Fanfic: Antes Mal Acompanhada Que Solteira

GENTE EU NÃO ABANDONEI E NEM VOU ABANDONAR A WEB, EU APENAS NÃO TIVE COMO POSTAR, MUITA COISA DA FACUL PRA FAZER E PRA COMPLETAR O MEU PC TINHA DADO PAU, MAS AGORA TO DE VOLTA!

ESPERO Q GOSTEM DOS NOVOS POSTS

LÁ VAI

- Parece que alguém roubou umas letras - digo a Will.

- Hã?

- No quadro. Faltam um z e um p.

- Ah, é - resmunga ele, rabugento, e passa minha mala para o outro ombro.

Sinto necessidade de pedir desculpa por estar tão pesada.

Will sente necessidade de resmungar de novo. - Aqui parece bem tranqüilo - digo, ao nos aproximarmos da casa do elenco.

- É sempre assim no sábado. É o único dia de folga que temos. Todo mundo está por aí fazendo o que tem de fazer, lavando roupa, essas coisas.

- Não me diga que você vai ter de usar cuecas sujas durante uma semana porque eu estou aqui - brinco.

- Não, tem uma pessoa que vai lavar minhas roupas para mim.

- Tem um serviço de lavanderia por aqui? - Acho que a cidade não é tão tosca como eu tinha pensado. Eu não sabia que era possível pagar alguém para lavar suas roupas até me mudar para Nova York.

- Não, não é um serviço de lavanderia. Uma amiga do elenco disse que não se importaria de lavar as minhas coisas junto com as dela.

- Que boa amiga. - Imagino as cuecas de Will rodopiando alegremente em uma secadora quente com as calcinhas de renda de alguém... Talvez as calcinhas de renda da srta. Deixa Que Eu Passo Autobronzeador Em Você.

- Aquele é o teatro - diz Will, apontando para a construção de blocos de concreto que não é o galpão e que não parece um alojamento. - E ali é a casa do elenco.

Passamos por alguns canteiros de flores e subimos alguns degraus. A porta se abre em uma sala parecida com um lobby sem muita iluminação, que eu chamaria de bali de entrada se o lugar fosse mais aconchegante. Ali está o famoso telefone público e, ao lado dele, um quadro de avisos com várias mensagens pregadas.

- Este é o quadro de avisos - ressalta Will. Caramba, ainda bem que ele me disse, porque achei que era um bebedouro.

- Os integrantes do elenco deixam avisos uns para os outros aí - completa ele, sem necessidade alguma. - Como recados telefônicos e coisas assim.

Faço que sim com a cabeça.

Demora um segundo para eu absorver aquilo. Quando absorvo, já estamos na sala de recreação ao lado do lobby, e duas garotas com pouquíssima roupa erguem os olhos do sofá, onde estão fazendo os pés uma da outra.

- Oi, pessoal - diz Will.

As duas são flexíveis e usam tops de alcinha que revelam a barriga côncava e shorts do tamanho de calcinhas de biquínis. Estão bronzeadas, com uma cor rosada e cheias de sardinhas que não têm como ser falsas. Parece que eu sou a única fantasma branquela do lugar.

Lembrete mental: Conseguir um convite para a casa de praia de Kate. Cobrir-se de óleo e tomar sol até ficar dourada.

- Ei, Wills - diz a que tem cabelo preto liso e o nariz vermelho de sol, descascando um pouco.

Wills? Tenho de sorrir depois dessa. Da última vez que conferi, ele não era herdeiro do trono da Inglaterra.

O fato de o meu namorado ter adquirido um apelido real ridículo aqui não é tudo sobre o que eu preciso refletir.

Will disse que o quadro de avisos é onde deixam recados telefônicos um para o outro. O que significa que o telefone recebe chamadas.

Partindo do princípio que os privilégios telefônicos de Will não foram revogados antes de ele chegar, ele me enganou. Poderia muito bem receber telefonemas, o tempo todo. Simplesmente não queria receber.

Estou fumegando.

Mesmo assim, sinto-me orgulhosa em informar que consigo dar um oi cheio de confiança e alegria quando Wills me apresenta às princesas do pedicure (o nome delas me escapa, mas reparei bem que nenhuma das duas é Esme).

- Esta aqui é Anahí- informa Wills às duas.

Ele não completa com as palavras esperadas (pelo menos por mim) "minha namorada". Isso me deixa ainda mais chateada. Será que algum dia ele já falou de mim para alguém? Ou será que aqui é igual à Eat Drink Or Be Married, onde os colegas dele me tratam como se eu de repente tivesse me materializado de dentro de uma caverna qualquer para fazer a minha afirmação ridícula de que Will-tem-uma-namorada?

Perguntam para mim:

- Como estão as coisas em Nova York?

O que me acalma um pouco, porque pelo menos elas sabem de onde eu vim.

- Quentes - respondo.

- Aposto que sim. Não acredito que eu já fui trouxa de passar o verão lá- diz a garota que tem unhas azul-elétrico, em oposição aos pés vermelho-sangue da amiga.

- Ah, não é assim tão ruim - proclama a única trouxa do lugar, especificamente eu.

- Só sei que, no verão passado, em Nova York, eu estava usando sandália quando choveu, pisei em uma poça e, antes de me dar conta, já estava no hospital com alguma infecção nojenta por causa de uma bactéria - declara a Vermelho-sangue com um delicado dar de ombros.

Will dá um tapinha no ombro nu e dourado pelo sol dela e diz... Não "Onde estavam as suas galochas, mocinha?" mas:

- Não parece nada divertido. Ela assente.

- Foi um saco.

- Como eu disse, passar o verão na cidade é um saco - diz Azul-elétrico com uma risada.

- É, só trouxa mesmo para ficar lá - falo. Todo mundo olha para mim.

Ops, acho que saiu com mais sarcasmo do que era minha intenção. Eu queria mesmo que saísse em tom sarcástico, mas agora que chamei a atenção para mim, percebo que não estou começando com o pé direito (e sem pedicure, devo acrescentar) com as amigas de Will, então simplesmente dou de ombros, como se fosse piada, e prossigo, para livrar minha cara:

- Podem acreditar, no próximo verão, vou estar bem longe. Então, Will, quero conhecer o resto deste lugar.

Em outras palavras, ir para bem longe dessas duas que olham para mim como se estivessem imaginando por que Will simplesmente não me largou na lanchonete/rodoviária para começo de conversa.