Fanfic: Antes Mal Acompanhada Que Solteira

- Anahí?

- Anahí...

- Anahí!

- Mmm?

- Anahí, está tudo bem?

Volto a mim devagar, fazendo uma careta por causa da dor de simplesmente ter recobrado a consciência. Minha cabeça está me matando. Minha garganta está me matando. Abro os olhos em um clarão de sol direto. Meus olhos estão me matando. E...

E não tem sol direto no meu apartamento. Fecho os olhos rápido, mas continuam doendo. Onde estou?

- Anahí?

Quem é essa pessoa?

Faço força para abrir os olhos de novo.

Viro para o lado.

E engulo em seco.

- Oi - diz Alfonso, olhando de cima para mim. - Tudo bem com você?

Alfonso?!

O que ele está fazendo aqui?

Espere...

Este não é o meu apartamento.

O Sol.

Deve ser o apartamento de Alfonso.

O que estou fazendo aqui?

- Trouxe você comigo para casa ontem à noite - diz ele, como se tivesse lido minha mente.

Ai, Senhor. A noite passada.

A última coisa de que me lembro é...

Drinques frozen.

Muitos drinques frozen.

Muitos drinques frozen fortes.

Será que eu fui para a cama com Alfonso?

Fico completamente mortificada.

Fecho os olhos e viro o rosto para o outro lado. O movimento me deixa enjoada. Tento lutar contra a náusea, mas a onda já está me dando ânsia de vômito. Sento, já quase colocando tudo para fora.

Alfonso enfia um balde embaixo da minha cara.

Dou tossidas secas por cima dele.

Vejo que não está vazio.

Alguém já vomitou ali dentro.

Por que Alfonso...

Ah.

Esse alguém provavelmente fui eu.

Afundo-me nos travesseiros, de tanta vergonha e exaustão.

Alfonso volta a pousar o balde no chão.

- Eu diria que o vômito que existe dentro de você acabou, e já estava na hora.

Estranhamente, não há nada de nojento no comentário. Ele fala de maneira seca, porém gentil. Arrisco um olhar para ele, e seus olhos carregam simpatia quando olham para mim.

- O que aconteceu? - consigo perguntar, em um resmungo.

- Ontem à noite? Você não lembra?

Tento sacudir a cabeça, mas uma dor lancinante toma conta de mim ao menor movimento. Respiro fundo e sinto um cheiro ruim. Sou eu.

Eu sou o cheiro ruim. Eu quero morrer.

- Você bebeu demais. Vomitou no banheiro. A Sonja por acaso foi lá e viu o gerente tentando ajudar você, e ela foi me chamar.

Sonja? Quem diabos é...?

Ah.

Sonja.

- Trouxe você para cá porque achei que não devia ficar sozinha.

Não.

Eu nunca devia ficar sozinha. Nunca.

Sinto um caroço na garganta, e desta vez não é uma tosse seca.

- Obrigada - consigo dizer a Alfonso. - Você está sendo muito legal comigo.

- Tudo bem. - O cabelo dele está todo desgrenhado, e ele está usando camiseta e samba-canção. O tipo de samba-canção que é mais pijama que cueca. Mas, ainda assim...