Fanfic: Antes Mal Acompanhada Que Solteira

Acontece que Billy levou Kate até a cidade para encontrar comigo, e que ele é uma das pessoas que dividem a casa com ela. Eles acabaram de se conhecer na noite passada, mas já parecem bem íntimos.

Fico sabendo que Billy mora no Upper East Side e trabalha em "Wall Street. Que surpresa!

Só Kate para alugar uma casa de praia com um cara com esse visual.

De novo pensando na coisa do reality show, olho para ele e imagino uma legenda sobreposta à imagem: Billy, 24, negociante de ações, Nova York.

O carro é ainda mais impressionante que ele: uma BMW preta conversível.

Quando nos aproximamos do veículo, Billy me lança um olhar por trás dos óculos Ray-Ban. Capto a indireta e me apresso em apagar o cigarro com o pé, antes que ele peça. Como se eu ousasse pensar em fumar no carro de alguém, mesmo que seja um conversível. Quero dizer, não sou assim tão desajeitada.

Alimento meu corpinho desprovido de alimento e de nicotina com mais um tablete de Trident quando Kate me oferece o banco da frente. Claro que eu recuso.

Então, aqui estou, empoleirada no meio do banco de trás, inclinando-me para a frente como uma criança de quatro anos que tenta bisbilhotar a conversa dos pais enquanto percorremos ruas exóticas, cheias de carros e ladeadas de árvores desta cidade à moda antiga metida a chique. Pegamos uma estrada e passamos por casas castigadas pelo vento, com telhados de ardósia e equilibradas sobre palafitas nas dunas cobertas de capim.

Hoje, o céu é de um azul profundo e limpo. Assim como o mar a distância. Assim como, estou disposta a apostar, os olhos de Billy por trás daqueles óculos de ator de cinema.

O rádio toca bem alto, e Kate e Billy estão conversando sem parar no banco da frente, e o vento é tão forte que, toda vez que abro a boca para fazer um comentário, meu cabelo pega no chiclete. Fico com vontade de jogar o chiclete para fora do carro, mas de algum modo sei que Billy não ficaria contente se me visse fazendo isso.

Finalmente, viramos em uma alameda estreita e arenosa e encostamos na frente de uma casa quadrada, moderna, com telhado de ardósia e dois andares. Ou melhor, estamos encostando atrás da casa; Kate rapidamente observa que a parte da frente tem vista para o mar. Isso explica a aparência simples ao extremo das coisas por este ângulo. Como eu sei quanto ela paga para dividir esta casa, eu esperava algo bem mais extravagante.

Billy carrega minha mala escada acima com muita educação e a deixa logo depois da porta, então se vira e nos informa que nos verá mais tarde.

- Aonde ele vai? - pergunto a Kate, quando o ouço dar a partida no carro lá fora.

- Não faço a menor idéia. - Ela parece decepcionada, e percebo que está a fim dele.

Isso não devia ser novidade para mim. Ele é totalmente o tipo de Kate: branco, anglo-saxão e presbiteriano (um WASP, em resumo), rico e bonito.

Kate reconhece, sem problema algum, que mora em Manhattan não para dar início a uma carreira séria nem para se encher de cultura (apesar de ter se formado em arte na Universidade do Alabama). Ela tem esperança de arrumar um certo tipo de marido. Um marido do tipo de Billy.

É por isso que ela continua trabalhando como funcionária administrativa temporária, que é o melhor jeito de conhecer um cara de Wall Street. Ela, com certeza, não precisa do salário ínfimo, porque os pais dela pagam o aluguel e todos os gastos, e depositam uma "mesada" na conta dela toda semana.

Já vi fotos da casa deles em Mobile, e parece a de Tara, de ... E o vento levou. Juro por Deus, é uma daquelas enormes casas de fazenda do Sul, com pilares redondos, entrada de carros redonda e árvores enormes cobertas de musgo.

Kate tem duas irmãs mais velhas, que aparentemente moram em Mobile, em mansões de fazenda delas mesmas, com maridos ricos também naturais do Alabama.

Mas Kate diz que nunca se sentiu atraída por homens do Sul. Seu namorado da faculdade era de Nova York, e parece que ele fez com que ela experimentasse um pouco da vida da sociedade de Manhattan que ela tanto quer.