Fanfic: Antes Mal Acompanhada Que Solteira

Quando o ônibus pára em North Mannfield, Will está à minha espera exatamente onde disse que estaria: em um banco na frente da pequena lanchonete que faz às vezes de rodoviária.

Naturalmente, está fantástico.

Por outro lado, eu também.

Uso um vestidinho novo, curto e que emagrece. Preto, é claro. Experimentei em outras cores mais alegres, mas ainda não estou pronta para isso. Preto emagrece. E apesar de eu estar mais magra do que era (perdi mais quase um quilo nos últimos dois dias, graças a quase ter me matado de fome pela expectativa da viagem), ainda não estou tão magra quanto gostaria de estar. Não estou tão magra quanto Esme.

Como é que eu sei, se nunca a vi?

Pode acreditar. Eu sei.

Eu sei da mesma maneira que sei que é com ela que devo me preocupar. Não é o fato de Will ter mencionado o nome dela mais de uma ou duas vezes de passagem. Mas alguma coisa na maneira como ele mencionou o nome dela (ou talvez seja só o nome dela em si, Esme) ativou meu radar de namorada. Com certeza, vou ficar de olho nela.

Eu me esforço para me jogar nos braços de Will quando desço do ônibus.

- Ei, cadê o resto de você? - pergunta ele, me olhando de cima a baixo.

Eu sei que devia me sentir lisonjeada. Ele reparou na nova eu.

Mas é a maneira como ele diz.

Cadê o resto de você?

Eu sei que é um elogio, mas é levemente insultuoso à minha eu de antes do verão, que está à espreita, mais próxima do que eu desejo admitir. E me sinto como se a estivesse traindo quando sorrio e digo:

- Suei e deixei lá na cidade. Só Deus sabe que eu estava precisando diminuir a bagagem.

- Você está ótima, de verdade - diz ele, e agora está sendo simpático, e nem me encolho quando me abraça. Normalmente, a única coisa em que consigo pensar é que ele está apalpando as bolsas de gordura que se formam em volta das alças do meu sutiã. Mas, desta vez, permito a mim mesma saborear os braços dele em volta de mim.

O cheiro de Will é tão intenso que afundo a cabeça no pescoço dele e inspiro fundo, com vontade de guardar aroma de Will suficiente no meu nariz para levar um pouco comigo de volta a Nova York.

Ele ri.

- O que está fazendo?

- Estou cheirando você - respondo. - Sua colônia sempre tem um cheiro tão bom. E agora você também está com um cheiro diferente... tipo creme de coco ou algo assim.

- Protetor solar - diz ele.

Aí eu percebo que ele está bronzeado.

Will nunca toma sol. Diz que faz a pele enrugar, que vai deixá-lo com cara de velho antes do tempo e que assim não poderá ser escalado para papéis jovens.

- Você está bronzeado, Will - informo.

- Não é de verdade - diz ele, com um sorriso. - Na verdade, estou coberto de bloqueador FPS 45. Mas uma das garotas usa um autobronzeador, e ela tem passado em mim para eu ficar com um pouco de cor.

Um autobronzeador? Ela tem passado nele?

Imagino uma garota desconhecida passando creme em Will: não mulher, mas garota, como ele mesmo colocou de maneira tão meiga.