Fanfic: Antes Mal Acompanhada Que Solteira

Will não liga na quinta-feira à noite. Will não liga na sexta-feira à noite. Will liga no sábado de manhã, quando estou na porta, pronta para sair.

- Alô? - digo, sem fôlego, agarrando o fone.

- Anahí? Sou eu. Meu coração pára.

-Will?

- Está com pressa?

- Não...

- Ah. Porque, quando você atendeu, parecia que estava correndo.

- É só que... daqui a alguns minutos, vou sair para o casamento da Brenda.

Silêncio.

Imagino o rosto dele, vazio, tentando se lembrar quem é Brenda.

- Minha amiga do trabalho.

- Ah, certo. Aquele casamento a que você vai levar o Raphael.

- O casamento ao qual eu devia levar o Raphael - digo, estupefata por estarmos envolvidos em uma conversa de tantas amenidades, levando em conta as circunstâncias. - Mas ele me deu o cano. O bailarino tcheco já virou história...

- Hã?

- Eu não falei sobre ele? Ele gostava de S&M, que não é a do Raphael, e, bom, agora ele está saindo com um cara novo, Wade, que o convidou para passar o fim de semana na casa de praia dele em Quogue, e sabe como o Raphael é. Ele tinha se esquecido completamente do casamento, até eu ligar ontem de manhã para lembrá-lo. Pediu muitíssimas desculpas.

- Mas, mesmo assim, deu o cano em você - diz Will. - É a cara do Raphael. Então, você vai ao casamento sozinha?

- Para falar a verdade, não.

- Ah. - Uma pausa. E eu gostei.

Apesar de tudo, sinto prazer em saber que ele está pensando muito. Está tentando se lembrar de algum outro amigo gay que eu possa levar. Talvez até esteja com ciúme, imaginando se arrumei algum cara.

- Não vai sozinha? Quem vai com você? - pergunta ele.

- Alfonso. É um amigo meu. A gente se conheceu na festa do Raphael. Eu já falei dele para você. Está lembrado?

- Não, mas... - Ele não parece preocupado. Nem com ciúme. - Bom, se você está com pressa...

Dou uma olhada no relógio. Estou com pressa, sim. O casamento começa daqui a uma hora e meia e preciso me encontrar com Alfonso e ir até Jersey.

Mas Will finalmente está ao telefone, e não vou deixar que fuja desta vez.

- Tenho um minuto para conversar - digo a ele, levando o telefone até o armário e procurando os sapatos que vou calçar.

- Olhe, Annie, desculpe por ter precisado desligar naquele dia. Mas eu tinha de voltar para o palco...

- Eu compreendo...

- E eu achei que você estava bêbada. Se não estava, peço desculpa.

- Tudo bem.

- Então, você não estava bêbada?

Adoraria dizer a ele que não estava. Mas algo me diz que mentir não vai melhorar a situação. Porque isso aqui não é só sobre aquela noite. É algo maior. E uma coisa enorme.

- Eu tinha bebido um pouco, sim - reconheço, com cuidado, ao mesmo tempo em que acendo um cigarro e procuro um cinzeiro. - Mas eu liguei para você porque estava com um problema, e precisava de ajuda. Você era a única pessoa a quem eu podia recorrer.

- Que tipo de problema?

- Não sei... foi algum tipo de ataque. Parecia que eu não conseguia respirar...

Ele digere a informação.

- Está tudo bem agora?

- Está.