Fanfic: Antes Mal Acompanhada Que Solteira

Paro com o spray Aussie Scrunch no ar, pronto para atacar meu penteado.

- Ouviu? Como é que você soube disso?

- Eu falei com uma pessoa aí de Nova York.

-Ah.

Então, ele mantém contato com alguém da Eat Drink Or Be Married.

Isso me incomoda por um milhão de razões, sendo que a principal de todas é que ele, obviamente, não tem ligado para mim tanto quanto pôde. Não se teve tempo de bater papo com outra pessoa.

Certo, talvez eu esteja sendo irracional.

E talvez esteja imaginando coisas de novo...

Mas não consigo me segurar e pergunto:

- Quem?

- Quem... o quê?

-Com quem foi que você falou? Sobre mim - completo tentando ajudar, com cuidado para não deixar que a pressão que cresce dentro de mim transpareça na minha voz.

Afinal de contas, provavelmente é John, ou algum dos outros caras.

Mas não.

- Com Zoe - diz ele, e tenho certeza de que ouvi um tom de relutância em sua voz. - Ela disse que conheceu você.

Zoe.

Zoe, com seu corpo de Pamela Anderson e rosto de Catherine Zeta Jones. Certo.

- É, a gente se viu algumas vezes - digo a Will. - Eu não sabia que você era amigo dela.

- Claro. Sou amigo de muita gente lá.

Uh-hum. Will e Zoe são amigos como Bill e Monica eram amigos.

- Então, você anda ganhando um dinheirinho extra, hein?

- É, o pagamento é ótimo - respondo, com a cabeça em outro lugar.

Will foi para a cama com Zoe.

Eu sei.

Por que outra razão ele ligaria para ela de North Mannfield?

Por que outra razão ele não ligaria para mim com mais freqüência?

-Will...

- Você precisa sair, não é mesmo? - pergunta ele. - Tudo bem. Eu tenho de fazer uma prova de roupa. Vamos combinar para o fim de semana que vem. Certo?

- Certo.

- Vou arrumar um lugar para você ficar. Tem algumas pousadas perto do teatro. Os pais da Esme acabaram de vir e ficar em uma delas, e adoraram. Vou perguntar para ela sobre o lugar.

Esme de novo.

Esme.

Zoe.

Detesto as farpas de ciúme que atingem meu intestino, mas não posso fazer nada. Talvez, se Will estivesse aqui, comigo...

Ou talvez, se eu confiasse nele...

Mas não dá.

Por que não? Até parece que eu já o peguei me traindo. Nunca achei indício algum de que ele tenha me traído.

É só uma sensação que não posso ignorar.

- Então, eu ligo na terça ou na quarta para combinar - diz Will.

- Certo. Vou ver se consigo sair na sexta.

- Não, venha no sábado.

- Mas... vai ser só uma noite.

- Eu sei, mas sexta é a noite de estréia. Vai ser uma loucura para mim. As noites de estréia sempre são, e, desta vez, eu sou o protagonista. Venha no sábado. Bem cedinho.

O que posso fazer? Discutir? Não.

Não tenho nada a fazer além de concordar.

E desligar o telefone.