Fanfic: Antes Mal Acompanhada Que Solteira

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Retomo meu drinque.

- Sente - diz Will, no sofá. Dá um tapinha na almofada ao lado. Não muito perto, percebo.

Sento.

Não muito perto.

Damos golinhos nos drinques.

- Sinto muito.

Devido às circunstâncias, seria de se pensar que Will teria dito isso.

Mas quem pensasse isso estaria tristemente equivocado.

Eu nunca deixo de surpreender a mim mesma.

Porque fui eu quem falou.

Eu disse a Will: "Sinto muito."

Will olha para mim.

Seria de se esperar que ele ficasse surpreso com meu pedido de desculpas.

Seria até de se esperar que ele respondesse com outro pedido de desculpas próprio.

Mais dois erros lamentáveis.

Will não diz nada. Só espera que eu prossiga.

Naturalmente, eu prossigo. Porque não consigo suportar o silêncio. Porque eu quero que ele saiba que estou lhe dando o benefício da dúvida.

- Nunca tive a intenção de tocar naquele assunto quando fui visitar você, Will - digo a ele, entre goles do drinque.

- Você escolheu o momento errado, Annie - concorda ele.

- Eu não devia ter falado nada depois daquela crítica terrível... Ah, como foi a peça? - Eu me lembro de perguntar.

- Foi tudo bem. - A expressão no rosto dele denota que não deseja falar sobre o assunto.

- É só que você passou o verão todo tão difícil de contatar, e eu comecei a ter umas ideias loucas. Comecei a achar que você não estava sendo fiel a mim.

Will não diz nada.

Ele escuta.

Então, é claro, continuo falando.

E bebendo.

Bebo porque estou nervosa, e porque estou com sede, e porque não posso fumar, maldita Nerissa.

- Eu comecei a me convencer de todo tipo de coisa - digo a Will. - Tive certeza que você tinha um caso com a Zoe do Eat Drink Or Be Married.

Will não diz nada. Acho isso um mau sinal.

- Então, quando ouvi você falar da Esme... e quando li a crítica dizendo como o romance de vocês era convincente no palco...

- Eu sou ator - diz Will, tristonho. - Ela é atriz. Você devia ser mais esperta do que ficar com ciúme do que acontece entre mim e outra mulher no palco, Anahí.

- Eu sei. E sinto muito. Mas é que eu... Mas estou observando Will.

E tem alguma coisa nos olhos dele.

Alguma coisa que me faz perguntar, só para ter certeza:

- Então, você e Esme, nunca...? Ele não responde.

E é aí que eu sei.

Não era imaginação minha.

Nada, nunca, foi imaginação minha.

-Você foi para a cama com Esme? - pergunto com voz trêmula.

Ele faz que sim com a cabeça.

Isso não pode estar acontecendo.

Eu sempre soube de tudo e, mesmo assim, não sabia de nada. Não de verdade.

- Mas só depois que você foi lá me visitar - diz Wills rápido, na defensiva. - Antes disso, eu estava tentando ficar longe dela, até eu poder contar para você...

- Até você poder contar para mim? - interrompo, sentindo-me enlouquecida, surpresa por soar coerente. - Quer dizer que você me convidou para ir lá para me dizer que queria sair com outras pessoas?

- Eu não podia fazer isso pelo telefone. - Ele soa triste

e nobre.

Fico sem palavras de tanto choque e desgosto.