Fanfic: Antes Mal Acompanhada Que Solteira

Nesse meio tempo, Raphael está a toda com algum bailarino da Tchecoslováquia que conheceu em um bar daqueles em que todo mundo só usa roupa de couro em Jersey City. Brenda está ocupada com os preparativos do casamento, Latisha anda de mau humor por causa da onda de derrotas dos Yankees e Yvonne usa cada momento livre que tem para mostrar a cidade a Thor.

Com tudo isso, onde eu fico?

Acabei de voltar de um fim de semana em Brookside e estou obcecada com a idéia de que terroristas vão explodir uma ponte comigo em cima.

Em um impulso, pego meu Palm Pilot e procuro o telefone de Alfonso. Disco antes de ser capaz de me deter. Enquanto toca, fico pensando que devia desligar, e então penso que ele provavelmente não está em casa e, se não estiver, não vou deixar recado, porque, pensando melhor, parece que não é mesmo uma idéia muito boa...

-Alô?

- Alfonso?

- Anahí!

Ele parece felicíssimo.

Agora eu estou felicíssima. É legal ser assim tão bem recebida, mesmo que seja só pelo telefone.

- Nossa, você retornou minha ligação. Duvidei seriamente que retornaria.

- Por que não retornaria? Você, hum, pediu para eu ligar. Ele faz uma imitação certeira da minha mãe, a quem, é claro, nunca foi apresentado:

- Se eu mandasse você pular de uma ponte, você também pularia?

Ele não faz idéia de como esse comentário em particular tem relevância, e eu é que não vou dizer a ele; então, também forço uma risada.

Então ele me pergunta sobre o fim de semana do feriado e me conta do dele: foi para a casa da mãe em Long Island para um churrasco em família e passou o dia em Jones Beach. Parece que o dia aqui na parte leste do estado estava lindo e ensolarado.

- Que sorte a sua, passou o dia na praia enquanto eu estava no ônibus - digo.

- Que nada, a praia estava cheia de gente esquisita - diz ele.

- Gente esquisita? Tipo gente de circo?

- Tipo você nunca viu uma reunião em massa de fracassados completos e totais como aquela. - Ele começa a fazer uma descrição hilária das pessoas que também estavam na praia, imitando sotaques e reproduzindo diálogos. Ele me fez rir tanto que estou forçando meus músculos abdominais recém-desenvolvidos.

- Eu não dou tanta risada desde o primeiro filme do Austin Powers. Você devia escrever comédia, Alfonso, não textos de orelhas de livro e folhetos institucionais - digo a ele, quando finalmente consigo recuperar o fôlego.

- Ah, é? Não diga isso até ler meus folhetos institucionais. Você vai morrer de rir.

Dou mais risada.

- Então, quer sair comigo para tomar uns drinques ou o quê? - pergunta ele, do nada.

Antes que eu tenha oportunidade de responder, ele completa, mais uma vez:

- Vai ser platônico.

- Droga! E eu que queria marcar um encontro com você, Alfonso.

- Eu sou gostosinho - diz ele. - Mas você, minha garotinha, tem um gostosinho só seu.

- Eu sei. - Solto um suspiro exagerado. - Vou tentar ficar com as mãos longe de você.

- Mas como estamos atrevidos!

Combinamos de nos encontrar para tomar drinques bem geladinhos com rum em um restaurante perto da casa dele na quarta-feira à noite, depois do trabalho. Ele sugere a hora e o lugar, e fico feliz por não ser algum lugar em que já estive com Will.