma paixão que beirava ao desespero, uma paixão que se igualava em intensidade à fúria provocada pela bebida. Ah, sim, Dulce pensou inebriada, tudo em Christopher Montmorency, quando fluía li­vremente, era maior do que a própria vida. Tanto a paixão quanto o ódio.

Quando ele rasgou seu vestido, na ânsia de possuí-la, Dulce hesitou alguns segundos, assustada com o ímpeto do marido. Mas depois, como se desabrochando sob o toque sensual, entregou-se num total abandono, correspondendo às carícias com a mesma ousadia. Nunca pen­sara que seria capaz de arrancar a túnica de Christopher, mor­der a carne firme ou segurar o membro pulsante nas mãos enquanto o ouvia murmurar o seu nome vezes sem conta. Nunca imaginara que perderia o controle e gritaria e gritaria o seu prazer para o infinito... como uma mulher enfeitiçada.

- Por que o chamam de Cavaleiro Vermelho? - Dulce indagou baixinho, enroscada ao lado do marido na enorme cama de casal, o corpo e a mente saciados depois de haverem feito amor com selvageria.

Christopher suspirou fundo e por um momento ela achou que sua pergunta ficaria sem resposta. Mas então ele decidiu falar, a voz baixa embAfonsodo-a dentro da escuridão.

- Foi há muito tempo atrás, quando lutei pela pri­meira vez ao lado de Edward nas Cruzadas. Devido a um sério incidente, fiquei coberto de sangue da cabeça aos pés, mais até do que é natural numa grande batalha. Embora pouco daquele sangue fosse o meu próprio, os inimigos ficaram impressionados como é que eu po­dia continuar lutando estando gravemente ferido e pas­saram a me chamar de o Sangrento ou de Cavaleiro Vermelho. Assim começaram os rumores sobre feitiça­ria também. Diziam que somente um mestre da magia negra poderia sobreviver a ferimentos tão sérios. Claro que Edward achou a situação toda muita divertida e resolveu me chamar de Cavaleiro Vermelho. No que foi imitado por todos.

- E você continuou lutando, sua reputação crescendo.

- Sim. - Christopher acariciou os cabelos da esposa com tanta delicadeza, que ela se aconchegou ainda mais ao peito forte. - Hoje percebo que não foi uma atitude sau­dável. Uma reputação construída sobre a crença da imor­talidade serve apenas para que outros decidam desafiá-lo.

- Quer dizer que muitos tentaram matá-lo?

- Sim, muitos tentaram me matar.

- Mas você continuou lutando até...

- Até que Edward me deu Dunmurrow - ele res­pondeu depois de uma breve hesitação.

Dulce esperou que o marido continuasse, porém Pires permaneceu em silêncio, alisando os cabelos lou­ros e macios.

- Então você veio para cá e se trancou, deixando o mundo do lado de fora.

- Aparentemente as fechaduras não eram fortes o suficiente - Montmorency murmurou, deslizando as mãos pelas pernas bem torneadas da mulher -, porque uma donzela linda e pequenina, a quem o Cavaleiro Ver­melho não metia o menor medo, entrou dentro do meu castelo e me tomou por marido.

Gentilmente, Christopher segurou um dos pés da esposa nas mãos.

- Seus pés são tão pequenos e delicados, minha que­rida. - Ele beijou-a perto dos dedos.

Dulce riu. Satisfeito com a reação feminina, Mont­morency passou a acariciar a sola do pé em movimentos lentos e firmes. Ela ria descontroladamente enquanto tentava se desvencilhar dos braços que a prendiam.

- Pare! Pare! O que você está fazendo?

- Estou lhe fazendo cócegas, esposa - Christopher respon­deu surpreso. - Nunca ninguém lhe fez cócegas antes?

-Não.

- Seus irmãos não costumavam lhe fazer cócegas?

- Não. Nunca fomos muito íntimos - ela falou bai­xinho, tentando encontrar palavras capazes de explicar o relacionamento distante que sempre mantivera com a família. - Claro que eu os amava... - Só que eles jamais brincavam comigo, ou me faziam rir, ou me abraçavam... - Os dois eram bem mais velhos do que eu e ocupados demais com suas tarefas para darem importância a essas bobagens.

- Pois se eu tivesse uma irmã como você, tão bela e inteligente, aposto que a teria mimado terrivelmente.

Dulce sentiu um aperto no coração ao pensar que chegara a planejar a anulação de seu casamento sob a alegação de um parentesco entre ela e o marido.

- Fico feliz que você não seja meu irmão.

- Concordo plenamente. Não seria normal sentir esse desejo pela irmã. - Ele beijou-a no pescoço e acariciou os seios firmes com reverência. - Jamais experimentei um desejo assim, essa vontade incontrolável de possuí-la outra vez, outra vez e outra vez... Não tenho dúvidas de que você me enfeitiçou, esposa.

