Fanfic: Antes Mal Acompanhada Que Solteira

Will está refletindo sobre aquele dia no zoológico.

- Talvez tenha sido em abril...

- Pode confiar em mim, foi em março. Essa foi a parte mais legal: foi uma semana antes do 17 de março, Dia de São Patrício, e estava fazendo mais de 25 graus e tinha sol. E nós dois tivemos de comprar óculos escuros daquele cara que estava vendendo alguns na rua, e ele jurou que eram Ray-Bans de verdade.

- Ah, é mesmo. Os meus se desintegraram uma hora depois - diz Will, sacudindo a cabeça.

- Aquele dia foi mesmo muito divertido, Will. - Uh-hum.

A voz dele está distante, e fico imaginando se ele está se lembrando daquele dia ou pensando no futuro imediato sem mim.

Na mesma hora volto a ficar muito deprimida com a partida dele.

Porque, independentemente do ângulo que se examine, três meses é muito tempo.

É uma estação inteira.

Um quarto de ano.

Muita coisa pode acontecer em três meses... e não necessariamente só coisas boas.

- Eu queria que você não precisasse viajar - digo, olhando nos olhos dele. O rosto dele está bem pertinho do meu, e sinto o cheiro da colônia dele.

- Mas eu preciso ir mesmo. - Ele tira alguns fios de cabelo da minha bochecha.- E volto logo no começo de setembro.

- Certo. E eu vou visitar você lá.

- Certo.

Só que ele não parece assim tão entusiasmado.

Sinto um calafrio de pânico. Ir visitá-lo é algo sobre o que conversamos superficialmente, mas não fizemos nenhum plano definitivo. Agora percebo que talvez tenha sido eu que sempre toquei no assunto. Pensando melhor, acho que ele nunca me disse que está ansioso para que eu vá visitá-lo, não me lembro de nenhuma vez.

- Eu só vou depois que você já estiver ambientado - digo, imaginando se ele acha que eu vou no fim de semana que vem ou algo assim.

- Certo.

- Will, tudo bem eu ir visitar você, não é? - pergunto, observando-o. - Porque eu queria mesmo ver você se apresentar...

E preciso mesmo ir lá para me assegurar de que você ainda me ama.

- Tudo bem - diz ele. - Mas só para você saber... Quero dizer, eu recebi as regras da casa do elenco em um pacote do teatro nesta semana, e não podemos ter nenhum convidado para passar a noite lá.

- Não podem convidar ninguém para passar a noite lá? - repito, incrédula, achando que parece alguma casa de irmandade dos anos 40. - Mas achei que a casa do elenco fosse um prédio normal.

- E é. Mas também está superlotada. Não tem lugar para hóspedes. Além do mais, acho que querem que nos concentremos na atuação, e convidados para passar a noite seriam uma distração.

- Ah.

- Então, você pode ir me visitar no fim de semana, mas... Olhe, há vários lugares legais lá. Hoteizinhos e pousadas...

- Isso seria legal. - Fico alegre de pensar em Will e eu passando um fim de semana aconchegante em uma romântica pousada de interior. - Talvez, quando você tiver um tempo livre, possa procurar um lugar para a gente ficar quando eu for.

- Na verdade...

Ai, caramba, lavem aquele olhar de hesitação de novo. O que é agora?

- Tenho de ficar na casa do elenco, Anahí. Essa é outra regra. Durante a temporada, os atores não têm permissão para passar a noite fora, a menos que haja algum tipo de emergência.

- Uau. Então, alguém lê histórias de dormir para vocês e depois arruma as cobertas?

Ele abre um sorriso.

Não estou exatamente brincando.

- Parece mais um campo de concentração do que um emprego de verão, Will.

- E importante ter autodisciplina para vencer neste ramo, Anahí. Essa experiência vai me ensinar muita coisa e vai me ajudar a ter certeza de que sou capaz. Isso tudo é muito sério para mim. Sempre foi. Eu quero vencer. Quero isso mais que qualquer outra coisa que já desejei na vida.

O que ele não diz (e não precisa dizer) é que ele quer mais isso do que a mim.