Fanfic: Antes Mal Acompanhada Que Solteira

Vejo que estou deitada em uma cama, e que, obviamente, só tem um quarto neste apartamento, e que esta é a única cama. Na verdade, é um futon. Não tem cama separada, nem sofá. Não tem lugar para outra pessoa dormir.

O que significa...

- Sinto muito por ter expulsado você da sua cama - digo a Alfonso.

- Não expulsou. Fico confusa.

Então não fico assim tão confusa.

Fico horrorizada.

Ele sorri.

- Eu não conto para ninguém se você não contar - diz ele em um sussurro sorrateiro, inclinando-se na minha direção.

- Ai, meu Deus - digo. - Nós, por acaso...

Ele faz que sim com a cabeça.

- As primeiras vezes não foram muito boas, mas encontramos nosso ritmo.

- Ah... - Sinto lágrimas enchendo meus olhos. Estou mortificada.

- Anahí, relaxe. - O sorriso dele sumiu. Ele se senta ao meu lado. Agora o rosto dele está mesmo muito próximo do meu. - Só estou brincando. Você acha mesmo que eu me aproveitaria de você, no estado em que se encontrava?

- Não aconteceu nada? -Muito obrigada, meu Deus.

- Não aconteceu nada. Eu só dormi na cama porque a outra opção era o chão, e ando tendo problemas com baratas... mas acabaram de dedetizar de novo - completa ele, rápido. - E não é que eu seja o maior porco... todos os apartamentos de Nova York têm baratas.

- Eu sei...

- Bom, mas eu tinha prometido a você que não aconteceria nada quando falamos ao telefone na outra noite, não foi? Nosso caso é estritamente platônico. Está lembrada?

- Estou.

É, e acabei de me lembrar de uma outra coisa. Algo que ele disse trouxe a lembrança à tona. O telefone.

- Alfonso... você sabe se eu liguei para alguém ontem à noite? Antes de eu vomitar no bar?

Ele dá de ombros.

- Ah, não. - As lembranças estão voltando. - Acho que cometi um erro enorme.

- Deixe-me adivinhar. Fez uma ligação bêbada e cheia de choradeira para o seu namorado?

Faço que sim com a cabeça.

- Como é que você...?

- Já tive relacionamentos. Já recebi ligações bêbadas e cheias de choradeira. Também já fiz algumas - reconhece ele, sem nem um pingo de humor na voz. - É um saco.

- Receber a ligação ou fazer?

- Os dois. - Ele é tão sincero, dando tapinhas no meu ombro... - Mas você vai superar, Anahí. E ele também.

- Isso é fácil de dizer. Mas ele está longe. Até parece que a gente vai poder dar jeito hoje. A gente só vai se ver... Só Deus sabe daqui a quanto tempo. Então, não sei como vamos poder superar e seguir em frente com tanta facilidade.

- É só um telefonema, Anahí. Não fique se condenando.

- Vou tentar - digo, porque é o que ele espera de mim.

Mas não foi só um telefonema.

Tinha algo errado comigo.

Além da bebida.