- Por favor, não brinque com essas coisas! - Antes que Dulce tivesse tempo de falar sobre as suspeitas que a atormentavam, envolvendo a escuridão constante dos aposentos principais e o comportamento misterioso de Cecil, os lábios de Christopher fecharam-se sobre os seus com avidez, a língua ardente explorando, sugando, lam­bendo...

Ao sentir seus seios de encontro ao peito largo, Dulce gemeu baixinho e abriu as pernas para receber o membro ereto e pulsante.

A cada nova investida, ela implorava por mais e mais... ansiando pelo alívio daquela pressão entre as coxas.

Quando pensou que já não conseguiria suportar tanto prazer, Christopher deslizou a mão entre os corpos de ambos e começou a massagear o ponto escondido da sua femi­nilidade num ritmo crescente. Enlouquecida de paixão, Dulce atirou a cabeça para trás e gritou alto, enterrando as unhas nas costas do marido enquanto espasmos vio­lentos a sacudiam de alto a baixo.

Christopher continuou as investidas, mais depressa e com mais força, até fazê-la atingir o orgasmo outra vez. Só então ele chegou ao clímax, o corpo musculoso estreme­cendo, a voz rouca cortando o silêncio do quarto numa doce agonia.

- Ah, querida, que amante selvagem você é. Quem teria suspeitado que minha castelã, tão delicada, e dedi­cada, pudesse ser passional assim?

Dulce abraçou-o com força, experimentando uma onda de sentimentos que jamais se julgara capaz de sen­tir. Tudo seria perfeito se não fosse pela confusão e es­tranheza que volta e meia a atormentavam. E essa in­quietação só desaparecia por completo quando as mãos do marido a tocavam...

- Christopher... - ela começou um tanto vacilante, ainda atordoada depois dos momentos de intensa paixão. ­- Os rumores sobre você ser um feiticeiro são mesmo in­fundados?

Imediatamente ele ficou tenso, como se percebesse alguma coisa escondida atrás daquelas palavras ino­fensivas.

- Por quê? Você quer que eu a enfeitice? Que lance um encantamento? Que prepare poções mágicas?

- Não, não é isso. É que eu... É que me sinto como se tivesse sido enfeitiçada!

Montmorency atirou a cabeça para trás e riu com von­tade.

- Pelo amor de Deus, mulher. Pensei que você se recusasse a acreditar neste amontoado de bobagens!

- Claro que não acredito! - Dulce protestou com veemência, corando até a raiz dos cabelos. - Eu apenas imaginei... - Numa demonstração de coragem, resolveu abordar aquilo que a incomodava. - O que me diz de Cecil, então? Ou você não sabe que o homem pode estar em dois lugares ao mesmo tempo?

Christopher continuou a rir, desta vez ainda mais alto, até que Dulce, irritada com o comportamento inexplicável do marido, interveio.

- Não consegui entender qual é a graça - falou de mau humor, tentando afastar-se.

- Cecil! - Christopher chamou em voz alta, parecendo se divertir enormemente. Antes que o criado chegasse, ela cobriu a ambos com o lençol, mesmo sabendo que naquela escuridão seria impossível se tornarem visíveis. Porém não ficaria surpresa se os poderes de Cecil incluíssem a visão noturna, assim como os gatos que são capazes de enxergarem na mais total escuridão.

- Sim, meu lorde - o criado respondeu.

Oh, Deus, será que o homem estivera escutando a con­versa atrás da porta?

- Vá buscar seu irmão.

- Sim, meu lorde.

- Ponha seu vestido agora, esposa. Assim estará pron­ta, e decente, para receber meus servos.

Irritada com as risadinhas do marido, Dulce levan­tou-se depressa e começou a procurar as roupas espa­lhadas pelo chão. Não era tarefa fácil, devido à total falta de iluminação. Impaciente, acabou se esquecendo da presença dos cães. Mas Christopher não.

- Castor! Pollux! afastem-se - ele ordenou quando os animais começaram a rosnar ameaçadoramente. No mesmo instante as feras obedeceram e foram-se deitar no lado oposto do quarto.

Quando Cecil retornou, Dulce já estava vestida e sentada à mesa, aguardando-o.

- Fique de pé junto à lareira - Christopher mandou, sem sair da cama.

Surpresa, Dulce observou que dois homens se mo­viam ao mesmo tempo. Ambos eram baixos, de meia-ida­de, cabelos castanhos, rostos sérios e bastante parecidos. Aliás, muito mais do que isso. Idênticos, seria melhor.

- Digam à minha lady o nome de vocês.

- Cecil - os dois responderam juntos.

- Vocês são gêmeos - ela murmurou atônita.

- Sim, minha lady - um deles respondeu. O outro balançou a cabeça concordando.

- Mas e seus nomes? - Dulce insistiu confusa.

