Fanfic: Antes Mal Acompanhada Que Solteira

- Já volto - digo aos outros, e pego minha bolsa.

Começo a abrir caminho às cegas na direção do canto mais distante do fundo do restaurante, indo instintivamente na direção do banheiro.

Por favor, permita que haja um telefone público aqui. Por favor.

Há.

Por favor, permita que eu tenha uma moeda de 25 centavos. Moedas. Vou precisar de muitas moedas. Por favor.

Felizmente, não eliminei por completo o que existe em excesso na minha vida. O fundo da minha bolsa está cheio de moedas. Não é à toa que meu ombro está sempre doendo, penso distraída, enquanto separo o punhado de prata e cobre, enfio uma moeda de 25 centavos na abertura e digito os números.

Pesco uma caneta e uma embalagem perdida de chiclete de canela Big Red das profundezas da minha bolsa e rabisco o número da Valley Playhouse.

Então, depois de colocar mais moedas, discar e colocar ainda mais moedas, o telefone começa a tocar no meu ouvido.

Apóio-me na parede, contente porque o corredorzinho na frente do banheiro está vazio neste momento. Há uma porta de vaivém que separa a área da jukebox a todo volume e as vozes embriagadas do bar.

Estou um caco.

A mão que segura o fone contra minha orelha treme loucamente, e meu coração continua disparado. Sinto que não consigo tomar fôlego.

Não é só a bebida, nem a falta de comida (apesar de eu ter certeza que isso não está ajudando a situação em nada).

É algo mais. Estou aterrorizada.

Será que estou tendo um ataque cardíaco?

Sinto um aperto no peito.

Ai, meu Deus.

Será que já estava lá antes de eu pensar no ataque cardíaco?

Não tenho certeza.

Estou tão concentrada em analisar meus sintomas físicos e a crescente velocidade dos meus batimentos cardíacos que esqueço o que exatamente estou fazendo aqui, até que ouço um clique e uma voz masculina diz:

- Valley Playhouse, Edward na linha.

Chegou a hora de gaguejar.

- Eu... hum, estava aqui pensando... é da... hum, é da Valley Playhouse? - finalmente despejo, como uma inútil. Sou uma idiota completa, mas não posso fazer nada.

- É, é sim. - Edward é paciente.

Incentivada, consigo pedir o telefone da casa do elenco. Em vez de falar logo, Edward diz:

- Percebo. E a senhora está tentando entrar em contato com um dos integrantes do nosso elenco?

Agora, quem é o idiota? Por que outra razão eu estaria pedindo o número?

- É, estou sim - digo a ele, e pergunto por Will.

Como é que minha voz pode parecer tão calma se estou histérica por dentro?

- É alguma emergência? Sim, é uma emergência. Preciso de Will.

Preciso dele desesperadamente.

Estou tendo um ataque cardíaco e preciso falar com ele antes de morrer.

- É sim - respondo à beira da histeria, rezando para que Edward não perceba que estou fingindo a urgência na voz.

- Por favor, aguarde - diz ele prontamente. E eu tento.

Tento de verdade.

Tento aguardar.

Mas estou desmoronando.

Um cigarro vai me ajudar.

Abra a bolsa.

Encontre o maço.

Bom.

Encontre o isqueiro.

Nada de isqueiro.

Droga.

Encontre fósforos.

Acenda o cigarro.

Trague fundo.

Não ajuda.