- Nossa mãe dizia que só havia escolhido um nome masculino quando ficara grávida, portanto teria que ser­vir a nós dois - um dos criados explicou.

- Podem sair agora, ambos - Christopher falou, e Dulce suspirou aliviada. Como pudera ser tão tola a ponto de se deixar influenciar pelas histórias absurdas de Alice? Não era à toa que Montmorency se rira às suas custas.

- Volte para minha cama, esposa.

A voz rouca do marido tinha o poder de deixá-la ar­repiada da cabeça aos pés. A única coisa que a angustiava era que ele não passava de uma voz sem Corpo, uma voz dentro da escuridão, além do alcance da luz do fogo, uma forma escondida pelas sombras, um enigma... seu cava­leiro da noite.

- Mas eu... eu acabei de me vestir - ela murmurou, os seios arfando, a respiração ofegante. Oh, Deus, quem era este homem de fato? Como ele conseguira dominá-la tanto, a ..ponto de deixá-la quase sem vontade própria?

- Venha para minha cama e não tenha medo. Não vou possuí-la de novo esta noite, minha pobre esposa. Você está muito dolorida?

Com o rosto em chamas, Dulce concordou com um breve aceno de cabeça. Porém, por mais que sua mente tentasse encontrar desculpas que a fizessem desejar voltar para seu quarto, cheio de velas e claridade, seu coração queria apenas fazê-la voltar para os braços do marido, mesmo que isso significasse uma opção pelas sombras.

- Não, não estou dolorida.

- Então venha.

Atraída irresistivelmente pelo som daquela voz, Dulce caminhou até a cama protegida pela escuridão. Em­bora não fizesse mais um movimento sequer, sentiu a mão de Christopher se fechar ao redor de seu pulso e puxá-la com firmeza. Ao perceber o que o marido tinha em mente, tentou se afastar, ou pelo menos, obrigá-lo a parar.

- Christopher, não! - ela gritou. Porém suas palavras não tiveram o menor efeito. Decidido, Montmorency livrou-a das sapatilhas e começou a lhe fazer cócegas sem piedade. - Por favor! Por favor, pare! - Longos segundos se passaram antes que seu pedido fosse atendido. - Por que você me tortura tanto, seu malvado?

- Porque gosto de ouvi-la rir. Seu riso é cristalino como a água de um riacho. - Ainda ofegante e inspirando o ar aos borbotões, Dulce sentia-se muito fraca para protestar quando Christopher tirou seu vestido num movimento rápido e preciso. Aos sentir as mãos fortes de encontro à sua pele nua, ela ficou arrepiada, cada centímetro do corpo pulsando de vida e desejo.

- Por que você gosta de me ouvir rir?

- Porque seu riso me alivia, me conforta, me dá paz - Montmorency respondeu, aconchegando-a de encontro ao corpo. Respeitando a palavra empenhada, ele não ten­tou possuí-la outra vez. Simplesmente a manteve bem apertada de encontro ao peito, os braços musculosos como um ninho quente e protetor. Sem entender bem por que, Dulce experimentou uma felicidade tão grande que de­sejou ficar ali para sempre. Em silêncio, imóvel, apenas sentindo a presença do marido como uma extensão de seu próprio corpo.

- Você me reconforta, Dulce - Christopher falou baixinho, abraçando-a com tanta força que por um momento ela achou que não conseguia nem respirar.

 



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Autor(a): nathyneves

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 60



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  • stellabarcelos Postado em 27/10/2015 - 02:17:36

    Muito perfeita! Foi lindo! Amei

  • JokittaVondy Postado em 14/07/2014 - 18:29:06

    PERFEITA <3 Amei o final

  • sophiedvondy Postado em 21/09/2013 - 22:50:29

    embora seja pequena é perfeita, linda parabéns <3 quem gosta de fic? leiam a minha pfvrr http://fanfics.com.br/fanfic/27130/sumemertime-adaptada-vondy-vondy

  • larivondy Postado em 24/06/2013 - 13:17:00

    ameeei, linda a história *-*

  • claudia_miranda Postado em 15/03/2013 - 17:50:50

    li a sua web e amei parabens perfeita..

  • claudia_miranda Postado em 15/03/2013 - 17:50:50

    li a sua web e amei parabens perfeita..

  • claudia_miranda Postado em 15/03/2013 - 17:50:50

    li a sua web e amei parabens perfeita..

  • claudia_miranda Postado em 15/03/2013 - 17:50:49

    li a sua web e amei parabens perfeita..

  • claudia_miranda Postado em 15/03/2013 - 17:50:49

    li a sua web e amei parabens perfeita..

  • eduardooliveira Postado em 27/10/2011 - 20:06:44

    Para quem é vondy e tem orkut, vá nessa fanfic: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=118052479 ,se gostar,comente! =)


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